Questões de Concurso Público Prefeitura de Goiânia - GO 2016 para PE II - Português
Foram encontradas 36 questões
O pequeno sonho da reescrita
Sírio Possenti
Meu pequeno sonho é que não haja mais aulas de português que não sejam de fato aulas de português. Basta de aulas para dividir palavras em sílabas, ditar com pronúncias artificiais, copiar do quadro, sublinhar substantivos, "tirar" verbos da 2ª conjugação, responder a perguntas bobas (Quem subiu a montanha?) para supostamente verificar a compreensão de frases banais como "O burrinho subiu a montanha para pastar".
Muitas aulas de gramática também são bem bobas. Alguém sabe por que as aulas de todos os anos começam com sujeito e predicado? Já imaginaram aulas de matemática recomeçando sempre com soma e multiplicação? As adjetivas explicativas estão entre vírgulas? E quem colocou as vírgulas?
Meu sonho geral inclui que se leia muito e durante as aulas. E que os textos lidos sejam comentados e sejam do tipo que mexe com a cabeça dos alunos, que os colocam "pra cima", exigem que seus cérebros trabalhem (poemas, textos de divulgação científica, trechos exemplares de livros que possam mostrar diferenças de estilo de época e mudanças da língua, entre outros). E que as letras de música que eles eventualmente analisem não sejam da marca Michel Teló ‒ para isso não precisam sair de casa. Que sejam, por exemplo, como “Construção” (Chico Buarque), de um lado (até para falar com relevância das proparoxítonas, se se quiser), ou “Cuitelinho”, de outro.
Mas meu principal pequeno sonho tem a ver com escrita. Escreve-se mais hoje – com os aparelhos eletrônicos – do que nunca antes, o que gera um pouco de otimismo. Mas me refiro à escrita "trabalhada", discutida, analisada.
As aulas são para escrever e revisar textos. O professor no papel de revisor ou editor, exatamente como nas editoras, é bem mais interessante do que como simples corretor ou vigia da língua. É que as atividades em torno dos textos devem fazer sentido histórico. E a revisão tem esse sentido. Nossos alunos merecem aulas de verdade!
O pequeno sonho da reescrita
Sírio Possenti
Meu pequeno sonho é que não haja mais aulas de português que não sejam de fato aulas de português. Basta de aulas para dividir palavras em sílabas, ditar com pronúncias artificiais, copiar do quadro, sublinhar substantivos, "tirar" verbos da 2ª conjugação, responder a perguntas bobas (Quem subiu a montanha?) para supostamente verificar a compreensão de frases banais como "O burrinho subiu a montanha para pastar".
Muitas aulas de gramática também são bem bobas. Alguém sabe por que as aulas de todos os anos começam com sujeito e predicado? Já imaginaram aulas de matemática recomeçando sempre com soma e multiplicação? As adjetivas explicativas estão entre vírgulas? E quem colocou as vírgulas?
Meu sonho geral inclui que se leia muito e durante as aulas. E que os textos lidos sejam comentados e sejam do tipo que mexe com a cabeça dos alunos, que os colocam "pra cima", exigem que seus cérebros trabalhem (poemas, textos de divulgação científica, trechos exemplares de livros que possam mostrar diferenças de estilo de época e mudanças da língua, entre outros). E que as letras de música que eles eventualmente analisem não sejam da marca Michel Teló ‒ para isso não precisam sair de casa. Que sejam, por exemplo, como “Construção” (Chico Buarque), de um lado (até para falar com relevância das proparoxítonas, se se quiser), ou “Cuitelinho”, de outro.
Mas meu principal pequeno sonho tem a ver com escrita. Escreve-se mais hoje – com os aparelhos eletrônicos – do que nunca antes, o que gera um pouco de otimismo. Mas me refiro à escrita "trabalhada", discutida, analisada.
As aulas são para escrever e revisar textos. O professor no papel de revisor ou editor, exatamente como nas editoras, é bem mais interessante do que como simples corretor ou vigia da língua. É que as atividades em torno dos textos devem fazer sentido histórico. E a revisão tem esse sentido. Nossos alunos merecem aulas de verdade!
A educação do ser poético
Por que motivo as crianças, de modo geral, são poetas e, com o tempo, deixam de sê-lo? Será a poesia um estado de infância relacionada com a necessidade de jogo, a ausência de conhecimento livresco, a despreocupação com os mandamentos práticos de viver – estado de pureza da mente, em suma? [...] O que eu pediria à escola, se não me faltassem luzes pedagógicas, era considerar a poesia como primeira visão direta das coisas e, depois, como veículo de informação prática e teórica, preservando em cada aluno o fundo mágico, lúdico, intuitivo e criativo, que se identifica basicamente com a sensibilidade poética. [...] E a arte, como a educação e tudo o mais, que fim mais alto pode ter em mira senão este, de contribuir para a educação do ser humano à vida, o que, numa palavra, se chama felicidade?
ANDRADE, C. Drummond. A educação do ser poético. In: Jornal do Brasil, Rio de Janeiro.
20 jul. 1974.
Verbete "Letramento literário"
Rildo Cossom
Letramento literário é o processo de apropriação da literatura enquanto linguagem. Para entendermos melhor essa definição sintética, é preciso que tenhamos bem claros os seus termos. Primeiro, o processo, que é a ideia de ato contínuo, de algo que está em movimento, que não se fecha. Com isso, precisamos entender que o letramento literário começa com as cantigas de ninar e continua por toda nossa vida a cada romance lido, a cada novela ou filme assistido. Depois, que é um processo de apropriação, ou seja, refere-se ao ato de tomar algo para si, de fazer alguma coisa se tornar própria, de fazê-la pertencer à pessoa, de internalizar ao ponto daquela coisa ser sua. É isso que sentimos quando lemos um poema e ele nos dá palavras para dizer o que não conseguíamos expressar antes.
