Questões de Concurso Público SEDUC-TO 2009 para Professor - Língua Portuguesa

Foram encontradas 36 questões

Q3002011 Português

Texto I


Lisboa: aventuras


Tomei um expresso

cheguei de foguete

subi num bonde

desci de um elétrico

5 pedi cafezinho

serviram-me uma bica

quis comprar meias

só vendiam peúgas

fui dar descarga

10disparei um autoclismo

gritei “ó cara!”

responderam-me “ó pá!”

positivamente

as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.


PAES, José Paulo. Lisboa: aventuras. A poesia está morta, mas

juro que não fui eu. São Paulo: Duas Cidades, 1988, p. 40.

O poema de José Paulo Paes apresenta diferenças linguísticas entre o Português

Alternativas
Q3002016 Português

Texto I


Lisboa: aventuras


Tomei um expresso

cheguei de foguete

subi num bonde

desci de um elétrico

5 pedi cafezinho

serviram-me uma bica

quis comprar meias

só vendiam peúgas

fui dar descarga

10disparei um autoclismo

gritei “ó cara!”

responderam-me “ó pá!”

positivamente

as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.


PAES, José Paulo. Lisboa: aventuras. A poesia está morta, mas

juro que não fui eu. São Paulo: Duas Cidades, 1988, p. 40.

Diz-se que há intertextualidade quando um texto interfere ou se faz presente em outro. É o que acontece no último verso do poema “Lisboa: aventuras”, em que o autor incorpora um trecho da “Canção do exílio”, de Gonçalves Dias. No poema de José Paulo Paes,

Alternativas
Q3002017 Português

Texto I


Lisboa: aventuras


Tomei um expresso

cheguei de foguete

subi num bonde

desci de um elétrico

5 pedi cafezinho

serviram-me uma bica

quis comprar meias

só vendiam peúgas

fui dar descarga

10disparei um autoclismo

gritei “ó cara!”

responderam-me “ó pá!”

positivamente

as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.


PAES, José Paulo. Lisboa: aventuras. A poesia está morta, mas

juro que não fui eu. São Paulo: Duas Cidades, 1988, p. 40.

Os infinitivos das formas verbais presentes nos versos


“subi num bonde

desci de um elétrico” (v. 3-4)

Alternativas
Q3002040 Português

Texto I


Lisboa: aventuras


Tomei um expresso

cheguei de foguete

subi num bonde

desci de um elétrico

5 pedi cafezinho

serviram-me uma bica

quis comprar meias

só vendiam peúgas

fui dar descarga

10disparei um autoclismo

gritei “ó cara!”

responderam-me “ó pá!”

positivamente

as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.


PAES, José Paulo. Lisboa: aventuras. A poesia está morta, mas

juro que não fui eu. São Paulo: Duas Cidades, 1988, p. 40.

Entre os versos


“fui dar descarga

disparei um autoclismo”, (v. 9-10)


está implícita a noção de

Alternativas
Q3002137 Português

Texto I


Lisboa: aventuras


Tomei um expresso

cheguei de foguete

subi num bonde

desci de um elétrico

5 pedi cafezinho

serviram-me uma bica

quis comprar meias

só vendiam peúgas

fui dar descarga

10disparei um autoclismo

gritei “ó cara!”

responderam-me “ó pá!”

positivamente

as aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.


PAES, José Paulo. Lisboa: aventuras. A poesia está morta, mas

juro que não fui eu. São Paulo: Duas Cidades, 1988, p. 40.

Assinale a opção em que todas as palavras contêm dígrafos.

Alternativas
Q3002154 Português

Texto II



Grande sertão: veredas


Olhe: conto ao senhor. Se diz que, no bando de

Antônio Dó, tinha um grado jagunço, bem remediado

de posses – Davidão era o nome dele. Vai, um dia,

coisas dessas que às vezes acontecem, esse Davidão

5 pegou a ter medo de morrer. Safado, pensou, propôs

este trato a um outro, pobre dos mais pobres, chamado

Faustino: o Davidão dava a ele dez contos de réis, mas,

em lei de caborje – invisível no sobrenatural – chegasse

primeiro o destino de Davidão morrer em combate,

10 então era o Faustino quem morria, em vez dele.

