Questões de Concurso Comentadas sobre uso dos dois-pontos em português

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Q522659 Português
1     (...) a democracia moderna, regime que admite conflitos, também gera um certo teor de conflito que poderia não existir. Quando um cargo é colocado em disputa, no âmbito público, aparecem candidatos. Ora, não é óbvio que sempre haja divergências, justificando candidaturas opostas. Mas é o que acontece. E, desde que os partidos foram considerados pilares da democracia representativa, a tendência deles é se diferenciarem, oporem-se. Então, a democracia não se limita a retratar divergências existentes na sociedade: ela aprofunda algumas, acentua-as, até mesmo as agrava.

2    Crítica parecida, por sinal, foi feita por sucessivos inimigos da “democracia dos partidos", que é a principal forma moderna de democracia – desde os totalitários até o presidente francês de Gaulle e pensadores marxistas não autoritários. Mas o regime democrático também cumpre um papel mais reconhecido, mais alardeado, que é a menina dos olhos de quem o defende: ele aceita um teor de conflito na sociedade. Admite como normal que haja tensões entre pessoas ou grupos. Pela primeira vez na história do mundo, desobriga os humanos de viver num todo harmônico, equilibrado. Porque a harmonia é uma empulhação. Na Ásia, o discurso confuciano, assentado na ideia de que a sociedade se organiza como uma família, leva a entender a discórdia como traição. No Ocidente, a comparação do Estado a um corpo harmônico e saudável autorizou considerar o divergente um membro gangrenado ou doente, que deve ser amputado. Quem não obedece ao amor do príncipe não é apenas um divergente, uma pessoa livre para pensar de outra forma: é um traidor, um ingrato, um infame.

3    Diante dessa representação hipócrita das relações sociais como amorosas e da conversão do amor em autoritarismo – porque quem não retribui o amor do ditador obedecendo-lhe em todas as coisas atrai o castigo –, a democracia simplesmente deixa as coisas acontecerem. Discorda? É um direito seu. Haverá regras para dizer a discordância e, mesmo, submetê-las ao voto. A democracia cria procedimentos para garantir o direito de oposição – que também reduzem o teor dos confrontos. 

4    Isso quer dizer que o conflito político não pode ser excessivo, e geralmente não o é. Primeiro, porque a política é a substituição da guerra. Em vez de armas, brigamos com votos. Eles não matam. O adversário não é inimigo. Não está em jogo, ao contrário do que pretendia Carl Schmidt, a extinção do outro. Pelo menos não se quer sua eliminação física, como na guerra, como com o inimigo. Segundo, porque a política se dá com palavras, que manejam emoções que se expressam no voto. Lembremos o que é “voto": o significado deste termo se vê em “votos de felicidade" ou de “feliz ano-novo". Votos são desejos. Expressamos nosso desejo em palavras, as do debate político, elaborando a decisão de votar em Fulano ou Beltrano.

5   Assim, a democracia representativa de partidos gera necessariamente conflitos, mas não os deixa transbordar para a forma bélica. Ela exige um certo teor de conflito, mas não excessivo. Não vive sem conflitos, mas morre se o conflito se exacerbar.

                                                                               (RIBEIRO, Renato Janine. Rev. Filosofia: set., 2014, p. 82.)



Em: “o regime democrático também cumpre um papel mais reconhecido, mais alardeado, que é a menina dos olhos de quem o defende: ele aceita um teor de conflito na sociedade” (§ 2), o sinal de dois-pontos anuncia uma:
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Q519589 Português

TEXTO:

      O riso é tão próprio do homem que os humoristas existem em todas as sociedades e provavelmente existiram em todas as épocas, como o bobo da corte que alegrava a nobreza na Idade Média. Pode-se dizer que por trás do riso há uma indústria muito rentável, a julgar pela audiência dos inúmeros programas humorísticos ou pela triagem das revistas cômicas. O humor também ajuda a vender produtos – os comerciais que mais chamam a atenção dos compradores, e que apresentam o maior índice de retenção, são justamente aqueles que utilizam essa arma infalível.

      O riso é próprio do homem. Nos outros animais vertebrados, os músculos faciais regulam apenas a abertura e fechamento dos olhos, da boca e do nariz. Nos mamíferos, por outro lado, o sistema muscular é muito mais complexo. Esse fato está possivelmente relacionado com duas formas particulares de alimentação: a amamentação e, mais tarde, a mastigação. Ao mamar, as bochechas se tornam extraordinariamente móveis. Com a mastigação, a musculatura facial completa sua formação. Entretanto, não basta que os outros mamíferos possuam os músculos necessários para rir; é preciso o sentido de humor, que somente o ser humano tem. Nem mesmo o conhecido “riso” das hienas tem essa conotação humorística. Além disso, os macacos que vemos “rir” nos comerciais de televisão são apenas animais treinados, que não compreendem o significado de seu gesto.

                                                          (Enciclopédia Isto É. Tudo: o livro do conhecimento. São Paulo)

No trecho “Esse fato está possivelmente relacionado com duas formas particulares de alimentação: a amamentação e, mais tarde, a mastigação.” os dois pontos (:) foram utilizados para:
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Q514495 Português
                                       Os desafios da saúde pública no Brasil 
 
    Tornou-se lugar comum dizer que o Brasil têm inúmeros problemas e que há enormes dificuldades em serem solucionados, seja devido ao descaso do governo, aos problemas com a corrupção ou ao pouco tempo para colocar em prática políticas públicas que precisam ser implantadas em longo prazo. 
    A melhoria da saúde pública é um desses grandes desafios que o Brasil precisa vencer, principalmente quando avaliamos o Sistema Único de Saúde (SUS). Além disso, não podemos negar que a recente polêmica em torno da vinda de médicos estrangeiros para o país reacendeu a discussão.
    Historicamente, a Constituição Federal de 1988 instituiu o SUS, que tem sua origem no movimento conhecido como Revolução Sanitária, nascido nos meios acadêmicos na década de 1970. A implantação do Sistema foi de grande valia no setor da saúde do brasileiro, porém, hoje, sabe-se que esse Sistema não funciona essencialmente conforme seus princípios: saúde como direito de todos, pregando pela Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde da população brasileira.
    Para garantir saúde pública de qualidade a toda população, o Brasil ainda precisa percorrer um longo caminho. A falta de médicos em regiões afastadas em contraponto à intensa concentração nas grandes cidades, a ausência de estrutura nos hospitais da rede pública, além da dificuldade em conseguir atendimento no SUS são apenas alguns dos números problemas que atingem os brasileiros que tentam utilizar a saúde pública diariamente.
    Para entendermos a dimensão do SUS, de acordo com o Ministério da Saúde, o Sistema Único de Saúde é considerado o maior sistema público de transplantes de órgão do mundo, e, em 2013, respondeu por 98% do mercado de vacinas e por 97% dos procedimentos de quimioterapia, tendo atendido entre 2010 e 2012 mais de 32,8 milhões de procedimentos oncológicos.
    No entanto, o primeiro desafio do SUS esbarra no suporte dos postos e centros de saúde, além das unidades do Programa Saúde da Família, já que, se estes serviços funcionassem plenamente, seriam capazes de atender e resolver 80% dos problemas de saúde da população, desafogando, assim, os hospitais e clínicas especializadas, que poderiam dar mais atenção aos casos de maior complexidade. Além disso, muitas vezes, as doenças dos pacientes encaminhados aos hospitais poderiam ser evitadas, com ações mais efetivas na área da prevenção ou se tratadas em estágio inicial.
    Infelizmente, o Brasil ainda tem muito que aprender e melhorar. Enquanto bilhões de reais foram aplicados em arenas esportivas, milhares de pessoas esperam nas filas em postos de saúde e hospitais públicos, além da falta de leitos e carência de médicos. Não basta apenas ampliar os investimentos em saúde pública,é preciso reverter a má distribuição dos recursos e melhorar a infraestrutura nas regiões mais desassistidas.
    (DINIZ, Janguiê. Disponível em: http://www.joaquimnabuco.edu.br/artigo/exibir/cid/10/nid/619/fid/1. Acesso em: 03/02/2015. Adaptado.) 