Também nos apropriamos literariamente de um romance quando aprendemos com um personagem que há mais de um modo de percorrer os caminhos da vida. Por fim, é um processo de apropriação da literatura enquanto linguagem, ou da linguagem literária. Neste caso, não se trata simplesmente de um conjunto de obras consideradas relevantes, nem o conhecimento de uma área específica, mas sim de um modo muito singular de construir sentidos que é a linguagem literária. Essa singularidade da linguagem literária, diferentemente de outros usos da linguagem humana, vem da intensidade da interação com a palavra que é só palavra e da experiência libertária de ser e viver que proporciona. Na prática pedagógica, o letramento literário pode ser efetivado de várias maneiras, mas há quatro características que lhe são fundamentais. Em primeiro lugar, não há letramento literário sem o contato direto do leitor com a obra, ou seja, é preciso dar ao aluno a oportunidade de interagir ele mesmo com as obras literárias. Depois, o processo do letramento literário passa necessariamente pela construção de uma comunidade de leitores, isto é, um espaço de compartilhamento de leituras no qual há circulação de textos e respeito pelo interesse e pelo grau de dificuldade que o aluno possa ter em relação à leitura das obras. Também precisa ter como objetivo a ampliação do repertório literário, cabendo ao professor acolher no espaço escolar as mais diversas manifestações culturais, reconhecendo que a literatura se faz presente não apenas nos textos escritos, mas também em outros tantos suportes e meios. Finalmente, tal objetivo é atingido quando se oferecem atividades sistematizadas e contínuas direcionadas para o desenvolvimento da competência literária, cumprindo-se, assim, o papel da escola de formar o leitor literário.
Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/letramento-literario>
Verbete "Letramento literário"
Rildo Cossom
Letramento literário é o processo de apropriação da literatura enquanto linguagem. Para entendermos melhor essa definição sintética, é preciso que tenhamos bem claros os seus termos. Primeiro, o processo, que é a ideia de ato contínuo, de algo que está em movimento, que não se fecha. Com isso, precisamos entender que o letramento literário começa com as cantigas de ninar e continua por toda nossa vida a cada romance lido, a cada novela ou filme assistido. Depois, que é um processo de apropriação, ou seja, refere-se ao ato de tomar algo para si, de fazer alguma coisa se tornar própria, de fazê-la pertencer à pessoa, de internalizar ao ponto daquela coisa ser sua. É isso que sentimos quando lemos um poema e ele nos dá palavras para dizer o que não conseguíamos expressar antes.
Também nos apropriamos literariamente de um romance quando aprendemos com um personagem que há mais de um modo de percorrer os caminhos da vida. Por fim, é um processo de apropriação da literatura enquanto linguagem, ou da linguagem literária. Neste caso, não se trata simplesmente de um conjunto de obras consideradas relevantes, nem o conhecimento de uma área específica, mas sim de um modo muito singular de construir sentidos que é a linguagem literária. Essa singularidade da linguagem literária, diferentemente de outros usos da linguagem humana, vem da intensidade da interação com a palavra que é só palavra e da experiência libertária de ser e viver que proporciona. Na prática pedagógica, o letramento literário pode ser efetivado de várias maneiras, mas há quatro características que lhe são fundamentais. Em primeiro lugar, não há letramento literário sem o contato direto do leitor com a obra, ou seja, é preciso dar ao aluno a oportunidade de interagir ele mesmo com as obras literárias. Depois, o processo do letramento literário passa necessariamente pela construção de uma comunidade de leitores, isto é, um espaço de compartilhamento de leituras no qual há circulação de textos e respeito pelo interesse e pelo grau de dificuldade que o aluno possa ter em relação à leitura das obras. Também precisa ter como objetivo a ampliação do repertório literário, cabendo ao professor acolher no espaço escolar as mais diversas manifestações culturais, reconhecendo que a literatura se faz presente não apenas nos textos escritos, mas também em outros tantos suportes e meios. Finalmente, tal objetivo é atingido quando se oferecem atividades sistematizadas e contínuas direcionadas para o desenvolvimento da competência literária, cumprindo-se, assim, o papel da escola de formar o leitor literário.
Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/letramento-literario>
Verbete "Letramento literário"
Rildo Cossom
Letramento literário é o processo de apropriação da literatura enquanto linguagem. Para entendermos melhor essa definição sintética, é preciso que tenhamos bem claros os seus termos. Primeiro, o processo, que é a ideia de ato contínuo, de algo que está em movimento, que não se fecha. Com isso, precisamos entender que o letramento literário começa com as cantigas de ninar e continua por toda nossa vida a cada romance lido, a cada novela ou filme assistido. Depois, que é um processo de apropriação, ou seja, refere-se ao ato de tomar algo para si, de fazer alguma coisa se tornar própria, de fazê-la pertencer à pessoa, de internalizar ao ponto daquela coisa ser sua. É isso que sentimos quando lemos um poema e ele nos dá palavras para dizer o que não conseguíamos expressar antes.