E o Faustino aceitou, recebeu, fechou. Parece que,

com efeito, no poder de feitiço ele muito não acreditava.

Então, pelo seguinte, deram um grande fogo, contra os

soldados do Major Alcides do Amaral, sitiado forte em

15 São Francisco. Combate quando findou, todos os

dois estavam vivos, o Davidão e o Faustino. A de ver?

Para nenhum deles não tinha chegado a hora-e-dia.

Ah, e assim e assim foram, durante os meses, escapos,

alteração nenhuma não havendo; nem feridos eles não

20 saíam... Que tal, o que o senhor acha? Pois, mire e

veja: isto mesmo narrei a um rapaz de cidade grande,

muito inteligente, vindo com outros num caminhão,

para pescarem no Rio. Sabe o que o moço me disse?

Que era assunto de valor, para se compor uma estória

25 em livro. Mas que precisava de um final sustante,

caprichado. O final que ele daí imaginou foi um: que,

um dia, o Faustino pegava também a ter medo, queria

revogar o ajuste! Devolvia o dinheiro. Mas o Davidão

não aceitava, não queria, por forma nenhuma.

30 Do discutir, ferveram nisso, ferraram numa luta

corporal. A fino, o Faustino se provia na faca, investia,

os dois rolavam no chão, embolados. Mas, no confuso,

por sua própria mão dele, a faca cravava no coração do

Faustino, que falecia...

35 Apreciei demais essa continuação inventada.

A quanta coisa limpa verdadeira uma pessoa de alta

instrução não concebe! No real da vida as coisas

acabam com menos formato, nem acabam. Melhor

assim. Pelejar, por exato, dá erro contra a gente. Não

40 se queira. Viver é muito perigoso...



GUIMARÃES ROSA, João. Grande sertão: veredas. Edição comemorativa dos 50 anos de publicação da obra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006, p. 75-76. (Fragmento)

Guimarães Rosa costumava construir seus textos com personagens reais, como é o caso de Antônio Dó, e com histórias ouvidas no sertão mineiro, em que realidade e ficção se confundem.

O fragmento de Grande sertão: veredas, ora transcrito, é um exemplo disso, pois, na história dos jagunços, o narrador-personagem toma por base

Alternativas
Q3002654 Português

Texto II



Grande sertão: veredas


Olhe: conto ao senhor. Se diz que, no bando de

Antônio Dó, tinha um grado jagunço, bem remediado

de posses – Davidão era o nome dele. Vai, um dia,

coisas dessas que às vezes acontecem, esse Davidão

5 pegou a ter medo de morrer. Safado, pensou, propôs

este trato a um outro, pobre dos mais pobres, chamado

Faustino: o Davidão dava a ele dez contos de réis, mas,

em lei de caborje – invisível no sobrenatural – chegasse

primeiro o destino de Davidão morrer em combate,

10 então era o Faustino quem morria, em vez dele.

E o Faustino aceitou, recebeu, fechou. Parece que,

com efeito, no poder de feitiço ele muito não acreditava.

Então, pelo seguinte, deram um grande fogo, contra os

soldados do Major Alcides do Amaral, sitiado forte em

15 São Francisco. Combate quando findou, todos os

dois estavam vivos, o Davidão e o Faustino. A de ver?

Para nenhum deles não tinha chegado a hora-e-dia.

Ah, e assim e assim foram, durante os meses, escapos,

alteração nenhuma não havendo; nem feridos eles não

20 saíam... Que tal, o que o senhor acha? Pois, mire e

veja: isto mesmo narrei a um rapaz de cidade grande,

muito inteligente, vindo com outros num caminhão,

para pescarem no Rio. Sabe o que o moço me disse?

