Questões de Concurso Público Colégio Pedro II 2018 para Professor - Português
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A Lei nº 8.069/1990 dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e dá outras providências. No que se refere aos dispositivos desta Lei, analise as assertivas:
(I) Considera-se criança a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
(II) O Conselho Tutelar é órgão permanente e autônomo, de natureza jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente.
(III) Excepcionalmente, nos casos expressos em lei, aplica-se o Estatuto da Criança e do Adolescente às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
(IV) Os profissionais que atuam no cuidado diário de crianças na primeira infância receberão formação específica para a detecção de sinais de risco para o desenvolvimento psíquico.
Estão corretas
“Por que as línguas têm essa categoria? Porque há duas formas básicas de discurso: os predominantemente concretos e os preponderantemente abstratos. Os primeiros são chamados figurativos, e os segundos, temáticos. Aqueles são construídos com figuras, ou seja, termos concretos; estes, com temas, isto é, palavras abstratas.” (FIORIN, José Luiz; PLATÃO, Francisco. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 1997, p. 89.)
O texto de Rubem Alves “O aluno perfeito” é concebido com base na articulação entre dois planos de significação: o plano figurativo da efabulação e o plano temático, que se encontra subjacente à narrativa.
Assinale a alternativa cujo trecho realça o viés temático da narrativa.
“Tanto quanto as demais espécies de conectivos, as preposições contribuem de forma mais ou menos relevante para o significado das construções de que participam. Essa maior ou menor relevância está relacionada a graus de liberdade do enunciador na seleção da preposição.” (AZEREDO, José Carlos de. Gramática Houaiss da língua portuguesa. 3. ed. São Paulo: Publifolha, 2010, p. 196.)
Nas frases a seguir, extraídas do texto de Rubem Alves, as preposições compõem estruturas sintáticas diversas, estabelecendo diferentes relações de sentido:
I – “Transcorridos os nove meses de gravidez, ele nasceu.” (linha 3)
II – “Sabia de cor todas as informações sobre o mundo cultural.” (linhas 19-20)
III – “E os outros casais, pais e mães dos colegas de Memorioso, morriam de inveja.” (linhas 22-23)
IV – “Levado às pressas para o hospital de computadores [...].” (linha 42)
Assinale a afirmativa correta acerca dos termos introduzidos pela preposição DE.
“O profissional de Letras enquanto aprende a aprender sobre os fatos da língua não deve limitar-se a preencher suas lacunas de conhecimento do padrão culto da gramática tradicional escolar (nem se esquecer de preenchê-las).” (BARBOSA, Afrânio Gonçalves. “Saberes gramaticais na escola”. In: BRANDÃO, Silvia Figueiredo; VIEIRA, Silvia Rodrigues (Org.). Ensino de gramática. Rio de Janeiro: Contexto, 2011).
Levando-se em consideração a morfossintaxe da gramática tradicional, algumas palavras podem apresentar uma variedade de classificações. Observe as classificações dadas ao vocábulo que nos trechos do Texto I a seguir:
I - "Era uma vez um jovem casal que estava muito feliz" (linha 1) – pronome relativo
II - “Que felicidade ter um computador como filho!” (linha 4) – advérbio de intensidade
III - “[...] julgavam que uma memória perfeita é o essencial para uma boa educação” (linhas 7-8) – conjunção integrante
IV – “De tudo o que você memorizou qual foi aquilo que você mais amou?” (linha 35) – pronome interrogativo
V - “É que tais respostas não se encontram na memória” (linhas 44-45) – partícula de realce
Estão corretas
Vidas secas apresenta uma voz narrativa em terceira pessoa que, no entanto, consegue matizarse pelo uso estratégico de recursos ligados à polifonia.
Considerando a leitura do Texto II, percebe-se essa elaboração multiperspectivada e polifônica da voz narrativa no(a)
No Texto III, o jogo dos tempos verbais articula-se para a construção de sentidos da narrativa e para a compreensão, pelo leitor, da relação entre as impressões e os fatos relatados.
A respeito desse jogo dos tempos verbais na narrativa, pode-se afirmar que
TEXTO IV
A educação pela pedra
Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.
MELLO NETO, João Cabral de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979, p. 11.
“O Sertão não é unicamente um lugar; é um estilo. Captá-lo, traduzir-se nele, é estar atento a suas incontáveis configurações, sobretudo as discursivas.” (SECCHIN, Antônio Carlos. In: AZEREDO, José Carlos de. Ensino de português: fundamentos, percursos, objetos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2007, p. 180.)
Em João Cabral de Melo Neto, a simples pontuação é discurso, uma vez que reverbera certos efeitos de sentido elaborados pelo poeta. Nessa perspectiva, tal recurso linguístico
TEXTO IV
A educação pela pedra
Uma educação pela pedra: por lições;
para aprender da pedra, frequentá-la;
captar sua voz inenfática, impessoal
(pela de dicção ela começa as aulas).
A lição de moral, sua resistência fria
ao que flui e a fluir, a ser maleada;
a de poética, sua carnadura concreta;
a de economia, seu adensar-se compacta:
lições da pedra (de fora para dentro,
cartilha muda), para quem soletrá-la.
