Questões de Concurso Público SEE-MG 2012 para Professor de Educação Básica

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Q475944 Português
    Existe uma história, talvez apócrifa, do ilustre biólogo britânico J. B. S. Haldane, quando se encontrava na companhia de um grupo de teólogos. Ao ser perguntado o que se poderia concluir da natureza do Criador pelo estudo de sua criação, Haldane teria respondido: “Uma predileção desmesurada por besouros."

(G. Evelyn Hutchinson, citado por Stephen Jay Gould, Dinossauro no palheiro, S.Paulo, Cia. das Letras, 1997, p.453)

Ao ser perguntado o que se poderia concluir da natureza do Criador pelo estudo de sua criação, Haldane teria respondido...

Sobre o emprego da locução verbal grifada na frase acima transcrita, é correto afirmar:
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Q475948 Português
Narciso: Filho de Cefiso e da Ninfa Liríope, da Beócia. Era o jovem de extraordinária beleza; o adivinho Tirésias havia predito que viveria enquanto não se visse. Desprezou os amores da Ninfa Eco, que secou de mágoa. Voltando, um dia, da caça, inclinou-se para beber numa clara fonte, onde, pela primeira vez, viu seu semblante. Apaixonou-se por si mesmo. Desesperado por não poder se reunir ao objeto de sua paixão, cai, extenuado, ao lado da fonte, e ali desfalece. Choram as Ninfas, as Dríades e as Náiades. E já preparavam a pira fúnebre e as tochas para a cerimônia do sepultamento; mas o corpo havia desaparecido. No seu lugar encontraram uma flor cor de açafrão com a corola cingida de folhas brancas.

(Tássilo Orpheu Spalding, Dicionário de Mitologia Greco-Latina, Belo Horizonte, Itatiaia, 1965)

Leia atentamente as afirmações abaixo sobre o texto.

I. A autodestruição causada pelo excessivo amor próprio é um dos aspectos fulcrais do mito de Narciso.

II. A menção à flor encontrada no lugar onde antes estava o corpo do jovem aponta para um dos sentidos fundamentais do mito: a explicação da origem das coisas.

III. A observação de que Narciso voltava da caça indica que sua morte foi também uma punição aplicada pelos deuses devido à matança de animais selvagens.

Está correto o que se afirma APENAS em
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Q475949 Português
Narciso: Filho de Cefiso e da Ninfa Liríope, da Beócia. Era o jovem de extraordinária beleza; o adivinho Tirésias havia predito que viveria enquanto não se visse. Desprezou os amores da Ninfa Eco, que secou de mágoa. Voltando, um dia, da caça, inclinou-se para beber numa clara fonte, onde, pela primeira vez, viu seu semblante. Apaixonou-se por si mesmo. Desesperado por não poder se reunir ao objeto de sua paixão, cai, extenuado, ao lado da fonte, e ali desfalece. Choram as Ninfas, as Dríades e as Náiades. E já preparavam a pira fúnebre e as tochas para a cerimônia do sepultamento; mas o corpo havia desaparecido. No seu lugar encontraram uma flor cor de açafrão com a corola cingida de folhas brancas.

(Tássilo Orpheu Spalding, Dicionário de Mitologia Greco-Latina, Belo Horizonte, Itatiaia, 1965)

O tratamento dado ao mito em uma obra de referência, como o dicionário de onde foi extraído o verbete sobre Narciso, implica algumas características do texto, tais como
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Q475950 Português
                                Para Narciso
                                o olhar do outro, a voz
                                do outro, o corpo
                                é sempre o espelho
                                em que ele a própria imagem mira.
                                E se o outro é
                                como ele
                                outro Narciso,
                                é espelho contra espelho:
                                o olhar que mira
                                reflete o que o admira
                                num jogo multiplicado em que a mentira
                                de Narciso a Narciso inventa o paraíso.

