Uma das formas mais cruéis de reiterar as normas regulatórias de gênero e incentivar
as práticas de bullying na escola ocorre quando os “educadores adotam o silêncio diante
da emergência de uma sexualidade [ou comportamento tido como] diferente e, assim,
tornam-se cúmplices da ridicularização e do insulto público de alguns estudantes”
(MISKOLCI, 2010, p. 18). De acordo com Polobio [em depoimento para pesquisa], o
silêncio dos professores também foi uma postura adotada no decorrer das práticas de
bullying sofridas pelo jovem: alguns professores simplesmente ignoravam a situação e
seguiam as suas aulas. Ao adotar o silêncio em resposta a qualquer tipo de situação de
preconceito e discriminação em sala de aula, o professor reforça a exclusão social de
determinados grupos de estudantes e, ao mesmo tempo, desconsidera o fato de que
uma das funções atribuídas à sua profissão é a de mediar as relações sociais no espaço
escolar.
COUTO JR, D. R. C.; OSWALD, M. L. M. B.; POCAHY, F. A. Gênero, sexualidade e juventude(s):
problematizações sobre heteronormatividade e cotidiano escolar. Civitas: Revista de Ciências Sociais, v.
18, n. 1, p. 124-137, 13 abr. 2018.
No campo de estudos de gênero, a compreensão das normas regulatórias de uma sociedade é
fundamental para uma interpretação sociológica da prática de bullying e exclusão recorrente de
estudantes que não se identificam com a heteronormatividade.
Segundo esse princípio teórico-metodológico, para além da constatação individual da violência de
gênero, conclui-se que, para os autores,