Questões de Concurso Público Prefeitura de Cidade Ocidental - GO 2023 para Professor Nivel III - Historia
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Nada prova a priori que a escrita resulta em um relato da realidade mais fidedigno do que o testemunho oral transmitido de geração a geração. As crônicas das guerras modernas servem para mostrar que, como se diz (na África), cada partido ou nação “enxerga o meio‑dia da porta de sua casa” – através do prisma das paixões, da mentalidade particular, dos interesses ou, ainda; da avidez em justificar um ponto de vista. Além disso, os próprios documentos escritos nem sempre se mantiveram livres de falsificações ou alterações, intencionais ou não, ao passarem sucessivamente pelas mãos dos copistas – fenômeno que originou, entre outras, as controvérsias sobre as “Sagradas Escrituras”.
HAMPATÉ BÂ, A. A tradição viva. In: KI‑ZERBO, Joseph. História Geral da África. v.I. Brasília: UNESCO, 2010, p. 167-168).
Ao tratar da produção do conhecimento científico, o autor se posiciona em favor da
Langlois e Seignobos, historiadores franceses influentes na virada do século XIX para o XX, escrevem que a história se faz com documentos e, peremptórios, afirmam: onde não há documentos não há história. O historiador Ciro Flamarion Cardoso, ao analisar essa famosa passagem, menciona o que ela tem de atual, afinal as fontes históricas ocupam um lugar insubstituível na historiografia; porém, por outro lado, a produção historiográfica não é mais a mesma em relação àquela do final dos oitocentos.
CARVALHO, R. L. P. Apontamentos metodológicos. Revista HISTEDBR. Online, Campinas, n. 42, jun 2011, p. 297.
No sentido do texto, atualmente se enfatiza a necessidade de que o historiador
A reabilitação da biografia histórica integrou as aquisições da história social e cultural, oferecendo aos diferentes atores históricos uma importância diferenciada, distinta, individual. Mas não se tratava mais de fazer, simplesmente, a história dos grandes nomes, em formato hagiográfico — quase uma vida de santo —, sem problemas, nem máculas. Mas de examinar os atores (ou o ator) célebres ou não, como testemunhas, como reflexos, como reveladores de uma época.
DEL PRIORE, M. Biografia: quando o indivíduo encontra a história. Topoi, v. 10, n. 19, 2009, p. 9.
O texto apresenta a nova biografia histórica como uma possibilidade de
No seu nascedouro, a palavra “descolonização” já vem carregada de ideologia, parecendo definir um destino histórico dos povos colonizados: depois de ter colonizado, o europeu “descoloniza”, estando, pois, implícita a vontade do país colonizador de abrir mão de pretensos direitos adquiridos em determinado momento. A generalização do termo implica, de certa forma, a noção de que só a Europa possui uma história ou é capaz de elaborá-la. Os outros não têm história: nem passado a ser contado nem futuro a ser elaborado.
LINHARES, Maria Yedda Leite. Descolonização e lutas de libertação nacional. In: REIS FILHO, Daniel Aarão; FERREIRA, Jorge; ZENHA, Celeste (orgs.). O século XX. O tempo das dúvidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2000. v. 3, p. 41.
O texto apresenta uma crítica à história construída a partir de uma
Negros e indígenas estiveram presentes, e com importante atuação, nos processos históricos brasileiros desde o período colonial. Valorizar suas contribuições é dar significação às lutas desses povos e corrigir lacunas na formação histórica nacional, em oposição ao mito de uma suposta democracia racial, através da qual, segundo Freyre, a miscigenação étnica e cultural da formação da sociedade brasileira havia produzido um efeito democratizante na sociedade.
FONTENELE, Z. V. Práticas docentes no ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Indígena. Educ. Pesqui., São Paulo, v. 46, e204249, 2020, p. 7.
No sentido do texto, no ensino de história e cultura afrobrasileira e dos povos indígenas, os professores devem valorizar a
Considerados sedentários desde o fim do Paleolítico por não mais se deslocarem como antes, os homídeos do Neolítico desenvolveram ainda mais essa tendência ao tornarem a prática agrícola algo decisivo para a sua manutenção. Para essa prática, necessariamente, o solo passou a ser algo que não era só fonte de matérias-primas dispostas em sua superfície, mas que deveria ser manipulado para o plantio, notadamente, de plantas comestíveis, especialmente cereais.
NAVARRO, R. F. A Evolução dos Materiais. Parte 1: da Pré-história ao Início da Era Moderna. Revista Eletrônica de Materiais e Processos, v. 1, 2006, p. 4.
Para realizar suas atividades, o homem do período era capaz de produzir instrumentos de
Na Europa as tribos são diferentes umas das outras, tanto nas estaturas, quanto nas compleições, quanto nas virilidades. [...] Os que habitam uma região montanhosa, apical, elevada e abundante em água e as mudanças das estações lhes ocorrem diferenciadas; nestes casos, é normal que tenham aparência de grandes e sejam naturalmente propícios para o esforço e para a virilidade; e tais naturezas não têm menos selvageria e animalidade.
Hipócrates, apud: CAIRUS, H. F., RIBEIRO JR., W. Textos hipocráticos: o doente, o médico e a doença [online]. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2005, p. 111. [Adaptado]
O tratado de Hipócrates (séc. V a.C.) expõe uma percepção do homem fundada no determinismo
Poucas obras tiveram tanta repercussão historiográfica quanto a de Edward Gibbon. Desde então, historiadores da Antiguidade e medievalistas discutem sobre o período que corresponde à desarticulação do Ocidente imperial e à expansão do cristianismo e do islamismo. Até meados do século XX, prevaleceu a perspectiva pessimista, identificada pelo epítome de “declínio” imperial. Em reação a tais premissas desponta o conceito de Antiguidade Tardia que, ao enfatizar a noção de “transição”, atenua o conteúdo catastrófico das análises e dispensa noções correlatas, como a das “trevas” medievais.
SILVA, P. D. O debate historiográfico sobre a passagem da Antiguidade à Idade Média. Revista Signum, 2013, v. 14, n. 1, p. 73.
Contudo, o conceito de Antiguidade Tardia recebe críticas de historiadores que apontam que, ao privilegiar as noções associadas à continuidade, esse conceito acaba diluindo
Em verdade, o termo “Idade Média” se origina pela letra de seus primeiros detratores. Os primeiros a cunhar a expressão foram humanistas italianos que, em plenos séculos XIV-XV, contrapunham a depuração filológica, artística e arquitetônica de seu tempo àquela observada no período precedente, de modo a valorizar o primeiro. Assim, autores como Petrarca, Vasari e Andrea caracterizavam a medievalidade como “trevas”, verdadeiro interregno entre a Antiguidade e os tempos então “modernos”.
SILVA, P. D. O debate historiográfico sobre a passagem da Antiguidade à Idade Média. Revista Signum, 2013, v. 14, n. 1, p. 73.
De acordo com o texto, o conceito de Idade Média surgiu atrelado à
Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus, de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio a mortífera pestilência. Por iniciativa dos corpos superiores, ou em razão de nossas iniquidades, a peste, atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais, há alguns anos. Incansável, fora de um lugar para outro; e estendera-se, de forma miserável, para o Ocidente. Na cidade de Florença, nenhuma prevenção foi válida, nem valeu a pena qualquer providência dos homens.
BOCACCIO, Giovanni. Decamerão. São Paulo: Abril, 1979, p. 11. [Adaptado].
O texto se refere à peste negra, que teve como consequência