Questões de Concurso Público Prefeitura de Goiânia - GO 2016 para PE II - Português

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Q682690 Português

Texto 1

                   Objetivo de princesas da Disney não é mais o casamento, revela estudo

                                                                                                                      Maria Clara Moreira

Quando Walt Disney trouxe para as telas a versão animada de "Branca de Neve" (1937), clássico alemão imortalizado pelos irmãos Grimm, lançou as bases para o que se tornaria um ícone cultural infantil.

Desde então, sucessoras como Ariel, de "A Pequena Sereia", e Tiana, de "A Princesa e o Sapo", colaboram para a formação do ideal de feminilidade de milhares de meninas mundo afora. Em suas histórias, carregam papéis e ideais que pautam, ainda na infância, os valores sociais.

Foi essa ideia que levou as pesquisadoras americanas Carmen Fought, do Pitzer College, e Karen Eisenhauer, da North Carolina State University, a aplicarem princípios da linguística para analisar como os filmes da Disney expressam as diferenças entre homens e mulheres e como essa abordagem mudou nos últimos anos. 

"A feminilidade não vem do nascimento, é algo desenvolvido a partir de interações com a ideologia da nossa sociedade, e os filmes da Disney atuam como uma fonte de ideias sobre o que é ser mulher", defende Carmen.

Ela e Karen categorizaram os filmes em três eras cronológicas: Clássica, de "Branca de Neve" (1937) a "A Bela Adormecida" (1959); Renascentista, de "A Pequena Sereia" (1989) a "Mulan" (1998); e a Nova Era, de "A Princesa e o Sapo" (2009) a "Frozen" (2013) − este último não é reconhecido pela Disney como parte da franquia, mas também foi considerado pela pesquisa.

Fora "Aladdin" (1992), todos os longas da franquia das princesas são protagonizados por mulheres, embora dominados por personagens masculinos. O número de homens foi superior ao de mulheres em quase todos os exemplos, com o empate em "Cinderela" (1950), única exceção.

Carmen não acredita que povoar os longas com homens seja uma escolha consciente por parte dos produtores. Ao contrário, explica o fenômeno como uma decisão automática e inconsciente de assumir o masculino como norma.

"Nossa imagem de médicos e advogados, por exemplo, costuma ser masculina, mesmo com muitas mulheres nessas profissões. Nos filmes analisados, quase todos os papéis além da protagonista vão automaticamente para homens. Acho que é automático [para eles] colocar personagens homens como o braço direito engraçadinho e em funções menores, que passam batido", argumenta.

DIFERENÇA GERACIONAL?

Entre as eras Clássica e Renascentista, há uma diferença geracional. Os 30 anos entre "A Bela Adormecida" e "A Pequena Sereia" viram desde a luta pelos direitos civis dos negros nos EUA à morte de Walt Disney, passando pela segunda onda do feminismo.

As mudanças culturais levaram a uma princesa supostamente diferente. A sereia Ariel foi recebida pela crítica como uma rebelde, cuja independência em muito diferia da submissão das predecessoras.

O estudo de Carmen e Karen, no entanto, prova o contrário. Se desde "Branca de Neve" a quantidade de palavras ditas por personagens femininas vinha crescendo (passando de 50% para 71% em 1959), Ariel e suas sucessoras da era Renascentista reverteram a tendência de forma drástica. Todos os cinco filmes do período viram dominância masculina, cujo ápice foi "Aladdin" (90%).  

"Os filmes mais recentes mostram evolução em algumas áreas. Em geral, as ideias estão sendo atualizadas. A ideia de ser salva por um homem parece ter mudado, e o casamento como meta única também. Um exemplo é Tiana, de 'A Princesa e o Sapo', cujo sonho é ter um restaurante", explica Carmen. "É possível argumentar que se esforçaram ao incluir duas princesas que salvam a si mesmas em 'Frozen'. Ao mesmo tempo, a maioria de seus personagens é masculina, e os homens ganham a maior parte do diálogo (59%)."  

BELEZA NÃO É TUDO

Instigadas não apenas pela soberania do discurso, mas também por seu conteúdo, as americanas catalogaram os elogios distribuídos ao longo dos 12 filmes, buscando descobrir se as personagens mulheres são mais elogiadas por sua aparência que por suas habilidades, e se o padrão se opõe à tendência masculina.

Aqui, "A Pequena Sereia" se mostrou progressista. O filme deu início à era Disney que reduziu de 55% para 38% a quantidade de elogios à beleza das personagens. No lugar, as princesas passaram a ser celebradas por suas habilidades (um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos filmes clássicos) e personalidades. A tendência se manteve durante a Nova Era.

Na contramão da diminuição dos elogios à aparência das personagens femininas, a pesquisa descobriu que personagens masculinos cada vez mais têm a beleza, e não as habilidades, elogiada.

Os números refletem a inclusão de profissionais mulheres em seu processo de criação. Entre os exemplos notáveis estão "A Bela e a Fera" e "Valente". Idealizados por mulheres (Linda Woolverton e Brenda Chapman, respectivamente), os dois têm heroínas criadas para serem novos modelos para meninas, desta vez baseados em força de vontade e independência.

"Torço para que façam filmes mais representativos. É algo que necessitamos em toda a mídia, não só na Disney", opina Carmen. "Se nós não tomarmos a decisão de incluir maior diversidade étnica, etária e de gênero na mídia, continuaremos a escolher automaticamente a maioria, ou seja, homens brancos."

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/02/1734943-objetivo-de-princesas-da-disney-nao-e-mais-o-casamento-revela-estudo.shtml> . Acesso em: 13 abr. 2016. [Adaptado].

Conforme a autora da matéria, o objetivo geral das pesquisadoras Carmen Fought e Karen Eisenhauer era comprovar se os filmes da Disney
Alternativas
Q682691 Português

Texto 1

                   Objetivo de princesas da Disney não é mais o casamento, revela estudo

                                                                                                                      Maria Clara Moreira

Quando Walt Disney trouxe para as telas a versão animada de "Branca de Neve" (1937), clássico alemão imortalizado pelos irmãos Grimm, lançou as bases para o que se tornaria um ícone cultural infantil.

Desde então, sucessoras como Ariel, de "A Pequena Sereia", e Tiana, de "A Princesa e o Sapo", colaboram para a formação do ideal de feminilidade de milhares de meninas mundo afora. Em suas histórias, carregam papéis e ideais que pautam, ainda na infância, os valores sociais.

Foi essa ideia que levou as pesquisadoras americanas Carmen Fought, do Pitzer College, e Karen Eisenhauer, da North Carolina State University, a aplicarem princípios da linguística para analisar como os filmes da Disney expressam as diferenças entre homens e mulheres e como essa abordagem mudou nos últimos anos. 

"A feminilidade não vem do nascimento, é algo desenvolvido a partir de interações com a ideologia da nossa sociedade, e os filmes da Disney atuam como uma fonte de ideias sobre o que é ser mulher", defende Carmen.

Ela e Karen categorizaram os filmes em três eras cronológicas: Clássica, de "Branca de Neve" (1937) a "A Bela Adormecida" (1959); Renascentista, de "A Pequena Sereia" (1989) a "Mulan" (1998); e a Nova Era, de "A Princesa e o Sapo" (2009) a "Frozen" (2013) − este último não é reconhecido pela Disney como parte da franquia, mas também foi considerado pela pesquisa.

Fora "Aladdin" (1992), todos os longas da franquia das princesas são protagonizados por mulheres, embora dominados por personagens masculinos. O número de homens foi superior ao de mulheres em quase todos os exemplos, com o empate em "Cinderela" (1950), única exceção.

Carmen não acredita que povoar os longas com homens seja uma escolha consciente por parte dos produtores. Ao contrário, explica o fenômeno como uma decisão automática e inconsciente de assumir o masculino como norma.

"Nossa imagem de médicos e advogados, por exemplo, costuma ser masculina, mesmo com muitas mulheres nessas profissões. Nos filmes analisados, quase todos os papéis além da protagonista vão automaticamente para homens. Acho que é automático [para eles] colocar personagens homens como o braço direito engraçadinho e em funções menores, que passam batido", argumenta.

DIFERENÇA GERACIONAL?

Entre as eras Clássica e Renascentista, há uma diferença geracional. Os 30 anos entre "A Bela Adormecida" e "A Pequena Sereia" viram desde a luta pelos direitos civis dos negros nos EUA à morte de Walt Disney, passando pela segunda onda do feminismo.

As mudanças culturais levaram a uma princesa supostamente diferente. A sereia Ariel foi recebida pela crítica como uma rebelde, cuja independência em muito diferia da submissão das predecessoras.

O estudo de Carmen e Karen, no entanto, prova o contrário. Se desde "Branca de Neve" a quantidade de palavras ditas por personagens femininas vinha crescendo (passando de 50% para 71% em 1959), Ariel e suas sucessoras da era Renascentista reverteram a tendência de forma drástica. Todos os cinco filmes do período viram dominância masculina, cujo ápice foi "Aladdin" (90%).  