Que era assunto de valor, para se compor uma estória

25 em livro. Mas que precisava de um final sustante,

caprichado. O final que ele daí imaginou foi um: que,

um dia, o Faustino pegava também a ter medo, queria

revogar o ajuste! Devolvia o dinheiro. Mas o Davidão

não aceitava, não queria, por forma nenhuma.

30 Do discutir, ferveram nisso, ferraram numa luta

corporal. A fino, o Faustino se provia na faca, investia,

os dois rolavam no chão, embolados. Mas, no confuso,

por sua própria mão dele, a faca cravava no coração do

Faustino, que falecia...

35 Apreciei demais essa continuação inventada.

A quanta coisa limpa verdadeira uma pessoa de alta

instrução não concebe! No real da vida as coisas

acabam com menos formato, nem acabam. Melhor

assim. Pelejar, por exato, dá erro contra a gente. Não

40 se queira. Viver é muito perigoso...



GUIMARÃES ROSA, João. Grande sertão: veredas. Edição comemorativa dos 50 anos de publicação da obra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006, p. 75-76. (Fragmento)

A análise do texto, que narra um trato entre jagunços rudes do sertão, conduz à inequívoca conclusão de que a(o)

Alternativas
Q3002663 Português

Texto II



Grande sertão: veredas


Olhe: conto ao senhor. Se diz que, no bando de

Antônio Dó, tinha um grado jagunço, bem remediado

de posses – Davidão era o nome dele. Vai, um dia,

coisas dessas que às vezes acontecem, esse Davidão

5 pegou a ter medo de morrer. Safado, pensou, propôs

este trato a um outro, pobre dos mais pobres, chamado

Faustino: o Davidão dava a ele dez contos de réis, mas,

em lei de caborje – invisível no sobrenatural – chegasse

primeiro o destino de Davidão morrer em combate,

10 então era o Faustino quem morria, em vez dele.

E o Faustino aceitou, recebeu, fechou. Parece que,

com efeito, no poder de feitiço ele muito não acreditava.

Então, pelo seguinte, deram um grande fogo, contra os

soldados do Major Alcides do Amaral, sitiado forte em

15 São Francisco. Combate quando findou, todos os

dois estavam vivos, o Davidão e o Faustino. A de ver?

Para nenhum deles não tinha chegado a hora-e-dia.

Ah, e assim e assim foram, durante os meses, escapos,

alteração nenhuma não havendo; nem feridos eles não

20 saíam... Que tal, o que o senhor acha? Pois, mire e

veja: isto mesmo narrei a um rapaz de cidade grande,

muito inteligente, vindo com outros num caminhão,

para pescarem no Rio. Sabe o que o moço me disse?

Que era assunto de valor, para se compor uma estória

25 em livro. Mas que precisava de um final sustante,

caprichado. O final que ele daí imaginou foi um: que,

um dia, o Faustino pegava também a ter medo, queria

revogar o ajuste! Devolvia o dinheiro. Mas o Davidão

não aceitava, não queria, por forma nenhuma.

30 Do discutir, ferveram nisso, ferraram numa luta

corporal. A fino, o Faustino se provia na faca, investia,

os dois rolavam no chão, embolados. Mas, no confuso,

por sua própria mão dele, a faca cravava no coração do

Faustino, que falecia...

35 Apreciei demais essa continuação inventada.

A quanta coisa limpa verdadeira uma pessoa de alta

instrução não concebe! No real da vida as coisas

acabam com menos formato, nem acabam. Melhor

assim. Pelejar, por exato, dá erro contra a gente. Não

40 se queira. Viver é muito perigoso...