Também nos apropriamos literariamente de um romance quando aprendemos com um personagem que há mais de um modo de percorrer os caminhos da vida. Por fim, é um processo de apropriação da literatura enquanto linguagem, ou da linguagem literária. Neste caso, não se trata simplesmente de um conjunto de obras consideradas relevantes, nem o conhecimento de uma área específica, mas sim de um modo muito singular de construir sentidos que é a linguagem literária. Essa singularidade da linguagem literária, diferentemente de outros usos da linguagem humana, vem da intensidade da interação com a palavra que é só palavra e da experiência libertária de ser e viver que proporciona. Na prática pedagógica, o letramento literário pode ser efetivado de várias maneiras, mas há quatro características que lhe são fundamentais. Em primeiro lugar, não há letramento literário sem o contato direto do leitor com a obra, ou seja, é preciso dar ao aluno a oportunidade de interagir ele mesmo com as obras literárias. Depois, o processo do letramento literário passa necessariamente pela construção de uma comunidade de leitores, isto é, um espaço de compartilhamento de leituras no qual há circulação de textos e respeito pelo interesse e pelo grau de dificuldade que o aluno possa ter em relação à leitura das obras. Também precisa ter como objetivo a ampliação do repertório literário, cabendo ao professor acolher no espaço escolar as mais diversas manifestações culturais, reconhecendo que a literatura se faz presente não apenas nos textos escritos, mas também em outros tantos suportes e meios. Finalmente, tal objetivo é atingido quando se oferecem atividades sistematizadas e contínuas direcionadas para o desenvolvimento da competência literária, cumprindo-se, assim, o papel da escola de formar o leitor literário.
Disponível em: <http://ceale.fae.ufmg.br/app/webroot/glossarioceale/verbetes/letramento-literario>
Na Finlândia, escolas trocam letra de mão por digitação
Bianca Bibiano
A Finlândia, referência mundial pela qualidade da educação básica, decidiu decretar o fim de uma era: a partir do ano letivo de 2016, as escolas não serão mais obrigadas a ensinar seus alunos a escrever com letra cursiva, mais conhecida como letra de mão. Em vez disso, crianças e adolescentes terão mais atividades de digitação.
Segundo Minna Harmanen, presidente do Conselho Nacional de Educação da Finlândia, a mudança não significa que o país vai deixar de ensinar as crianças a escrever à mão, mas sim que as escolas vão priorizar o ensino das letras de fôrma, também chamadas de letra bastão, presente nos textos digitais. "A escrita à mão está ligada ao desenvolvimento da coordenação motora e da memória, mas sabemos que a letra cursiva, muito pessoal de cada pessoa, dificulta a alfabetização", explicou a presidente do Conselho.
Por anos, a Finlândia foi apontada como o país com a melhor educação do mundo. O currículo estruturado e a autonomia dada aos professores para inovar em metodologias de ensino são apontados como os principais responsáveis pelo sucesso dos alunos finlandeses. No último PISA, avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mede o desempenho de estudantes em 63 nações e economias mundiais, o país ficou em 5º lugar em ciências e 6º em linguagem. As primeiras posições ficaram para economias asiáticas, com Xangai no topo da lista. O Brasil, por sua vez, ficou entre as últimas posições.
De acordo com a conselheira que atua junto ao Ministério da Educação da Finlândia para traçar as diretrizes curriculares do país, a mudança também prevê que os estudantes tenham mais aulas de digitação no tempo em que atualmente estudam letras cursivas. "A razão mais importante para a mudança é que a escrita cursiva não é mais tão utilizada, mesmo na escola. Os alunos usam cada vez menos o caderno e mais livros de exercícios, onde escrevem menos. No futuro, na vida profissional, a escrita cursiva dará lugar à digitação, por isso habilidades de digitação são tão importantes." Ainda segundo Minna, as escolas que desejarem terão liberdade para manter aulas de caligrafia, mas que serão vistas como disciplinas optativas.
Impacto no cérebro - De acordo com a neurobióloga Marta Relvas, professora da Universidade Estácio de Sá e membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, abolir o ensino de letra cursiva na escola não impacta o desenvolvimento cerebral das crianças. "A letra cursiva é uma representação cultural. São símbolos que aprendemos a identificar como letras para formar palavras, da mesma forma que os japoneses utilizam os kanji e outros alfabetos para compor seu idioma", explica.
Segundo Marta, o sistema cognitivo localizado no lado esquerdo do cérebro, onde estão concentradas a fala, a escrita e a coordenação motora fina, não tem relação direta com o tipo de letra usada na escrita. "Essa área do cérebro se desenvolve com a escrita à mão, mas não porque ela é feita com um tipo de letra específica, e sim pela atividade mental exercida nessa função". O ideal, ela explica, é que os educadores considerem tanto a escrita à mão quanto a digitação nas aulas. "Os professores precisam ter flexibilidade. A única implicação da letra cursiva ser obrigatória é que antes a comunicação era feita por cartas, mas hoje os alunos não dependem apenas desse recurso para se comunicar."
Nos Estados Unidos, o movimento para abolir a letra cursiva também está ganhando força. Em alguns estados americanos, os estudantes só aprendem letra de fôrma. "O importante é que os estudantes aprendam a se comunicar e a usar o idioma com clareza, mas o tipo de letra vai depender apenas da cultura em que ele está inserido", completa.
"A escrita à mão é uma tradição, mas quais tradições não estão mudando?", resume a finlandesa Minna Harmanen.