No trecho “A implantação do Sistema foi de grande valia no setor da saúde do brasileiro, porém, hoje, sabe-se que esse Sistema não funciona essencialmente conforme seus princípios: saúde como direito de todos, pregando pela Universalidade, Equidade e Integralidade da atenção à saúde da população brasileira.” (3º§), os dois pontos ( : ) foram utilizados para
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Q511788 Português
Texto I - O rádio, esse mistério

      Modéstia à parte, também tenho lá a minha experiência em rádio. Quando era menino, em Belo Horizonte, fui locutor do programa "Gurilândia" da Rádio Guarani. Não me pagavam nada, a Rádio Guarani não passando de pretexto para namorar uma menina que morava nas imediações. Mas ainda assim, bem que eu deitava no ar a minha eloquência cheia de efes e erres, como era moda na época. Quase me iniciei nas transmissões esportivas, incitado pelo saudoso Babaró, que era o grande mestre de então, mas não deu pé: eu não conseguia guardar o nome dos jogadores.
      Em compensação, minha irmã Berenice me estimulando a inspiração, usei e abusei do direito de escrever besteiras, mandando crônicas sobre assuntos radiofônicos para a revista "Carioca". "O que pensam os rádio-ouvintes" era o nome do concurso permanente. Com o quê, tornei-me entendido em Orlando Silva, Carmen Miranda, César Ladeira, Sílvio Caldas, Bando da Lua, Assis Valente, Ary Barroso, e tudo quanto era cantor, locutor ou compositor de sucesso naquele tempo.
      Rádio é mesmo uma coisa misteriosa. Começou fazendo sucesso na sala de visitas, acabou na cozinha. Cedeu lugar à televisão, que já vai pelo mesmo caminho. Ninguém que se preze [...] tem coragem de se dizer ouvinte de rádio - a não ser de pilha, colado ao ouvido, quando apanhado na rua em dia de futebol. Mas a verdade é que tem quem ouça. Ainda me lembro que Francisco Alves morreu num fim de semana, sem que a notícia de sua morte apanhasse nenhum jornal antes do enterro; bastou ser divulgada pelo rádio, e foi aquela apoteose que se viu.
      Todo mundo afirma que jamais ouve rádio, e põe a culpa no vizinho, embora reconhecendo que deve ter uma grande penetração, "principalmente no interior". Os ouvintes, é claro, são sempre os outros.
      Mas hoje estou pensando no mistério que é o rádio, porque de repente me ocorreu ter vivido uma experiência para cujas consequências não encontro a menor explicação, e que foram as de não ter consequência nenhuma.
      Todo mundo sabe que a BBC de Londres é uma das mais poderosas e bem organizadas estações radiofônicas do mundo. [...] Ao longo de dois anos e meio, chovesse ou nevasse, fizesse frio ou gelasse, compareci semanalmente aos estúdios do austero edifício da Bush House em Aldwich, para gravar uma crônica, transmitida toda terça-feira, exatamente às 8 e 15 da noite, hora de Brasília, ou zero hora e quinze de quarta-feira, conforme o Big Ben. Eram em torno de 10 minutos de texto que eu recitava como Deus é servido, seguro de estar sendo ouvido por todo o Brasil, "principalmente no interior". E imaginava minha voz chegando a cada cidade, a cada fazenda, a cada lugarejo perdido na vastidão da pátria amada. [...]
      Pois bem - e aí está o mistério que me intriga: sei de fonte limpa que os programas da BBC têm no Brasil esses milhares de ouvintes. No entanto, nunca encontrei ninguém que me tivesse escutado: nem um comentário, uma palavra, uma carta, ainda que desfavorável - nada. A impressão é de que passei todo esse tempo falando literalmente para o éter, sem que nenhum ouvido humano me escutasse. [...]

                                                                                (Fernando Sabino. Deixa o Alfredo falar! Rio de Janeiro:
                                                                                                                              Record, 6.ed. 1976. pp. 36-37)

... mas não deu pé: eu não conseguia guardar o nome dos jogadores. (final do 1o parágrafo)

O segmento introduzido pelos dois-pontos constitui
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Q511040 Português
            O Tribunal de Apelações do Estado de Nova York está estudando um caso peculiar: o apelo pela libertação de um chimpanzé. Tommy, o símio em questão, não sofre maus-tratos. Mas é obrigado a viver sozinho numa jaula.
            “O que tem isso de ilegal?” - perguntou a juíza responsável pelo caso, numa primeira audiência. Steve Wise, o responsável pelo pedido de libertação, rebateu: “Manter uma pessoa em confinamento solitário é contra a lei, sim”, ele disse à juíza.
            O tribunal não chegou ainda a um veredito. Caso a decisão seja favorável ao chimpanzé, será uma revolução: pela primeira vez um animal será solto por ser considerado uma “pessoa”. Teremos estendido o conceito de “humanidade” a outra espécie além do Homo sapiens.
            Faz mais sentido do que parece. Se você voltar 7 milhões de anos no tempo e procurar bem, vai encontrar indivíduos amacacados que são ancestrais tanto do Homo sapiens como dos chimpanzés modernos. Ou seja: você e eles compartilham um mesmo tatata(…)tataravô, que viveu há 70 séculos. Até por isso, um humano é geneticamente mais próximo de um chimpanzé que um chimpanzé é de um gorila. Jared Diamond, um cientista multidisciplinar, resumiu tudo isso com uma frase certeira: “Não é que eles sejam humanos. Nós é que somos mais uma espécie de chimpanzé.”
            Steve Wise, o advogado que move o pedido pela libertação do chimpanzé nova-iorquino, diz que, se ganhar o caso, vai lutar para que a noção de direitos humanos seja aplicada a qualquer ser vivo com cérebro relativamente complexo - gorilas, orangotangos, elefantes, golfinhos. A lógica é a mesma.

                                                                                                                        (Superinteressante, novembro de 2014. Adaptado)


Considere o trecho – Caso a decisão seja favorável ao chimpanzé, será uma revolução: pela primeira vez um animal será solto por ser considerado uma “pessoa”. – para responder à questão.