"Os filmes mais recentes mostram evolução em algumas áreas. Em geral, as ideias estão sendo atualizadas. A ideia de ser salva por um homem parece ter mudado, e o casamento como meta única também. Um exemplo é Tiana, de 'A Princesa e o Sapo', cujo sonho é ter um restaurante", explica Carmen. "É possível argumentar que se esforçaram ao incluir duas princesas que salvam a si mesmas em 'Frozen'. Ao mesmo tempo, a maioria de seus personagens é masculina, e os homens ganham a maior parte do diálogo (59%)."  

BELEZA NÃO É TUDO

Instigadas não apenas pela soberania do discurso, mas também por seu conteúdo, as americanas catalogaram os elogios distribuídos ao longo dos 12 filmes, buscando descobrir se as personagens mulheres são mais elogiadas por sua aparência que por suas habilidades, e se o padrão se opõe à tendência masculina.

Aqui, "A Pequena Sereia" se mostrou progressista. O filme deu início à era Disney que reduziu de 55% para 38% a quantidade de elogios à beleza das personagens. No lugar, as princesas passaram a ser celebradas por suas habilidades (um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos filmes clássicos) e personalidades. A tendência se manteve durante a Nova Era.

Na contramão da diminuição dos elogios à aparência das personagens femininas, a pesquisa descobriu que personagens masculinos cada vez mais têm a beleza, e não as habilidades, elogiada.

Os números refletem a inclusão de profissionais mulheres em seu processo de criação. Entre os exemplos notáveis estão "A Bela e a Fera" e "Valente". Idealizados por mulheres (Linda Woolverton e Brenda Chapman, respectivamente), os dois têm heroínas criadas para serem novos modelos para meninas, desta vez baseados em força de vontade e independência.

"Torço para que façam filmes mais representativos. É algo que necessitamos em toda a mídia, não só na Disney", opina Carmen. "Se nós não tomarmos a decisão de incluir maior diversidade étnica, etária e de gênero na mídia, continuaremos a escolher automaticamente a maioria, ou seja, homens brancos."

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/02/1734943-objetivo-de-princesas-da-disney-nao-e-mais-o-casamento-revela-estudo.shtml> . Acesso em: 13 abr. 2016. [Adaptado].

Para a análise dos dados, as pesquisadoras americanas utilizaram, como método,
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Q682692 Português

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                   Objetivo de princesas da Disney não é mais o casamento, revela estudo

                                                                                                                      Maria Clara Moreira

Quando Walt Disney trouxe para as telas a versão animada de "Branca de Neve" (1937), clássico alemão imortalizado pelos irmãos Grimm, lançou as bases para o que se tornaria um ícone cultural infantil.

Desde então, sucessoras como Ariel, de "A Pequena Sereia", e Tiana, de "A Princesa e o Sapo", colaboram para a formação do ideal de feminilidade de milhares de meninas mundo afora. Em suas histórias, carregam papéis e ideais que pautam, ainda na infância, os valores sociais.

Foi essa ideia que levou as pesquisadoras americanas Carmen Fought, do Pitzer College, e Karen Eisenhauer, da North Carolina State University, a aplicarem princípios da linguística para analisar como os filmes da Disney expressam as diferenças entre homens e mulheres e como essa abordagem mudou nos últimos anos. 

"A feminilidade não vem do nascimento, é algo desenvolvido a partir de interações com a ideologia da nossa sociedade, e os filmes da Disney atuam como uma fonte de ideias sobre o que é ser mulher", defende Carmen.

Ela e Karen categorizaram os filmes em três eras cronológicas: Clássica, de "Branca de Neve" (1937) a "A Bela Adormecida" (1959); Renascentista, de "A Pequena Sereia" (1989) a "Mulan" (1998); e a Nova Era, de "A Princesa e o Sapo" (2009) a "Frozen" (2013) − este último não é reconhecido pela Disney como parte da franquia, mas também foi considerado pela pesquisa.

Fora "Aladdin" (1992), todos os longas da franquia das princesas são protagonizados por mulheres, embora dominados por personagens masculinos. O número de homens foi superior ao de mulheres em quase todos os exemplos, com o empate em "Cinderela" (1950), única exceção.

Carmen não acredita que povoar os longas com homens seja uma escolha consciente por parte dos produtores. Ao contrário, explica o fenômeno como uma decisão automática e inconsciente de assumir o masculino como norma.

"Nossa imagem de médicos e advogados, por exemplo, costuma ser masculina, mesmo com muitas mulheres nessas profissões. Nos filmes analisados, quase todos os papéis além da protagonista vão automaticamente para homens. Acho que é automático [para eles] colocar personagens homens como o braço direito engraçadinho e em funções menores, que passam batido", argumenta.

DIFERENÇA GERACIONAL?

Entre as eras Clássica e Renascentista, há uma diferença geracional. Os 30 anos entre "A Bela Adormecida" e "A Pequena Sereia" viram desde a luta pelos direitos civis dos negros nos EUA à morte de Walt Disney, passando pela segunda onda do feminismo.

As mudanças culturais levaram a uma princesa supostamente diferente. A sereia Ariel foi recebida pela crítica como uma rebelde, cuja independência em muito diferia da submissão das predecessoras.

O estudo de Carmen e Karen, no entanto, prova o contrário. Se desde "Branca de Neve" a quantidade de palavras ditas por personagens femininas vinha crescendo (passando de 50% para 71% em 1959), Ariel e suas sucessoras da era Renascentista reverteram a tendência de forma drástica. Todos os cinco filmes do período viram dominância masculina, cujo ápice foi "Aladdin" (90%).  

"Os filmes mais recentes mostram evolução em algumas áreas. Em geral, as ideias estão sendo atualizadas. A ideia de ser salva por um homem parece ter mudado, e o casamento como meta única também. Um exemplo é Tiana, de 'A Princesa e o Sapo', cujo sonho é ter um restaurante", explica Carmen. "É possível argumentar que se esforçaram ao incluir duas princesas que salvam a si mesmas em 'Frozen'. Ao mesmo tempo, a maioria de seus personagens é masculina, e os homens ganham a maior parte do diálogo (59%)."  

BELEZA NÃO É TUDO

Instigadas não apenas pela soberania do discurso, mas também por seu conteúdo, as americanas catalogaram os elogios distribuídos ao longo dos 12 filmes, buscando descobrir se as personagens mulheres são mais elogiadas por sua aparência que por suas habilidades, e se o padrão se opõe à tendência masculina.

Aqui, "A Pequena Sereia" se mostrou progressista. O filme deu início à era Disney que reduziu de 55% para 38% a quantidade de elogios à beleza das personagens. No lugar, as princesas passaram a ser celebradas por suas habilidades (um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos filmes clássicos) e personalidades. A tendência se manteve durante a Nova Era.

Na contramão da diminuição dos elogios à aparência das personagens femininas, a pesquisa descobriu que personagens masculinos cada vez mais têm a beleza, e não as habilidades, elogiada.

Os números refletem a inclusão de profissionais mulheres em seu processo de criação. Entre os exemplos notáveis estão "A Bela e a Fera" e "Valente". Idealizados por mulheres (Linda Woolverton e Brenda Chapman, respectivamente), os dois têm heroínas criadas para serem novos modelos para meninas, desta vez baseados em força de vontade e independência.

"Torço para que façam filmes mais representativos. É algo que necessitamos em toda a mídia, não só na Disney", opina Carmen. "Se nós não tomarmos a decisão de incluir maior diversidade étnica, etária e de gênero na mídia, continuaremos a escolher automaticamente a maioria, ou seja, homens brancos."

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/02/1734943-objetivo-de-princesas-da-disney-nao-e-mais-o-casamento-revela-estudo.shtml> . Acesso em: 13 abr. 2016. [Adaptado].

No processo comunicativo, os textos apresentam determinadas funções e, em cada esfera de utilização da língua, elaboram-se determinados gêneros discursivos para que se cumpra a finalidade comunicativa. A análise geral do texto permite a sua identificação com o gênero “artigo de divulgação científica”, pois
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Q682693 Português

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                   Objetivo de princesas da Disney não é mais o casamento, revela estudo

                                                                                                                      Maria Clara Moreira

Quando Walt Disney trouxe para as telas a versão animada de "Branca de Neve" (1937), clássico alemão imortalizado pelos irmãos Grimm, lançou as bases para o que se tornaria um ícone cultural infantil.

Desde então, sucessoras como Ariel, de "A Pequena Sereia", e Tiana, de "A Princesa e o Sapo", colaboram para a formação do ideal de feminilidade de milhares de meninas mundo afora. Em suas histórias, carregam papéis e ideais que pautam, ainda na infância, os valores sociais.

