Questões de Concurso Público MAPA 2023 para Químico

Foram encontradas 50 questões

Q2349808 Português

Para compreender a “Améfrica” e o “pretuguês”

Em texto de 1980, mas surpreendentemente atual, historiadora expõe contradição central na vida brasileira: mulheres negras são reduzidas a “mulatas, domésticas ou mães pretas”; mas sua presença deu forma e sentido ao país


         Foi então que uns brancos muito legais convidaram a gente prá uma festa deles, dizendo que era prá gente também. Negócio de livro sobre a gente, a gente foi muito bem recebido e tratado com toda consideração. Chamaram até prá sentar na mesa onde eles tavam sentados, fazendo discurso bonito, dizendo que a gente era oprimido, discriminado, explorado. Eram todos gente fina, educada, viajada por esse mundo de Deus. Sabiam das coisas. E a gente foi sentar lá na mesa. Só que tava cheia de gente que não deu prá gente sentar junto com eles. Mas a gente se arrumou muito bem, procurando umas cadeiras e sentando bem atrás deles. Eles tavam tão ocupados, ensinando um monte de coisa pro crioléu da plateia, que nem repararam que se apertasse um pouco até que dava prá abrir um espaçozinho e todo mundo sentar junto na mesa. Mas a festa foi eles que fizeram, e a gente não podia bagunçar com essa de chega prá cá, chega prá lá. A gente tinha que ser educado. E era discurso e mais discurso, tudo com muito aplauso. Foi aí que a neguinha que tava sentada com a gente, deu uma de atrevida. Tinham chamado ela prá responder uma pergunta. Ela se levantou, foi lá na mesa prá falar no microfone e começou a reclamar por causa de certas coisas que tavam acontecendo na festa. Tava armada a quizumba. A negrada parecia que tava esperando por isso prá bagunçar tudo. E era um tal de falar alto, gritar, vaiar, que nem dava prá ouvir discurso nenhum. Tá na cara que os brancos ficaram brancos de raiva e com razão. Tinham chamado a gente prá festa de um livro que falava da gente e a gente se comportava daquele jeito, catimbando a discurseira deles. Onde já se viu? Se eles sabiam da gente mais do que a gente mesmo? Se tavam ali, na maior boa vontade, ensinando uma porção de coisa prá gente da gente? Teve uma hora que não deu prá aguentar aquela zoada toda da negrada ignorante e mal educada. Era demais. Foi aí que um branco enfezado partiu prá cima de um crioulo que tinha pegado no microfone prá falar contra os brancos. E a festa acabou em briga… Agora, aqui prá nós, quem teve a culpa? Aquela neguinha atrevida, ora. Se não tivesse dado com a língua nos dentes… Agora tá queimada entre os brancos. Malham ela até hoje. Também quem mandou não saber se comportar? Não é a toa que eles vivem dizendo que “preto quando não caga na entrada, caga na saída”. 


GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Disponível em: <https://outraspalavras.net/eurocentrismoemxeque/para-compreender-a-

amefrica-e-o-pretugues/>. Acesso em: 10 nov. 2023. [Adaptado].

O termo “pretuguês” foi criado pela historiadora Lélia Gonzalez para problematizar a africanização do idioma falado no Brasil, o que a levou a adotá-lo na escrita de seus textos acadêmicos. Seu objetivo era ser entendida pelo povo, em uma clara oposição àqueles que defendiam o suposto purismo da língua portuguesa. Na extensa epígrafe que introduz o artigo da historiadora, há uma série de marcas linguísticas como ‘prá’ e ‘tavam’ que são, sob a ótica da norma padrão, compreendidas como erros a serem corrigidos. Nesse sentido, essa perspectiva normativa, em contraste com o posicionamento da autora, evidencia
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Q2349809 Português

Para compreender a “Améfrica” e o “pretuguês”

Em texto de 1980, mas surpreendentemente atual, historiadora expõe contradição central na vida brasileira: mulheres negras são reduzidas a “mulatas, domésticas ou mães pretas”; mas sua presença deu forma e sentido ao país


