Questões de Concurso Público Câmara de Fortaleza - CE 2019 para Redator
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[Nossa duplicidade]
Querem saber a história abreviada de quase todo o mal-estar na civilização? Ei-la: a evolução natural produziu o animal homem. No âmago desse homem, entretanto, foi-se instalando um inquilino altivo, exigente e dado à hipocrisia e ao autoengano: o homem civilizado. As rusgas foram crescendo, o conflito escalou, mas nenhum dos dois é forte o bastante para aniquilar o outro. E assim brotou no interior da caverna uma guerra civil que se prolonga por toda a vida.
(Adaptado de: GIANNETTI, Eduardo. Trópicos utópicos: uma perspectiva brasileira da crise civilizatória. São Paulo: Companhia das Letras, 2016)
As rusgas foram crescendo, o conflito escalou, mas nenhum dos dois é forte o bastante para aniquilar o outro.
Uma nova e correta redação da frase acima, iniciada por Nenhum dos dois é forte o bastante para aniquilar o outro, deverá ter a seguinte complementação para que se mantenha seu sentido:
Sobre a presença daquele que é possivelmente seu mais famoso e lido livro, Pedagogia do oprimido, Paulo Freire critica aquilo que chama de uma visão “bancária” da educação, em que os educadores mantêm com os alunos uma relação que detém informações que são “depositadas” numa sala de aula, que está ali para memorizar, e não aprender. “Em lugar de comunicar-se, o educador faz ‘comunicados’ e depósitos que os educandos, meras incidências, recebem pacientemente, memorizam e repetem. Eis aí a concepção ‘bancária’ da educação, em que a única margem de ação que se oferece aos educandos é a de receberem os depósitos, guardá-los e arquivá-los.”
(ALMEIDA, Carol. Disponível em: Suplemento Pernambuco, p. 12, janeiro de 201
Assim, tanto o indianismo quanto o regionalismo de Alencar se construíram em um esquema sobredeterminado pela exaltação da nobreza do colonizador que só a devoção do colonizado pode igualar. A ambivalência dessa posição ideológica é resolvida poeticamente em Iracema, lenda que conta a fundação do Ceará consumada graças à “doce escravidão” (expressão de Machado de Assis) à qual se submeteu a “virgem dos lábios de mel”. Iracema fugirá de sua tribo e se entregará ao conquistador europeu, Martim Soares Moreno. Dessa união fatal para a mulher, que morrerá ao dar à luz, nasceria Moacir, “filho do sofrimento”, o primeiro cearense. A coragem de Peri e a beleza de Iracema são a fonte de poesia desses romances ao mesmo tempo históricos e lendários. Mas o poder que imanta os enredos vem do colonizador: homem, branco, português.
(BOSI, Alfredo. “A cultura no Brasil Império – literatura ideias”. In: História do Brasil nação − A construção nacional 1830-1889 − v. 2, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 245)
Assim, tanto o indianismo quanto o regionalismo de Alencar se construíram em um esquema sobredeterminado pela exaltação da nobreza do colonizador que só a devoção do colonizado pode igualar. A ambivalência dessa posição ideológica é resolvida poeticamente em Iracema, lenda que conta a fundação do Ceará consumada graças à “doce escravidão” (expressão de Machado de Assis) à qual se submeteu a “virgem dos lábios de mel”. Iracema fugirá de sua tribo e se entregará ao conquistador europeu, Martim Soares Moreno. Dessa união fatal para a mulher, que morrerá ao dar à luz, nasceria Moacir, “filho do sofrimento”, o primeiro cearense. A coragem de Peri e a beleza de Iracema são a fonte de poesia desses romances ao mesmo tempo históricos e lendários. Mas o poder que imanta os enredos vem do colonizador: homem, branco, português.
(BOSI, Alfredo. “A cultura no Brasil Império – literatura ideias”. In: História do Brasil nação − A construção nacional 1830-1889 − v. 2, Rio de Janeiro: Objetiva, 2012, p. 245)
Quando no decênio final do século XVI, os Países Baixos consolidaram militarmente na Europa sua independência da Espanha, a ofensiva batava desdobrou-se em ofensiva ultramarina visando à destruição das bases coloniais da riqueza e do poderio ibéricos. Nos primeiros anos do século XVII, a Companhia das Índias Orientais (VOC), sociedade de ações operando mediante monopólio outorgado pelo governo neerlandês, promoveu o comércio e a colonização na Ásia em detrimento da presença espanhola e portuguesa naquela parte das Índias Ocidentais (doravante referida também pelas suas iniciais holandesas WIC, ou “West Indische Compagnie”), idêntico modelo institucional foi adotado para as Américas e para a costa ocidental da África.
(MELLO, Evandro Cabral de. “Introdução”. In: O Brasil Holandês, São Paulo: Penguin & Companhia das Letras, 2010, p. 12)