Foi essa ideia que levou as pesquisadoras americanas Carmen Fought, do Pitzer College, e Karen Eisenhauer, da North Carolina State University, a aplicarem princípios da linguística para analisar como os filmes da Disney expressam as diferenças entre homens e mulheres e como essa abordagem mudou nos últimos anos. 

"A feminilidade não vem do nascimento, é algo desenvolvido a partir de interações com a ideologia da nossa sociedade, e os filmes da Disney atuam como uma fonte de ideias sobre o que é ser mulher", defende Carmen.

Ela e Karen categorizaram os filmes em três eras cronológicas: Clássica, de "Branca de Neve" (1937) a "A Bela Adormecida" (1959); Renascentista, de "A Pequena Sereia" (1989) a "Mulan" (1998); e a Nova Era, de "A Princesa e o Sapo" (2009) a "Frozen" (2013) − este último não é reconhecido pela Disney como parte da franquia, mas também foi considerado pela pesquisa.

Fora "Aladdin" (1992), todos os longas da franquia das princesas são protagonizados por mulheres, embora dominados por personagens masculinos. O número de homens foi superior ao de mulheres em quase todos os exemplos, com o empate em "Cinderela" (1950), única exceção.

Carmen não acredita que povoar os longas com homens seja uma escolha consciente por parte dos produtores. Ao contrário, explica o fenômeno como uma decisão automática e inconsciente de assumir o masculino como norma.

"Nossa imagem de médicos e advogados, por exemplo, costuma ser masculina, mesmo com muitas mulheres nessas profissões. Nos filmes analisados, quase todos os papéis além da protagonista vão automaticamente para homens. Acho que é automático [para eles] colocar personagens homens como o braço direito engraçadinho e em funções menores, que passam batido", argumenta.

DIFERENÇA GERACIONAL?

Entre as eras Clássica e Renascentista, há uma diferença geracional. Os 30 anos entre "A Bela Adormecida" e "A Pequena Sereia" viram desde a luta pelos direitos civis dos negros nos EUA à morte de Walt Disney, passando pela segunda onda do feminismo.

As mudanças culturais levaram a uma princesa supostamente diferente. A sereia Ariel foi recebida pela crítica como uma rebelde, cuja independência em muito diferia da submissão das predecessoras.

O estudo de Carmen e Karen, no entanto, prova o contrário. Se desde "Branca de Neve" a quantidade de palavras ditas por personagens femininas vinha crescendo (passando de 50% para 71% em 1959), Ariel e suas sucessoras da era Renascentista reverteram a tendência de forma drástica. Todos os cinco filmes do período viram dominância masculina, cujo ápice foi "Aladdin" (90%).  

"Os filmes mais recentes mostram evolução em algumas áreas. Em geral, as ideias estão sendo atualizadas. A ideia de ser salva por um homem parece ter mudado, e o casamento como meta única também. Um exemplo é Tiana, de 'A Princesa e o Sapo', cujo sonho é ter um restaurante", explica Carmen. "É possível argumentar que se esforçaram ao incluir duas princesas que salvam a si mesmas em 'Frozen'. Ao mesmo tempo, a maioria de seus personagens é masculina, e os homens ganham a maior parte do diálogo (59%)."  

BELEZA NÃO É TUDO

Instigadas não apenas pela soberania do discurso, mas também por seu conteúdo, as americanas catalogaram os elogios distribuídos ao longo dos 12 filmes, buscando descobrir se as personagens mulheres são mais elogiadas por sua aparência que por suas habilidades, e se o padrão se opõe à tendência masculina.

Aqui, "A Pequena Sereia" se mostrou progressista. O filme deu início à era Disney que reduziu de 55% para 38% a quantidade de elogios à beleza das personagens. No lugar, as princesas passaram a ser celebradas por suas habilidades (um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos filmes clássicos) e personalidades. A tendência se manteve durante a Nova Era.

Na contramão da diminuição dos elogios à aparência das personagens femininas, a pesquisa descobriu que personagens masculinos cada vez mais têm a beleza, e não as habilidades, elogiada.

Os números refletem a inclusão de profissionais mulheres em seu processo de criação. Entre os exemplos notáveis estão "A Bela e a Fera" e "Valente". Idealizados por mulheres (Linda Woolverton e Brenda Chapman, respectivamente), os dois têm heroínas criadas para serem novos modelos para meninas, desta vez baseados em força de vontade e independência.

"Torço para que façam filmes mais representativos. É algo que necessitamos em toda a mídia, não só na Disney", opina Carmen. "Se nós não tomarmos a decisão de incluir maior diversidade étnica, etária e de gênero na mídia, continuaremos a escolher automaticamente a maioria, ou seja, homens brancos."

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/02/1734943-objetivo-de-princesas-da-disney-nao-e-mais-o-casamento-revela-estudo.shtml> . Acesso em: 13 abr. 2016. [Adaptado].

O texto deixa entrever que o trabalho feito pelas americanas Carmen Fought e Karen Eisenhauer, pautando-se na aplicação de princípios da linguística na análise de filmes, trata-se de
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Q682694 Português

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                   Objetivo de princesas da Disney não é mais o casamento, revela estudo

                                                                                                                      Maria Clara Moreira

Quando Walt Disney trouxe para as telas a versão animada de "Branca de Neve" (1937), clássico alemão imortalizado pelos irmãos Grimm, lançou as bases para o que se tornaria um ícone cultural infantil.

Desde então, sucessoras como Ariel, de "A Pequena Sereia", e Tiana, de "A Princesa e o Sapo", colaboram para a formação do ideal de feminilidade de milhares de meninas mundo afora. Em suas histórias, carregam papéis e ideais que pautam, ainda na infância, os valores sociais.

Foi essa ideia que levou as pesquisadoras americanas Carmen Fought, do Pitzer College, e Karen Eisenhauer, da North Carolina State University, a aplicarem princípios da linguística para analisar como os filmes da Disney expressam as diferenças entre homens e mulheres e como essa abordagem mudou nos últimos anos. 

"A feminilidade não vem do nascimento, é algo desenvolvido a partir de interações com a ideologia da nossa sociedade, e os filmes da Disney atuam como uma fonte de ideias sobre o que é ser mulher", defende Carmen.

Ela e Karen categorizaram os filmes em três eras cronológicas: Clássica, de "Branca de Neve" (1937) a "A Bela Adormecida" (1959); Renascentista, de "A Pequena Sereia" (1989) a "Mulan" (1998); e a Nova Era, de "A Princesa e o Sapo" (2009) a "Frozen" (2013) − este último não é reconhecido pela Disney como parte da franquia, mas também foi considerado pela pesquisa.

Fora "Aladdin" (1992), todos os longas da franquia das princesas são protagonizados por mulheres, embora dominados por personagens masculinos. O número de homens foi superior ao de mulheres em quase todos os exemplos, com o empate em "Cinderela" (1950), única exceção.

Carmen não acredita que povoar os longas com homens seja uma escolha consciente por parte dos produtores. Ao contrário, explica o fenômeno como uma decisão automática e inconsciente de assumir o masculino como norma.

"Nossa imagem de médicos e advogados, por exemplo, costuma ser masculina, mesmo com muitas mulheres nessas profissões. Nos filmes analisados, quase todos os papéis além da protagonista vão automaticamente para homens. Acho que é automático [para eles] colocar personagens homens como o braço direito engraçadinho e em funções menores, que passam batido", argumenta.

DIFERENÇA GERACIONAL?

Entre as eras Clássica e Renascentista, há uma diferença geracional. Os 30 anos entre "A Bela Adormecida" e "A Pequena Sereia" viram desde a luta pelos direitos civis dos negros nos EUA à morte de Walt Disney, passando pela segunda onda do feminismo.

As mudanças culturais levaram a uma princesa supostamente diferente. A sereia Ariel foi recebida pela crítica como uma rebelde, cuja independência em muito diferia da submissão das predecessoras.

O estudo de Carmen e Karen, no entanto, prova o contrário. Se desde "Branca de Neve" a quantidade de palavras ditas por personagens femininas vinha crescendo (passando de 50% para 71% em 1959), Ariel e suas sucessoras da era Renascentista reverteram a tendência de forma drástica. Todos os cinco filmes do período viram dominância masculina, cujo ápice foi "Aladdin" (90%).  

"Os filmes mais recentes mostram evolução em algumas áreas. Em geral, as ideias estão sendo atualizadas. A ideia de ser salva por um homem parece ter mudado, e o casamento como meta única também. Um exemplo é Tiana, de 'A Princesa e o Sapo', cujo sonho é ter um restaurante", explica Carmen. "É possível argumentar que se esforçaram ao incluir duas princesas que salvam a si mesmas em 'Frozen'. Ao mesmo tempo, a maioria de seus personagens é masculina, e os homens ganham a maior parte do diálogo (59%)."  

BELEZA NÃO É TUDO

Instigadas não apenas pela soberania do discurso, mas também por seu conteúdo, as americanas catalogaram os elogios distribuídos ao longo dos 12 filmes, buscando descobrir se as personagens mulheres são mais elogiadas por sua aparência que por suas habilidades, e se o padrão se opõe à tendência masculina.