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/fim-de-uma-era-escolas-fin-landesas-trocam-letra-de-mao-por-aulas-de-digitacao>
Na Finlândia, escolas trocam letra de mão por digitação
Bianca Bibiano
A Finlândia, referência mundial pela qualidade da educação básica, decidiu decretar o fim de uma era: a partir do ano letivo de 2016, as escolas não serão mais obrigadas a ensinar seus alunos a escrever com letra cursiva, mais conhecida como letra de mão. Em vez disso, crianças e adolescentes terão mais atividades de digitação.
Segundo Minna Harmanen, presidente do Conselho Nacional de Educação da Finlândia, a mudança não significa que o país vai deixar de ensinar as crianças a escrever à mão, mas sim que as escolas vão priorizar o ensino das letras de fôrma, também chamadas de letra bastão, presente nos textos digitais. "A escrita à mão está ligada ao desenvolvimento da coordenação motora e da memória, mas sabemos que a letra cursiva, muito pessoal de cada pessoa, dificulta a alfabetização", explicou a presidente do Conselho.
Por anos, a Finlândia foi apontada como o país com a melhor educação do mundo. O currículo estruturado e a autonomia dada aos professores para inovar em metodologias de ensino são apontados como os principais responsáveis pelo sucesso dos alunos finlandeses. No último PISA, avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mede o desempenho de estudantes em 63 nações e economias mundiais, o país ficou em 5º lugar em ciências e 6º em linguagem. As primeiras posições ficaram para economias asiáticas, com Xangai no topo da lista. O Brasil, por sua vez, ficou entre as últimas posições.
De acordo com a conselheira que atua junto ao Ministério da Educação da Finlândia para traçar as diretrizes curriculares do país, a mudança também prevê que os estudantes tenham mais aulas de digitação no tempo em que atualmente estudam letras cursivas. "A razão mais importante para a mudança é que a escrita cursiva não é mais tão utilizada, mesmo na escola. Os alunos usam cada vez menos o caderno e mais livros de exercícios, onde escrevem menos. No futuro, na vida profissional, a escrita cursiva dará lugar à digitação, por isso habilidades de digitação são tão importantes." Ainda segundo Minna, as escolas que desejarem terão liberdade para manter aulas de caligrafia, mas que serão vistas como disciplinas optativas.
Impacto no cérebro - De acordo com a neurobióloga Marta Relvas, professora da Universidade Estácio de Sá e membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, abolir o ensino de letra cursiva na escola não impacta o desenvolvimento cerebral das crianças. "A letra cursiva é uma representação cultural. São símbolos que aprendemos a identificar como letras para formar palavras, da mesma forma que os japoneses utilizam os kanji e outros alfabetos para compor seu idioma", explica.
Segundo Marta, o sistema cognitivo localizado no lado esquerdo do cérebro, onde estão concentradas a fala, a escrita e a coordenação motora fina, não tem relação direta com o tipo de letra usada na escrita. "Essa área do cérebro se desenvolve com a escrita à mão, mas não porque ela é feita com um tipo de letra específica, e sim pela atividade mental exercida nessa função". O ideal, ela explica, é que os educadores considerem tanto a escrita à mão quanto a digitação nas aulas. "Os professores precisam ter flexibilidade. A única implicação da letra cursiva ser obrigatória é que antes a comunicação era feita por cartas, mas hoje os alunos não dependem apenas desse recurso para se comunicar."
Nos Estados Unidos, o movimento para abolir a letra cursiva também está ganhando força. Em alguns estados americanos, os estudantes só aprendem letra de fôrma. "O importante é que os estudantes aprendam a se comunicar e a usar o idioma com clareza, mas o tipo de letra vai depender apenas da cultura em que ele está inserido", completa.
"A escrita à mão é uma tradição, mas quais tradições não estão mudando?", resume a finlandesa Minna Harmanen.
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/fim-de-uma-era-escolas-fin-landesas-trocam-letra-de-mao-por-aulas-de-digitacao>
Na Finlândia, escolas trocam letra de mão por digitação
Bianca Bibiano
A Finlândia, referência mundial pela qualidade da educação básica, decidiu decretar o fim de uma era: a partir do ano letivo de 2016, as escolas não serão mais obrigadas a ensinar seus alunos a escrever com letra cursiva, mais conhecida como letra de mão. Em vez disso, crianças e adolescentes terão mais atividades de digitação.
Segundo Minna Harmanen, presidente do Conselho Nacional de Educação da Finlândia, a mudança não significa que o país vai deixar de ensinar as crianças a escrever à mão, mas sim que as escolas vão priorizar o ensino das letras de fôrma, também chamadas de letra bastão, presente nos textos digitais. "A escrita à mão está ligada ao desenvolvimento da coordenação motora e da memória, mas sabemos que a letra cursiva, muito pessoal de cada pessoa, dificulta a alfabetização", explicou a presidente do Conselho.
Por anos, a Finlândia foi apontada como o país com a melhor educação do mundo. O currículo estruturado e a autonomia dada aos professores para inovar em metodologias de ensino são apontados como os principais responsáveis pelo sucesso dos alunos finlandeses. No último PISA, avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mede o desempenho de estudantes em 63 nações e economias mundiais, o país ficou em 5º lugar em ciências e 6º em linguagem. As primeiras posições ficaram para economias asiáticas, com Xangai no topo da lista. O Brasil, por sua vez, ficou entre as últimas posições.
De acordo com a conselheira que atua junto ao Ministério da Educação da Finlândia para traçar as diretrizes curriculares do país, a mudança também prevê que os estudantes tenham mais aulas de digitação no tempo em que atualmente estudam letras cursivas. "A razão mais importante para a mudança é que a escrita cursiva não é mais tão utilizada, mesmo na escola. Os alunos usam cada vez menos o caderno e mais livros de exercícios, onde escrevem menos. No futuro, na vida profissional, a escrita cursiva dará lugar à digitação, por isso habilidades de digitação são tão importantes." Ainda segundo Minna, as escolas que desejarem terão liberdade para manter aulas de caligrafia, mas que serão vistas como disciplinas optativas.