Eliminando-se os dois-pontos, o trecho assume versão correta em:
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Q505678 Português
      Em 1936, Tomie Ohtake desembarcou no Brasil, vinda de Kyoto, no Japão. E quase 20 anos depois começou a pintar. Nos anos 70, teve um dos momentos mais prestigiosos de sua carreira, quando expôs suas gravuras na Bienal de Veneza de 1972, dividindo as paredes com artistas de renome. Segundo a análise de Miguel Chaia, “usufruir uma obra de Tomie Ohtake propicia uma dupla experiência – incita a reflexão, num movimento primordial de subjetivação, e estimula os sentidos, em direção às coisas externas do universo. Mais interessante ainda é que as obras desta artista antecipam, pela intuição artística, imagens do espaço cósmico obtidas por instrumentos de observação de alta tecnologia, como, por exemplo, o telescópio Hubble. A poética de recriação do cosmo pela artista, que para a sua elaboração prescinde da intencionalidade, e a crescente utilização de recursos tecnológicos para fotografar ou ilustrar pontos do universo formam um instigante material para aprofundar questões referentes à sincronicidade entre arte e ciência".

(Adaptado de: MESTIERI, Gabriel. Disponível em: entretenimento.uol.com.bre CHAIA, Miguel. Disponível em: institutotomieohtake.org.br)

Atente para as afirmativas abaixo.

I. No segmento para aprofundar questões referentes à sincronicidade entre arte e ciência, o sinal indicativo de crase deverá ser suprimido caso se substitua o elemento sublinhado por “sincronização".

II. Sem prejuízo para a correção e o sentido, o sinal de travessão pode ser substituído por dois-pontos no segmento “usufruir uma obra de Tomie Ohtake propicia uma dupla experiência – incita a reflexão...

III. O segmento sublinhado em  que para a sua elaboração prescinde da intencionalidade  pode ser isolado por vírgulas, sem prejuízo da correção.

Está correto o que se afirma APENAS em
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Ano: 2010 Banca: FCC Órgão: METRÔ-SP Prova: FCC - 2010 - METRÔ-SP - Agente de Segurança |
Q505169 Português
      Cada vez que se conhece um novo estudo sobre o transporte na Região Metropolitana de São Paulo cresce a perplexidade. E não foi diferente com o mais recente estudo, que abrangeu 59 municípios e consultou 90 mil pessoas. Vê-se ali que o tempo consumido pelos deslocamentos cresce a cada investigação (está, na média, em 70 minutos por pessoa, 10 minutos mais do que há uma década). O deslocamento mais frequente é a pé, mais do que em ônibus e em trens. Trabalho e educação são as maiores causas de deslocamentos.

      A perplexidade aumenta diante dos custos crescentes e da ausência de alternativas nas políticas públicas. O estudo de Marcos Fernandes, da Fundação Getúlio Vargas, mostra que, com o número de horas consumido nos deslocamentos, as pessoas poderão desperdiçar milhões de reais em um tempo determinado. E cada vez mais pessoas deslocam-se em automóveis -em 1997 eram principalmente as que ganhavam mais de R$ 3.040 e, 10 anos depois, passaram a abranger as que ganham a partir de R$ 1.520 -, mas com o tempo de percurso cada vez maior, porque nesse período a frota de carros particulares passou de 3,09 milhões para 3,60 milhões. Nesse espaço de tempo a população da área aumentou de 16,79 milhões para 19,53 milhões. Os veículos coletivos respondem por 55% do transporte e os automóveis, por 30%.

      O especialista Nelson Choueri calculou, há alguns anos, que, com o tempo consumido nos deslocamentos em São Paulo, perdem-se 165 vidas úteis por dia (em horas de trabalho) ou cerca de 50 mil por ano, que valem (pelo salário médio) R$ 14,4 bilhões anuais. Se esse valor pudesse ser convertido em investimentos, eles seriam suficientes para, em duas décadas, implantar o metrô em toda a cidade.

      E não é só. As pessoas consomem 20% de seu tempo "útil" no transporte. O rendimento energético de um veículo individual não passa de 30% -o restante se perde como calor. O deslocamento de uma pessoa por automóvel consome 26 vezes mais energia que o mesmo percurso em metrô. E esse não é o único desperdício: 93% das cargas no Estado de São Paulo são transportadas por caminhões -quando o transporte ferroviário, cada vez mais sucateado, é algumas vezes mais barato -que, em média, têm 20 anos de uso, sem inspeção veicular, e são conduzidos por motoristas que trabalham de 20 a 30 horas seguidas.

      Por essas e outras, a Associação Nacional de Transportes Públicos tem clamado que na cidade de São Paulo o transporte já ocupa mais de 50% do espaço total, somando ruas, avenidas, praças, garagens e estacionamentos. O que deveria ser meio passa a ser fim em si mesmo.

                       (Washington Novaes. O Estado de S. Paulo, A2 Espaço Aberto, 10 de abril de 2009,
                                                                                                                                    com adaptações)

Considere as afirmativas seguintes sobre os sinais de pontuação empregados no 4 o parágrafo:

I. As aspas na palavra "útil"denotam um sentido diferente do habitual para seu emprego, chamando atenção para o tempo perdido no trânsito.

II. Os dois-pontos assinalam a introdução de um segmento que vem explicar a afirmativa imediatamente anterior.

III. Todo o comentário sobre o transporte ferroviário, isolado por travessões, deixa implícita uma observação crítica à predominância do transporte rodoviário em São Paulo.

Está correto o que consta em
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Q504457 Português
                        Esmaltes especiais podem evitar doenças como a
                                    dermatite de contato alérgica

                                                                                                            Celina Aquino

            Para quem gosta de manter as unhas bem feitas e com cores variadas, a descoberta de uma alergia à esmalte é desoladora. Mais comum do que se imagina, a reação pode surgir mesmo em mulheres que frequentam há anos o salão de beleza. De uma hora para a outra, o organismo entende que certas substâncias são estranhas e responde com vermelhidão, inchaço, coceira e descamação. Nesses casos, os esmaltes hipoalergênicos podem ser a solução para manter a beleza das mãos. A reação a esmaltes, chamada de dermatite de contato alérgica, caracteriza-se por uma infamação da pele provocada por substâncias alergênicas. Segundo a diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional Minas Gerais (SBD-MG), Ana Cláudia de Brito Soares, a alergia pode se manifestar tanto ao redor da unha, deixando a cutícula sensível, quanto em outras regiões do corpo (não necessariamente aquelas que tiveram contato direto com as unhas). Normalmente, surgem lesões vermelhas que descamam no pescoço, queixo, pálpebra e mãos. Os olhos também ficam vermelhos e coçam. Ana Cláudia informa que os sintomas costumam surgir até 48 horas depois que o organismo reage às substâncias. Não há vacina nem medicamentos que combatem a alergia. O melhor é suspender o uso de esmaltes, pois insistir em pintar as unhas pode provocar reações cada vez mais intensas. “Na dúvida, procure um dermatologista ou alergista para ter certeza da substância que provoca a alergia. Conhecendo o inimigo fica mais fácil de evitá-lo”, orienta a dermatologista. Ana Cláudia sugere o teste de contato: uma fita adesiva com várias substâncias alergênicas é aplicada nas costas para identificar o que provoca reação. Um dos componentes do esmalte que mais causa alergia é o tolueno, solvente que mantém o produto líquido, ajuda na fixação da cor e proporciona secagem rápida. “A substância evapora na hora e permite que o corante fique na unha de forma homogênea. Se o solvente não secasse rapidamente, o esmalte poderia escorrer ou ficar mais concentrado em uma região. O tolueno também é usado porque a mulher não tem paciência de esperar secar”, informa o farmacêutico Gabriel da Silva Bastos, professor do curso de estética e cosmética do Centro Universitário UNA. Mas é por ser altamente volátil que o tolueno provoca tantas reações. Logo que evapora, ele entra em contato com várias partes do corpo. De acordo com Gabriel, a maioria dos fabricantes brasileiros de esmaltes retirou da fórmula a substância alergênica.
            A alergia a esmalte ainda pode ser provocada pelo plastificante dibutyl phthalate (DBP), banido dos cosméticos europeus, e pelo conservante formaldeído, ambos voláteis. O derivado de formol, usado para alisar cabelo, está no cento da polêmica das escovas progressivas. A mica, pigmento que dá o aspecto perolado dos esmaltes cintilantes, é outro componente alergênico.
            Para evitar reações alérgicas, é recomendado ler o rótulo. Os esmaltes 3Free não contém os três principais componentes alergênicos (tolueno, DBP e formaldeído), enquanto os denominados hipoalergênicos costumam ser ausentes de um número maior de substâncias que causam alergia. Já os produtos importados tendem a ser bem aceitos pelos alérgicos porque usam baixa quantidade de solventes. “A indústria tem pesquisado para fazer esmaltes sem solventes, que sejam à base de água e sequem rápido. O solvente é um agente agressor porque resseca a unha e a pele, mas o cliente não tem tempo para esperar três horas para secar o esmalte”, pondera o farmacêutico.