         Foi então que uns brancos muito legais convidaram a gente prá uma festa deles, dizendo que era prá gente também. Negócio de livro sobre a gente, a gente foi muito bem recebido e tratado com toda consideração. Chamaram até prá sentar na mesa onde eles tavam sentados, fazendo discurso bonito, dizendo que a gente era oprimido, discriminado, explorado. Eram todos gente fina, educada, viajada por esse mundo de Deus. Sabiam das coisas. E a gente foi sentar lá na mesa. Só que tava cheia de gente que não deu prá gente sentar junto com eles. Mas a gente se arrumou muito bem, procurando umas cadeiras e sentando bem atrás deles. Eles tavam tão ocupados, ensinando um monte de coisa pro crioléu da plateia, que nem repararam que se apertasse um pouco até que dava prá abrir um espaçozinho e todo mundo sentar junto na mesa. Mas a festa foi eles que fizeram, e a gente não podia bagunçar com essa de chega prá cá, chega prá lá. A gente tinha que ser educado. E era discurso e mais discurso, tudo com muito aplauso. Foi aí que a neguinha que tava sentada com a gente, deu uma de atrevida. Tinham chamado ela prá responder uma pergunta. Ela se levantou, foi lá na mesa prá falar no microfone e começou a reclamar por causa de certas coisas que tavam acontecendo na festa. Tava armada a quizumba. A negrada parecia que tava esperando por isso prá bagunçar tudo. E era um tal de falar alto, gritar, vaiar, que nem dava prá ouvir discurso nenhum. Tá na cara que os brancos ficaram brancos de raiva e com razão. Tinham chamado a gente prá festa de um livro que falava da gente e a gente se comportava daquele jeito, catimbando a discurseira deles. Onde já se viu? Se eles sabiam da gente mais do que a gente mesmo? Se tavam ali, na maior boa vontade, ensinando uma porção de coisa prá gente da gente? Teve uma hora que não deu prá aguentar aquela zoada toda da negrada ignorante e mal educada. Era demais. Foi aí que um branco enfezado partiu prá cima de um crioulo que tinha pegado no microfone prá falar contra os brancos. E a festa acabou em briga… Agora, aqui prá nós, quem teve a culpa? Aquela neguinha atrevida, ora. Se não tivesse dado com a língua nos dentes… Agora tá queimada entre os brancos. Malham ela até hoje. Também quem mandou não saber se comportar? Não é a toa que eles vivem dizendo que “preto quando não caga na entrada, caga na saída”. 


GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Disponível em: <https://outraspalavras.net/eurocentrismoemxeque/para-compreender-a-

amefrica-e-o-pretugues/>. Acesso em: 10 nov. 2023. [Adaptado].

Ainda no texto, ‘quizumba’ e ‘catimbando’ são exemplos de palavras de origem africana que foram incorporadas ao vocabulário da língua portuguesa. Qual é o processo linguístico que estuda e explica historicamente essa incorporação ao nosso vocabulário?
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Q2349810 Português

Para compreender a “Améfrica” e o “pretuguês”

Em texto de 1980, mas surpreendentemente atual, historiadora expõe contradição central na vida brasileira: mulheres negras são reduzidas a “mulatas, domésticas ou mães pretas”; mas sua presença deu forma e sentido ao país


         Foi então que uns brancos muito legais convidaram a gente prá uma festa deles, dizendo que era prá gente também. Negócio de livro sobre a gente, a gente foi muito bem recebido e tratado com toda consideração. Chamaram até prá sentar na mesa onde eles tavam sentados, fazendo discurso bonito, dizendo que a gente era oprimido, discriminado, explorado. Eram todos gente fina, educada, viajada por esse mundo de Deus. Sabiam das coisas. E a gente foi sentar lá na mesa. Só que tava cheia de gente que não deu prá gente sentar junto com eles. Mas a gente se arrumou muito bem, procurando umas cadeiras e sentando bem atrás deles. Eles tavam tão ocupados, ensinando um monte de coisa pro crioléu da plateia, que nem repararam que se apertasse um pouco até que dava prá abrir um espaçozinho e todo mundo sentar junto na mesa. Mas a festa foi eles que fizeram, e a gente não podia bagunçar com essa de chega prá cá, chega prá lá. A gente tinha que ser educado. E era discurso e mais discurso, tudo com muito aplauso. Foi aí que a neguinha que tava sentada com a gente, deu uma de atrevida. Tinham chamado ela prá responder uma pergunta. Ela se levantou, foi lá na mesa prá falar no microfone e começou a reclamar por causa de certas coisas que tavam acontecendo na festa. Tava armada a quizumba. A negrada parecia que tava esperando por isso prá bagunçar tudo. E era um tal de falar alto, gritar, vaiar, que nem dava prá ouvir discurso nenhum. Tá na cara que os brancos ficaram brancos de raiva e com razão. Tinham chamado a gente prá festa de um livro que falava da gente e a gente se comportava daquele jeito, catimbando a discurseira deles. Onde já se viu? Se eles sabiam da gente mais do que a gente mesmo? Se tavam ali, na maior boa vontade, ensinando uma porção de coisa prá gente da gente? Teve uma hora que não deu prá aguentar aquela zoada toda da negrada ignorante e mal educada. Era demais. Foi aí que um branco enfezado partiu prá cima de um crioulo que tinha pegado no microfone prá falar contra os brancos. E a festa acabou em briga… Agora, aqui prá nós, quem teve a culpa? Aquela neguinha atrevida, ora. Se não tivesse dado com a língua nos dentes… Agora tá queimada entre os brancos. Malham ela até hoje. Também quem mandou não saber se comportar? Não é a toa que eles vivem dizendo que “preto quando não caga na entrada, caga na saída”. 


GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Disponível em: <https://outraspalavras.net/eurocentrismoemxeque/para-compreender-a-

amefrica-e-o-pretugues/>. Acesso em: 10 nov. 2023. [Adaptado].