                                                                            (Fragmento de Narciso e Narciso, de Ferreira Gullar)

Considerando o mito de Narciso, tal como aparece no texto anterior, é correto afirmar que o modo como Ferreira Gullar o traz para o seu poema consiste
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Q475951 Português
                                    Para Narciso
                                    o olhar do outro, a voz
                                    do outro, o corpo é sempre o espelho
                                    em que ele a própria imagem mira.
                                    E se o outro é
                                    como ele outro Narciso,
                                    é espelho contra espelho:
                                    o olhar que mira
                                    reflete o que o admira
                                   num jogo multiplicado em que a mentira
                                   de Narciso a Narciso
                                   inventa o paraíso.

                                                                              (Fragmento de Narciso e Narciso, de Ferreira Gullar)

Dos procedimentos formais de que o poeta lança mão na fatura do poema, é correto destacar
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Q475953 Português
Fala e escrita constituem duas modalidades de uso da língua. Embora se utilizem, evidentemente, do mesmo sistema linguístico, elas possuem características próprias. Isso não significa, porém, que fala e escrita devam ser vistas de forma dicotômica, estanque, como era comum até há algum tempo e, por vezes, acontece ainda hoje. É Marcuschi quem escreve: “As diferenças entre fala e escrita se dão dentro do continuum tipológico das práticas sociais e não na relação dicotômica de dois polos opostos”.

(Adaptado de Ingedore Villaça Koch, O texto e a construção dos sentidos, S.Paulo, Contexto, 2010, p. 77)

Com relação ao papel desempenhado pela citação no contexto do fragmento acima transcrito, é correto afirmar: a frase tomada a Marcuschi
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Q475954 Português
                           Poema tirado de uma notícia de jornal

         João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da
                                                        [Babilônia num barracão sem número.
         Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
         Bebeu
        Cantou
        Dançou
        Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.


                                             (Manuel Bandeira. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985, p. 214)

Manuel Bandeira vale-se, nesse poema, de uma específica proposição poética do Modernismo de 22:
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Q475955 Português
                             Poema tirado de uma notícia de jornal

           João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da
                                                          [Babilônia num barracão sem número.
           Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
           Bebeu
           Cantou
           Dançou
           Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.


                                               (Manuel Bandeira. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985, p. 214)

O fato jornalístico que está na base do poema
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Q475956 Português
                           Poema tirado de uma notícia de jornal

           João Gostoso era carregador de feira livre e morava no morro da
                                                           [Babilônia num barracão sem número.
           Uma noite ele chegou no bar Vinte de Novembro
           Bebeu
           Cantou
           Dançou
           Depois se atirou na Lagoa Rodrigo de Freitas e morreu afogado.


(Manuel Bandeira. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985, p. 214)

Ao afirmar que seu poema foi tirado de uma notícia de jornal, Manuel Bandeira lembra-nos uma característica marcante de sua poesia:
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Q475957 Português
                                                      ABC

          Quando a gente aprende a ler, as letras, nos livros, são grandes. Nas cartilhas – pelo menos nas cartilhas do meu tempo – as letras eram enormes. Lá estava o A, como uma grande tenda. O B, com seu grande busto e a barriga ainda maior. O C, sempre pronto a morder a letra seguinte com sua boca.
         À medida que a gente ia crescendo, as letras iam diminuindo. E as palavras, aumentando. (...) De tanto ler palavras, nunca mais reparamos nas letras. E de tanto ler frases, nunca mais notamos as palavras, com todo o seu mistério.

                                                   (Adaptado de Luis Fernando Verissimo – Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, pp. 113/114)

No primeiro parágrafo, a atenção do autor se volta para
Alternativas
Q475958 Português
                                                          ABC

    Quando a gente aprende a ler, as letras, nos livros, são grandes. Nas cartilhas – pelo menos nas cartilhas do meu tempo – as letras eram enormes. Lá estava o A, como uma grande tenda. O B, com seu grande busto e a barriga ainda maior. O C, sempre pronto a morder a letra seguinte com sua boca.
    À medida que a gente ia crescendo, as letras iam diminuindo. E as palavras, aumentando. (...) De tanto ler palavras, nunca mais reparamos nas letras. E de tanto ler frases, nunca mais notamos as palavras, com todo o seu mistério.