http://sites.uai.com.br/app/noticia/saudeplena/noticias/2014/03/08/noti- cia_saudeplena,147789/esmaltes-especiais-podem-evitar-doencas-co- mo-a-dermatite-de-contato-al.shtml



Em “Ana Cláudia sugere o teste de contato: uma fita adesiva com várias substâncias alergênicas é aplicada nas costas para identificar o que provoca reação.”, os dois pontos (:) na sequência da palavra “contato” foram empregados para
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Q503745 Português
COMO LER NAS “ENTRELINHAS”?

As conhecidas “entrelinhas” são uma boa metáfora visual para aquilo que poderíamos designar, de maneira mais apropriada, como o “não-dito” de um texto. Entre uma linha e outra não há supostamente nada exceto o branco da página, da mesma maneira que o não-dito obviamente não foi escrito, logo, não pode ser lido.

Entretanto, lembremos que a linguagem humana é simultaneamente pletórica e insu?ciente: sempre se diz mais e menos do que se queria dizer. Até mesmo um texto prosaico e informativo esconde algumas informações e sugere outras, que se nos revelam se soubermos ler... nas entrelinhas. Ora, um texto de ?cção amplia conscientemente o espaço das suas entrelinhas, justamente para poder tanto esconder quanto sugerir mais informações. Desse modo, ele desa?a o seu leitor a decifrá-lo, vale dizer, a escavar as suas entrelinhas.

Nos dois parágrafos acima, por exemplo.
O que se encontra nas entrelinhas?
O que eu não disse?
O que estou escondendo?

Quando digo que “um texto de ficção amplia conscientemente o espaço das suas entrelinhas” e “desafia o seu leitor a decifrá-lo”, vejo-me escondendo nada menos do que o próprio autor do texto, porque empresto consciência e vontade a uma coisa, isto é, a um texto. Se o meu leitor percebe que fiz isto, ou seja, se o meu leitor lê nas entrelinhas do meu texto, ele pode me interpretar ou de um modo conservador ou de um modo mais ousado.

O meu leitor conservador pode entender que apenas recorri a uma metonímia elegante, dizendo “texto” no lugar de “autor do texto” por economia de palavras e para dar estilo ao que escrevo. O meu leitor ousado já pode especular que sobreponho o texto ao seu autor para sugerir que a própria escrita modifica quem escreve, e o faz no momento mesmo do gesto de escrever.

Ambas as interpretações me parecem válidas, embora eu goste mais da segunda. Talvez haja outras leituras igualmente válidas, embora nem tudo se possa enfiar impunemente nas entrelinhas alheias. Em todo caso, creio que achei um bom exemplo de leitura de entrelinhas no próprio texto que fala das entrelinhas...

Se posso ler nas entrelinhas de textos teóricos ou informativos como este que vos fala, o que não dizer de textos de ficção? Este meu texto não se quer propositalmente ambíguo ou plurissignificativo, mas o acaba sendo de algum modo, por força das condições internas de toda a linguagem, o que abre espaço para suas entrelinhas, isto é, para seus não-ditos.

Um texto de ficção, entretanto, já se quer ambíguo e plurissignificativo, assumindo orgulhosamente suas entrelinhas. Estas entrelinhas são maiores ou menores, mais ou menos carregadas de sentido, dependendo, é claro, do texto que contornam. Textos menores e mais densos, por exemplo, tendem a conter entrelinhas às vezes maiores do que eles mesmos.

É o caso do menor conto do mundo, do hondurenho Augusto Monterroso, intitulado “O Dinossauro”. O conto tem apenas sete palavras e cabe em apenas uma linha: “quando acordou, o dinossauro ainda estava ali”.
As entrelinhas cercam este conto, provocando muitas perguntas, como, por exemplo:

1. Quem acordou?
2. Quem fala?
3. Onde é ali?
4. O dinossauro ainda estava ali porque também se encontrava lá antes de a tal pessoa dormir, ou porque ela sonhara com o dinossauro e ele saiu do sonho para a sua realidade?
5. O dinossauro que ainda estava ali é o animal extinto ou um símbolo?
6. Se for o animal extinto e supondo que o conto se passa na nossa época, como ele chegou ali?
7. Se não se passa na nossa época, então em que época se passa a história?
8. Se, todavia, o dinossauro é um símbolo, o que simboliza?

Na verdade, as entrelinhas contêm as perguntas que um texto nos sugere, muito mais do que as respostas que ele porventura esconde. A nossa habilidade de ler nas entrelinhas se desenvolve junto com a nossa habilidade de seguir as sugestões do texto e de formular perguntas a respeito dele e mesmo contra ele, para explorá-las sem necessariamente respondê-las de uma vez para sempre.

Gustavo Bernardo (Adaptado de: revista.vestibular.uerj.br/coluna/)

No segundo parágrafo, o emprego de dois-pontos assinala:
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Q502267 Português
Eu pertenço a uma família de profetas après coup, post factum*, depois do gato morto, ou como melhor nome tenha em holandês. Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de maio estava por mim prevista, tanto que na segunda-feira, antes mesmo dos debates, tratei de alforriar um molecote que tinha, pessoa de seus dezoito anos, mais ou menos. Alforriá-lo era nada; entendi que, perdido por mil, perdido por mil e quinhentos, e dei um jantar.

Neste jantar, a que meus amigos deram o nome de banquete, em falta de outro melhor, reuni umas cinco pessoas, conquanto as notícias dissessem trinta e três (anos de Cristo), no intuito de lhe dar um aspecto simbólico.

No golpe do meio (coup du milieu, mas eu prefiro falar a minha língua), levantei-me eu com a taça de champanha e declarei que acompanhando as ideias pregadas por Cristo, há dezoito séculos, restituía a liberdade ao meu escravo Pancrácio; que entendia que a nação inteira devia acompanhar as mesmas ideias e imitar o meu exemplo; finalmente, que a liberdade era um dom de Deus, que os homens não podiam roubar sem pecado.