Impacto no cérebro - De acordo com a neurobióloga Marta Relvas, professora da Universidade Estácio de Sá e membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, abolir o ensino de letra cursiva na escola não impacta o desenvolvimento cerebral das crianças. "A letra cursiva é uma representação cultural. São símbolos que aprendemos a identificar como letras para formar palavras, da mesma forma que os japoneses utilizam os kanji e outros alfabetos para compor seu idioma", explica.
Segundo Marta, o sistema cognitivo localizado no lado esquerdo do cérebro, onde estão concentradas a fala, a escrita e a coordenação motora fina, não tem relação direta com o tipo de letra usada na escrita. "Essa área do cérebro se desenvolve com a escrita à mão, mas não porque ela é feita com um tipo de letra específica, e sim pela atividade mental exercida nessa função". O ideal, ela explica, é que os educadores considerem tanto a escrita à mão quanto a digitação nas aulas. "Os professores precisam ter flexibilidade. A única implicação da letra cursiva ser obrigatória é que antes a comunicação era feita por cartas, mas hoje os alunos não dependem apenas desse recurso para se comunicar."
Nos Estados Unidos, o movimento para abolir a letra cursiva também está ganhando força. Em alguns estados americanos, os estudantes só aprendem letra de fôrma. "O importante é que os estudantes aprendam a se comunicar e a usar o idioma com clareza, mas o tipo de letra vai depender apenas da cultura em que ele está inserido", completa.
"A escrita à mão é uma tradição, mas quais tradições não estão mudando?", resume a finlandesa Minna Harmanen.
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/fim-de-uma-era-escolas-fin-landesas-trocam-letra-de-mao-por-aulas-de-digitacao>
Na Finlândia, escolas trocam letra de mão por digitação
Bianca Bibiano
A Finlândia, referência mundial pela qualidade da educação básica, decidiu decretar o fim de uma era: a partir do ano letivo de 2016, as escolas não serão mais obrigadas a ensinar seus alunos a escrever com letra cursiva, mais conhecida como letra de mão. Em vez disso, crianças e adolescentes terão mais atividades de digitação.
Segundo Minna Harmanen, presidente do Conselho Nacional de Educação da Finlândia, a mudança não significa que o país vai deixar de ensinar as crianças a escrever à mão, mas sim que as escolas vão priorizar o ensino das letras de fôrma, também chamadas de letra bastão, presente nos textos digitais. "A escrita à mão está ligada ao desenvolvimento da coordenação motora e da memória, mas sabemos que a letra cursiva, muito pessoal de cada pessoa, dificulta a alfabetização", explicou a presidente do Conselho.
Por anos, a Finlândia foi apontada como o país com a melhor educação do mundo. O currículo estruturado e a autonomia dada aos professores para inovar em metodologias de ensino são apontados como os principais responsáveis pelo sucesso dos alunos finlandeses. No último PISA, avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) que mede o desempenho de estudantes em 63 nações e economias mundiais, o país ficou em 5º lugar em ciências e 6º em linguagem. As primeiras posições ficaram para economias asiáticas, com Xangai no topo da lista. O Brasil, por sua vez, ficou entre as últimas posições.
De acordo com a conselheira que atua junto ao Ministério da Educação da Finlândia para traçar as diretrizes curriculares do país, a mudança também prevê que os estudantes tenham mais aulas de digitação no tempo em que atualmente estudam letras cursivas. "A razão mais importante para a mudança é que a escrita cursiva não é mais tão utilizada, mesmo na escola. Os alunos usam cada vez menos o caderno e mais livros de exercícios, onde escrevem menos. No futuro, na vida profissional, a escrita cursiva dará lugar à digitação, por isso habilidades de digitação são tão importantes." Ainda segundo Minna, as escolas que desejarem terão liberdade para manter aulas de caligrafia, mas que serão vistas como disciplinas optativas.
Impacto no cérebro - De acordo com a neurobióloga Marta Relvas, professora da Universidade Estácio de Sá e membro da Sociedade Brasileira de Neurociência e Comportamento, abolir o ensino de letra cursiva na escola não impacta o desenvolvimento cerebral das crianças. "A letra cursiva é uma representação cultural. São símbolos que aprendemos a identificar como letras para formar palavras, da mesma forma que os japoneses utilizam os kanji e outros alfabetos para compor seu idioma", explica.
Segundo Marta, o sistema cognitivo localizado no lado esquerdo do cérebro, onde estão concentradas a fala, a escrita e a coordenação motora fina, não tem relação direta com o tipo de letra usada na escrita. "Essa área do cérebro se desenvolve com a escrita à mão, mas não porque ela é feita com um tipo de letra específica, e sim pela atividade mental exercida nessa função". O ideal, ela explica, é que os educadores considerem tanto a escrita à mão quanto a digitação nas aulas. "Os professores precisam ter flexibilidade. A única implicação da letra cursiva ser obrigatória é que antes a comunicação era feita por cartas, mas hoje os alunos não dependem apenas desse recurso para se comunicar."
Nos Estados Unidos, o movimento para abolir a letra cursiva também está ganhando força. Em alguns estados americanos, os estudantes só aprendem letra de fôrma. "O importante é que os estudantes aprendam a se comunicar e a usar o idioma com clareza, mas o tipo de letra vai depender apenas da cultura em que ele está inserido", completa.