Pode-se afirmar que o efeito de sentido explorado pela autora em toda a extensão da epígrafe é
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Q2349811 Português
“ChatGPT, escreve uma Carta ao Leitor” 

    “A IA é apenas um reflexo de nós mesmos. É o resultado da nossa própria busca pela eficiência, pela evolução e pela perfeição. E, ao mesmo tempo em que nos permite alcançar novos patamares, também nos obriga a enfrentar novos desafios e a repensar nossa própria existência. (…) Espero que vocês, caros leitores, estejam prontos para embarcar nessa jornada.”
  O parágrafo acima foi escrito pelo ChatGPT. Pedi “um texto para a seção ‘carta ao leitor’, da revista Superinteressante, sobre inteligência artificial”, e esse foi o melhor pedaço. Um texto adequado ao estilo da Super. E inédito. A frase mais inspirada ali, “a IA é apenas um reflexo de nós mesmos”, não aparece em português no Google. Em inglês (AI is just a reflection of ourselves), são só duas menções. O ponto é que o algoritmo sabe reconhecer palavras que costumam aparecer no mesmo contexto com muita frequência, caso do trecho “apenas um reflexo de nós mesmos” (zilhões de menções no Google, em qualquer idioma). E consegue aplicá-las a um assunto aleatório (inteligência artificial, nesse caso) de forma lógica – graças ao poder de examinar instantaneamente bilhões de textos produzidos ao longo da história da humanidade e mapear as relações entre as palavras dentro de cada um deles.
     A real é que o ChatGPT escreve sobre basicamente qualquer assunto, em qualquer estilo. E cada pedido entrega um resultado distinto. Requisite mil vezes um soneto sobre a relatividade geral, e você terá mil poemas diferentes a respeito da teoria de Einstein, já que cada resultado nasce de um novo mergulho no arcabouço do conhecimento humano.


VERSIGNASSI, Alexandre. “ChatGPT, escreve uma Carta ao Leitor”.
Disponível:<https://super.abril.com.br/coluna/alexandre-versignassi/chatgpt-
escreve-uma-carta-ao-leitor>.Acesso em: 10 nov. 2023. [Adaptado].
Na coluna assinada pelo diretor de redação da Revista Superinteressante, Alexandre Versignassi, evidencia-se o uso de um modalizador discursivo muito recorrente na escrita do gênero carta ao leitor, mas simulado pelo sistema de inteligência artificial ChatGPT. Esse modalizador, forjado pela tecnologia referenciada, é representado pelo uso da  
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Q2349812 Português
“ChatGPT, escreve uma Carta ao Leitor” 

    “A IA é apenas um reflexo de nós mesmos. É o resultado da nossa própria busca pela eficiência, pela evolução e pela perfeição. E, ao mesmo tempo em que nos permite alcançar novos patamares, também nos obriga a enfrentar novos desafios e a repensar nossa própria existência. (…) Espero que vocês, caros leitores, estejam prontos para embarcar nessa jornada.”
  O parágrafo acima foi escrito pelo ChatGPT. Pedi “um texto para a seção ‘carta ao leitor’, da revista Superinteressante, sobre inteligência artificial”, e esse foi o melhor pedaço. Um texto adequado ao estilo da Super. E inédito. A frase mais inspirada ali, “a IA é apenas um reflexo de nós mesmos”, não aparece em português no Google. Em inglês (AI is just a reflection of ourselves), são só duas menções. O ponto é que o algoritmo sabe reconhecer palavras que costumam aparecer no mesmo contexto com muita frequência, caso do trecho “apenas um reflexo de nós mesmos” (zilhões de menções no Google, em qualquer idioma). E consegue aplicá-las a um assunto aleatório (inteligência artificial, nesse caso) de forma lógica – graças ao poder de examinar instantaneamente bilhões de textos produzidos ao longo da história da humanidade e mapear as relações entre as palavras dentro de cada um deles.
     A real é que o ChatGPT escreve sobre basicamente qualquer assunto, em qualquer estilo. E cada pedido entrega um resultado distinto. Requisite mil vezes um soneto sobre a relatividade geral, e você terá mil poemas diferentes a respeito da teoria de Einstein, já que cada resultado nasce de um novo mergulho no arcabouço do conhecimento humano.


VERSIGNASSI, Alexandre. “ChatGPT, escreve uma Carta ao Leitor”.
Disponível:<https://super.abril.com.br/coluna/alexandre-versignassi/chatgpt-
escreve-uma-carta-ao-leitor>.Acesso em: 10 nov. 2023. [Adaptado].
No trecho: “Pedi “um texto para a seção ‘carta ao leitor’, da revista Superinteressante, sobre inteligência artificial”, e esse foi o melhor pedaço.”, o termo sublinhado, que é um pronome demonstrativo, estabelece a coesão referencial pelo processo da
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1: C
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3: A
4: B
5: C