Questões de Concurso Público BACEN 2006 para Analista do Banco Central - Área 1, Conhecimentos Gerais
Foram encontradas 50 questões
I. Uma das atribuições do Banco Central do Brasil é estabelecer as diretrizes gerais da política monetária, cambial e creditícia do Brasil.
II. Os bancos de investimento estão autorizados a receber depósitos à vista e a prazo do público e utilizá-los para o financiamento do capital de giro das empresas.
III.A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) tem por objetivo, entre outros, a regulamentação, a orientação e a fiscalização dos fundos de investimento.
IV. O Acordo de Basiléia foi assinado em 1998 e seu principal objetivo era o de regular a solvência das instituições financeiras por meio do aumento dos limites mínimos de capital próprio em função do total de aplicações de ativos de risco.
V.A CETIP – Câmara de Custódia e Liquidação é clearing exclusiva de títulos públicos que é administrada pela ANDIMA – Associação Nacional das Instituições do Mercado Financeiro.
Estão corretas:
P
P Q
P R S
Q R S T
Q R — — ?
Considerando que as letras K, W e Y não fazem parte do alfabeto oficial, então, de acordo com o critério estabelecido, a letra que deve substituir o ponto de interrogação é
Dos desenhos seguintes, aquele que pode ser encontrado na figura dada é
Seguindo esse padrão, o número X deve ser tal que
Com base nesse critério, a pedra de dominó que completa corretamente a sucessão é
Segundo esse padrão, a figura que deverá substituir corretamente o ponto de interrogação é
63(21)9; 186(18)31; 85( ? )17
O número que está faltando é
O anuário está para o ano, assim como as efemérides estão para ...
Lógica é o estudo das relações entre afirmações, não da verdade dessas afirmações. Um argumento é um conjunto de fatos e opiniões (premissas) que dão suporte a uma conclusão.
Isso não significa que as premissas ou a conclusão sejam necessariamente verdadeiras; entretanto, a análise dos argumentos permite que seja testada a nossa habilidade de pensar logicamente.
p: atuação compradora de dólares por parte do Banco Central;
q: fazer frente ao fluxo positivo.
Se p implica em q, então
Lógica é o estudo das relações entre afirmações, não da verdade dessas afirmações. Um argumento é um conjunto de fatos e opiniões (premissas) que dão suporte a uma conclusão.
Isso não significa que as premissas ou a conclusão sejam necessariamente verdadeiras; entretanto, a análise dos argumentos permite que seja testada a nossa habilidade de pensar logicamente.
empregados brasileiros será menor que a dos japoneses enquanto as empresas brasileiras não aderirem a programas que obriguem seus funcionários à prática de exercícios.
A conclusão dos argumentos é válida se assumirmos que
O segredo da acumulação primitiva neoliberal
Numa coluna publicada na Folha de São Paulo, o jornalista Elio Gaspari evocava o drama recente de um navio de crianças escravas errando ao largo da costa do Benin. Ao ler o texto – que era inspirado , o navio tornava-se uma metáfora de toda a África subsaariana: ilha à deriva, mistura de leprosário com campo de extermínio e reserva de mão-de-obra para migrações desesperadas.
Elio Gaspari propunha um termo para designar esse povo móvel e desesperado: “os cidadãos descartáveis”. “Massas de homens e mulheres são arrancados de seus meios de subsistência e jogados no mercado de trabalho como proletários livres, desprotegidos e sem direitos.” São palavras de Marx, quando ele descreve a “acumulação primitiva”, ou seja, o processo que, no século XVI, criou as condições necessárias ao surgimento do capitalismo.
Para que ganhássemos nosso mundo moderno, foi necessário, por exemplo, que os servos feudais fossem, à força, expropriados do pedacinho de terra que podiam cultivar para sustentar-se. Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidão, mas obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver
Quatro ou cinco séculos mais tarde, essa violência não deveria ter acabado? Ao que parece, o século XX pediu uma espécie de segunda rodada, um ajuste: a criação de sujeitos descartáveis globais para um capitalismo enfim global.
Simples continuação ou repetição? Talvez haja uma diferença – pequena, mas substancial – entre as massas do século XVI e os migrantes da globalização: as primeiras foram arrancadas de seus meios de subsistência, os segundos são expropriados de seu lugar pela violência da fome, por exemplo, mas quase sempre eles recebem em troca um devaneio. O protótipo poderia ser o prospecto que, um século atrás, seduzia os emigrantes europeus: sonhos de posse, de bem-estar e de ascensão social.
As condições para que o capitalismo invente sua versão neoliberal são subjetivas. A expropriação que torna essa passagem possível é psicológica: necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência, mas de nossa comunidade restrita, familiar e social, para sermos lançados numa procura infinita de status (e, hipoteticamente, de bem-estar) definido pelo acesso a bens e serviços. Arrancados de nós mesmos, deveremos querer ardentemente ser algo além do que somos.
Depois da liberdade de vender nossa força de
trabalho, a “acumulação primitiva” do neoliberalismo nos oferece a
liberdade de mudar e subir na vida, ou seja, de cultivar visões, sonhos e
devaneios de aventura e sucesso. E, desde o prospecto do emigrante, a
oferta vem se aprimorando. A partir dos anos 60, a televisão forneceu os
sonhos para que o campo não só
devesse, mas quisesse, ir para a cidade.
O requisito para que a máquina neoliberal funcione é mais
refinado do que a venda dos mesmos sabonetes ou filmes para todos.