GUIMARÃES ROSA, João. Grande sertão: veredas. Edição comemorativa dos 50 anos de publicação da obra. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006, p. 75-76. (Fragmento)

No trecho “O final que ele daí imaginou foi um: que, um dia, o Faustino pegava também a ter medo, queria revogar o ajuste!” (A. 26-28), a palavra que desempenha nas orações, respectivamente, quanto à sintaxe, os valores de

Alternativas
Q3002664 Português

Texto III


Poesia Pau-Brasília: Receita


Ingredientes


2 conflitos de gerações

4 esperanças perdidas

3 litros de sangue fervido

5 5 sonhos eróticos

2 canções dos Beatles


Modo de preparar

Dissolva os sonhos eróticos

Nos dois litros de sangue fervido

10 E deixe gelar seu coração.

Leve a mistura ao fogo

Adicionando dois conflitos de geração

Às esperanças perdidas

Corte tudo em pedacinhos

15 E repita com a canção dos Beatles

O mesmo processo usado com os sonhos eróticos

Mas dessa vez deixe ferver um pouco mais

E mexa até dissolver

Parte do sangue pode ser substituída

20 Por suco de groselha

Mas os resultados não serão os mesmos.

Sirva o poema simples

Ou com ilusões


BEHR, Nicolas, 7 fev. 2008. Disponível em: alldementedforever /

http://www.nicolas-behr.com.br (Acessado em abr. de 2009).

Em geral, o gênero textual “receita” se apresenta segmentado em duas partes: em uma, tem-se os ingredientes necessários à feitura do prato; em outra, explica-se como fazer a iguaria.

No texto ora enfocado, o mecanismo coesivo que liga as duas partes mencionadas é o seguinte:

Alternativas
Q3002667 Português

Texto III


Poesia Pau-Brasília: Receita


Ingredientes


2 conflitos de gerações

4 esperanças perdidas

3 litros de sangue fervido

5 5 sonhos eróticos

2 canções dos Beatles


Modo de preparar

Dissolva os sonhos eróticos

Nos dois litros de sangue fervido

10 E deixe gelar seu coração.

Leve a mistura ao fogo

Adicionando dois conflitos de geração

Às esperanças perdidas

Corte tudo em pedacinhos

15 E repita com a canção dos Beatles

O mesmo processo usado com os sonhos eróticos

Mas dessa vez deixe ferver um pouco mais

E mexa até dissolver

Parte do sangue pode ser substituída

20 Por suco de groselha

Mas os resultados não serão os mesmos.

Sirva o poema simples

Ou com ilusões


BEHR, Nicolas, 7 fev. 2008. Disponível em: alldementedforever /

http://www.nicolas-behr.com.br (Acessado em abr. de 2009).

Na segunda parte da receita, os ingredientes mencionados na primeira estão precedidos de artigos definidos porque

Alternativas
Q3002668 Português

Texto III


Poesia Pau-Brasília: Receita


Ingredientes


2 conflitos de gerações

4 esperanças perdidas

3 litros de sangue fervido

5 5 sonhos eróticos

2 canções dos Beatles


Modo de preparar

Dissolva os sonhos eróticos

Nos dois litros de sangue fervido

10 E deixe gelar seu coração.

Leve a mistura ao fogo

Adicionando dois conflitos de geração

Às esperanças perdidas

Corte tudo em pedacinhos

15 E repita com a canção dos Beatles

O mesmo processo usado com os sonhos eróticos

Mas dessa vez deixe ferver um pouco mais

E mexa até dissolver

Parte do sangue pode ser substituída

20 Por suco de groselha

Mas os resultados não serão os mesmos.

Sirva o poema simples

Ou com ilusões


BEHR, Nicolas, 7 fev. 2008. Disponível em: alldementedforever /

http://www.nicolas-behr.com.br (Acessado em abr. de 2009).

