Questões de Concurso
Comentadas sobre uso dos dois-pontos em português
Foram encontradas 859 questões
Desenredo
Do narrador seus ouvintes:
– Jó Joaquim, cliente, era quieto, respeitado, bom como o cheiro de cerveja. Tinha o para não ser célebre. Como elas quem pode, porém? Foi Adão dormir e Eva nascer. Chamando-se Livíria, Rivília ou Irlívia, a que, nesta observação, a Jó Joaquim apareceu.
Antes bonita, olhos de viva mosca, morena mel e pão. Aliás, casada. Sorriram-se, viram-se. Era infinitamente maio e Jó Joaquim pegou o amor. Enfim, entenderam-se. Voando o mais em ímpeto de nau tangida a vela e vento. Mas tendo tudo de ser secreto, claro, coberto de sete capas.
Porque o marido se fazia notório, na valentia com ciúme; e as aldeias são a alheia vigilância. Então ao rigor geral os dois se sujeitaram, conforme o clandestino amor em sua forma local, conforme o mundo é mundo. Todo abismo é navegável a barquinhos de papel.
Não se via quando e como se viam. Jó Joaquim, além disso, existindo só retraído, minuciosamente. Esperar é reconhecer-se incompleto. Dependiam eles de enorme milagre. O inebriado engano.
Até que deu-se o desmastreio. O trágico não vem a conta-gotas. Apanhara o marido a mulher: com outro, um terceiro... Sem mais cá nem mais lá, mediante revólver, assustou-a e matou-o. Diz-se, também, que a ferira, leviano modo.
[...]
Ela – longe – sempre ou ao máximo mais formosa, já sarada e sã. Ele exercitava-se a aguentar-se, nas defeituosas emoções.
Enquanto, ora, as coisas amaduravam. Todo fim é impossível? Azarado fugitivo, e como à Providência praz, o marido faleceu, afogado ou de tifo. O tempo é engenhoso.
[...]
Sempre vem imprevisível o abominoso? Ou: os tempos se seguem e parafraseiam-se. Deu-se a entrada dos demônios.
Da vez, Jó Joaquim foi quem a deparou, em péssima hora: traído e traidora. De amor não a matou, que não era para truz de tigre ou leão. Expulsou-a apenas, apostrofando-se, como inédito poeta e homem. E viajou a mulher, a desconhecido destino.
Tudo aplaudiu e reprovou o povo, repartido. Pelo fato, Jó Joaquim sentiu-se histórico, quase criminoso, reincidente. Triste, pois que tão calado. Suas lágrimas corriam atrás dela, como formiguinhas brancas. Mas, no frágio da barca, de novo respeitado, quieto. Vá-se a camisa, que não o dela dentro. Era o seu um amor meditado, a prova de remorsos.
Dedicou-se a endireitar-se.
[...]
Celebrava-a, ufanático, tendo-a por justa e averiguada, com convicção manifesta. Haja o absoluto amar – e qualquer causa se irrefuta.
Pois produziu efeito. Surtiu bem. Sumiram-se os pontos das reticências, o tempo secou o assunto. Total o transato desmanchava-se, a anterior evidência e seu nevoeiro. O real e válido, na árvore, é a reta que vai para cima. Todos já acreditavam. Jó Joaquim primeiro que todos.
Mesmo a mulher, até, por fim. Chegou-lhe lá a notícia, onde se achava, em ignota, defendida, perfeita distância. Soube-se nua e pura. Veio sem culpa. Voltou, com dengos e fofos de bandeira ao vento.
Três vezes passa perto da gente a felicidade. Jó Joaquim e Vilíria retomaram-se, e conviveram, convolados, o verdadeiro e melhor de sua útil vida.
E pôs-se a fábula em ata.
ROSA, João Guimarães.Tutameia – Terceiras estórias . Rio de Janeiro: José Olympio, 1967. p. 38-40.
Vocabulário
frágio: neologismo criado a partir de naufrágio.
ufanático: neologismo: ufano+fanático.
“Todas as vezes que pedimos favores de formas obscuras, mesmo que pensamos não haver nada de mais nisso, estamos sim sendo corruptos. O nosso tão amado jeitinho brasileiro nada mais é do que uma forma de burlarmos o sistema de regras e, com isso, nos tornarmos aquilo que dizemos repudiar; corruptos." (parágrafo 4)
Identifique as afirmativas corretas em relação ao excerto.