Trata-se de alimentar um sonho infinito de perfectibilidade
e,
portanto, uma insatisfação radical. Não é pouca coisa: é necessário
promover e vender objetos e serviços por eles serem indispensáveis para
alcançarmos nossos ideais de status, de bem-estar e de felicidade, mas, ao mesmo tempo, é preciso que toda satisfação conclusiva permaneça impossível.
Para fomentar o sujeito neoliberal, o que importa não é lhe vender mais uma roupa, uma cortina ou uma lipoaspiração; é alimentar nele sonhos de elegância perfeita, casa perfeita e corpo perfeito. Pois esses sonhos perpetuam o sentimento de nossa inadequação e garantem, assim, que ele seja parte inalterável, definidora, da personalidade contemporânea.
Melhor deixar como está. No entanto, a
coisa não fica bem. Do meu pequeno observatório psicanalítico, parece
que o permanente sentimento de inadequação faz do sujeito neoliberal
uma
espécie de sonhador descartável, que corre atrás da miragem de sua
felicidade como um trem descontrolado, sem condutor, acelerando
progressivamente por inércia – até que os
trilhos não agüentem mais.
(Contardo Calligaris, Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2002)
I. Tomando como ponto de partida um comentário de outro jornalista sobre um fato recente da época, o autor dispõe-se a compreender esse fato à luz de uma expressão de Marx “cidadãos descartáveis” , que já previa o processo migratório de trabalhadores no século XX.
II. A expressão “acumulação primitiva” é considerada pelo autor como inteiramente anacrônica, incapaz, portanto, de sugerir qualquer caminho de análise do neoliberalismo contemporâneo.
III. Acredita o autor que na base do mundo moderno, do ponto de vista econômico, está o fim do feudalismo, está a transformação dos servos feudais em trabalhadores que precisavam vender sua força de trabalho.
Em relação ao texto está correto SOMENTE o que se afirma em
O segredo da acumulação primitiva neoliberal
Numa coluna publicada na Folha de São Paulo, o jornalista Elio Gaspari evocava o drama recente de um navio de crianças escravas errando ao largo da costa do Benin. Ao ler o texto – que era inspirado , o navio tornava-se uma metáfora de toda a África subsaariana: ilha à deriva, mistura de leprosário com campo de extermínio e reserva de mão-de-obra para migrações desesperadas.
Elio Gaspari propunha um termo para designar esse povo móvel e desesperado: “os cidadãos descartáveis”. “Massas de homens e mulheres são arrancados de seus meios de subsistência e jogados no mercado de trabalho como proletários livres, desprotegidos e sem direitos.” São palavras de Marx, quando ele descreve a “acumulação primitiva”, ou seja, o processo que, no século XVI, criou as condições necessárias ao surgimento do capitalismo.
Para que ganhássemos nosso mundo moderno, foi necessário, por exemplo, que os servos feudais fossem, à força, expropriados do pedacinho de terra que podiam cultivar para sustentar-se. Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidão, mas obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver
Quatro ou cinco séculos mais tarde, essa violência não deveria ter acabado? Ao que parece, o século XX pediu uma espécie de segunda rodada, um ajuste: a criação de sujeitos descartáveis globais para um capitalismo enfim global.
Simples continuação ou repetição? Talvez haja uma diferença – pequena, mas substancial – entre as massas do século XVI e os migrantes da globalização: as primeiras foram arrancadas de seus meios de subsistência, os segundos são expropriados de seu lugar pela violência da fome, por exemplo, mas quase sempre eles recebem em troca um devaneio. O protótipo poderia ser o prospecto que, um século atrás, seduzia os emigrantes europeus: sonhos de posse, de bem-estar e de ascensão social.
As condições para que o capitalismo invente sua versão neoliberal são subjetivas. A expropriação que torna essa passagem possível é psicológica: necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência, mas de nossa comunidade restrita, familiar e social, para sermos lançados numa procura infinita de status (e, hipoteticamente, de bem-estar) definido pelo acesso a bens e serviços. Arrancados de nós mesmos, deveremos querer ardentemente ser algo além do que somos.
Depois da liberdade de vender nossa força de
trabalho, a “acumulação primitiva” do neoliberalismo nos oferece a
liberdade de mudar e subir na vida, ou seja, de cultivar visões, sonhos e
devaneios de aventura e sucesso. E, desde o prospecto do emigrante, a
oferta vem se aprimorando. A partir dos anos 60, a televisão forneceu os
sonhos para que o campo não só
devesse, mas quisesse, ir para a cidade.
O requisito para que a máquina neoliberal funcione é mais
refinado do que a venda dos mesmos sabonetes ou filmes para todos.
Trata-se de alimentar um sonho infinito de perfectibilidade
e,
portanto, uma insatisfação radical. Não é pouca coisa: é necessário
promover e vender objetos e serviços por eles serem indispensáveis para
alcançarmos nossos ideais de status, de bem-estar e de felicidade, mas, ao mesmo tempo, é preciso que toda satisfação conclusiva permaneça impossível.
Para fomentar o sujeito neoliberal, o que importa não é lhe vender mais uma roupa, uma cortina ou uma lipoaspiração; é alimentar nele sonhos de elegância perfeita, casa perfeita e corpo perfeito. Pois esses sonhos perpetuam o sentimento de nossa inadequação e garantem, assim, que ele seja parte inalterável, definidora, da personalidade contemporânea.
Melhor deixar como está. No entanto, a
coisa não fica bem. Do meu pequeno observatório psicanalítico, parece
que o permanente sentimento de inadequação faz do sujeito neoliberal
uma
espécie de sonhador descartável, que corre atrás da miragem de sua
felicidade como um trem descontrolado, sem condutor, acelerando
progressivamente por inércia – até que os
trilhos não agüentem mais.
(Contardo Calligaris, Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2002)