Dêste modo, quando surge no seu logrador um animal alheio,
cuja marca conhece, o restitui de pronto. No caso contrário,
conserva o intruso, tratando-o como aos demais. Mas não o
leva à feira anual, nem o aplica em trabalho algum; deixa-o
morrer de velho. Não lhe pertence. Se é uma vaca e dá cria,
ferra a esta com o mesmo sinal desconhecido, que reproduz
com perfeição admirável; e assim pratica com tôda a descendência
daquela. De quatro em quatro bezerros, porém, separa
um, para si. É a sua paga. Estabelece com o patrão desconhecido
o mesmo convênio que tem com o outro. E cumpre
estritamente, sem juízes e sem testemunhas, o estranho
contrato, que ninguém escreveu ou sugeriu. Sucede muitas
vêzes ser decifrada, afinal, uma marca sòmente depois de
muitos anos, e o criador feliz receber, ao invés da peça única
que lhe fugira e da qual se deslembrara, uma ponta de gado,
todos os produtos dela. Parece fantasia êste fato, vulgar,
entretanto, nos sertões. (Euclides da Cunha – Os sertões.
27. ed. Editôra Universidade de Brasília, 1963, p. 101).
O texto acima, sobre o vaqueiro, identifica