As formas verbais ocorrentes na segunda parte da receita cumprem uma estratégia argumentativa cuja força está no emprego do imperativo. Esse emprego persuasivo direciona a ação para a(o)

Alternativas
Q3002669 Português

Texto III


Poesia Pau-Brasília: Receita


Ingredientes


2 conflitos de gerações

4 esperanças perdidas

3 litros de sangue fervido

5 5 sonhos eróticos

2 canções dos Beatles


Modo de preparar

Dissolva os sonhos eróticos

Nos dois litros de sangue fervido

10 E deixe gelar seu coração.

Leve a mistura ao fogo

Adicionando dois conflitos de geração

Às esperanças perdidas

Corte tudo em pedacinhos

15 E repita com a canção dos Beatles

O mesmo processo usado com os sonhos eróticos

Mas dessa vez deixe ferver um pouco mais

E mexa até dissolver

Parte do sangue pode ser substituída

20 Por suco de groselha

Mas os resultados não serão os mesmos.

Sirva o poema simples

Ou com ilusões


BEHR, Nicolas, 7 fev. 2008. Disponível em: alldementedforever /

http://www.nicolas-behr.com.br (Acessado em abr. de 2009).

No segmento


“Adicionando dois conflitos de geração

Às esperanças perdidas” (v. 12-13),


a ocorrência de crase deve-se à(ao)

Alternativas
Q3002670 Português

Texto III


Poesia Pau-Brasília: Receita


Ingredientes


2 conflitos de gerações

4 esperanças perdidas

3 litros de sangue fervido

5 5 sonhos eróticos

2 canções dos Beatles


Modo de preparar

Dissolva os sonhos eróticos

Nos dois litros de sangue fervido

10 E deixe gelar seu coração.

Leve a mistura ao fogo

Adicionando dois conflitos de geração

Às esperanças perdidas

Corte tudo em pedacinhos

15 E repita com a canção dos Beatles

O mesmo processo usado com os sonhos eróticos

Mas dessa vez deixe ferver um pouco mais

E mexa até dissolver

Parte do sangue pode ser substituída

20 Por suco de groselha

Mas os resultados não serão os mesmos.

Sirva o poema simples

Ou com ilusões


BEHR, Nicolas, 7 fev. 2008. Disponível em: alldementedforever /

http://www.nicolas-behr.com.br (Acessado em abr. de 2009).

O processo de coesão textual pode realizar-se por meio de anáfora, quando se retomam termos e significados anteriormente expressos. Em qual das passagens abaixo NÃO se verifica a ocorrência de vocábulo em função anafórica?

Alternativas
Q3002708 Português

Texto V


O Sertanejo


O sertanejo é, antes de tudo, um forte. Não tem o

raquitismo exaustivo dos mestiços neurastênicos do

litoral.

A sua aparência, entretanto, ao primeiro lance de

5 vista revela o contrário. Falta-lhe a plástica impecável,

o desempeno, a estrutura corretíssima das organiza-

ções atléticas.

Entretanto, toda esta aparência de cansaço

ilude.

10 Nada é mais surpreendente do que vê-la desa-

parecer de improviso. Naquela organização combalida

operam-se, em segundos, transmutações completas.

Basta o aparecimento de qualquer incidente exigindo-lhe

o desencadear das energias adormidas. O homem

15 transfigura-se. Empertiga-se; e corrigem-se-lhe,

prestes, numa descarga nervosa instantânea, todos os

efeitos do relaxamento habitual dos órgãos; e da figura

vulgar do tabaréu canhestro, reponta inesperadamente

o aspecto dominador de um titã acobreado e potente,

20 num desdobramento surpreendente de força e

agilidade extraordinárias.


CUNHA, Euclides da. Os sertões; Campanha de Canudos. Edição,

prefácio, cronologia, notas e índices de Leopoldo M. Bernucci.

São Paulo: Ateliê Editorial, 2001, p. 207-208.

O uso do presente do indicativo no texto euclidiano tem a função semântico-discursiva de

Alternativas
Q3002717 Português

Texto VI


Nossa Língua Portuguesa



Quando alguém fala com orgulho da garra da

agremiação por que torce, está-se utilizando, embora

já com uma derivação de significado, de um termo de

origem basca. Dos celtas herdamos as palavras carro,

5 cabana e cerveja. A brasa, que dominava a música

jovem dos anos sessenta, é de origem germânica,

assim como guerra e ganhar, o que prova que aqueles

bárbaros eram mesmo avançados. E é bem fácil

reconhecer a maioria das palavras árabes existentes

10 no nosso idioma por causa da presença, no início

delas, do artigo invariável al. Assim, alfazema, alfaiate,

alfange, azeite e açougue, onde o l do artigo foi assi-

milado pelas consoantes z e c.