Aqui, "A Pequena Sereia" se mostrou progressista. O filme deu início à era Disney que reduziu de 55% para 38% a quantidade de elogios à beleza das personagens. No lugar, as princesas passaram a ser celebradas por suas habilidades (um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos filmes clássicos) e personalidades. A tendência se manteve durante a Nova Era.

Na contramão da diminuição dos elogios à aparência das personagens femininas, a pesquisa descobriu que personagens masculinos cada vez mais têm a beleza, e não as habilidades, elogiada.

Os números refletem a inclusão de profissionais mulheres em seu processo de criação. Entre os exemplos notáveis estão "A Bela e a Fera" e "Valente". Idealizados por mulheres (Linda Woolverton e Brenda Chapman, respectivamente), os dois têm heroínas criadas para serem novos modelos para meninas, desta vez baseados em força de vontade e independência.

"Torço para que façam filmes mais representativos. É algo que necessitamos em toda a mídia, não só na Disney", opina Carmen. "Se nós não tomarmos a decisão de incluir maior diversidade étnica, etária e de gênero na mídia, continuaremos a escolher automaticamente a maioria, ou seja, homens brancos."

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/02/1734943-objetivo-de-princesas-da-disney-nao-e-mais-o-casamento-revela-estudo.shtml> . Acesso em: 13 abr. 2016. [Adaptado].

O registro linguístico utilizado na construção do texto
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Q682695 Português

Texto 1

                   Objetivo de princesas da Disney não é mais o casamento, revela estudo

                                                                                                                      Maria Clara Moreira

Quando Walt Disney trouxe para as telas a versão animada de "Branca de Neve" (1937), clássico alemão imortalizado pelos irmãos Grimm, lançou as bases para o que se tornaria um ícone cultural infantil.

Desde então, sucessoras como Ariel, de "A Pequena Sereia", e Tiana, de "A Princesa e o Sapo", colaboram para a formação do ideal de feminilidade de milhares de meninas mundo afora. Em suas histórias, carregam papéis e ideais que pautam, ainda na infância, os valores sociais.

Foi essa ideia que levou as pesquisadoras americanas Carmen Fought, do Pitzer College, e Karen Eisenhauer, da North Carolina State University, a aplicarem princípios da linguística para analisar como os filmes da Disney expressam as diferenças entre homens e mulheres e como essa abordagem mudou nos últimos anos. 

"A feminilidade não vem do nascimento, é algo desenvolvido a partir de interações com a ideologia da nossa sociedade, e os filmes da Disney atuam como uma fonte de ideias sobre o que é ser mulher", defende Carmen.

Ela e Karen categorizaram os filmes em três eras cronológicas: Clássica, de "Branca de Neve" (1937) a "A Bela Adormecida" (1959); Renascentista, de "A Pequena Sereia" (1989) a "Mulan" (1998); e a Nova Era, de "A Princesa e o Sapo" (2009) a "Frozen" (2013) − este último não é reconhecido pela Disney como parte da franquia, mas também foi considerado pela pesquisa.

Fora "Aladdin" (1992), todos os longas da franquia das princesas são protagonizados por mulheres, embora dominados por personagens masculinos. O número de homens foi superior ao de mulheres em quase todos os exemplos, com o empate em "Cinderela" (1950), única exceção.

Carmen não acredita que povoar os longas com homens seja uma escolha consciente por parte dos produtores. Ao contrário, explica o fenômeno como uma decisão automática e inconsciente de assumir o masculino como norma.

"Nossa imagem de médicos e advogados, por exemplo, costuma ser masculina, mesmo com muitas mulheres nessas profissões. Nos filmes analisados, quase todos os papéis além da protagonista vão automaticamente para homens. Acho que é automático [para eles] colocar personagens homens como o braço direito engraçadinho e em funções menores, que passam batido", argumenta.

DIFERENÇA GERACIONAL?

Entre as eras Clássica e Renascentista, há uma diferença geracional. Os 30 anos entre "A Bela Adormecida" e "A Pequena Sereia" viram desde a luta pelos direitos civis dos negros nos EUA à morte de Walt Disney, passando pela segunda onda do feminismo.

As mudanças culturais levaram a uma princesa supostamente diferente. A sereia Ariel foi recebida pela crítica como uma rebelde, cuja independência em muito diferia da submissão das predecessoras.

O estudo de Carmen e Karen, no entanto, prova o contrário. Se desde "Branca de Neve" a quantidade de palavras ditas por personagens femininas vinha crescendo (passando de 50% para 71% em 1959), Ariel e suas sucessoras da era Renascentista reverteram a tendência de forma drástica. Todos os cinco filmes do período viram dominância masculina, cujo ápice foi "Aladdin" (90%).  

"Os filmes mais recentes mostram evolução em algumas áreas. Em geral, as ideias estão sendo atualizadas. A ideia de ser salva por um homem parece ter mudado, e o casamento como meta única também. Um exemplo é Tiana, de 'A Princesa e o Sapo', cujo sonho é ter um restaurante", explica Carmen. "É possível argumentar que se esforçaram ao incluir duas princesas que salvam a si mesmas em 'Frozen'. Ao mesmo tempo, a maioria de seus personagens é masculina, e os homens ganham a maior parte do diálogo (59%)."  

BELEZA NÃO É TUDO

Instigadas não apenas pela soberania do discurso, mas também por seu conteúdo, as americanas catalogaram os elogios distribuídos ao longo dos 12 filmes, buscando descobrir se as personagens mulheres são mais elogiadas por sua aparência que por suas habilidades, e se o padrão se opõe à tendência masculina.

Aqui, "A Pequena Sereia" se mostrou progressista. O filme deu início à era Disney que reduziu de 55% para 38% a quantidade de elogios à beleza das personagens. No lugar, as princesas passaram a ser celebradas por suas habilidades (um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos filmes clássicos) e personalidades. A tendência se manteve durante a Nova Era.

Na contramão da diminuição dos elogios à aparência das personagens femininas, a pesquisa descobriu que personagens masculinos cada vez mais têm a beleza, e não as habilidades, elogiada.

Os números refletem a inclusão de profissionais mulheres em seu processo de criação. Entre os exemplos notáveis estão "A Bela e a Fera" e "Valente". Idealizados por mulheres (Linda Woolverton e Brenda Chapman, respectivamente), os dois têm heroínas criadas para serem novos modelos para meninas, desta vez baseados em força de vontade e independência.

"Torço para que façam filmes mais representativos. É algo que necessitamos em toda a mídia, não só na Disney", opina Carmen. "Se nós não tomarmos a decisão de incluir maior diversidade étnica, etária e de gênero na mídia, continuaremos a escolher automaticamente a maioria, ou seja, homens brancos."

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/02/1734943-objetivo-de-princesas-da-disney-nao-e-mais-o-casamento-revela-estudo.shtml> . Acesso em: 13 abr. 2016. [Adaptado].

A correspondência entre o operador discursivo em destaque e a descrição de seu funcionamento dentro dos parênteses ocorre em:
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Q682696 Português

Texto 1

                   Objetivo de princesas da Disney não é mais o casamento, revela estudo

                                                                                                                      Maria Clara Moreira

Quando Walt Disney trouxe para as telas a versão animada de "Branca de Neve" (1937), clássico alemão imortalizado pelos irmãos Grimm, lançou as bases para o que se tornaria um ícone cultural infantil.

Desde então, sucessoras como Ariel, de "A Pequena Sereia", e Tiana, de "A Princesa e o Sapo", colaboram para a formação do ideal de feminilidade de milhares de meninas mundo afora. Em suas histórias, carregam papéis e ideais que pautam, ainda na infância, os valores sociais.

Foi essa ideia que levou as pesquisadoras americanas Carmen Fought, do Pitzer College, e Karen Eisenhauer, da North Carolina State University, a aplicarem princípios da linguística para analisar como os filmes da Disney expressam as diferenças entre homens e mulheres e como essa abordagem mudou nos últimos anos. 

"A feminilidade não vem do nascimento, é algo desenvolvido a partir de interações com a ideologia da nossa sociedade, e os filmes da Disney atuam como uma fonte de ideias sobre o que é ser mulher", defende Carmen.

Ela e Karen categorizaram os filmes em três eras cronológicas: Clássica, de "Branca de Neve" (1937) a "A Bela Adormecida" (1959); Renascentista, de "A Pequena Sereia" (1989) a "Mulan" (1998); e a Nova Era, de "A Princesa e o Sapo" (2009) a "Frozen" (2013) − este último não é reconhecido pela Disney como parte da franquia, mas também foi considerado pela pesquisa.

Fora "Aladdin" (1992), todos os longas da franquia das princesas são protagonizados por mulheres, embora dominados por personagens masculinos. O número de homens foi superior ao de mulheres em quase todos os exemplos, com o empate em "Cinderela" (1950), única exceção.

