Questões de Concurso Público Câmara Legislativa do Distrito Federal 2018 para Taquígrafo Especialista
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A questão refere-se ao trecho a seguir.
De todos os fenômenos da cultura humana, o mito e a religião são os mais refratários a uma análise meramente lógica. O mito, à primeira vista, parece apenas caos − uma massa disforme de ideias incoerentes. Procurar as “razões” para tais ideias parece fútil e vão. Se existe alguma coisa que seja característica do mito, é o fato de que ele “não tem pé, nem cabeça”. Quanto ao pensamento religioso, não está de modo algum em oposição, necessariamente, ao pensamento racional ou filosófico. Determinar a verdadeira relação entre esses dois modos de pensamento foi uma das principais tarefas da filosofia medieval. Nos sistemas do alto escolasticismo, o problema parecia ter sido solucionado. Segundo Tomás de Aquino, a verdade religiosa é supranatural e suprarracional; mas não é “irracional”. Com base apenas na razão, não podemos penetrar os mistérios da fé. No entanto, esses mistérios não contradizem, mas completam e aperfeiçoam a razão.
(CASSIRER, Ernst. Ensaio sobre o Homem: introdução a uma filosofia da cultura. Trad. Tomás Rosa Bueno. São Paulo: Martins Fontes, 1994, Coleção Tópicos, p. 121)
As questões referem-se ao trecho a seguir.
Como disse Machado de Assis, “certo é que a paisagem depende do ponto de vista, e que o melhor modo de apreciar o chicote é ter-lhe o cabo na mão”.
Certo é que ele, o Paulinho, o mais sensível, corajoso e leal dos representantes dos funcionários da fábrica, assim que assumiu as funções de chefe do almoxarifado, tornou-se o mais grosseiro representante do pequeno poder com que se sentiu ungido.
No dia em que Felipe deixou cair duas caixas de parafusos de tamanhos diferentes, não só foi advertido, como convocado a permanecer depois do horário para reorganizar as caixas. Eram muito importantes, disse ele, seriam necessárias na manhã seguinte logo cedo. “Convidado”, ele disse, porque, depois, tomariam juntos um café na esquina.
Ninguém o perdoou por aquilo, passaram a rejeitar-lhe a companhia e as brincadeiras, antes tão espontâneas, que todos recebiam com gargalhadas francas ou sorrisos sinceros.
Percebendo o mal-estar que se ampliava, a gerência pediu a presença da mediadora de conflitos recém-contratada. A certa altura, tentando justificar o que, para todos, era injustificável, lembrou o Paulinho que todos conheciam, o amigo, aquele guerreiro incansável etc. etc. E a certa altura, com a empáfia que o cargo inspira, ela disparou:
− Essas decisões que vocês julgam discricionárias é porque ele é um homem que age por vontade própria e independente.
(Mariana Sorrento, inédito)