TEXTO II
Respeitador do trabalho alheio, como todo o trabalhador honesto, mas sem confundir esse respeito com
a condescendência camaradeira, estreme de animosidades pessoais ou de emulações profissionais, com o mínimo dos infalíveis preconceitos literários ou com a força
de os dominar, desconfiado de sistemas e assertos categóricos, suficientemente instruído nas cousas literárias e
uma visão própria, talvez demasiadamente pessoal, mas
por isso mesmo interessante da vida, ninguém mais do
que ele podia ter sido o crítico cuja falta lastimou como
um dos maiores males da nossa literatura. Em compensação deixou-lhe um incomparável modelo numa obra
de criação que ficará como o mais perfeito exemplar do
nosso engenho nesse domínio.
(VERÍSSIMO, José. História da Literatura Brasileira.
5ª .ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1964.