Carmen não acredita que povoar os longas com homens seja uma escolha consciente por parte dos produtores. Ao contrário, explica o fenômeno como uma decisão automática e inconsciente de assumir o masculino como norma.

"Nossa imagem de médicos e advogados, por exemplo, costuma ser masculina, mesmo com muitas mulheres nessas profissões. Nos filmes analisados, quase todos os papéis além da protagonista vão automaticamente para homens. Acho que é automático [para eles] colocar personagens homens como o braço direito engraçadinho e em funções menores, que passam batido", argumenta.

DIFERENÇA GERACIONAL?

Entre as eras Clássica e Renascentista, há uma diferença geracional. Os 30 anos entre "A Bela Adormecida" e "A Pequena Sereia" viram desde a luta pelos direitos civis dos negros nos EUA à morte de Walt Disney, passando pela segunda onda do feminismo.

As mudanças culturais levaram a uma princesa supostamente diferente. A sereia Ariel foi recebida pela crítica como uma rebelde, cuja independência em muito diferia da submissão das predecessoras.

O estudo de Carmen e Karen, no entanto, prova o contrário. Se desde "Branca de Neve" a quantidade de palavras ditas por personagens femininas vinha crescendo (passando de 50% para 71% em 1959), Ariel e suas sucessoras da era Renascentista reverteram a tendência de forma drástica. Todos os cinco filmes do período viram dominância masculina, cujo ápice foi "Aladdin" (90%).  

"Os filmes mais recentes mostram evolução em algumas áreas. Em geral, as ideias estão sendo atualizadas. A ideia de ser salva por um homem parece ter mudado, e o casamento como meta única também. Um exemplo é Tiana, de 'A Princesa e o Sapo', cujo sonho é ter um restaurante", explica Carmen. "É possível argumentar que se esforçaram ao incluir duas princesas que salvam a si mesmas em 'Frozen'. Ao mesmo tempo, a maioria de seus personagens é masculina, e os homens ganham a maior parte do diálogo (59%)."  

BELEZA NÃO É TUDO

Instigadas não apenas pela soberania do discurso, mas também por seu conteúdo, as americanas catalogaram os elogios distribuídos ao longo dos 12 filmes, buscando descobrir se as personagens mulheres são mais elogiadas por sua aparência que por suas habilidades, e se o padrão se opõe à tendência masculina.

Aqui, "A Pequena Sereia" se mostrou progressista. O filme deu início à era Disney que reduziu de 55% para 38% a quantidade de elogios à beleza das personagens. No lugar, as princesas passaram a ser celebradas por suas habilidades (um aumento de 12 pontos percentuais em relação aos filmes clássicos) e personalidades. A tendência se manteve durante a Nova Era.

Na contramão da diminuição dos elogios à aparência das personagens femininas, a pesquisa descobriu que personagens masculinos cada vez mais têm a beleza, e não as habilidades, elogiada.

Os números refletem a inclusão de profissionais mulheres em seu processo de criação. Entre os exemplos notáveis estão "A Bela e a Fera" e "Valente". Idealizados por mulheres (Linda Woolverton e Brenda Chapman, respectivamente), os dois têm heroínas criadas para serem novos modelos para meninas, desta vez baseados em força de vontade e independência.

"Torço para que façam filmes mais representativos. É algo que necessitamos em toda a mídia, não só na Disney", opina Carmen. "Se nós não tomarmos a decisão de incluir maior diversidade étnica, etária e de gênero na mídia, continuaremos a escolher automaticamente a maioria, ou seja, homens brancos."

Disponível em: <http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/02/1734943-objetivo-de-princesas-da-disney-nao-e-mais-o-casamento-revela-estudo.shtml> . Acesso em: 13 abr. 2016. [Adaptado].

No trecho “Idealizados por mulheres (Linda Woolverton e Brenda Chapman, respectivamente), os dois têm heroínas criadas para serem novos modelos para meninas, desta vez baseados em força de vontade e independência”, a expressão “desta vez” assegura a coerência no encadeamento das ideias,
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Q682697 Português

            

Em relação ao plano linguístico, o efeito de humor, na tirinha, é construído por meio
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Q682698 Português

            

Considerando as condições históricas, sociais e culturais, a tirinha possibilita a crítica sobre
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Q682699 Português

            

Acerca da relação entre elementos verbais e não verbais na construção da tirinha, é possível afirmar que há entre eles
Alternativas
Q682700 Português

            

Ao afirmar que “Macho que é macho nunca fala no diminutivo”, o enunciador deixa implícito que, nesse caso, o uso de diminutivo funciona como
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Q682701 Português

                                                 Texto 3

                        Teoria, ideologia e a urgente necessidade

                                     de pensar contra a má-fé

                                                                                                          Márcia Tiburi

      O teólogo André Musskopf defende que os fundamentalistas têm ajudado o feminismo e os movimentos pela diversidade sexual e de gênero. Em artigo, ele defende que “talvez o mais surpreendente seja que aqueles e aquelas que não queriam falar sobre o assunto de repente se veem obrigadas e obrigados a estudar e conhecer – e até falar sobre ele”. De fato, a gritaria de alguns tem esse outro lado, um efeito inesperado de colocar a questão em pauta, de levar muita gente a repensar o modo como a questão de gênero afeta suas vidas cotidianas. A vida e a sociedade são dialéticas, digamos assim, tudo pode ter dois lados, e o olhar otimista ajuda todos os que sobrevivem a seguir na luta por direitos. Mas infelizmente há o lado péssimo de tudo isso, aquele que é vivido pelas vítimas desse estado de coisas, aqueles para quem não há justiça alguma.

      Quem luta, não pode desistir. Enfraquecer o inimigo é necessário desde que não se menospreze sua força.

      O caminho que devemos seguir quando se trata de pensar em gênero é aquele que reúne o esforço da crítica, da pesquisa, do esclarecimento, o esforço de quem se dedica à educação e à ciência, com o esforço da escuta. Quando escuto alguém falando de “cura gay” imagino o grau de esvaziamento de si, de pobreza subjetiva, que levou essa pessoa a aderir a uma teoria como essa. Infelizmente, esse tipo de teoria popular se transforma em ideologia enquanto, ao mesmo tempo, é usada por “donos do poder”, para vantagens pessoais.

      Importante saber a diferença entre teoria e ideologia. São termos muito complexos. Incontáveis volumes já foram escritos sobre isso, mas podemos resumir nos seguintes termos: teoria é um tipo de pensamento que se expõe, ideologia é um tipo de pensamento que se oculta.

      Há, no entanto, um híbrido, as “teorias ideológicas” que, por sua vez, expõem com a intenção de ocultar, ou ocultam fingindo que expõem.

      Há teorias populares (que constituem o senso comum, as opiniões na forma de discursos que transitam no mundo da vida depois de terem sido lidas em jornais e revistas de divulgação) e teorias científicas (que estão sempre sendo questionadas e podem vir a ser desconstituídas, mas que escorrem para o senso comum e lá são transformadas e, em geral, perdem muito do seu sentido).

      Ideologia, por sua vez, é o conjunto dos discursos e opiniões vigentes que servem para ocultar alguma coisa em vez de promover esclarecimento, investigação e ponderação.

      A ideologia de gênero, sobre a qual se fala hoje em dia, não está na pesquisa que o discute e questiona, mas no poder que, aliado ao senso comum, tenta dizer o que gênero não é.

      Algo muito curioso acontece com o uso do termo ideologia quando se fala em “ideologia de gênero”. Algo, no mínimo, capcioso. Pois quem usa o termo “ideologia de gênero” para combater o que há de elucidativo no termo gênero procura ocultar por meio do termo ideologia não apenas o valor do termo gênero, como, por inversão, o próprio conceito de ideologia. É como se falar de ideologia de gênero servisse para ocultar a ideologia de gênero de quem professa o discurso contra a ideologia de gênero.

      Não se trata apenas de uma manobra em que a autocontradição performativa é ocultada pela força da expressão, mas de um caso evidente de má fé. E quando a má fé vem de pessoas (homens, sobretudo) que se dizem de fé, então, estamos correndo perigo, porque a fé do povo tem sido usada de maneira demoníaca.

      O papel ético e político de quem pesquisa, ensina e luta pela lucidez em uma sociedade em que os traços obscurantistas se tornam cada vez mais intensos é também demonstrar que percebemos o que se passa e que continuaremos do lado crítico a promover lucidez, diálogo e respeito aos direitos fundamentais, inclusive relativos à sexualidade e ao gênero, em que pese a violência simbólica a que estamos submetidos. 

Disponível em: <http://revistacult.uol.com.br/home/2016/02/vamos-conversar-sobre-genero/> . Acesso: em 13 abr. 2016. [Adaptado].