Pancrácio, que estava à espreita, entrou na sala, como um furacão, e veio abraçar-me os pés. Um dos meus amigos (creio que é ainda meu sobrinho) pegou de outra taça, e pediu à ilustre assembleia que correspondesse ao ato que acabava de publicar, brindando ao primeiro dos cariocas. Ouvi cabisbaixo; fiz outro discurso agradecendo, e entreguei a carta ao molecote. Todos os lenços comovidos apanharam as lágrimas de admiração. Caí na cadeira e não vi mais nada. De noite, recebi muitos cartões. Creio que estão pintando o meu retrato, e suponho que a óleo.

No dia seguinte, chamei o Pancrácio e disse-lhe com rara franqueza:
-Tu és livre, podes ir para onde quiseres. Aqui tens casa amiga, já conhecida e tens mais um ordenado, um ordenado que...
-Oh! meu senhô! fico.
-...Um ordenado pequeno, mas que há de crescer. Tudo cresce neste mundo; tu cresceste imensamente. Quando nasceste, eras um pirralho deste tamanho; hoje estás mais alto que eu. Deixa ver; olha, és mais alto quatro dedos...
-Artura não qué dizê nada, não, senhô...
-Pequeno ordenado, repito, uns seis mil réis; mas é de grão em grão que a galinha enche o seu papo. Tu vales muito mais que uma galinha. Justamente. Pois seis mil réis. No fim de um ano, se andares bem, conta com oito. Oito ou sete.

Pancrácio aceitou tudo; aceitou até um peteleco que lhe dei no dia seguinte, por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade. Mas eu expliquei-lhe que o peteleco, sendo um impulso natural, não podia anular o direito civil adquirido por um título que lhe dei. Ele continuava livre, eu de mau humor; eram dois estados naturais, quase divinos.

Tudo compreendeu o meu bom Pancrácio; daí pra cá, tenho-lhe despedido alguns pontapés, um ou outro puxão de orelhas, e chamo-lhe besta quando lhe não chamo filho do diabo; cousas todas que ele recebe humildemente, e (Deus me perdoe!) creio que até alegre. [...]

*Literalmente, “depois do golpe", “depois do fato". (Adaptado de: ASSIS, Machado de. "Bons dias!", Gazeta de Notícias, 19 de maio de 1888)

Sobre a pontuação do texto, considere:

I. Mantém-se a correção alterando-se a pontuação da frase Oh! meu senhô! fico. (7 o parágrafo) para Oh, meu senhô, fico!

II. O ponto e vírgula, no segmento ... por me não escovar bem as botas; efeitos da liberdade...(11 o parágrafo), pode ser substituído por dois-pontos.

III. No segmento Por isso digo, e juro se necessário for, que toda a história desta lei de 13 de maio...(1 o parágrafo), pode-se acrescentar uma vírgula imediatamente após juro.

Está correto o que consta em
Alternativas
Q502261 Português
    Não é preciso assistir a 12 Anos de Escravidão para saber que a prática foi uma das maiores vergonhas da humanidade. Mas é preciso corrigir o tempo do verbo. Foi? Melhor escrever a frase no presente. A escravidão ainda é uma das maiores vergonhas da humanidade. E o fato de o Ocidente não ocupar mais o topo da lista como responsável pelo crime não deve ser motivo para esquecermos ou escondermos a infâmia.
     Anos atrás, lembro-me de um livro aterrador de Benjamin Skinner que ficou gravado nos meus neurônios. Seu título era A Crime So Monstrous (Um crime tão monstruoso) e Skinner ocupava-se da escravidão moderna para chegar à conclusão aterradora: existem hoje mais escravos do que em qualquer outra época da história humana.
    Skinner não falava apenas de novas formas de escravidão, como o tráfico de mulheres na Europa ou nos Estados Unidos. A escravidão que denunciava com dureza era a velha escravidão clássica - a exploração braçal e brutal de milhares ou milhões de seres humanos trabalhando em plantações ou pedreiras ao som do chicote. [...]

     Pois bem: o livro de Skinner tem novos desenvolvimentos com o maior estudo jamais feito sobre a escravidão atual. Promovido pela Associação Walk Free, o Global Slavery Index é um belo retrato da nossa miséria contemporânea. [...]
    A Índia, tal como o livro de Benjamin Skinner já anunciava, continua a espantar o mundo em termos absolutos com um número que hoje oscila entre os 13 milhões e os 14 milhões de escravos. Falamos, na grande maioria, de gente que continua a trabalhar uma vida inteira para pagar as chamadas "dívidas transgeracionais" em condições semelhantes às dos escravos do Brasil nas roças.

     Conclusões principais do estudo?  Pessoalmente, interessam-me duas. A primeira, segundo o Global Slavery Index, é que a escravidão é residual, para não dizer praticamente inexistente, no Ocidente branco e "imperialista".
    De fato, a grande originalidade da Europa não foi a escravidão; foi, pelo contrário, a existência de movimentos abolicionistas que terminaram com ela. A escravidão sempre existiu antes de portugueses ou espanhóis comprarem negros na África rumo ao Novo Mundo. Sempre existiu e, pelo visto, continua a existir.
    Mas é possível retirar uma segunda conclusão: o ruidoso silêncio que a escravidão moderna merece da intelectualidade progressista. Quem fala, hoje, dos 30 milhões de escravos que continuam acorrentados na África, na Ásia e até na América Latina? [...]

     O filme de Steve McQueen, 12 Anos de Escravidão, pode relembrar ao mundo algumas vergonhas passadas. Mas confesso que espero pelo dia em que Hollywood também irá filmar as vergonhas presentes: as vidas anônimas dos infelizes da Mauritânia ou do Haiti que, ao contrário do escravo do filme, não têm final feliz.

                                                 (Adaptado de: COUTINHO, João Pereira. "Os Escravos". Disponível em:                                                                                                                    http://www1.folha.uol.com.br)

Atente para as afirmações, abaixo, sobre o texto:

I. Com a substituição de que(1° parágrafo) por "se", atribui-se caráter hipotético ao que se diz em seguida.

II. Sem prejuízo para a correção, pode-se isolar com vírgulas o título do livro A Crime So Monstrous(2 o parágrafo), como ocorre, no último parágrafo, com o título do filme 12 Anos de Escravidão.

III. O travessão empregado no 3 o parágrafo introduz uma explicação, função semelhante à dos dois-pontos empregados no último parágrafo.

Está correto o que consta APENAS em
Alternativas
Q502020 Português
                                       A BUSCA DA IDENTIDADE NA ADOLESCÊNCIA]

É na puberdade que o jovem reconstrói seu universo interno e cria relações com o mundo externo.                                          Entenda os processos que marcam a fase.

(1§) A transformação tem início por volta dos 11 anos. Meninos e meninas passam a contestar o que os adultos dizem. Ora falam demais, ora ficam calados. Surgem os namoricos, as implicâncias com outros adolescentes e a vontade de conhecer intensamente o mundo. Os comportamentos variam tanto que professores e pais se sentem perdidos: afinal de contas, por que os adolescentes são tão instáveis?

(2§) A inconstância, nesse caso, é sinônimo de ajuste. É a maneira que os jovens encontram para tentar se adaptar ao fato de não serem mais crianças - nem adultos. Diante de um corpo em mutação, precisam construir uma nova identidade e afirmar seu lugar no mundo. Por trás de manifestações tão distintas quanto rebeldia ou isolamento, há inúmeros processos psicológicos para organizar um turbilhão de sensações e sentimentos. A adolescência é como um renascimento,marcado, dessa vez, pela revisão de tudo o que foi vivido na infância.

