Sobre a avaliação da aprendizagem escolar
As práticas de avaliação da aprendizagem escolar,
predominantes em nosso meio, ainda se dão a partir de um
modelo teórico tradicional, que concebe a educação como
um mecanismo de manutenção e reprodução das condições
sociais.
A lógica da avaliação não é independente da lógica da
escola; ao contrário, ela é produto de uma escola que se
separou da vida e das práticas sociais. Como consequência,
o autoritarismo é o elemento necessário para a garantia
deste modelo social e, daí, a prática da avaliação manifestar-se autoritária. Esta concepção da avaliação da
aprendizagem escolar reflete, pois, uma pedagogia que, por
sua vez, está a serviço de um modelo dominante que pode
ser identificado como liberal conservador.
Este modelo produziu três pedagogias distintas, mas com
um objetivo em comum: manutenção das condições sociais.
Assim se apresentam a pedagogia tradicional, a pedagogia
renovada ou escolanovista e a pedagogia tecnicista. No
entanto, três modelos pedagógicos se desenvolveram como
antíteses aos modelos pedagógicos conservadores: a
pedagogia libertadora de Paulo Freire, a pedagogia libertária
e a pedagogia dos conteúdos socioculturais de Dermeval
Saviani.
Esses dois grupos de pedagogias – tradicionais e
emancipadoras – representam concepções antagônicas. O
primeiro grupo está preocupado com a reprodução e
conservação da sociedade, propondo práticas autoritárias de
avaliação. O segundo grupo assume uma perspectiva de
transformação social, objetivo com o qual a educação
formal pode contribuir, incluindo práticas de avaliação
visando à autonomia do educando.
Adaptado. Por Sérgio A. S. Leite e Samantha Kager. Ensaio:
aval. pol. públ. Educ., Rio de Janeiro, v. 17, n. 62, p. 109-134,
jan./mar. 2009. Disponível em: https://bit.ly/31DeFba.