A descoberta dessas influências faz parte do

15 estudo da nossa língua, hoje falada por mais de 180

milhões de pessoas.

Levada pelos conquistadores lusitanos, no

alvorecer da era moderna da história ocidental, ela

saiu da pequenina casa portuguesa e cruzou os

20 “mares nunca dantes navegados”, aportando em

terras longínquas de Ásia, África e América, onde veio

a adquirir novos matizes em contato com os idiomas

locais que iria sobrepujar. Atualmente seu domínio

abrange mais de 10.600.000 km2, ou seja, o equivalente

25 à sétima parte da Terra.

E dizer-se que tudo começou em eras

remotíssimas, numa parte da Itália, o Lácio, região

habitada por um povo de pastores, rude e prático, que

falava o Latim. Este, de simples dialeto que era então,

30 iria passar a língua principal da Península Itálica, à

medida que os romanos se expandiam e aprimoravam

sua cultura em contato com a grega. Dotados de um

agudíssimo tino político, legislativo e administrativo, os

latinos vão conquistar e governar, durante largo tempo,

35 um dos mais vastos impérios de que a História tem

notícia, no qual semearam, com mãos hábeis, seus

costumes e seu idioma. O nosso, oriundo do Latim,

começou a nascer quando, no século III a.C., levadas

pelas fúrias das Guerras Púnicas, as águias romanas

40 chegaram à Hispânia, e, dentro desta, à Lusitânia,

região correspondente à zona ocidental da Península

Ibérica e que abrangia a quase totalidade do Portugal

de hoje.

A realidade étnica e linguística da Hispânia era

45 das mais complexas antes da chegada dos romanos.

Bascos, iberos, tartéssios, lígures e celtas, como povos

que nela se fixaram em épocas e regiões distintas e

que ali terminaram por conviver, além de gregos e

fenícios que, como povos itinerantes, lá estabeleceram

50 suas colônias, eis a mistura de raças, costumes e

idiomas a que vão se sobrepor a cultura e a língua

latina. Esta era levada às regiões conquistadas não na

sua forma literária, escrita, mas pela boca do povo, na

sua forma popular.

55 À diferença do das pessoas, no registro dos

idiomas não há data precisa de nascimento, pois não

há linguista que possa fixar o momento do parto de uma

língua. Esta evolui paulatinamente com relação a um

idioma do qual se origina e do qual se diversifica em

60 sua fase originária, sem, no entanto, quebrar aquela

linha evolutiva que o mantém basicamente o mesmo,

apenas com fisionomia diversa, em cada etapa de sua

vida.

Daí o dever dizer-se, a bem da verdade

65 linguística, que a língua portuguesa é a fase atual

daquele Latim lusitânico que antes de ser Português

foi o Romanço lusitânico, nome que se dá ao idioma

falado naquela faixa de tempo em que o Latim come-

çou a diversificar-se inexoravelmente.



GUANABARA, Célia Therezinha O. Nossa Língua Portuguesa.

In: Enciclopédia Bloch, ano 1, no1, maio de 1967. (Adaptado)

O Latim introduzido pelos romanos, na Península Ibérica, constituiu a grande camada do vocabulário inicial do Português, influenciada pelo contato com outros povos. Assinale a alternativa que relaciona corretamente as contribuições linguísticas que concorreram para a formação do vocabulário da Língua Portuguesa.

