Questões de Concurso Público BACEN 2006 para Analista do Banco Central - Área 1, Conhecimentos Gerais
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O segredo da acumulação primitiva neoliberal
Numa coluna publicada na Folha de São Paulo, o jornalista Elio Gaspari evocava o drama recente de um navio de crianças escravas errando ao largo da costa do Benin. Ao ler o texto – que era inspirado , o navio tornava-se uma metáfora de toda a África subsaariana: ilha à deriva, mistura de leprosário com campo de extermínio e reserva de mão-de-obra para migrações desesperadas.
Elio Gaspari propunha um termo para designar esse povo móvel e desesperado: “os cidadãos descartáveis”. “Massas de homens e mulheres são arrancados de seus meios de subsistência e jogados no mercado de trabalho como proletários livres, desprotegidos e sem direitos.” São palavras de Marx, quando ele descreve a “acumulação primitiva”, ou seja, o processo que, no século XVI, criou as condições necessárias ao surgimento do capitalismo.
Para que ganhássemos nosso mundo moderno, foi necessário, por exemplo, que os servos feudais fossem, à força, expropriados do pedacinho de terra que podiam cultivar para sustentar-se. Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidão, mas obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver
Quatro ou cinco séculos mais tarde, essa violência não deveria ter acabado? Ao que parece, o século XX pediu uma espécie de segunda rodada, um ajuste: a criação de sujeitos descartáveis globais para um capitalismo enfim global.
Simples continuação ou repetição? Talvez haja uma diferença – pequena, mas substancial – entre as massas do século XVI e os migrantes da globalização: as primeiras foram arrancadas de seus meios de subsistência, os segundos são expropriados de seu lugar pela violência da fome, por exemplo, mas quase sempre eles recebem em troca um devaneio. O protótipo poderia ser o prospecto que, um século atrás, seduzia os emigrantes europeus: sonhos de posse, de bem-estar e de ascensão social.
As condições para que o capitalismo invente sua versão neoliberal são subjetivas. A expropriação que torna essa passagem possível é psicológica: necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência, mas de nossa comunidade restrita, familiar e social, para sermos lançados numa procura infinita de status (e, hipoteticamente, de bem-estar) definido pelo acesso a bens e serviços. Arrancados de nós mesmos, deveremos querer ardentemente ser algo além do que somos.
Depois da liberdade de vender nossa força de
trabalho, a “acumulação primitiva” do neoliberalismo nos oferece a
liberdade de mudar e subir na vida, ou seja, de cultivar visões, sonhos e
devaneios de aventura e sucesso. E, desde o prospecto do emigrante, a
oferta vem se aprimorando. A partir dos anos 60, a televisão forneceu os
sonhos para que o campo não só
devesse, mas quisesse, ir para a cidade.
O requisito para que a máquina neoliberal funcione é mais
refinado do que a venda dos mesmos sabonetes ou filmes para todos.
Trata-se de alimentar um sonho infinito de perfectibilidade
e,
portanto, uma insatisfação radical. Não é pouca coisa: é necessário
promover e vender objetos e serviços por eles serem indispensáveis para
alcançarmos nossos ideais de status, de bem-estar e de felicidade, mas, ao mesmo tempo, é preciso que toda satisfação conclusiva permaneça impossível.
Para fomentar o sujeito neoliberal, o que importa não é lhe vender mais uma roupa, uma cortina ou uma lipoaspiração; é alimentar nele sonhos de elegância perfeita, casa perfeita e corpo perfeito. Pois esses sonhos perpetuam o sentimento de nossa inadequação e garantem, assim, que ele seja parte inalterável, definidora, da personalidade contemporânea.
Melhor deixar como está. No entanto, a
coisa não fica bem. Do meu pequeno observatório psicanalítico, parece
que o permanente sentimento de inadequação faz do sujeito neoliberal
uma
espécie de sonhador descartável, que corre atrás da miragem de sua
felicidade como um trem descontrolado, sem condutor, acelerando
progressivamente por inércia – até que os
trilhos não agüentem mais.