Outra educação pela pedra: no Sertão
(de dentro para fora, e pré-didática).
No Sertão a pedra não sabe lecionar,
e se lecionasse, não ensinaria nada;
lá não se aprende a pedra: lá a pedra,
uma pedra de nascença, entranha a alma.
MELLO NETO, João Cabral de. Poesias completas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979, p. 11.
O poeta João Cabral de Melo Neto está inserido, segundo a crítica literária tradicional, na terceira geração modernista.
As principais características do projeto literário dessa geração são,
Ainda que as histórias da literatura brasileira tradicionalmente insiram Machado de Assis no bojo do Realismo, parte da crítica contemporânea vê em sua narrativa traços sui generis, que extrapolam os limites daquele estilo de época.
O traço presente no Texto V que o afasta da proposta realista, segundo a qual a literatura deve apresentar-se ao leitor como uma representação o mais possível mimética da realidade, dissimulando o jogo literário, é a
Uma das marcas mais típicas da narrativa machadiana é a expressão de uma mundividência em que a desilusão com a vida, com a sociedade e com o ser humano são as tônicas.
O Texto V apresenta, sutilmente, a visão desiludida do narrador em relação à existência humana e à vida, por meio da
No processo argumentativo desenvolvido no Texto VI, teses distintas entram em conflito.
Assinale a alternativa que apresenta as teses defendidas por Mundo Novo e Lutamos, respectivamente, sobre a manutenção das conquistas da Revolução, evitando-se futuros golpes de Estado.
“Para Catherine Kerbrat-Orecchioni (1986), o receptor de um enunciado percorre um caminho que vai do conteúdo explícito ao implícito eventual. Conforme a autora, não existem marcas de implícito, mas sempre se pode estabelecer uma ancoragem textual explícita para ele.” (ARGELIM, Regina Célia. “Polifonia e implícito como recursos argumentativos em textos midiáticos”. In: PAULIUKONIS, Maria Aparecida; GAVAZZI, Sigrid (Org.). Texto e discurso: mídia, literatura e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003, p.16.)
Tendo por base a citação acima, pode-se afirmar em relação ao Texto VI que, no fragmento “Mas agora já chega, o Comissário já não consegue mobilizar-me mais. E o que disse é verdade, tem razão.” (linhas 29-30), o subentendido está pautado em uma ancoragem de natureza
Uma das funções contemporâneas dos estudos literários é a revisão do cânone, dando publicidade às vozes sociais que foram recalcadas pela tradição por razões que nem sempre corresponderam à da qualidade estética. É o caso de Quarto de despejo, romance em forma de diário em que a favela não é apresentada por um intelectual consagrado, mas pela própria favelada.
No Texto VII, a percepção aguda da narradora quanto à opressão vivida nas relações sociais estabelecidas na favela põe em destaque o(a)
“Em resumo, que elementos distinguiriam essa literatura? Para além das discussões conceituais, alguns indicadores podem ser destacados: uma voz autoral afrodescendente, explícita ou não no discurso; temas afro-brasileiros; construções linguísticas marcadas por uma afro-brasilidade de tom, ritmo, sintaxe ou sentido; um projeto de transitividade discursiva, explícita ou não, com vistas ao universo recepcional; mas sobretudo, um ponto de vista ou lugar de enunciação política e culturalmente identificado à afrodescendência, como fim e começo.” (DUARTE, Eduardo de Assis. “Por um conceito de literatura afro-brasileira”. In: DUARTE, Eduardo de Assis; FONSECA, Maria Nazareth Soares (Org.). Literatura e afrodescendência: antologia crítica. Belo Horizonte: UFMG, 2011, p. 385.)
Segundo o conceito defendido por Duarte, assim como Carolina Maria de Jesus, também constitui exemplo legítimo de literatura afro-brasileira
“Usamos a expressão domínio discursivo para designar uma esfera ou instância de produção discursiva ou de atividade humana. [...] Do ponto de vista dos domínios, falamos em discurso jurídico, discurso jornalístico, discurso religioso etc., já que as atividades jurídica, jornalística ou religiosa não abrangem um gênero em particular, mas dão origem a vários deles.” (MARCUSCHI, L. A. “Gêneros textuais: definição e funcionalidade”. In: DIONÍSIO, Ângela; MACHADO, Anna Rachel et al. Gêneros textuais e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2003, p. 23.)
Apesar de os textos VIII e IX serem de gêneros diferentes, eles pertencem à mesma esfera discursiva: o domínio jornalístico. Além disso, ambos foram publicados na mesma época (final de junho de 2018) e retratam dois fatos concomitantes: a Copa do Mundo 2018 e a morte de um estudante atingido durante um confronto entre policiais e traficantes na favela da Maré, no Rio de Janeiro.
Ao comparar os textos, é correto afirmar que o Texto VIII
A charge (Texto IX) critica o fato de muitas pessoas terem dado mais importância para a Copa do Mundo do que para os problemas políticos e sociais ocorridos durante o mesmo período.
Na imagem, vários índices são responsáveis por acionar essa crítica na mente do leitor. Dentre estes, o mais significativo é o fato de