"A escrita à mão é uma tradição, mas quais tradições não estão mudando?", resume a finlandesa Minna Harmanen.
Disponível em:<http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/fim-de-uma-era-escolas-fin-landesas-trocam-letra-de-mao-por-aulas-de-digitacao>
Circula na comunidade acadêmica, para debate e avaliação, a proposta do documento Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que define “os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na Educação Básica, ano a ano, desde o ingresso na Creche até o final do Ensino Médio” (BRASIL, 2015). Tal documento orienta todas as áreas de conhecimento, como é o caso da Área de Linguagens, que inclui a Língua Portuguesa e a Língua Estrangeira. Nesse documento, no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa, a análise linguística é o eixo que
perpassa todos os demais, em diferentes níveis, de acordo com a etapa da escolaridade. No ciclo de alfabetização, ganha destaque a compreensão e o domínio do sistema alfabético/ortográfico e, à medida que se avança na escolaridade, a reflexão sobre os recursos linguísticos que envolvem as práticas de leitura, escrita e oralidade vai se aprofundando, a partir da análise de elementos presentes nos textos, incluindo aspectos relativos à normatividade em diferentes situações formais de uso da língua. Destacam-se, segundo essa perspectiva, a reflexão acerca da materialidade do texto (seleção lexical, recursos morfossintáticos, sinais gráficos, diagramação, dentre outros aspectos) e a apropriação de estratégias de exploração dos elementos constitutivos da textualidade (unidade e progressão temática, articulação entre partes, modos de composição tipológica, intertextualidade e polifonia, argumentatividade, planos enunciativos, relações entre recursos de coesão e coerência, dentre outros).
Considera-se a língua como um polissistema que agrega múltiplas variedades, conforme a situação social de uso da oralidade, da leitura e da escrita. A consciência da variação e das mudanças da língua e a valorização de todas as variedades como possuidoras de uma gramática eficaz e legítima são, portanto, determinantes para a forma de condução do trabalho voltado para os conhecimentos linguísticos pelo/a professor/a. A valorização das diferentes variedades da língua implica a valorização das diferentes identidades sociais.
A abordagem de categorias gramaticais (fonéticas/fonológicas, morfológicas, sintáticas, morfossintáticas) e de convenções da escrita (concordância, regência, ortografia, pontuação, acentuação etc.) deve vir a serviço da compreensão oral e escrita e da produção oral e escrita, e não o contrário. Dessa forma, os aspectos linguísticos abordados em atividades de leitura, escrita e oralidade podem ampliar os conhecimentos dos/as estudantes em relação a variedades que eles/as não dominam ainda, sem desqualificar as variedades de origem. Conforme o avanço na escolaridade, é esperado um aumento gradativo do nível de sistematização e de utilização de categorias gramaticais, sempre na perspectiva do USO-REFLEXÃO-USO, e não, vale repetir, da acumulação de um rol de conteúdos desconectados das práticas sociodiscursivas da linguagem.
Circula na comunidade acadêmica, para debate e avaliação, a proposta do documento Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que define “os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na Educação Básica, ano a ano, desde o ingresso na Creche até o final do Ensino Médio” (BRASIL, 2015). Tal documento orienta todas as áreas de conhecimento, como é o caso da Área de Linguagens, que inclui a Língua Portuguesa e a Língua Estrangeira. Nesse documento, no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa, a análise linguística é o eixo que
perpassa todos os demais, em diferentes níveis, de acordo com a etapa da escolaridade. No ciclo de alfabetização, ganha destaque a compreensão e o domínio do sistema alfabético/ortográfico e, à medida que se avança na escolaridade, a reflexão sobre os recursos linguísticos que envolvem as práticas de leitura, escrita e oralidade vai se aprofundando, a partir da análise de elementos presentes nos textos, incluindo aspectos relativos à normatividade em diferentes situações formais de uso da língua. Destacam-se, segundo essa perspectiva, a reflexão acerca da materialidade do texto (seleção lexical, recursos morfossintáticos, sinais gráficos, diagramação, dentre outros aspectos) e a apropriação de estratégias de exploração dos elementos constitutivos da textualidade (unidade e progressão temática, articulação entre partes, modos de composição tipológica, intertextualidade e polifonia, argumentatividade, planos enunciativos, relações entre recursos de coesão e coerência, dentre outros).
Considera-se a língua como um polissistema que agrega múltiplas variedades, conforme a situação social de uso da oralidade, da leitura e da escrita. A consciência da variação e das mudanças da língua e a valorização de todas as variedades como possuidoras de uma gramática eficaz e legítima são, portanto, determinantes para a forma de condução do trabalho voltado para os conhecimentos linguísticos pelo/a professor/a. A valorização das diferentes variedades da língua implica a valorização das diferentes identidades sociais.
A abordagem de categorias gramaticais (fonéticas/fonológicas, morfológicas, sintáticas, morfossintáticas) e de convenções da escrita (concordância, regência, ortografia, pontuação, acentuação etc.) deve vir a serviço da compreensão oral e escrita e da produção oral e escrita, e não o contrário. Dessa forma, os aspectos linguísticos abordados em atividades de leitura, escrita e oralidade podem ampliar os conhecimentos dos/as estudantes em relação a variedades que eles/as não dominam ainda, sem desqualificar as variedades de origem. Conforme o avanço na escolaridade, é esperado um aumento gradativo do nível de sistematização e de utilização de categorias gramaticais, sempre na perspectiva do USO-REFLEXÃO-USO, e não, vale repetir, da acumulação de um rol de conteúdos desconectados das práticas sociodiscursivas da linguagem.