(Contardo Calligaris, Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2002)
Evitam-se as viciosas repetições dos elementos sublinhados na frase acima substituindo-os, na ordem dada, por:
O segredo da acumulação primitiva neoliberal
Numa coluna publicada na Folha de São Paulo, o jornalista Elio Gaspari evocava o drama recente de um navio de crianças escravas errando ao largo da costa do Benin. Ao ler o texto – que era inspirado , o navio tornava-se uma metáfora de toda a África subsaariana: ilha à deriva, mistura de leprosário com campo de extermínio e reserva de mão-de-obra para migrações desesperadas.
Elio Gaspari propunha um termo para designar esse povo móvel e desesperado: “os cidadãos descartáveis”. “Massas de homens e mulheres são arrancados de seus meios de subsistência e jogados no mercado de trabalho como proletários livres, desprotegidos e sem direitos.” São palavras de Marx, quando ele descreve a “acumulação primitiva”, ou seja, o processo que, no século XVI, criou as condições necessárias ao surgimento do capitalismo.
Para que ganhássemos nosso mundo moderno, foi necessário, por exemplo, que os servos feudais fossem, à força, expropriados do pedacinho de terra que podiam cultivar para sustentar-se. Massas inteiras se encontraram, assim, paradoxalmente livres da servidão, mas obrigadas a vender seu trabalho para sobreviver
Quatro ou cinco séculos mais tarde, essa violência não deveria ter acabado? Ao que parece, o século XX pediu uma espécie de segunda rodada, um ajuste: a criação de sujeitos descartáveis globais para um capitalismo enfim global.
Simples continuação ou repetição? Talvez haja uma diferença – pequena, mas substancial – entre as massas do século XVI e os migrantes da globalização: as primeiras foram arrancadas de seus meios de subsistência, os segundos são expropriados de seu lugar pela violência da fome, por exemplo, mas quase sempre eles recebem em troca um devaneio. O protótipo poderia ser o prospecto que, um século atrás, seduzia os emigrantes europeus: sonhos de posse, de bem-estar e de ascensão social.
As condições para que o capitalismo invente sua versão neoliberal são subjetivas. A expropriação que torna essa passagem possível é psicológica: necessita que sejamos arrancados nem tanto de nossos meios de subsistência, mas de nossa comunidade restrita, familiar e social, para sermos lançados numa procura infinita de status (e, hipoteticamente, de bem-estar) definido pelo acesso a bens e serviços. Arrancados de nós mesmos, deveremos querer ardentemente ser algo além do que somos.
Depois da liberdade de vender nossa força de
trabalho, a “acumulação primitiva” do neoliberalismo nos oferece a
liberdade de mudar e subir na vida, ou seja, de cultivar visões, sonhos e
devaneios de aventura e sucesso. E, desde o prospecto do emigrante, a
oferta vem se aprimorando. A partir dos anos 60, a televisão forneceu os
sonhos para que o campo não só
devesse, mas quisesse, ir para a cidade.
O requisito para que a máquina neoliberal funcione é mais
refinado do que a venda dos mesmos sabonetes ou filmes para todos.
Trata-se de alimentar um sonho infinito de perfectibilidade
e,
portanto, uma insatisfação radical. Não é pouca coisa: é necessário
promover e vender objetos e serviços por eles serem indispensáveis para
alcançarmos nossos ideais de status, de bem-estar e de felicidade, mas, ao mesmo tempo, é preciso que toda satisfação conclusiva permaneça impossível.
Para fomentar o sujeito neoliberal, o que importa não é lhe vender mais uma roupa, uma cortina ou uma lipoaspiração; é alimentar nele sonhos de elegância perfeita, casa perfeita e corpo perfeito. Pois esses sonhos perpetuam o sentimento de nossa inadequação e garantem, assim, que ele seja parte inalterável, definidora, da personalidade contemporânea.