(3§) Para a pediatra e psicanalista francesa Françoise Dolto, autora de clássicos sobre a psicologia de crianças e adolescentes, os seres humanos têm dois tipos de imagem em relação ao próprio corpo: a real, que se refere às características físicas, e a simbólica, que seria um somatório de desejos, emoções, imaginário e sentido íntimo que damos às experiências corporais.Na adolescência, essas duas percepções são abaladas. A puberdade (conjunto das transformações ligadas à maturação sexual) faz com que a imagem real se modifique - a descarga de hormônios desenvolve características sexuais primárias (aumento dos testículos e ovários) e secundárias (amadurecimento dos seios, modificações na cintura e na pélvis, crescimento dos pelos, mudanças na voz etc.). É comum que aflorem sentimentos contraditórios: ao mesmo tempo em que deseja se parecer com um homem ou uma mulher, o adolescente tende a rejeitar as mudanças por medo do desconhecido. Essas mudanças do corpo acabam refletindo em mudanças sociais. Isso, para o jovem, é assustador.

(4§) Isso ocorre porque a imagem simbólica que ele tem do corpo ainda é carregada de referências infantis que entram em contradição com os desejos e a potência sexual recém-descoberta. É como se o psiquismo do jovem tivesse dificuldade para acompanhar tantas novidades. Por causa disso, podem surgir dificuldades  de higiene, como a de jovens que não tomam banho porque gostam de sentir o cheiro do próprio suor (que se transformou com a ação da testosterona) e a de outros que veem numa parte do corpo a raiz de todos os seus problemas (seios que não crescem, pés muito grandes, nariz torto etc.). São encanações típicas da idade e que precisam ser acolhidas. "O jovem deve ficar à vontade para tirar dúvidas e conversar sobre o que ocorre com seu corpo sem que sinta medo de ser diminuído ou ridicularizado. Além disso, ele necessita de privacidade e, se não quiser falar, deve ser respeitado", afirma Lidia Aratangy, psicóloga e autora de  livros sobre o tema. Apenas quando perduram as sensações de estranhamento com as mudanças fisiológicas um encaminhamento médico é necessário.

                                                                            (http://goo.gl/vLF5z. Acesso: 10/10/2012. Adaptado.)

Releia com atenção este trecho do terceiro parágrafo:

“Para a pediatra e psicanalista francesa Françoise Dolto, autora de clássicos sobre a psicologia de crianças e adolescentes, os seres humanos têm dois tipos de imagem em relação ao próprio corpo: a real, que se refere às características físicas, e a simbólica, que seria um somatório de desejos, emoções, imaginário e sentido íntimo que damos às experiências corporais. Na adolescência, essas duas percepções são abaladas.”

Sobre esse trecho do terceiro parágrafo foram feitas algumas afirmações. Analise-as, classificando-as como (V) verdadeiras ou (F) falsas:

( ) O adjetivo “francesa”, usado em “Para a pediatra e psicanalista francesa Françoise Dolto”, pode ser considerado como uma estratégia para garantir maiorcredibilidade ao assunto tratado no texto

. ( ) Os dois pontos foram usados no trecho com o propósito de indicar uma enumeração de argumentos.

( ) Há um aposto entre vírgulas no trecho: “...a real, que se refere às características físicas, ea simbólica...”

. ( ) No contexto em que ocorre, a expressão “na adolescência” tem sentido de “período de tempo”.

( ) O trecho “autora de clássicos sobre a psicologia das crianças e adolescentes” é uma informação adicional que pode ser retirada do trecho sem que haja perda do potencial argumentativo do texto.

A sequência correta de classificação, de cima para baixo, é:
Alternativas
Ano: 2013 Banca: FCC Órgão: MPE-AM Prova: FCC - 2013 - MPE-AM - Agente Técnico - Jurídico |
Q499200 Português
     Seria verdade que o homem, ao ser expulso do paraíso, sofreu como condenação ter de trabalhar? O trabalho é um castigo? Seria o ócio uma dádiva? Independentemente da necessidade de trabalhar para ganhar o sustento, muitas vezes enfrentando tarefas enfadonhas e repetitivas, impondo-se o deslocamento de casa até a fábrica ou o escritório, com horas de sacrifício dentro do metrô ou do ônibus, penso que o trabalho dá sentido à vida.
     Somos condenados a viver. Nascemos, e nas condições que se apresentam, devendo enfrentar a situação de filho de beltrano e de sicrana, rico ou pobre, brasileiro, suíço ou angolano. Viver é uma aventura que de plano enfrenta o barulho depois do confortável silêncio do útero materno. Inicia-se o percurso e cabe a cada qual afirmar sua individualidade.
     Cada qual se põe na vida diante desta empreitada: obter sua realização pessoal. Pela via do trabalho a pessoa marca sua individualidade, assinala sua passagem por esta vida, ocupa as horas do cotidiano visando a construir sua autoestima e a conquista importante do reconhecimento dos demais.
     O trabalho atua em duas frentes: permite, de um lado, que as pessoas se afirmem perante si mesmas, motivando a busca de realização, podendo trazer orgulho no sucesso ou dor diante de eventual fracasso; e, de outro lado, faz surgir entre os consorciados o reconhecimento de uma condição própria como sapateiro, mecânico, médico, professor, cozinheiro. Esse espaço na sociedade causa satisfação ou desilusão, se reconhecido como o melhor sapateiro do bairro ou o pior cozinheiro da região.
     Assim, fracassar na execução de uma profissão ou ofício é do jogo da vida. Mais frustrante mesmo é nem sequer entrar no jogo para fazer algo com sua cara, com seu jeito, da sua forma, esperando infantilmente contar com acontecimentos externos para conseguir preencher o vazio de uma existência sem rosto.
    Dois fenômenos da atual sociedade digital, na qual mais se mexem os dedos no iPhonedo que se ativam os neurônios, indicam uma falsa felicidade não derivada da efetivação de um projeto, mas sim de fatores marcadamente efêmeros, visivelmente enganosos: os relacionamentos pela rede Facebook e o culto às celebridades.
     A urgência hoje vivida de compartilhar imediatamente todos os acontecimentos (ouvir uma música, comprar uma roupa, deliciar-se com um vinho, trocar um olhar) retira a vivência da realidade do âmbito individual, pois o essencial é antes dividir com alguém o sucedido para receber imediatamente o assentimento elogioso do que sentir isoladamente o prazer do fato, transformando-se, dessa maneira, o mundo numa grande academia do elogio mútuo. A satisfação, então, vem de fora, pois algo só vale se outrem vier a curtir. Instala-se um novo cartesianismo: eu compartilho, logo, existo.
     Outra futilidade alienante domina os espíritos: a celebração das celebridades, os famosos, a mais perfeita criação artificial da mídia. Ídolos passageiros, sem conteúdo, apenas virtuais, povoam a fantasia. A existência perde consistência. Muitos são os espíritos empreendedores, porém, infelizmente, repetem-se hoje jovens para os quais a conquista árdua, a afirmação profissional deixa de ser importante para que eventuais fracassos não sejam sofridos, mas disfarçados, driblados pelo compartilhamento elogioso de momentos irrelevantes ou pelo consumismo desenfreado, que substitui o ser pelo possuir. A vida deixa de ter cor, passa em branco.