A expressão “ideologia de gênero” utilizada nos dias de hoje e questionada pela autora do texto refere-se a
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Q682702 Português

                                                 Texto 3

                        Teoria, ideologia e a urgente necessidade

                                     de pensar contra a má-fé

                                                                                                          Márcia Tiburi

      O teólogo André Musskopf defende que os fundamentalistas têm ajudado o feminismo e os movimentos pela diversidade sexual e de gênero. Em artigo, ele defende que “talvez o mais surpreendente seja que aqueles e aquelas que não queriam falar sobre o assunto de repente se veem obrigadas e obrigados a estudar e conhecer – e até falar sobre ele”. De fato, a gritaria de alguns tem esse outro lado, um efeito inesperado de colocar a questão em pauta, de levar muita gente a repensar o modo como a questão de gênero afeta suas vidas cotidianas. A vida e a sociedade são dialéticas, digamos assim, tudo pode ter dois lados, e o olhar otimista ajuda todos os que sobrevivem a seguir na luta por direitos. Mas infelizmente há o lado péssimo de tudo isso, aquele que é vivido pelas vítimas desse estado de coisas, aqueles para quem não há justiça alguma.

      Quem luta, não pode desistir. Enfraquecer o inimigo é necessário desde que não se menospreze sua força.

      O caminho que devemos seguir quando se trata de pensar em gênero é aquele que reúne o esforço da crítica, da pesquisa, do esclarecimento, o esforço de quem se dedica à educação e à ciência, com o esforço da escuta. Quando escuto alguém falando de “cura gay” imagino o grau de esvaziamento de si, de pobreza subjetiva, que levou essa pessoa a aderir a uma teoria como essa. Infelizmente, esse tipo de teoria popular se transforma em ideologia enquanto, ao mesmo tempo, é usada por “donos do poder”, para vantagens pessoais.

      Importante saber a diferença entre teoria e ideologia. São termos muito complexos. Incontáveis volumes já foram escritos sobre isso, mas podemos resumir nos seguintes termos: teoria é um tipo de pensamento que se expõe, ideologia é um tipo de pensamento que se oculta.

      Há, no entanto, um híbrido, as “teorias ideológicas” que, por sua vez, expõem com a intenção de ocultar, ou ocultam fingindo que expõem.

      Há teorias populares (que constituem o senso comum, as opiniões na forma de discursos que transitam no mundo da vida depois de terem sido lidas em jornais e revistas de divulgação) e teorias científicas (que estão sempre sendo questionadas e podem vir a ser desconstituídas, mas que escorrem para o senso comum e lá são transformadas e, em geral, perdem muito do seu sentido).

      Ideologia, por sua vez, é o conjunto dos discursos e opiniões vigentes que servem para ocultar alguma coisa em vez de promover esclarecimento, investigação e ponderação.

      A ideologia de gênero, sobre a qual se fala hoje em dia, não está na pesquisa que o discute e questiona, mas no poder que, aliado ao senso comum, tenta dizer o que gênero não é.

      Algo muito curioso acontece com o uso do termo ideologia quando se fala em “ideologia de gênero”. Algo, no mínimo, capcioso. Pois quem usa o termo “ideologia de gênero” para combater o que há de elucidativo no termo gênero procura ocultar por meio do termo ideologia não apenas o valor do termo gênero, como, por inversão, o próprio conceito de ideologia. É como se falar de ideologia de gênero servisse para ocultar a ideologia de gênero de quem professa o discurso contra a ideologia de gênero.

      Não se trata apenas de uma manobra em que a autocontradição performativa é ocultada pela força da expressão, mas de um caso evidente de má fé. E quando a má fé vem de pessoas (homens, sobretudo) que se dizem de fé, então, estamos correndo perigo, porque a fé do povo tem sido usada de maneira demoníaca.

      O papel ético e político de quem pesquisa, ensina e luta pela lucidez em uma sociedade em que os traços obscurantistas se tornam cada vez mais intensos é também demonstrar que percebemos o que se passa e que continuaremos do lado crítico a promover lucidez, diálogo e respeito aos direitos fundamentais, inclusive relativos à sexualidade e ao gênero, em que pese a violência simbólica a que estamos submetidos. 

Disponível em: <http://revistacult.uol.com.br/home/2016/02/vamos-conversar-sobre-genero/> . Acesso: em 13 abr. 2016. [Adaptado].

Em várias passagens do texto, nota-se o uso do sinal indicador de aspas. No caso de sua utilização em “cura gay”, “donos do poder”, “teorias ideológicas”, elas
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Q682703 Português

                                                 Texto 3

                        Teoria, ideologia e a urgente necessidade

                                     de pensar contra a má-fé

                                                                                                          Márcia Tiburi

      O teólogo André Musskopf defende que os fundamentalistas têm ajudado o feminismo e os movimentos pela diversidade sexual e de gênero. Em artigo, ele defende que “talvez o mais surpreendente seja que aqueles e aquelas que não queriam falar sobre o assunto de repente se veem obrigadas e obrigados a estudar e conhecer – e até falar sobre ele”. De fato, a gritaria de alguns tem esse outro lado, um efeito inesperado de colocar a questão em pauta, de levar muita gente a repensar o modo como a questão de gênero afeta suas vidas cotidianas. A vida e a sociedade são dialéticas, digamos assim, tudo pode ter dois lados, e o olhar otimista ajuda todos os que sobrevivem a seguir na luta por direitos. Mas infelizmente há o lado péssimo de tudo isso, aquele que é vivido pelas vítimas desse estado de coisas, aqueles para quem não há justiça alguma.

      Quem luta, não pode desistir. Enfraquecer o inimigo é necessário desde que não se menospreze sua força.

      O caminho que devemos seguir quando se trata de pensar em gênero é aquele que reúne o esforço da crítica, da pesquisa, do esclarecimento, o esforço de quem se dedica à educação e à ciência, com o esforço da escuta. Quando escuto alguém falando de “cura gay” imagino o grau de esvaziamento de si, de pobreza subjetiva, que levou essa pessoa a aderir a uma teoria como essa. Infelizmente, esse tipo de teoria popular se transforma em ideologia enquanto, ao mesmo tempo, é usada por “donos do poder”, para vantagens pessoais.

      Importante saber a diferença entre teoria e ideologia. São termos muito complexos. Incontáveis volumes já foram escritos sobre isso, mas podemos resumir nos seguintes termos: teoria é um tipo de pensamento que se expõe, ideologia é um tipo de pensamento que se oculta.

      Há, no entanto, um híbrido, as “teorias ideológicas” que, por sua vez, expõem com a intenção de ocultar, ou ocultam fingindo que expõem.

      Há teorias populares (que constituem o senso comum, as opiniões na forma de discursos que transitam no mundo da vida depois de terem sido lidas em jornais e revistas de divulgação) e teorias científicas (que estão sempre sendo questionadas e podem vir a ser desconstituídas, mas que escorrem para o senso comum e lá são transformadas e, em geral, perdem muito do seu sentido).

      Ideologia, por sua vez, é o conjunto dos discursos e opiniões vigentes que servem para ocultar alguma coisa em vez de promover esclarecimento, investigação e ponderação.

      A ideologia de gênero, sobre a qual se fala hoje em dia, não está na pesquisa que o discute e questiona, mas no poder que, aliado ao senso comum, tenta dizer o que gênero não é.

      Algo muito curioso acontece com o uso do termo ideologia quando se fala em “ideologia de gênero”. Algo, no mínimo, capcioso. Pois quem usa o termo “ideologia de gênero” para combater o que há de elucidativo no termo gênero procura ocultar por meio do termo ideologia não apenas o valor do termo gênero, como, por inversão, o próprio conceito de ideologia. É como se falar de ideologia de gênero servisse para ocultar a ideologia de gênero de quem professa o discurso contra a ideologia de gênero.

      Não se trata apenas de uma manobra em que a autocontradição performativa é ocultada pela força da expressão, mas de um caso evidente de má fé. E quando a má fé vem de pessoas (homens, sobretudo) que se dizem de fé, então, estamos correndo perigo, porque a fé do povo tem sido usada de maneira demoníaca.

      O papel ético e político de quem pesquisa, ensina e luta pela lucidez em uma sociedade em que os traços obscurantistas se tornam cada vez mais intensos é também demonstrar que percebemos o que se passa e que continuaremos do lado crítico a promover lucidez, diálogo e respeito aos direitos fundamentais, inclusive relativos à sexualidade e ao gênero, em que pese a violência simbólica a que estamos submetidos. 

Disponível em: <http://revistacult.uol.com.br/home/2016/02/vamos-conversar-sobre-genero/> . Acesso: em 13 abr. 2016. [Adaptado].