1. Há um erro de pontuação no excerto acima. O ponto e vírgula deve ser substituído pelos dois-pontos.
2. A palavra obscuras pode ser substituída por escuras, sem prejuízo de sentido.
3. Estão corretas as seguintes formas do verbo haver nos tempos futuro do pretérito, pretérito imperfeito do subjuntivo e futuro do presente, respectivamente: haveria – houvesse – haverá.
4. As palavras as, nosso e nos exercem, respectivamente, as seguintes funções dentro das frases acima: preposição, pronome e pronome.
5. O excerto acima diz que os favores obscuros são uma maneira de adaptarmos o sistema de regras do jeitinho brasileiro sem sermos corruptos.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas
A escuna de guerra inglesa Fair Rosamond adentrou o rio Benim e começou a atirar em um navio negreiro ancorado. Foi um salve-se quem puder. O capitão Antonio Gomes da Silva pulou na água do jeito que estava: foi preso completamente nu, agarrado às correntes do leme. O mesmo aconteceu com João Batista Cezar, chefe dos traficantes no local, detido sem roupas enquanto nadava rumo à praia. Não era a primeira vez que os ingleses capturavam um navio negreiro no litoral africano. O surpreendente, nesse episódio ocorrido em 1837, foram as circunstâncias: eles chegaram sem aviso e atirando, o que permitiu a apreensão de documentos preciosos para se entender as rotinas de uma “feitoria” do tráfico de escravos.
CARVALHO, Marcus J. M. Peões do tráfico. Revista de História. Disponível em:
<http://www.revistadehistoria.com.br/secao/artigos-revista/peoes-do-trafico>
ao seu objetivo", uma aula sobre a vida
com Hunter S. Thompson
A questão é: flutuar com a maré ou nadar em direção ao seu objetivo. É uma escolha que todos nós precisamos fazer, conscientemente ou inconscientemente, em algum momento de nossas vidas. E tão poucos entendem isso! Pense em algo que você já fez e que teve alguma relevância no seu futuro: posso estar enganado, mas não vejo como isso não poderia ser uma escolha, mesmo que indireta, entre essas duas coisas que mencionei: flutuar ou nadar.
Mas por que não se deixar flutuar, se você não tem um objetivo? Esta é outra questão. É inquestionavelmente melhor desfrutar o “flutuar" do que nadar sem caminho certo. Então, como um homem encontra seu objetivo? Não um castelo encantado, mas algo real e tangível. Como um homem pode ter certeza de que ele não está atrás de sua “Big Rock Candy Mountain" – o sedutor e doce objetivo que tem um pouco de sabor, mas nenhum conteúdo?
A resposta – e, de certo modo, a tragédia da vida – é que nós procuramos entender o objetivo, e não o homem. Nós definimos um objetivo que exige certas coisas para ser atingido; e nós as fazemos. Nos ajustamos às exigências de um conceito que NÃO PODE ser válido. Quando você era jovem, digamos que você quisesse ser um bombeiro. Eu me sinto razoavelmente seguro em dizer que você não quer mais ser um bombeiro. Por quê? Porque sua perspectiva mudou. Não foi o bombeiro que mudou, mas você. Todo homem é resultado da soma das suas reações a experiências. Como suas experiências diferem e multiplicam, você se torna um homem diferente e, consequentemente, sua perspectiva muda. E isso segue para sempre: cada reação é um processo de aprendizado, cada experiência significativa altera sua perspectiva.
DI GIACOMO, Fred. Trecho da carta de Hunter S. Thompson. Super Interessante. Disponível em:<http://super.abril.com.br/blogs/newsgames/flutuar-...> . Acesso em: 11 ago. 2015. Adaptado.
Felicidade
Vocês sabem o que é querofobia? Pasmem. É medo da alegria, da felicidade. Como pode, não é? Ganhei um livrinho – livrinho porque é bastante pequeno –Dicionário Igor de Fobias , com mais de 1000 verbetes, organizado pelo professor Igor Rafailov, um brasileiro de pai russo e mãe alemã, nascido em São Paulo, criado na França e que mora no Recife. Como todos os meus prováveis leitores sabem e o professor define, “fobias são medos irracionais, mórbidos, de coisas (animadas ou inanimadas), ideias ou situações”.