                                                     (Miguel Reale Júnior. O Estado de S. Paulo. A2, 6 de abril de 2013, com adaptações)

Considere as afirmativas seguintes a respeito do emprego de sinais de pontuação no texto.

I. As interrogações que aparecem no início do texto têm função meramente retórica, empregadas como recurso para a introdução do assunto a ser desenvolvido.

II. O trabalho atua em duas frentes: permite, de um lado, que as pessoas... (4 o parágrafo)

... de fatores marcadamente efêmeros, visivelmente enganosos: os relacionamentos pela rede Facebook e o culto às celebridades. (6 o parágrafo)

O emprego dos dois pontos introduz, em ambos os casos, segmentos de valor semelhante.

III. (ouvir uma música, comprar uma roupa, deliciar-se com um vinho, trocar um olhar) (7 o parágrafo)
O segmento entre parênteses constitui enumeração gradativa contraposta ao argumento apresentado.

IV. ... ou pelo consumismo desenfreado, que substitui o ser pelo possuir. (final do texto)
Retirada a vírgula, o período permanecerá correto, embora ocorra alteração de sentido.

Está correto o que se afirma APENAS em
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Q495341 Português
Instruções: Para responder à questão considere o texto que segue, extraído de obra publicada em 1993.

imagem-002.jpg

(RÉMOND, René. A descolonização. In: O século XX: de 1914 aos nossos dias. Trad. Octavio Mendes Cajado. São Paulo: Cultrix, p.165-166)

Afirma-se com correção:
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Q494958 Português
            Quem nasce no século XXI é rodeado de grande quantidade de dados desde o primeiro momento de vida. Uma em cada três crianças americanas tem presença virtual - normalmente na forma de ultrassonografia, salva pelos pais na internet - antes mesmo de nascer. Nove em cada dez já possuem algo pessoal armazenado na internet ao completar 2 anos. Praticamente tudo o que uma pessoa faz é guardado digitalmente em bancos de dados e preservado pelo resto de sua vida - e até depois dela.
            Por dia, três exabytes de informações circulam pelo mundo, o equivalente a metade de toda a informação produzida pela humanidade desde a Idade da Pedra. A essa abundância de informações dá-se o nome de Big Data. Interpretar corretamente o Big Data é um procedimento precioso para empresas na disputa com a concorrência. Quem sabe minerar naquele oceano de dados pode encontrar, por exemplo, a resposta a um problema que sempre atormentou administradores: o recrutamento e a retenção de talentos. Com informações que circulam livremente pela internet, é possível traçar o perfil psicológico e identificar as qualidades e os defeitos de um profissional. Nos últimos dez anos, softwares têm substituído funções de psicólogos na árdua tarefa de manter funcionários produtivos e felizes com seu emprego.
            O Big Data chega como o melhor recurso para contornar a falta de mão de obra. Quase 40% das empresas não conseguem preencher vagas em aberto pela falta de profissionais qualificados. Há áreas em que a disputa por talentos é especialmente ferrenha. A melhor forma de preencher as vagas é garimpar entre os quase 3 bilhões de pessoas que produzem exabytes de informações na internet. Nos Estados Unidos, há softwares focados no recrutamento de profissionais de categorias específicas. Há também sites especializados em avaliar perfis em redes sociais. Diz o criador de um desses sites, Joe Fernandez: “O universo virtual abriu portas para que se saiba tudo sobre todos. Essa é uma das maiores revoluções iniciadas pela internet."
            Há, evidentemente, uma área cinzenta no uso do Big Data. Pode uma empresa acessar dados pessoais que empregados compartilham on-line? Não há ainda respostas fáceis para esse tipo de questionamento. O certo é que a transformação tecnológica do Big Data veio para ficar
.

                                                                 (Adaptado de: VILICIC, Filipe e BEER, Raquel. Veja, 25 de setembro de 2013, p. 101-103)



... a resposta a um problema que sempre atormentou administradores: o recrutamento e a retenção de talentos. (2° parágrafo)

O segmento introduzido pelos dois-pontos apresenta sentido
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Q493914 Português
                              Um homem de consciência

            Chamava-se João Teodoro, só. O mais pacato e modesto dos homens. Honestíssimo e lealíssimo, com um defeito apenas: não dar o mínimo valor a si próprio. Para João Teodoro, a coisa de menos importância no mundo era João Teodoro.
Nunca fora nada na vida, nem admitia a hipótese de vir a ser alguma coisa. E, por muito tempo, não quis nem sequer o que todos ali queriam: mudar-se para terra melhor.
            Mas João Teodoro acompanhava com aperto no coração o desaparecimento visível de sua Itaoca.
            “Isto já foi muito melhor”, dizia consigo. “Já teve três médicos bem bons - agora um e bem ruinzote. Já teve seis advogados e hoje mal dá serviço para um rábula ordinário como o Tenório. Nem circo de cavalinhos bate mais por aqui. A gente que presta se muda. Fica o restolho. Decididamente, a minha Itaoca está se acabando ...”
            João Teodoro entrou a incubar a ideia de também mudar- -se, mas para isso necessitava de um fato qualquer que o convencesse de maneira absoluta de que Itaoca não tinha mesmo conserto ou arranjo possível.
            “É isso”, deliberou lá por dentro. “Quando eu verificar que tudo está perdido, que Itaoca não vale mais nada de nada, então arrumo a trouxa e boto-me fora daqui.”
      Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. Nosso homem recebeu a notícia como se fosse uma porretada no crânio. Delegado ele! Ele que não era nada, nunca fora nada, não queria ser nada, se julgava capaz de nada ...
            Ser delegado numa cidadezinha daquelas é coisa seríssima. Não há cargo mais importante. É o homem que prende os outros, que solta, que manda dar sovas, que vai à capital falar com o governo. Uma coisa colossal ser delegado - e estava ele, João Teodoro, de-le-ga-do de Itaoca! ...
            João Teodoro caiu em meditação profunda. Passou a noite em claro, pensando e arrumando as malas. Pela madrugada botou-as num burro, montou seu cavalo magro e partiu.
            - Que é isso, João? Para onde se atira tão cedo, assim de armas e bagagens?
            - Vou-me embora - respondeu o retirante. - Verifiquei que Itaoca chegou mesmo ao fim.
            - Mas, como? Agora que você está delegado?
            - Justamente por isso. Terra em que João Teodoro chega a delegado eu não moro. Adeus.
            E sumiu.

                                                            (Monteiro Lobato. Cidades Mortas. São Paulo: Globo, 2009)

rábula: advogado sem diploma

Leia os enunciados a seguir:

I. “Isto já foi muito melhor”, ... (4.º parágrafo)
II. Um dia aconteceu a grande novidade: a nomeação de João Teodoro para delegado. (7.º parágrafo)

As aspas e os dois pontos foram empregados, respectivamente, com a função de
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Q493684 Português
Cadastro positivo já é realidade

Desde que entrou em vigor, no início deste ano, o cadastro positivo vem sendo adotado por grandes redes do varejo, a exemplo de C&A, Casas Bahia e Riachuelo, que passaram a registrar o consumidor que queira futuramente aderir à novidade.