                                                    (Adaptado de Luis Fernando Verissimo – Comédias para se ler na escola. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001, pp. 113/114)

No segundo parágrafo, considera-se que, com o tempo e a progressão das leituras, o leitor
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Q475959 Português
     (...) nesses dias descobri que, de todas as ideias que não funcionam, a mais estéril é decidir com antecedência o tema de uma crônica. Crônicas são como cogumelos, brotam onde querem, espontaneamente, e não convém colhê-las muito antes da hora nem demorar para tirá-las da terra, sob o risco de secarem e perderem o sabor.

                                                                                          (Antonio Prata. Folha de S. Paulo, 5/10/2011)

A associação que se estabelece nesse texto entre crônicas e cogumelos deve ser considerada
Alternativas
Q475960 Português
    (...) nesses dias descobri que, de todas as ideias que não funcionam, a mais estéril é decidir com antecedência o tema de uma crônica. Crônicas são como cogumelos, brotam onde querem, espontaneamente, e não convém colhê-las muito antes da hora nem demorar para tirá-las da terra, sob o risco de secarem e perderem o sabor.

                                                                                          (Antonio Prata. Folha de S. Paulo, 5/10/2011)

A seguinte consideração acerca do gênero crônica é compatível com a concepção que faz dela o autor do texto:
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Q475962 Português
     A divisão em “etapa da análise" e “etapa da interpretação", que tantas vezes propomos em nome da boa ordem escolar, deve sofrer uma severa crítica. Ela dá margem a um preconceito bastante antiquado, segundo o qual só chegaremos a compreender o todo se o dividirmos em elementos e descrevermos cada um deles. A hipótese do círculo filológico, elaborada por Leo Spitzer, já desfazia o equívoco dessa técnica rudimentar e recomendava um ir e vir do todo às partes e das partes ao todo: uma prática intelectual que solda na mesma operação as tarefas do analista e do intérprete.

                                                                                                                 (Alfredo Bosi. Céu, inferno)

Depreende-se do fragmento crítico acima que uma análise morfológica e uma interpretação cultural de um texto
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Q475963 Português
     A divisão em “etapa da análise" e “etapa da interpretação", que tantas vezes propomos em nome da boa ordem escolar, deve sofrer uma severa crítica. Ela dá margem a um preconceito bastante antiquado, segundo o qual só chegaremos a compreender o todo se o dividirmos em elementos e descrevermos cada um deles. A hipótese do círculo filológico, elaborada por Leo Spitzer, já desfazia o equívoco dessa técnica rudimentar e recomendava um ir e vir do todo às partes e das partes ao todo: uma prática intelectual que solda na mesma operação as tarefas do analista e do intérprete.

                                                                                                                       (Alfredo Bosi. Céu, inferno)

Materializando as ideias desse texto no reconhecimento crítico de um poema coloquial modernista, por exemplo, haveria que se considerar
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Q475964 Português
Atente para estes dois textos, que constam das páginas iniciais de dois grandes romances brasileiros:

I.      Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão de trabalho. Dirigi-me a alguns amigos e quase todos consentiram em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro. (...)
        Abandonei a empresa e iniciei a composição de repente, valendo-me de meus próprios recursos e sem indagar se isto me traz qualquer vantagem, direta ou indireta.


                                                         (Graciliano Ramos. S. Bernardo. S. Paulo: Martins, 1970, 12. ed.)

II.      Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? (...) A história – determino com falso livre arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo, este, pois não quero ser modernoso e inventar modismos à guisa de originalidade.

                                   (Clarice Lispector. A hora da estrela. Rio de Janeiro: José Olympio, 4. ed., 1978)

Encontra-se, nessas passagens de Graciliano Ramos e Clarice Lispector o elemento comum da
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Q475965 Português
Atente para estes dois textos, que constam das páginas iniciais de dois grandes romances brasileiros:

I.      Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão de trabalho. Dirigi-me a alguns amigos e quase todos consentiram em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro. (...)
     Abandonei a empresa e iniciei a composição de repente, valendo-me de meus próprios recursos e sem indagar se isto me traz qualquer vantagem, direta ou indireta.