Com esse livrinho ficamos conhecendo fobias incríveis, como a eretofobia, que é o medo mórbido do ato sexual, menos estranha porém que califobia, que é o pavor do belo, do bonito, assim como filemafobia é o de beijar e ser beijado.
Eu poderia preencher o espaço de uma dúzia de crônicas com as fobias mais estranhas e improváveis, mas nada me impressionou mais do que a querofobia, principalmente por estarmos nos primeiros dias de um novo ano, em que recebemos e enviamos votos de felicidade.
Edgar, um amigo de muito tempo, não estranha, não se impressiona como eu. Ao contrário, ele mesmo se acha um querófobo:
– Sempre que me sinto muito feliz, tenho medo. Medo de que esses momentos prazerosos venham para anunciar uma desgraça que deverá chegar a seguir. E isso me impede de gozar – por um minuto que seja – de uma felicidade plena.
Sei que existem muitas pessoas assim, que não curtem os bons momentos, desconfiados de que sejam uma armadilha. E há mesmo a afirmação corrente de que toda vitória é véspera de uma derrota.
Não penso assim. Acredito que as alegrias e tristezas, vitórias e derrotas, felicidades e desgraças surjam cada uma a seu tempo, independentemente de se seguirem umas às outras. E creio também que pensar positivamente seja uma forma de atrair bons acontecimentos ou, pelo menos, afugentar os maus. Mas admiro os céticos e os cínicos, os de talento e humor, como Drummond, que afirma:
“...o amor é isso
que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija,
depois de amanhã é domingo
e segunda-feira ninguém sabe o que será.”
Existem também os felizes e os infelizes profissionais, aqueles para quem tudo está sempre bem ou sempre mal. Que reclamam porque faz muito calor ou muito frio; se chove ou se faz sol. [...]
Acredito que todos nós temos direito à felicidade, que nascemos mesmo para ela e que a desgraça é um desarranjo na máquina que põe em movimento a nossa vida. Mas acredito também que é preciso identificar e gozar os instantes felizes, estejam eles num almoço familiar de domingo, num beijo da mulher amada, no aperto de mão de um amigo, no sorriso de um filho, na birra manhosa de um neto. Viver todos esses momentos sem medo e sem esforço, naturalmente, sabendo que se tem direito a eles. Fernando Pessoa nos ensina que “um dia de sol é tão belo quanto um dia de chuva. Cada um é o que é”. Se agirmos assim, acreditando que a felicidade existe e que, se é passageira, também a desgraça tem seus dias contados, chegaremos à velhice menos sofridos e amargos. E não correremos o risco de repetir, no fim da vida, a melancólica frase de Jorge Luis Borges: “No passado cometi o maior pecado que um homem pode cometer: não fui feliz”.
Felicidades para todos neste ano que se inicia.
Manoel Carlos, in VEJA RIO, 05/01/2005
Rubem Alves. Sobre o tempo e a eternidade.
Campinas: Papirus, 1996 (com adaptações).
No primeiro parágrafo, coerentemente com o emprego da oração “como todo mundo sabe" (L2), que expressa uma generalização, poderia ter sido empregado, em vez do ponto final, o sinal de dois-pontos após a expressão “de duas partes", seguido da seguinte estrutura: o hardware, literalmente “equipamento duro", e o software, “equipamento macio".
Sobre o emprego dos dois pontos (:) nesses segmentos, é correto afirmar que:
Em “Posso intensamente desejar que o problema mais urgente se resolva: o da fome." (15-16), os dois-pontos cumprem o papel de introduzir uma
Na linha 9, os dois-pontos têm a função de introduzir uma explicação referente à informação anterior.
Atenção: A questão refere-se ao texto abaixo.
Aristóteles, no ano 335 a.C., dissecou princípios e práticas da arte dramática em sua Poética. Para o filósofo, mestre supremo dos roteiristas, a tragédia era a forma mais perfeita e exaltada da arte dramática, a única capaz de proporcionar lições duradouras e catarses poderosas.