No parágrafo introdutório do texto, são usadas as palavras de um teólogo acerca dos desdobramentos sobre as questões de gênero na atualidade. Com relação a essa citação e aos comentários feitos a seu respeito, é possível afirmar que a autora
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Q682704 Português

                                                 Texto 3

                        Teoria, ideologia e a urgente necessidade

                                     de pensar contra a má-fé

                                                                                                          Márcia Tiburi

      O teólogo André Musskopf defende que os fundamentalistas têm ajudado o feminismo e os movimentos pela diversidade sexual e de gênero. Em artigo, ele defende que “talvez o mais surpreendente seja que aqueles e aquelas que não queriam falar sobre o assunto de repente se veem obrigadas e obrigados a estudar e conhecer – e até falar sobre ele”. De fato, a gritaria de alguns tem esse outro lado, um efeito inesperado de colocar a questão em pauta, de levar muita gente a repensar o modo como a questão de gênero afeta suas vidas cotidianas. A vida e a sociedade são dialéticas, digamos assim, tudo pode ter dois lados, e o olhar otimista ajuda todos os que sobrevivem a seguir na luta por direitos. Mas infelizmente há o lado péssimo de tudo isso, aquele que é vivido pelas vítimas desse estado de coisas, aqueles para quem não há justiça alguma.

      Quem luta, não pode desistir. Enfraquecer o inimigo é necessário desde que não se menospreze sua força.

      O caminho que devemos seguir quando se trata de pensar em gênero é aquele que reúne o esforço da crítica, da pesquisa, do esclarecimento, o esforço de quem se dedica à educação e à ciência, com o esforço da escuta. Quando escuto alguém falando de “cura gay” imagino o grau de esvaziamento de si, de pobreza subjetiva, que levou essa pessoa a aderir a uma teoria como essa. Infelizmente, esse tipo de teoria popular se transforma em ideologia enquanto, ao mesmo tempo, é usada por “donos do poder”, para vantagens pessoais.

      Importante saber a diferença entre teoria e ideologia. São termos muito complexos. Incontáveis volumes já foram escritos sobre isso, mas podemos resumir nos seguintes termos: teoria é um tipo de pensamento que se expõe, ideologia é um tipo de pensamento que se oculta.

      Há, no entanto, um híbrido, as “teorias ideológicas” que, por sua vez, expõem com a intenção de ocultar, ou ocultam fingindo que expõem.

      Há teorias populares (que constituem o senso comum, as opiniões na forma de discursos que transitam no mundo da vida depois de terem sido lidas em jornais e revistas de divulgação) e teorias científicas (que estão sempre sendo questionadas e podem vir a ser desconstituídas, mas que escorrem para o senso comum e lá são transformadas e, em geral, perdem muito do seu sentido).

      Ideologia, por sua vez, é o conjunto dos discursos e opiniões vigentes que servem para ocultar alguma coisa em vez de promover esclarecimento, investigação e ponderação.

      A ideologia de gênero, sobre a qual se fala hoje em dia, não está na pesquisa que o discute e questiona, mas no poder que, aliado ao senso comum, tenta dizer o que gênero não é.

      Algo muito curioso acontece com o uso do termo ideologia quando se fala em “ideologia de gênero”. Algo, no mínimo, capcioso. Pois quem usa o termo “ideologia de gênero” para combater o que há de elucidativo no termo gênero procura ocultar por meio do termo ideologia não apenas o valor do termo gênero, como, por inversão, o próprio conceito de ideologia. É como se falar de ideologia de gênero servisse para ocultar a ideologia de gênero de quem professa o discurso contra a ideologia de gênero.

      Não se trata apenas de uma manobra em que a autocontradição performativa é ocultada pela força da expressão, mas de um caso evidente de má fé. E quando a má fé vem de pessoas (homens, sobretudo) que se dizem de fé, então, estamos correndo perigo, porque a fé do povo tem sido usada de maneira demoníaca.

      O papel ético e político de quem pesquisa, ensina e luta pela lucidez em uma sociedade em que os traços obscurantistas se tornam cada vez mais intensos é também demonstrar que percebemos o que se passa e que continuaremos do lado crítico a promover lucidez, diálogo e respeito aos direitos fundamentais, inclusive relativos à sexualidade e ao gênero, em que pese a violência simbólica a que estamos submetidos. 

Disponível em: <http://revistacult.uol.com.br/home/2016/02/vamos-conversar-sobre-genero/> . Acesso: em 13 abr. 2016. [Adaptado].

No trecho “A ideologia de gênero, sobre a qual se fala hoje em dia, não está na pesquisa que o discute e questiona, mas no poder que, aliado ao senso comum, tenta dizer o que gênero não é”, o elemento “o”, no período em destaque, funciona como um mecanismo de coesão
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Q682705 Português

                                                 Texto 3

                        Teoria, ideologia e a urgente necessidade

                                     de pensar contra a má-fé

                                                                                                          Márcia Tiburi

      O teólogo André Musskopf defende que os fundamentalistas têm ajudado o feminismo e os movimentos pela diversidade sexual e de gênero. Em artigo, ele defende que “talvez o mais surpreendente seja que aqueles e aquelas que não queriam falar sobre o assunto de repente se veem obrigadas e obrigados a estudar e conhecer – e até falar sobre ele”. De fato, a gritaria de alguns tem esse outro lado, um efeito inesperado de colocar a questão em pauta, de levar muita gente a repensar o modo como a questão de gênero afeta suas vidas cotidianas. A vida e a sociedade são dialéticas, digamos assim, tudo pode ter dois lados, e o olhar otimista ajuda todos os que sobrevivem a seguir na luta por direitos. Mas infelizmente há o lado péssimo de tudo isso, aquele que é vivido pelas vítimas desse estado de coisas, aqueles para quem não há justiça alguma.

      Quem luta, não pode desistir. Enfraquecer o inimigo é necessário desde que não se menospreze sua força.

      O caminho que devemos seguir quando se trata de pensar em gênero é aquele que reúne o esforço da crítica, da pesquisa, do esclarecimento, o esforço de quem se dedica à educação e à ciência, com o esforço da escuta. Quando escuto alguém falando de “cura gay” imagino o grau de esvaziamento de si, de pobreza subjetiva, que levou essa pessoa a aderir a uma teoria como essa. Infelizmente, esse tipo de teoria popular se transforma em ideologia enquanto, ao mesmo tempo, é usada por “donos do poder”, para vantagens pessoais.

      Importante saber a diferença entre teoria e ideologia. São termos muito complexos. Incontáveis volumes já foram escritos sobre isso, mas podemos resumir nos seguintes termos: teoria é um tipo de pensamento que se expõe, ideologia é um tipo de pensamento que se oculta.

      Há, no entanto, um híbrido, as “teorias ideológicas” que, por sua vez, expõem com a intenção de ocultar, ou ocultam fingindo que expõem.

      Há teorias populares (que constituem o senso comum, as opiniões na forma de discursos que transitam no mundo da vida depois de terem sido lidas em jornais e revistas de divulgação) e teorias científicas (que estão sempre sendo questionadas e podem vir a ser desconstituídas, mas que escorrem para o senso comum e lá são transformadas e, em geral, perdem muito do seu sentido).

      Ideologia, por sua vez, é o conjunto dos discursos e opiniões vigentes que servem para ocultar alguma coisa em vez de promover esclarecimento, investigação e ponderação.

      A ideologia de gênero, sobre a qual se fala hoje em dia, não está na pesquisa que o discute e questiona, mas no poder que, aliado ao senso comum, tenta dizer o que gênero não é.

      Algo muito curioso acontece com o uso do termo ideologia quando se fala em “ideologia de gênero”. Algo, no mínimo, capcioso. Pois quem usa o termo “ideologia de gênero” para combater o que há de elucidativo no termo gênero procura ocultar por meio do termo ideologia não apenas o valor do termo gênero, como, por inversão, o próprio conceito de ideologia. É como se falar de ideologia de gênero servisse para ocultar a ideologia de gênero de quem professa o discurso contra a ideologia de gênero.

      Não se trata apenas de uma manobra em que a autocontradição performativa é ocultada pela força da expressão, mas de um caso evidente de má fé. E quando a má fé vem de pessoas (homens, sobretudo) que se dizem de fé, então, estamos correndo perigo, porque a fé do povo tem sido usada de maneira demoníaca.

      O papel ético e político de quem pesquisa, ensina e luta pela lucidez em uma sociedade em que os traços obscurantistas se tornam cada vez mais intensos é também demonstrar que percebemos o que se passa e que continuaremos do lado crítico a promover lucidez, diálogo e respeito aos direitos fundamentais, inclusive relativos à sexualidade e ao gênero, em que pese a violência simbólica a que estamos submetidos. 

Disponível em: <http://revistacult.uol.com.br/home/2016/02/vamos-conversar-sobre-genero/> . Acesso: em 13 abr. 2016. [Adaptado].

A expressão “má-fé” anunciada no título do texto está implicada na questão que diz respeito
Alternativas
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                          O pequeno sonho da reescrita

                                                                                                     Sírio Possenti

Meu pequeno sonho é que não haja mais aulas de português que não sejam de fato aulas de português. Basta de aulas para dividir palavras em sílabas, ditar com pronúncias artificiais, copiar do quadro, sublinhar substantivos, "tirar" verbos da 2ª conjugação, responder a perguntas bobas (Quem subiu a montanha?) para supostamente verificar a compreensão de frases banais como "O burrinho subiu a montanha para pastar".