Melhor deixar como está. No entanto, a
coisa não fica bem. Do meu pequeno observatório psicanalítico, parece
que o permanente sentimento de inadequação faz do sujeito neoliberal
uma
espécie de sonhador descartável, que corre atrás da miragem de sua
felicidade como um trem descontrolado, sem condutor, acelerando
progressivamente por inércia – até que os
trilhos não agüentem mais.
(Contardo Calligaris, Terra de ninguém. São Paulo: Publifolha, 2002)
os líderes visionários são aqueles cujas instruções são claras, se assegurando que todos os seus subordinados progridam visando os objetivos empresariais, mas dando liberdade para que decidam livremente como chegar a eles;
os líderes formativos procuram relacionar o interesse dos subordinados aos objetivos da empresa;
os líderes afetivos procuram desenvolver equipes unidas e motivadas, fomentando um relacionamento são e amistoso, quase que superando os objetivos empresariais;
os líderes democráticos obtêm o respaldo e o com- promisso político porque fomentam a participação. Empregam trabalhos em grupo, a negociação e a empatia, de modo que seus subordinados se sintam valorizados.
Com base nas informações dadas, analise as afirmações seguintes:
I. Se os subordinados estão satisfeitos e sentem que têm o respaldo de seu chefe, os objetivos são atingidos.
II. Nenhum indivíduo por si só tem todas as respostas; com freqüência recorro à minha equipe para que me dêem idéias.
III. Acho que saber escutar é tão importante quanto ser um bom comunicador.
Das três afirmações, a figura do líder democrático está caracterizada APENAS em
A ficar hesitando entre duas soluções, é preferível e mais prático decidir de vez e determinar qual delas deve
Considerando os pensamentos como processos cognitivos, as emoções como resultados psicológicos e as reações como respostas físicas, analise o seguinte fato.
Você acaba de assumir um novo trabalho e
um de seus colegas está querendo deixá-lo
mal perante o chefe. O que você faria?
1. Se sentiria muito incomodado pela atitude de seu colega.
2. Procuraria o chefe para uma conversa em particular.
3. Se questionaria se representa uma ameaça para ele.
As opções de respostas, 1, 2 e 3, são respectivamente caracterizadas como
Antares está em primeiro lugar e Bilbao está em quinto;
Cascais está na posição intermediária entre Antares e Bilbao;
Deli está à frente do Bilbao, enquanto que o Elite está imediatamente atrás do Cascais.
Nessas condições, é correto afirmar que
Uma planificação desse sólido é
Lógica é o estudo das relações entre afirmações, não da verdade dessas afirmações. Um argumento é um conjunto de fatos e opiniões (premissas) que dão suporte a uma conclusão.
Isso não significa que as premissas ou a conclusão sejam necessariamente verdadeiras; entretanto, a análise dos argumentos permite que seja testada a nossa habilidade de pensar logicamente.
Se as metas de inflação não são reais, então a crise econômica não demorará a ser superada.
Se as metas de inflação são reais, então os superávits primários não serão fantasiosos.
Os superávits serão fantasiosos.
Para que o argumento seja válido, a conclusão deve ser:
Lógica é o estudo das relações entre afirmações, não da verdade dessas afirmações. Um argumento é um conjunto de fatos e opiniões (premissas) que dão suporte a uma conclusão.
Isso não significa que as premissas ou a conclusão sejam necessariamente verdadeiras; entretanto, a análise dos argumentos permite que seja testada a nossa habilidade de pensar logicamente.
Aldo: Não é verdade que Benê e Caio executaram o projeto.
Benê: Se Aldo não executou o projeto, então Caio o executou.
Caio: Eu não executei o projeto, mas Aldo ou Benê o executaram.
Se somente a afirmação de Benê é falsa, então o projeto foi executado APENAS por