Vou dizer logo: a culpa foi da empresa. Quer
dizer, eu também sou culpado, mas foram eles que
começaram. Parece ridículo hoje, mas a diretoria toda da
empresa bebia muito. Trabalho intenso, salários altos e
estresse faziam parte do jogo. Entre as virilidades
gerenciais pontificava a de “saber beber”. No fim do dia, os
gerentes das 5 filiais localizadas na cidade iam para o
edifício da matriz para um happy hour com os diretores.
Na verdade, era uma reunião de trabalho, de muito batepapo e cobrança, mas sempre regada a uísque. A bebida
relaxava, e até os indivíduos mais fechados falavam. Em
torno de 70% dos gerentes eram alcoólatras. O vicepresidente era do tipo que fazia discurso bêbado. O clima
era de suposta amizade, mas de competição velada. Todos
procuravam se valorizar uns diante dos outros. Era muito
estressante. Como eu era tímido e queria agradar, bebia
para me liberar. Foi aí que aprendi a “beber bem”. Fui
convidado para um cargo estratégico em outra empresa.
Nessa empresa não havia essa cultura. Eles eram sérios. Só
que eu já estava dependente de bebida. Comecei, então, a
esconder o hábito. Bebia só. Minha relação com a família
foi deteriorando.
Considerando o relato hipotético acima, julgue o item abaixo.
O controle do uso de álcool na empresa por meio de
testes bioquímicos pode ser justificado pelas
características do trabalho realizado.