Questões de Concurso Público ABEPRO 2018 para Processo de Seleção - Edital 001/2018
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Em relação à coesão e coerência, pode-se dizer que:
( ) são fenômenos distintos, porém inter-relacionados. ( ) são noções relacionadas à concepção de texto assumida. ( ) são fenômenos autônomos e independentes entre si. ( ) a coesão é determinada pela coerência. ( ) a coesão depende da articulação de elementos textuais.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
1. Existem textos que são inerentemente coerentes e textos que são incoerentes. 2. São os interlocutores envolvidos em uma dada situação comunicativa que constroem a coerência do texto. 3. O autor de um texto é um sujeito ativo ao passo que o leitor é um sujeito passivo. 4. Raciocínio lógico e analítico-inferencial são fatores relevantes para o estabelecimento da coerência textual. 5. As condições de produção de um texto envolvem, entre outros fatores, os interlocutores.
Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas corretas.
Identifique abaixo as afirmativas verdadeiras ( V ) e as falsas ( F ), com base no trecho extraído do texto.
( ) Os dois-pontos são usados para anunciar uma síntese do que foi dito antes. ( ) O pronome sublinhado em “encontram-se” e “não se encontra” pode alterar a ordem em relação ao verbo, nas duas ocorrências, sem ferir a norma culta escrita da língua. ( ) A palavra “enquanto” pode ser substituída por “ao passo que”, sem prejuízo de significado no texto. ( ) A conjunção “mas” pode ser substituída por “e sim”, sem prejuízo de significado no texto. ( ) A preposição “com” introduz um adjunto adverbial de companhia.
Assinale a alternativa que indica a sequência correta, de cima para baixo.
In principio erat verbum
No princípio era o mito. Depois surge a ficção. Mais tarde ainda aparece a ciência. À medida que esta vai ganhando especificidade, separa-se tanto do mito quanto da ficção. Começa a combatê-los. É o princípio da realidade em luta contra o do imaginário. No final do século XIX, havia uma crença absoluta na ciência, a certeza de que erradicaria os mitos do mundo; de que faria triunfar o princípio da realidade, afastando os erros e as superstições, associados ao mito; de que o estado positivo deixaria nas brumas da História os estados teológico e metafísico. Hoje, depois de os mitos terem sido declarados mortos, estão bastante vivos. Nos subterrâneos, nutrem a ficção, a utopia e a ciência.
Não se trata aqui de, em nome de um irracionalismo muito em voga mesmo na Universidade, criticar a ciência, desmoralizá-la, descrer dela, mas tão somente de reconhecer que a literatura, lugar por excelência de expressão dos mitos na modernidade, é uma forma tão boa de conhecimento quanto a ciência. Não se quer fazer apologia do pensamento mítico, cuja principal característica, segundo Lotman, é ser incompatível com a metáfora (1981: 141). Com efeito, para um cristão, por exemplo, é uma blasfêmia dizer que o pão e o vinho simbolizam o corpo de Cristo, pois, para ele, eles o são verdadeiramente. O que se pretende é mostrar que o mito, extraído do meio em que ele é, constitui uma explicação do homem para aquilo que é inexplicável, o que significa que é uma súmula do conhecimento de cada cultura a respeito das grandes questões com que o ser humano sempre se debateu. Isso possibilita duas leituras do mito: uma temática, realizada pela ciência, e uma figurativa, feita pela arte. Dessa forma, o mito irriga o pensamento científico e a realização artística, ele continua a alimentar todas as formas de apreender a realidade.
Mas por que a permanência do mito como algo em que se crê e que dispensa a mediação da ciência e da arte? Explicitemos melhor uma ideia exposta no parágrafo anterior. O mito é uma explicação das origens do homem, do mundo, da linguagem; explica o sentido da vida, a morte, a dor, a condição humana. Vive porque responde à angústia do desconhecido, do inexplicável; dá sentido àquilo que não tem sentido. Enquanto a ciência não puder explicar a origem das coisas e o seu sentido, haverá lugar para o pensamento mítico. Será que esse ideal se tornará realidade um dia? Dificilmente. Como se dará conta dos novos anseios, dos novos desejos do ser humano? Precisamos das utopias, que, sendo uma espécie de mito pré-construído, têm a função de organizar e de orientar o futuro.
FIORIN, J. L. As astúcias da enunciação: as categorias de pessoa, espaço e tempo. São Paulo: Ática, 1996, p. 9-10.