O cadastro é um banco de dados no qual são registrados compromissos financeiros e pagamentos relativos a operações de crédito, como empréstimos. Na prática, o consumidor é avaliado por seu desempenho no pagamento de suas contas, que vão além do varejo: financiamento imobiliário, consórcio, leasing, contas de luz, escola. Toda despesa que comprometa a renda da pessoa é registrada no banco de dados que todos podem consultar, inclusive o próprio cliente. Se for um bom pagador, poderá receber um tratamento melhor na hora de conquistar o crédito. Juros mais baixos, por exemplo.

Para o superintendente de Informações sobre Consumidores da Serasa Experian, Vander Nagata, a grande vantagem desse cadastro em relação ao tradicional cadastro negativo (que negativa o nome dos consumidores que deram calote) é dar ao comércio a real condição financeira do cliente que está pedindo crédito. “A partir do momento que um credor, como a Casas Bahia, alimenta o banco de dados, tudo fica disponível para outras empresas consultarem. A base de dados compartilhada mostra que existe compromisso financeiro, de forma a evitar o superendividamento da pessoa. Hoje as empresas dão um tiro no escuro quando concedem o crédito”.

A entrada no cadastro positivo não é compulsória. O cliente tem de autorizar junto a empresas a inclusão de seu nome. Essa é uma das razões de a novidade não agradar as entidades de defesa do consumidor. O temor é que o cliente que se recuse a dar o nome passe a ser tratado como um mau pagador. O presidente do Procon-PE, José Rangel, questiona um outro problema: e se a pessoa passar por um momento de aperto financeiro? “Eu entendo que o cadastro positivo tem potencial de se tornar uma lista ruim, pois, num momento de dificuldades, a pessoa vai ter de escolher que conta pagar e isso vai restringir seu crédito, mais que beneficiar”, critica.

Com relação à desconfiança de Rangel, Vander Nagata, da Serasa Experian, diz que “um deslize” do consumidor que deixou, eventualmente, de pagar uma conta não significa nada. “Todos nós estamos sujeitos a isso. O cadastro positivo funciona como um histórico de longo prazo. É como na indústria de seguros. O motorista que tem um bom histórico e não se envolve em acidentes ganha bônus. Uma coisa é ter batido o carro há dois anos, outra diferente é bater a cada mês”, defende.

(Leonardo Spinelli, Jornal do Commercio, 03.03.2013. Adaptado)


Observe o uso dos dois-pontos (:) nos trechos que seguem.

• Na prática, o consumidor é avaliado por seu desempenho no pagamento de suas contas, que vão além do varejo: financiamento imobiliário, consórcio, leasing, contas de luz, escola. (segundo parágrafo)

• O presidente do Procon-PE, José Rangel, questiona um outro problema:e se a pessoa passar por um momento de aperto financeiro? (penúltimo parágrafo)

É correto afirmar que os dois-pontos introduzem, respectivamente,
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Q493170 Português
A empregada foi embora

Chegou ao Brasil um problema que, na Europa, velho de meio século, em nosso país só as empregadas domésticas enfrentavam: como viver sem empregada, esse personagem que, dentro de casa, serve de amortecedor às tensões entre homens e mulheres confrontados às exigências do cotidiano de uma família.

Quem faz o quê na infinidade de pequenos gestos do dia a dia? Nem um nem outro. A resposta é simples: a empregada, a babá, a cuidadora. Por vezes as três tarefas em uma mesma pessoa. Baixos salários, jornadas infindáveis, condições de alojamento deploráveis, essa sequela da escravidão exigia uma abolição. A lei é bem vinda. Abre uma dinâmica de transformação da sociedade que ainda não está visível em toda a sua profundidade e cujos desdobramentos vão muito além dos muros da casa. Vai interpelar, para além do orçamento das famílias, as contas públicas e a organização do tempo nas empresas.

(Oliveira, Rosiska Darcy de. O Globo, abril de 2013.)

“Chegou ao Brasil um problema que, na Europa, velho de meio século, em nosso país só as empregadas domésticas enfrentavam: como viver sem empregada, esse personagem que, dentro de casa, serve de amortecedor às tensões entre homens e mulheres confrontados às exigências do cotidiano de uma família”.

Sobre os constituintes desse primeiro parágrafo do texto, assinale a alternativa que apresenta o comentário inadequado.
Alternativas
Q489492 Português
Julgue o item que se segue , relativo à estrutura linguística e ao sentido do texto II.

O emprego de dois-pontos em substituição à vírgula logo após a expressão “suas relíquias” (l.1) não geraria erro gramatical.
Alternativas
Q488564 Português
                                         Política de facebook

     A onda de protestos de junho deve muito a um recurso aparentemente inofensivo: a ferramenta de eventos do Facebook. Todos os protestos eram agendados e compartilhados na própria rede social. E mais do que isso: fatos começaram a ser filmados e postados por cidadãos isolados e grupos organizados, como a Mídia Ninja, sem precisar passar pelas mídias tradicionais. “Não existe mais a separação que se traçava entre o mundo online e o mundo offline, como se fossem dois universos diferentes e a pessoa precisasse sair de um para entrar no outro", diz Wilson Gomes, professor de comunicação da Universidade Federal da Bahia, especialista em democracia digital.

     As petições online também começam a fazer diferença. Nos EUA, na Finlândia e na Comunidade Europeia, elas ganharam status oficial e são discutidas na política tradicional. Os americanos foram os pioneiros: por lá, o governo é obrigado a responder a qualquer sugestão que atinja o mínimo de 100 mil assinaturas.[...]

     Na Europa, a participação digital rendeu frutos mais concretos. O parlamento finlandês é obrigado a votar qualquer projeto de lei que consiga 50 000 assinaturas - cerca de 1% da população. (A Constituição brasileira também prevê essa possibilidade - a lei da Ficha Limpa só foi votada porque conseguiu, com ajuda das redes sociais, 1,6 milhão de assinaturas.) A diferença é que o Ministério da Justiça finlandês criou sua própria plataforma para facilitar esse tipo de participação. Em março, uma comissão parlamentar vetou o casamento gay e a população respondeu criando uma petição e conseguiu 107 mil assinaturas em 24 horas. [...] Mais de dez leis propostas por essa via já foram aprovadas desde sua criação, em maio de 2012. E nem é preciso ir tão longe: por aqui, a lei que agora obriga as empresas a detalhar nas notas fiscais os impostos embutidos nos preços dos produtos nasceu de uma iniciativa popular das associações comerciais de São Paulo, que bombaram a ideia dentro e fora da internet.

     Todas essas tecnologias aumentam nossas possibilidades de cidadão - seja para criar uma nova forma de fazer política, seja para melhorar a velha. Mais importante: elas permitem que isso seja feito em qualquer momento - e não apenas em dia de eleição. “Adinâmica da política está mudando muito rápido. E, se descobrirmos como fazer isso cada vez melhor, tudo é possível", diz Graziela Tanaka, diretora da Change.org , uma das maiores plataformas de petições online do mundo. “Você começa defendendo uma árvore em seu bairro e depois vai acabar lutando por um parque nacional." Sim, esse é só o começo.

                             César Cerqueira. Revista Superinteressante. Edição de aniversário, agosto de 2013.

Em “A onda de protestos de junho deve muito a um recurso aparentemente inofensivo: a ferramenta de eventos do Facebook.” (parágrafo 1), os dois pontos foram empregados:
Alternativas
Respostas
701: A
702: A
703: A
704: B
705: B
706: B
707: E
708: B
709: A
710: A
711: A
712: C
713: A
714: C
715: B
716: E
717: E
718: A
719: C
720: D