Questões de Concurso Público INCA 2010 para Tecnologista Júnior – Psicologia Clínica
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A psico-oncologia se caracteriza como uma subespecialidade da oncologia, que estuda duas dimensões psicológicas do câncer, que são o impacto da doença sobre o funcionamento emocional do paciente, sua família e dos profissionais de saúde e o papel de variáveis psicológicas e comportamentais na incidência e sobrevivência do câncer.
Historicamente, o primeiro registro de câncer na espécie humana, ou de doença similar, ocorreu por volta de 1870. Todavia, a investigação de fatores etiológicos, incluindo variáveis psicológicas que pudessem explicar a vulnerabilidade individual ao câncer, possui pouco mais de meio século de estudos.
A utilização da terminologia sobrevivente de câncer está, de algum modo, associada à mudança de prognóstico da doença oncológica, a qual era quase inevitavelmente uma doença fatal. Recentemente, passou-se de vítima de câncer para sobrevivente de câncer, e apesar de se referir a uma variável que se reporta ao processo de vida humana, já existe consenso na literatura acerca de uma definição objetiva de sobrevivente de câncer.
Na evolução do conhecimento na área da saúde, é observado que o espaço ocupado pela psicologia foi sendo ampliado à medida que avançava o desenvolvimento científico e tecnológico da medicina. A identificação das relações de interdependência entre os fatores psicológicos e a etiologia de algumas doenças são exemplos de contribuições da psicologia.
Apesar dos esforços da psico-oncologia, a longevidade de pacientes e ex-pacientes de câncer continua sendo avaliada em termos biomédicos, em detrimento de medidas sociais, econômicas, legais, espirituais e outras relacionadas à qualidade de vida. O Índice de Sintomas Referidos (ISR) e o Índice de Sinais Identificados (ISI) continuam sendo as principais medidas indicadoras de longevidade.
A experiência de câncer possui três fases marcadas por mudanças e problemas específicos, sendo elas a aguda, intermediária e permanente. A fase aguda inicia-se com o diagnóstico e continua até ao fim do tratamento, enquanto que a intermédia começa com o fim do tratamento, quando a pessoa se move por meio de uma tênue linha entre o estar doente e o estar bem, e a permanente engloba a duração de vida do sobrevivente, quando o risco de recorrência é pequeno e equivale a uma cura ou uma remissão controlada.
A visão cartesiana deu origem ao chamado modelo biomédico, o qual propõe que as doenças, tais como o câncer, podem ser explicadas por distúrbios em processos fisiológicos, que surgem a partir de desequilíbrios bioquímicos, infecções viróticas ou outras, e mediadas por processos psicológicos e sociais, nem sempre passíveis de avaliação direta.
O objetivo do tratamento do câncer é não só obter a cura, mas também minimizar a incidência de complicações relacionadas com os tratamentos, potencializando uma qualidade de vida tão longa quanto possível.
Entre os fatores que influenciam a aceitação e adaptabilidade da mulher com câncer de mama incluem os psicológicos e psicossociais que cada mulher traz para a situação de tratamento, os relacionados ao próprio diagnóstico do câncer, como o estágio da doença, tratamentos disponíveis, respostas e evolução clínica e o contexto cultural no qual as opções de tratamento são oferecidas.
A noção de que o corpo e a mente são partes de um organismo e que a saúde é fruto desse equilíbrio entre as partes do indivíduo, e desse com o meio ambiente, desenvolveu-se a partir de estudos da década de 1940, os quais apontaram que as mulheres deprimidas apresentavam maior incidência de câncer.
O alerta é uma das fases do estresse e se manifesta quando o organismo se prepara para as reações de luta ou fuga, seguida pela fase de resistência, momento em que tenta uma adaptação ao evento estressor, predominando a sensação de desgaste. Caso a pessoa possua estratégias para lidar com o estresse, o organismo exaure sua reserva de energia adaptativa e a fase de exaustão se manifesta.
Para o filósofo Schopenhauer, o homem é o único animal metafísico, e sua condição existencial lhe proporciona o privilégio de ser o único animal que sabe por antecipação da própria morte.
No imaginário social, uma das enfermidades mais associadas à questão da morte na contemporaneidade é o câncer. No Brasil, o câncer ocupa posição de destaque no quadro sanitário nacional e está referido nas taxas de mortalidade como a principal causa de morte por doença entre adultos de 40 a 69 anos de idade.
As formas simbólicas como a morte se registra nos rituais e monumentos fúnebres permitem distinguir as principais figuras históricas da morte, cujo perfil singular foi traçado a partir das maneiras como diferentes sociedades assimilaram o fato bruto da morte, dando a ela uma significação cultural, e inscrevendo- a no sistema dos valores simbólicos que asseguram o funcionamento e a reprodução da ordem social.
A percepção das vivências da morte e do morrer tem sofrido transformações ao longo do tempo histórico, acompanhando as transformações da sociedade no que diz respeito às atitudes diante da morte, evoluindo desde uma possibilidade impregnada de angústia, temor e aflição, que deve ser evitada a todo o custo, tal como na idade média, para uma experiência tranquila, natural e até mesmo desejada, tal como mais recentemente.
O ritual funerário das sociedades da antiga Mesopotâmia não incluía o sepultamento ou a edificação de mausoléus e a representação pictórica e escultural, mas a incineração crematória. O cadáver não era conservado com as marcas de sua identidade, personalidade e inserção social, mas completamente consumido pelo fogo, destruído até as cinzas, as quais eram lançadas ao vento, ou nas águas dos rios, sendo o morto despojado de todos os seus traços identitários.
A diversidade cultural na relação com a experiência da morte é ilustrada também no ritual funerário e de cremação entre os antigos gregos. O mesmo gesto cultural de outros povos, embora as cinzas não fossem lançadas ao anonimato, mas cuidadosamente guardadas como memória dos mortos, os antigos gregos cremavam os mortos como sacrifício e expiação de tudo o que era mortal e perecível, e preparar a passagem dos mortos para outra condição de existência, a condição social de mortos.
A atividade de interconsulta constitui uma das formas de institucionalização das concepções psicossomáticas em medicina e procura compreender e desenvolver propostas de intervenção, entre outros, acerca das reações psicossociais do adoecimento físico, as complicações psiquiátricas de cada doença e o comportamento anormal diante do adoecer.
Com a interconsulta, o oncologista compreende mais precisamente o estado psíquico, cultural e social do paciente e, dessa forma, o paciente participa ativamente de seu próprio tratamento, porém, delegando ao médico e ao tratamento a responsabilidade por sua plena recuperação.
As mudanças na estrutura física e nos procedimentos das unidades de terapia intensiva para evitar a ocorrência dos quadros de delirium estão entre algumas das conquistas, avanços e benefícios que a interconsulta acarretou à medicina.