As tramas dramáticas, segundo ele, devem incluir elementos essenciais: um grande obstáculo ou reversão de fortuna, e uma lição a ser extraída da provação do protagonista. A reversão da fortuna deve provir de um erro do protagonista. Aristóteles usa a palavra grega hamartia − que vem da prática do arqueirismo e significa, literalmente, “errar o alvo” − para qualificar esse erro ou falha. Há algo de subjetivo, algo que vem da própria personalidade do protagonista, que o faz errar o alvo e, dessa forma, reverter sua fortuna. Ele é otimista demais, talvez altivo e arrogante, julgando-se, quem sabe, com o direito nato ao alvo. Nesse sentido, drama e comédia são os dois lados do mesmo espelho em que se debruça a alma humana. Nós, na plateia, que conhecemos bem flechas e alvos, somos purificados, do mesmo modo, por lágrimas ou risos.
I. No segmento uma das respostas à nossa fome ancestral por catarse, o sinal indicativo de crase é facultativo e pode ser suprimido.
II. Os adjetivos altivo e arrogante podem ser substituídos, no contexto, respectivamente, por: presunçoso e soberbo.
III. Na frase As tramas dramáticas, segundo ele, devem incluir elementos essenciais: um grande obstáculo ou reversão de fortuna, e uma lição a ser extraída da provação do protagonista, os dois-pontos introduzem uma ressalva às ideias principais do parágrafo.
Está correto o que se afirma APENAS em
Texto 1 – Alterar o ECA independe da situação carcerária
(O Globo, Opinião, 23/06/2015)
Nas unidades de internação de menores infratores reproduzem-se as mesmas mazelas dos presídios para adultos: superpopulação, maus-tratos, desprezo por ações de educação, leniência com iniciativas que visem à correição, falhas graves nos procedimentos de reinclusão social etc. Um levantamento do Conselho Nacional do Ministério Público mostra que, em 17 estados, o número de internos nos centros para jovens delinquentes supera o total de vagas disponíveis; conservação e higiene são peças de ficção em 39% das unidades e, em 70% delas, não se separam os adolescentes pelo porte físico, porta aberta para a violência sexual.
Assim como os presídios, os centros não regeneram. Muitos são, de fato, e também a exemplo das carceragens para adultos, locais que pavimentam a entrada de réus primários no mundo da criminalidade. Esta é uma questão que precisa ser tratada no âmbito de uma reforma geral da política penitenciária, aí incluída a melhoria das condições das unidades socioeducativas para os menores de idade. Nunca, no entanto, como argumento para combater a adequação da legislação penal a uma realidade em que a violência juvenil se impõe cada vez mais como ameaça à segurança da sociedade. O raciocínio segundo o qual as más condições dos presídios desaconselham a redução da maioridade penal consagra, mais do que uma impropriedade, uma hipocrisia. Parte de um princípio correto – a necessidade de melhorar o sistema penitenciário do país, uma unanimidade – para uma conclusão que dele se dissocia: seria contraproducente enviar jovens delinquentes, supostamente ainda sem formação criminal consolidada, a presídios onde, ali sim, estariam expostos ao assédio das facções.
Falso. A realidade mostra que ações para melhorar as condições de detentos e internos são indistintamente inexistentes. A hipocrisia está em obscurecer que, se o sistema penitenciário tem problemas, a rede de “proteção” ao menor consagrada no Estatuto da Criança e do Adolescente também os tem. E numa dimensão que implica dar anteparo a jovens envolvidos em atos violentos, não raro crimes hediondos, cientes do que estão fazendo e de que, graças a uma legislação paternalista, estão a salvo de serem punidos pelas ações que praticam.
Preservar o paternalismo e a esquizofrenia do ECA equivale a ficar paralisado diante de um falso impasse. As condições dos presídios (bem como dos centros de internação) e a violência de jovens delinquentes são questões distintas, e pedem, cada uma em seu âmbito específico, soluções apropriadas. No caso da criminalidade juvenil, o correto é assegurar a redução do limite da inimputabilidade, sem prejuízo de melhorar o sistema penitenciário e a rede de instituições do ECA. Uma ação não invalida a outra. Na verdade, as duas são necessárias e imprescindíveis.
No texto 1, há duas oportunidades em que o autor empregou dois pontos(:):
1 – “...as mesmas mazelas dos presídios para adultos: superpopulação, maus-tratos, desprezo por ações de educação...”;
2 – “...para uma conclusão que dele se dissocia: seria contraproducente enviar jovens delinquentes...”.
Sobre essas duas ocorrências desses sinais de pontuação, a afirmação correta é:
A respeito das ideias e das estruturas linguísticas do texto II, julgue o item subsecutivo.
