Texto I
Futebol-esporte
É aplicado o conceito de esporte aos exercícios físicos,
ao jogo. E o jogo é, antes de tudo, luta por algo ou
representação de algo.
No futebol isso não se evidencia:
“O jogador capaz de se virar para viver, de transformar as
situações mais difíceis em gol, era uma representação da
vida de cada um, na qual a sobrevivência é sempre
decorrente daquela capacidade de dar uma volta nas
situações, transformando-as em favoráveis quando tudo
indica o contrário”, como diz Artur da Távola.
Como na vida, no futebol luta-se pela vitória através do
trabalho, do esforço de cada um. Jogar, como viver, exige
decisão, energia, perseverança, já que na vida estamos
sempre tentando vencer obstáculos. O vencedor é mais
seguro de si, mais preparado, mais capaz para vencer:
resolve os seus problemas.
A tensão do futebol é igual à tensão da vida, compostas,
ambas, pela insegurança de um resultado positivo, pelos
riscos e pela incerteza. Na vida, como no futebol, nada é
definitivo: estamos sempre transitando entre vitórias e
derrotas. “O futebol constitui, portanto, perfeito paralelo com
a vida do homem e em especial com a vida em sociedade,
pois é um jogo que estimula a cooperação em grupo como
fator decisivo para a vitória”, como salientava um slogan
propagandista do Presidente Médici.
Na equipe, onde se configura uma mini-sociedade, é
respeitada a participação individual, ao mesmo tempo em que é
estimulado o sentido de conjunto, a integração e o ajustamento
no grupo. Nas suas relações com o grupo, ao qual está unido
por um objetivo comum, o jogador é visto como um ser social,
ficando enfatizada a sua eficiência pela sua capacidade de
autocontrole, abnegação, iniciativa, vitalidade, coragem,
lealdade, inteligência. Além disso, o futebol incentiva o respeito à
lei, às regras, à disciplina, à hierarquia.
[....] Talvez esta lição de vida seja responsável pelo
prestígio universal do futebol junto às massas.
(Maria do Carmo Fernández)