                                                           (Graciliano Ramos. S. Bernardo. S. Paulo: Martins, 1970, 12. ed.)

II.      Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? (...) A história – determino com falso livre arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo, este, pois não quero ser modernoso e inventar modismos à guisa de originalidade.

                                            (Clarice Lispector. A hora da estrela. Rio de Janeiro: José Olympio, 4. ed., 1978)

Há uma tonalidade irônica em ambos os textos, representada pelas seguintes expressões:
Alternativas
Q475966 Português
Atente para estes dois textos, que constam das páginas iniciais de dois grandes romances brasileiros:

I.      Antes de iniciar este livro, imaginei construí-lo pela divisão de trabalho. Dirigi-me a alguns amigos e quase todos consentiram em contribuir para o desenvolvimento das letras nacionais. Padre Silvestre ficaria com a parte moral e as citações latinas; João Nogueira aceitou a pontuação, a ortografia e a sintaxe; para a composição literária convidei Lúcio Gomes de Azevedo Gondim, redator e diretor do Cruzeiro. (...) Abandonei a empresa e iniciei a composição de repente, valendo-me de meus próprios recursos e sem indagar se isto me traz qualquer vantagem, direta ou indireta.

                                                           (Graciliano Ramos. S. Bernardo. S. Paulo: Martins, 1970, 12. ed.)

II.      Como começar pelo início, se as coisas acontecem antes de acontecer? (...) A história – determino com falso livre arbítrio – vai ter uns sete personagens e eu sou um dos mais importantes deles, é claro. Eu, Rodrigo S. M. Relato antigo, este, pois não quero ser modernoso e inventar modismos à guisa de originalidade.

(Clarice Lispector. A hora da estrela. Rio de Janeiro: José Olympio, 4. ed., 1978)

S. Bernardo e A hora da estrela – os dois romances a que pertencem esses textos – são exemplos, respectivamente,
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Q475967 Português
                                              Prólogo da terceira edição

     A primeira edição destas Memórias póstumas de Brás Cubas foi feita aos pedaços na Revista Brasileira, pelos anos de 1880. Postas mais tarde em livro, corrigi o texto em vários lugares. Agora que tive de o rever para a terceira edição, emendei alguma coisa e suprimi duas ou três dúzias de linhas.

     O que faz do meu Brás Cubas um autor particular é o que ele chama de “rabugens de pessimismo". Há na alma deste livro, por mais risonho que pareça, um sentimento amargo e áspero, que está longe de vir de seus modelos. Não digo mais para não entrar na crítica de um defunto que se pintou a si e aos outros, conforme lhe pareceu melhor e mais certo.

                                                                                                                                      Machado de Assis
                                                                               (Machado de Assis. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986)

Ao assinar com seu nome o prólogo desse romance, Machado de Assis deixa ver que
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Q475968 Português
                                               Prólogo da terceira edição

       A primeira edição destas Memórias póstumas de Brás Cubas foi feita aos pedaços na Revista Brasileira, pelos anos de 1880. Postas mais tarde em livro, corrigi o texto em vários lugares. Agora que tive de o rever para a terceira edição, emendei alguma coisa e suprimi duas ou três dúzias de linhas.
      O que faz do meu Brás Cubas um autor particular é o que ele chama de “rabugens de pessimismo". Há na alma deste livro, por mais risonho que pareça, um sentimento amargo e áspero, que está longe de vir de seus modelos. Não digo mais para não entrar na crítica de um defunto que se pintou a si e aos outros, conforme lhe pareceu melhor e mais certo.


                                                                                                                                      Machado de Assis
                                                                      (Machado de Assis. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1986)

Neste prólogo, há uma clara referência ao fato de que
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Respostas
21: A
22: C
23: A
24: B
25: A
26: B
27: C
28: D
29: A
30: B
31: D
32: B
33: C
34: D
35: C
36: D
37: B
38: A
39: C
40: B