Moradores de cidades com maior espaço verde têm melhor saúde mental
Achado é de pesquisa que mostrou que, quanto maior o contato com a natureza, menor a chance de
desenvolver transtornos mentais
Gabriela Maraccini, 23/02/2024 às 11:47
Morar em cidade grande com maiores espaços de área verde, como parques, praças públicas e jardins,
pode ser benéfico para a saúde mental. Um novo estudo mostrou que moradores de áreas urbanas que
são mais expostos a espaços verdes apresentam melhor bem-estar mental. O estudo foi publicado no
"International Journal of Environmental Research and Public Health" no início de fevereiro e mostrou
que, quanto maior a exposição a áreas verdes urbanas, menor é a necessidade de serviços de saúde
mental, como consultas com psiquiatras e tratamentos para transtornos mentais.
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores da Escola de Saúde Pública da Texas A&M University
usaram uma ferramenta chamada NatureScore, que usa vários conjuntos de dados relacionados a
poluição atmosférica, sonora e luminosa, presença de parques e copas de árvores para calcular a
quantidade e qualidade de elementos naturais para qualquer endereço conhecido nos Estados Unidos e
outros países do mundo.
O NatureScore avalia a qualidade da exposição à natureza de acordo com a seguinte pontuação:
deficiente: 0 a 19 pontos; leve: de 20 a 40 pontos; adequada: de 40 a 60 pontos; rica: de 60 a 80 pontos;
utópica: de 80 a 100 pontos.
"A associação entre a exposição à natureza e uma melhor saúde mental está bem estabelecida nos
Estados Unidos e em outros lugares, mas a maioria dos estudos utiliza apenas uma ou duas medições
desta exposição", disse Jay Maddock, um dos autores do estudo em comunicado à imprensa. "Nosso
estudo foi o primeiro a usar o NatureScore, que fornece dados mais complexos, para estudar a
correlação entre a exposição à natureza urbana e a saúde mental"
Os investigadores também usaram dados sobre consultas de saúde mental contidos nos arquivos de
dados públicos de pacientes ambulatoriais do Texas Hospital, de 2014 a 2019. Neles, havia informações
como idade, sexo, raça/etnia, escolarização, situação profissional e socioeconômica, diagnóstico e CEP
do paciente. Ainda assim, a identidade dos pacientes não foi divulgada. Foram selecionados um total de
61.391.400 consultas ambulatoriais de adultos em cidades do Texas para depressão, transtornos
bipolares, estresse e ansiedade. Além disso, a pesquisa incluiu dados de 1.169 endereços na área urbana
do Texas, cuja nota média do NatureScore era de 85,8 pontos. Metade dos CEPs tinha notas elevadas
(acima de 80 pontos) e cerca de 22% tinham notas abaixo de 40 pontos.
Resultados do estudo
De acordo com o estudo, quanto maior era a pontuação de um bairro no NatureScore, menor era a
tendência de os moradores fazerem consultas ambulatoriais devido à saúde mental. Segundo os resultados, as taxas de consultas médicas foram 50% menores em bairros com pontuação acima de 60
pontos, em comparação com bairros que possuem pontuação mais baixa. "Descobrimos que um
NatureScore acima de 40 – considerado adequado – parece ser o limite para uma boa saúde mental",
disse Maddock. "As pessoas nesses bairros têm uma probabilidade 51% menor de desenvolver
depressão e uma probabilidade 63% menor de desenvolver transtornos bipolares".
Para Omar M. Makram, principal autor do estudo, essas descobertas podem ter implicações
importantes para o planejamento urbano. "Aumentar os espaços verdes nas cidades poderia promover
o bem-estar e a saúde mental, o que é extremamente importante, dado que mais de 22% da população
adulta nos Estados Unidos sofre de um distúrbio de saúde mental", disse ele, em comunicado.