Circula na comunidade acadêmica, para debate e avaliação, a proposta do documento Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que define “os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na Educação Básica, ano a ano, desde o ingresso na Creche até o final do Ensino Médio” (BRASIL, 2015). Tal documento orienta todas as áreas de conhecimento, como é o caso da Área de Linguagens, que inclui a Língua Portuguesa e a Língua Estrangeira. Nesse documento, no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa, a análise linguística é o eixo que
perpassa todos os demais, em diferentes níveis, de acordo com a etapa da escolaridade. No ciclo de alfabetização, ganha destaque a compreensão e o domínio do sistema alfabético/ortográfico e, à medida que se avança na escolaridade, a reflexão sobre os recursos linguísticos que envolvem as práticas de leitura, escrita e oralidade vai se aprofundando, a partir da análise de elementos presentes nos textos, incluindo aspectos relativos à normatividade em diferentes situações formais de uso da língua. Destacam-se, segundo essa perspectiva, a reflexão acerca da materialidade do texto (seleção lexical, recursos morfossintáticos, sinais gráficos, diagramação, dentre outros aspectos) e a apropriação de estratégias de exploração dos elementos constitutivos da textualidade (unidade e progressão temática, articulação entre partes, modos de composição tipológica, intertextualidade e polifonia, argumentatividade, planos enunciativos, relações entre recursos de coesão e coerência, dentre outros).
Considera-se a língua como um polissistema que agrega múltiplas variedades, conforme a situação social de uso da oralidade, da leitura e da escrita. A consciência da variação e das mudanças da língua e a valorização de todas as variedades como possuidoras de uma gramática eficaz e legítima são, portanto, determinantes para a forma de condução do trabalho voltado para os conhecimentos linguísticos pelo/a professor/a. A valorização das diferentes variedades da língua implica a valorização das diferentes identidades sociais.
A abordagem de categorias gramaticais (fonéticas/fonológicas, morfológicas, sintáticas, morfossintáticas) e de convenções da escrita (concordância, regência, ortografia, pontuação, acentuação etc.) deve vir a serviço da compreensão oral e escrita e da produção oral e escrita, e não o contrário. Dessa forma, os aspectos linguísticos abordados em atividades de leitura, escrita e oralidade podem ampliar os conhecimentos dos/as estudantes em relação a variedades que eles/as não dominam ainda, sem desqualificar as variedades de origem. Conforme o avanço na escolaridade, é esperado um aumento gradativo do nível de sistematização e de utilização de categorias gramaticais, sempre na perspectiva do USO-REFLEXÃO-USO, e não, vale repetir, da acumulação de um rol de conteúdos desconectados das práticas sociodiscursivas da linguagem.
Circula na comunidade acadêmica, para debate e avaliação, a proposta do documento Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que define “os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na Educação Básica, ano a ano, desde o ingresso na Creche até o final do Ensino Médio” (BRASIL, 2015). Tal documento orienta todas as áreas de conhecimento, como é o caso da Área de Linguagens, que inclui a Língua Portuguesa e a Língua Estrangeira. Nesse documento, no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa, a análise linguística é o eixo que
perpassa todos os demais, em diferentes níveis, de acordo com a etapa da escolaridade. No ciclo de alfabetização, ganha destaque a compreensão e o domínio do sistema alfabético/ortográfico e, à medida que se avança na escolaridade, a reflexão sobre os recursos linguísticos que envolvem as práticas de leitura, escrita e oralidade vai se aprofundando, a partir da análise de elementos presentes nos textos, incluindo aspectos relativos à normatividade em diferentes situações formais de uso da língua. Destacam-se, segundo essa perspectiva, a reflexão acerca da materialidade do texto (seleção lexical, recursos morfossintáticos, sinais gráficos, diagramação, dentre outros aspectos) e a apropriação de estratégias de exploração dos elementos constitutivos da textualidade (unidade e progressão temática, articulação entre partes, modos de composição tipológica, intertextualidade e polifonia, argumentatividade, planos enunciativos, relações entre recursos de coesão e coerência, dentre outros).
Considera-se a língua como um polissistema que agrega múltiplas variedades, conforme a situação social de uso da oralidade, da leitura e da escrita. A consciência da variação e das mudanças da língua e a valorização de todas as variedades como possuidoras de uma gramática eficaz e legítima são, portanto, determinantes para a forma de condução do trabalho voltado para os conhecimentos linguísticos pelo/a professor/a. A valorização das diferentes variedades da língua implica a valorização das diferentes identidades sociais.
A abordagem de categorias gramaticais (fonéticas/fonológicas, morfológicas, sintáticas, morfossintáticas) e de convenções da escrita (concordância, regência, ortografia, pontuação, acentuação etc.) deve vir a serviço da compreensão oral e escrita e da produção oral e escrita, e não o contrário. Dessa forma, os aspectos linguísticos abordados em atividades de leitura, escrita e oralidade podem ampliar os conhecimentos dos/as estudantes em relação a variedades que eles/as não dominam ainda, sem desqualificar as variedades de origem. Conforme o avanço na escolaridade, é esperado um aumento gradativo do nível de sistematização e de utilização de categorias gramaticais, sempre na perspectiva do USO-REFLEXÃO-USO, e não, vale repetir, da acumulação de um rol de conteúdos desconectados das práticas sociodiscursivas da linguagem.
