O texto abaixo é um fragmento de uma crônica de Martha Medeiros e servirá de subsídio para a questão:
A DOR QUE DÓI MAIS
Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa,
um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica,
cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de
uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário
que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e
menos
cabelos brancos. Doem essas saudades todas.