O sinal de dois-pontos empregado logo após “fatores” (l.18)
introduz uma enumeração.
Maria Rita Khel. A morte do sentido. Internet:
<www.mariaritakehl.psc.br> (com adaptações).
Com base no texto acima, julgue o item.
Sem prejuízo do sentido original do texto, os dois-pontos empregados logo após “sim” (L.3) poderiam ser substituídos por vírgula, seguida de dado que ou uma vez que.
3 MOTIVOS CIENTÍFICOS PARA VOCÊ CONTINUAR SOLTEIRO
Carol Castro, 23 de maio de 2014
Ter companhia para ver um filme de conchinha numa noite chuvosa é bom. Marcar um jantar romântico também. Namorar tem suas vantagens. E desvantagens também. Se você anda considerando engatar num namoro é bom repensar: a ciência apresenta três motivos para fazer você ficar solteiro por mais tempo.
NAMORAR FAZ VOCÊ ENGORDAR:
Dizem que se o casal engordar junto é sinal de felicidade. Mas, em geral, segundo uma pesquisa de uma farmácia online britânica, não é o que acontece. Eles entrevistaram homens e mulheres que namoravam há mais de um ano e checaram se eles haviam ganhado peso. As mulheres ganhavam, em média, 3 quilos nos primeiros 12 meses de amor. Já os homens tendiam a emagrecer.
PERDER DOIS BONS AMIGOS:
Essa dói. Pesquisadores da Universidade de Oxford perguntaram a 540 pessoas sobre o círculo de amigos mais próximos – e como isso mudou depois do início do namoro. A maioria deles havia se distanciado de dois grandes amigos. Parece pouco, mas não é. Segundo a pesquisa, a gente tem só cinco amigões de verdade. Então, perder dois deles é coisa para caramba. A culpa é mesmo da paixão: você troca as baladas pelo cinema, o bar com os amigos pela noite de conchinha. E assim os amigos ficam em segundo plano.
E PODE TE DEIXAR DOENTE:
Mas só se rolar muita briga. Um estudo americano contou com a participação de 37 casais e descobriu que o sistema imunológico dos briguentos era pior. Os voluntários doaram amostras de sangue e tiveram de deixar um dispositivo a vácuo criar machucados bem pequenos, de 8 milímetros, no antebraço. Na sequência, os casais sentaram e passaram um tempo conversando. Os pesquisadores anotaram quais eram as duplas mais esquentadinhas – e que mais se irritavam um com o outro. E perceberam que essa turma precisava de mais tempo para curar os machucados. A culpa pode ser da faltade ocitocina. Durante um abraço ou troca de carinhos, a quantidade desse hormônio aumenta no corpo. E ela parece estar relacionada também ao fortalecimento do sistema de defesa do organismo. Ou seja, os mais briguentos passam menos tempo se amando e produzem menos ocitocina.
E aí, vale a pena namorar?
http://super.abril.com.br/blogs/cienciamaluca/
Observe o trecho:
“Se você anda considerando engatar num namoro é bom repensar: a ciência apresenta três motivos para fazer você ficar solteiro por mais tempo.”
Assinale a alternativa que contém a adequada justificativa
para o emprego dos dois pontos.
Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum*, depois do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.
Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto simbólico.
No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas ideia se imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.
Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembleia que correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo.
No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
− Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que...
− Oh! meu senhô! fico.
− ...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudocresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quandonasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais altoque eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos...
− Artura não qué dizê nada, não, senhô...
− Pequeno ordenado, repito, uns seis mil réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha. Justamente. Pois seis mil réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.
Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.
Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. [...]
*Literalmente, “depois do golpe”, “depois do fato”.
(Adaptado de: ASSIS, Machado de. "Bons dias!", Gazeta deNotícias, 19 de maio de 1888)
Sobre a pontuação do texto, considere:
I. Mantém-se a correção alterando-se a pontuação da frase Oh! meu senhô! fico. (7° parágrafo) para Oh, meu senhô, fico!
II. O ponto e vírgula, no segmento ... por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade... (11° parágrafo), pode ser substituído por dois-pontos.
III. No segmento Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de maio... (1° parágrafo), pode-se acrescentar uma vírgula imediatamente após juro.
Está correto o que consta em