Alternativas
Q3002718 Português

Texto VI


Nossa Língua Portuguesa



Quando alguém fala com orgulho da garra da

agremiação por que torce, está-se utilizando, embora

já com uma derivação de significado, de um termo de

origem basca. Dos celtas herdamos as palavras carro,

5 cabana e cerveja. A brasa, que dominava a música

jovem dos anos sessenta, é de origem germânica,

assim como guerra e ganhar, o que prova que aqueles

bárbaros eram mesmo avançados. E é bem fácil

reconhecer a maioria das palavras árabes existentes

10 no nosso idioma por causa da presença, no início

delas, do artigo invariável al. Assim, alfazema, alfaiate,

alfange, azeite e açougue, onde o l do artigo foi assi-

milado pelas consoantes z e c.

A descoberta dessas influências faz parte do

15 estudo da nossa língua, hoje falada por mais de 180

milhões de pessoas.

Levada pelos conquistadores lusitanos, no

alvorecer da era moderna da história ocidental, ela

saiu da pequenina casa portuguesa e cruzou os

20 “mares nunca dantes navegados”, aportando em

terras longínquas de Ásia, África e América, onde veio

a adquirir novos matizes em contato com os idiomas

locais que iria sobrepujar. Atualmente seu domínio

abrange mais de 10.600.000 km2, ou seja, o equivalente

25 à sétima parte da Terra.

E dizer-se que tudo começou em eras

remotíssimas, numa parte da Itália, o Lácio, região

habitada por um povo de pastores, rude e prático, que

falava o Latim. Este, de simples dialeto que era então,

30 iria passar a língua principal da Península Itálica, à

medida que os romanos se expandiam e aprimoravam

sua cultura em contato com a grega. Dotados de um

agudíssimo tino político, legislativo e administrativo, os

latinos vão conquistar e governar, durante largo tempo,

35 um dos mais vastos impérios de que a História tem

notícia, no qual semearam, com mãos hábeis, seus

costumes e seu idioma. O nosso, oriundo do Latim,

começou a nascer quando, no século III a.C., levadas

pelas fúrias das Guerras Púnicas, as águias romanas

40 chegaram à Hispânia, e, dentro desta, à Lusitânia,

região correspondente à zona ocidental da Península

Ibérica e que abrangia a quase totalidade do Portugal

de hoje.

A realidade étnica e linguística da Hispânia era

45 das mais complexas antes da chegada dos romanos.

Bascos, iberos, tartéssios, lígures e celtas, como povos

que nela se fixaram em épocas e regiões distintas e

que ali terminaram por conviver, além de gregos e

fenícios que, como povos itinerantes, lá estabeleceram

50 suas colônias, eis a mistura de raças, costumes e

idiomas a que vão se sobrepor a cultura e a língua

latina. Esta era levada às regiões conquistadas não na

sua forma literária, escrita, mas pela boca do povo, na

sua forma popular.

55 À diferença do das pessoas, no registro dos

idiomas não há data precisa de nascimento, pois não

há linguista que possa fixar o momento do parto de uma

língua. Esta evolui paulatinamente com relação a um

idioma do qual se origina e do qual se diversifica em

60 sua fase originária, sem, no entanto, quebrar aquela

linha evolutiva que o mantém basicamente o mesmo,

apenas com fisionomia diversa, em cada etapa de sua

vida.

Daí o dever dizer-se, a bem da verdade

65 linguística, que a língua portuguesa é a fase atual

daquele Latim lusitânico que antes de ser Português

foi o Romanço lusitânico, nome que se dá ao idioma

falado naquela faixa de tempo em que o Latim come-

çou a diversificar-se inexoravelmente.



GUANABARA, Célia Therezinha O. Nossa Língua Portuguesa.

In: Enciclopédia Bloch, ano 1, no1, maio de 1967. (Adaptado)

Ao mesmo tempo em que os romanos estendiam os seus domínios, romanizavam a Península Ibérica, isto é,

Alternativas
Respostas
17: D
18: A
19: B
20: A
21: E
22: C
23: E
24: C
25: C
26: A
27: B
28: D
29: E
30: C
31: A
32: E