Muitas aulas de gramática também são bem bobas. Alguém sabe por que as aulas de todos os anos começam com sujeito e predicado? Já imaginaram aulas de matemática recomeçando sempre com soma e multiplicação? As adjetivas explicativas estão entre vírgulas? E quem colocou as vírgulas?

Meu sonho geral inclui que se leia muito e durante as aulas. E que os textos lidos sejam comentados e sejam do tipo que mexe com a cabeça dos alunos, que os colocam "pra cima", exigem que seus cérebros trabalhem (poemas, textos de divulgação científica, trechos exemplares de livros que possam mostrar diferenças de estilo de época e mudanças da língua, entre outros). E que as letras de música que eles eventualmente analisem não sejam da marca Michel Teló ‒ para isso não precisam sair de casa. Que sejam, por exemplo, como “Construção” (Chico Buarque), de um lado (até para falar com relevância das proparoxítonas, se se quiser), ou “Cuitelinho”, de outro.

Mas meu principal pequeno sonho tem a ver com escrita. Escreve-se mais hoje – com os aparelhos eletrônicos – do que nunca antes, o que gera um pouco de otimismo. Mas me refiro à escrita "trabalhada", discutida, analisada.

As aulas são para escrever e revisar textos. O professor no papel de revisor ou editor, exatamente como nas editoras, é bem mais interessante do que como simples corretor ou vigia da língua. É que as atividades em torno dos textos devem fazer sentido histórico. E a revisão tem esse sentido. Nossos alunos merecem aulas de verdade!

 Disponível em: <http://revistalingua.com.br/textos/113/o-pequeno-sonho-da-reescrita-339017-1.asp> . Acesso em: 17 maio 2016. 
Ao escrever o texto, o locutor defende a ideia de que:
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                          O pequeno sonho da reescrita

                                                                                                     Sírio Possenti

Meu pequeno sonho é que não haja mais aulas de português que não sejam de fato aulas de português. Basta de aulas para dividir palavras em sílabas, ditar com pronúncias artificiais, copiar do quadro, sublinhar substantivos, "tirar" verbos da 2ª conjugação, responder a perguntas bobas (Quem subiu a montanha?) para supostamente verificar a compreensão de frases banais como "O burrinho subiu a montanha para pastar".

Muitas aulas de gramática também são bem bobas. Alguém sabe por que as aulas de todos os anos começam com sujeito e predicado? Já imaginaram aulas de matemática recomeçando sempre com soma e multiplicação? As adjetivas explicativas estão entre vírgulas? E quem colocou as vírgulas?

Meu sonho geral inclui que se leia muito e durante as aulas. E que os textos lidos sejam comentados e sejam do tipo que mexe com a cabeça dos alunos, que os colocam "pra cima", exigem que seus cérebros trabalhem (poemas, textos de divulgação científica, trechos exemplares de livros que possam mostrar diferenças de estilo de época e mudanças da língua, entre outros). E que as letras de música que eles eventualmente analisem não sejam da marca Michel Teló ‒ para isso não precisam sair de casa. Que sejam, por exemplo, como “Construção” (Chico Buarque), de um lado (até para falar com relevância das proparoxítonas, se se quiser), ou “Cuitelinho”, de outro.

Mas meu principal pequeno sonho tem a ver com escrita. Escreve-se mais hoje – com os aparelhos eletrônicos – do que nunca antes, o que gera um pouco de otimismo. Mas me refiro à escrita "trabalhada", discutida, analisada.

As aulas são para escrever e revisar textos. O professor no papel de revisor ou editor, exatamente como nas editoras, é bem mais interessante do que como simples corretor ou vigia da língua. É que as atividades em torno dos textos devem fazer sentido histórico. E a revisão tem esse sentido. Nossos alunos merecem aulas de verdade!

 Disponível em: <http://revistalingua.com.br/textos/113/o-pequeno-sonho-da-reescrita-339017-1.asp> . Acesso em: 17 maio 2016. 
O autor desenvolve seu argumento pressupondo que o estudo da gramática deve:
Alternativas
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                          O pequeno sonho da reescrita

                                                                                                     Sírio Possenti

Meu pequeno sonho é que não haja mais aulas de português que não sejam de fato aulas de português. Basta de aulas para dividir palavras em sílabas, ditar com pronúncias artificiais, copiar do quadro, sublinhar substantivos, "tirar" verbos da 2ª conjugação, responder a perguntas bobas (Quem subiu a montanha?) para supostamente verificar a compreensão de frases banais como "O burrinho subiu a montanha para pastar".

Muitas aulas de gramática também são bem bobas. Alguém sabe por que as aulas de todos os anos começam com sujeito e predicado? Já imaginaram aulas de matemática recomeçando sempre com soma e multiplicação? As adjetivas explicativas estão entre vírgulas? E quem colocou as vírgulas?

Meu sonho geral inclui que se leia muito e durante as aulas. E que os textos lidos sejam comentados e sejam do tipo que mexe com a cabeça dos alunos, que os colocam "pra cima", exigem que seus cérebros trabalhem (poemas, textos de divulgação científica, trechos exemplares de livros que possam mostrar diferenças de estilo de época e mudanças da língua, entre outros). E que as letras de música que eles eventualmente analisem não sejam da marca Michel Teló ‒ para isso não precisam sair de casa. Que sejam, por exemplo, como “Construção” (Chico Buarque), de um lado (até para falar com relevância das proparoxítonas, se se quiser), ou “Cuitelinho”, de outro.

Mas meu principal pequeno sonho tem a ver com escrita. Escreve-se mais hoje – com os aparelhos eletrônicos – do que nunca antes, o que gera um pouco de otimismo. Mas me refiro à escrita "trabalhada", discutida, analisada.

As aulas são para escrever e revisar textos. O professor no papel de revisor ou editor, exatamente como nas editoras, é bem mais interessante do que como simples corretor ou vigia da língua. É que as atividades em torno dos textos devem fazer sentido histórico. E a revisão tem esse sentido. Nossos alunos merecem aulas de verdade!

 Disponível em: <http://revistalingua.com.br/textos/113/o-pequeno-sonho-da-reescrita-339017-1.asp> . Acesso em: 17 maio 2016. 
Segundo o texto, uma aula eficaz de leitura necessita de:
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                                                                                                     Sírio Possenti

Meu pequeno sonho é que não haja mais aulas de português que não sejam de fato aulas de português. Basta de aulas para dividir palavras em sílabas, ditar com pronúncias artificiais, copiar do quadro, sublinhar substantivos, "tirar" verbos da 2ª conjugação, responder a perguntas bobas (Quem subiu a montanha?) para supostamente verificar a compreensão de frases banais como "O burrinho subiu a montanha para pastar".

Muitas aulas de gramática também são bem bobas. Alguém sabe por que as aulas de todos os anos começam com sujeito e predicado? Já imaginaram aulas de matemática recomeçando sempre com soma e multiplicação? As adjetivas explicativas estão entre vírgulas? E quem colocou as vírgulas?

Meu sonho geral inclui que se leia muito e durante as aulas. E que os textos lidos sejam comentados e sejam do tipo que mexe com a cabeça dos alunos, que os colocam "pra cima", exigem que seus cérebros trabalhem (poemas, textos de divulgação científica, trechos exemplares de livros que possam mostrar diferenças de estilo de época e mudanças da língua, entre outros). E que as letras de música que eles eventualmente analisem não sejam da marca Michel Teló ‒ para isso não precisam sair de casa. Que sejam, por exemplo, como “Construção” (Chico Buarque), de um lado (até para falar com relevância das proparoxítonas, se se quiser), ou “Cuitelinho”, de outro.

Mas meu principal pequeno sonho tem a ver com escrita. Escreve-se mais hoje – com os aparelhos eletrônicos – do que nunca antes, o que gera um pouco de otimismo. Mas me refiro à escrita "trabalhada", discutida, analisada.

As aulas são para escrever e revisar textos. O professor no papel de revisor ou editor, exatamente como nas editoras, é bem mais interessante do que como simples corretor ou vigia da língua. É que as atividades em torno dos textos devem fazer sentido histórico. E a revisão tem esse sentido. Nossos alunos merecem aulas de verdade!

 Disponível em: <http://revistalingua.com.br/textos/113/o-pequeno-sonho-da-reescrita-339017-1.asp> . Acesso em: 17 maio 2016. 
A proposta de intervenção didática apresentada no texto traz orientações fundadas na concepção de que:
Alternativas
Respostas
1: D
2: B
3: B
4: C
5: A
6: A
7: D
8: C
9: B
10: D
11: D
12: A
13: C
14: C
15: B
16: A
17: B
18: B
19: D
20: A