Circula na comunidade acadêmica, para debate e avaliação, a proposta do documento Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que define “os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na Educação Básica, ano a ano, desde o ingresso na Creche até o final do Ensino Médio” (BRASIL, 2015). Tal documento orienta todas as áreas de conhecimento, como é o caso da Área de Linguagens, que inclui a Língua Portuguesa e a Língua Estrangeira. Nesse documento, no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa, a análise linguística é o eixo que
perpassa todos os demais, em diferentes níveis, de acordo com a etapa da escolaridade. No ciclo de alfabetização, ganha destaque a compreensão e o domínio do sistema alfabético/ortográfico e, à medida que se avança na escolaridade, a reflexão sobre os recursos linguísticos que envolvem as práticas de leitura, escrita e oralidade vai se aprofundando, a partir da análise de elementos presentes nos textos, incluindo aspectos relativos à normatividade em diferentes situações formais de uso da língua. Destacam-se, segundo essa perspectiva, a reflexão acerca da materialidade do texto (seleção lexical, recursos morfossintáticos, sinais gráficos, diagramação, dentre outros aspectos) e a apropriação de estratégias de exploração dos elementos constitutivos da textualidade (unidade e progressão temática, articulação entre partes, modos de composição tipológica, intertextualidade e polifonia, argumentatividade, planos enunciativos, relações entre recursos de coesão e coerência, dentre outros).
Considera-se a língua como um polissistema que agrega múltiplas variedades, conforme a situação social de uso da oralidade, da leitura e da escrita. A consciência da variação e das mudanças da língua e a valorização de todas as variedades como possuidoras de uma gramática eficaz e legítima são, portanto, determinantes para a forma de condução do trabalho voltado para os conhecimentos linguísticos pelo/a professor/a. A valorização das diferentes variedades da língua implica a valorização das diferentes identidades sociais.
A abordagem de categorias gramaticais (fonéticas/fonológicas, morfológicas, sintáticas, morfossintáticas) e de convenções da escrita (concordância, regência, ortografia, pontuação, acentuação etc.) deve vir a serviço da compreensão oral e escrita e da produção oral e escrita, e não o contrário. Dessa forma, os aspectos linguísticos abordados em atividades de leitura, escrita e oralidade podem ampliar os conhecimentos dos/as estudantes em relação a variedades que eles/as não dominam ainda, sem desqualificar as variedades de origem. Conforme o avanço na escolaridade, é esperado um aumento gradativo do nível de sistematização e de utilização de categorias gramaticais, sempre na perspectiva do USO-REFLEXÃO-USO, e não, vale repetir, da acumulação de um rol de conteúdos desconectados das práticas sociodiscursivas da linguagem.
Circula na comunidade acadêmica, para debate e avaliação, a proposta do documento Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que define “os conhecimentos essenciais aos quais todos os estudantes brasileiros têm o direito de ter acesso e se apropriar durante sua trajetória na Educação Básica, ano a ano, desde o ingresso na Creche até o final do Ensino Médio” (BRASIL, 2015). Tal documento orienta todas as áreas de conhecimento, como é o caso da Área de Linguagens, que inclui a Língua Portuguesa e a Língua Estrangeira. Nesse documento, no que diz respeito ao ensino de língua portuguesa, a análise linguística é o eixo que
perpassa todos os demais, em diferentes níveis, de acordo com a etapa da escolaridade. No ciclo de alfabetização, ganha destaque a compreensão e o domínio do sistema alfabético/ortográfico e, à medida que se avança na escolaridade, a reflexão sobre os recursos linguísticos que envolvem as práticas de leitura, escrita e oralidade vai se aprofundando, a partir da análise de elementos presentes nos textos, incluindo aspectos relativos à normatividade em diferentes situações formais de uso da língua. Destacam-se, segundo essa perspectiva, a reflexão acerca da materialidade do texto (seleção lexical, recursos morfossintáticos, sinais gráficos, diagramação, dentre outros aspectos) e a apropriação de estratégias de exploração dos elementos constitutivos da textualidade (unidade e progressão temática, articulação entre partes, modos de composição tipológica, intertextualidade e polifonia, argumentatividade, planos enunciativos, relações entre recursos de coesão e coerência, dentre outros).
Considera-se a língua como um polissistema que agrega múltiplas variedades, conforme a situação social de uso da oralidade, da leitura e da escrita. A consciência da variação e das mudanças da língua e a valorização de todas as variedades como possuidoras de uma gramática eficaz e legítima são, portanto, determinantes para a forma de condução do trabalho voltado para os conhecimentos linguísticos pelo/a professor/a. A valorização das diferentes variedades da língua implica a valorização das diferentes identidades sociais.
A abordagem de categorias gramaticais (fonéticas/fonológicas, morfológicas, sintáticas, morfossintáticas) e de convenções da escrita (concordância, regência, ortografia, pontuação, acentuação etc.) deve vir a serviço da compreensão oral e escrita e da produção oral e escrita, e não o contrário. Dessa forma, os aspectos linguísticos abordados em atividades de leitura, escrita e oralidade podem ampliar os conhecimentos dos/as estudantes em relação a variedades que eles/as não dominam ainda, sem desqualificar as variedades de origem. Conforme o avanço na escolaridade, é esperado um aumento gradativo do nível de sistematização e de utilização de categorias gramaticais, sempre na perspectiva do USO-REFLEXÃO-USO, e não, vale repetir, da acumulação de um rol de conteúdos desconectados das práticas sociodiscursivas da linguagem.