Questões de Concurso Público DPE-RS 2023 para Técnico - Apoio Especializado - Logística
Foram encontradas 47 questões
Ano: 2023
Banca:
FGV
Órgão:
DPE-RS
Provas:
FGV - 2023 - DPE-RS - Técnico - Apoio Especializado - Segurança do Trabalho
|
FGV - 2023 - DPE-RS - Técnico - Apoio Especializado - Suporte de TI |
FGV - 2023 - DPE-RS - Técnico - Apoio Especializado - Programador |
FGV - 2023 - DPE-RS - Técnico - Apoio Especializado - Edificação |
FGV - 2023 - DPE-RS - Técnico - Apoio Especializado - Logística |
Q2225418
Português
Texto associado
Texto 1
Menos mortes e engarrafamentos: movimento quer reduzir a
velocidade nas cidades brasileiras (adaptado)
Por Marcela Donini e Tiago Medina
Mais que uma mudança de cidade e país, a vida da fonoaudióloga
Paula Dallegrave Priori mudou de estilo a partir de 2021.
Acompanhada do marido e da filha, então com menos de 3 anos,
ela trocou Porto Alegre por Barcelona. O carro da família, tão
necessário para deslocamentos na capital gaúcha, ficou do lado
de cá do oceano. Se antes era um elemento presente no
cotidiano, tornou-se anacrônico na nova cidade.
“A percepção do trânsito em relação a Porto Alegre é bem clara:
aqui é muito melhor. Não percebemos o ambiente tóxico que é o
trânsito aí”, compara ela, usuária frequente do metrô, além de
pedestre habitual. Aliás, caminhar na rua com a filha é, agora,
mais tranquilo. “Os carros não andam em alta velocidade,
respeitam o pedestre, faixa de trânsito, usam a seta, enfim tu
consegues prever o que vai acontecer.”
Tendência em cidades que são exemplo em mobilidade ativa, a
redução de velocidade foi decretada pelo governo espanhol em
maio de 2021. Desde então, os limites na maioria das vias
urbanas de todas as cidades espanholas são de até 30 km/h [...].
Um movimento no Brasil quer entrar nessa onda e readequar os
limites nas vias das cidades de todo o país. A União de Ciclistas do
Brasil (UCB), em parceria com outras entidades como a Fundação
Thiago Gonzaga, propõe uma alteração no Código de Trânsito
Brasileiro que fixaria em 60km/h o máximo permitido nas vias de
trânsito rápido e 50km/h nas vias arteriais. [...] O máximo para
vias coletoras e locais permaneceria em 40km/h e 30 km/h.
[...]
O documento publicado pela entidade apoia-se ainda em
experiências brasileiras e estrangeiras nas quais a redução das
velocidades levou a maior segurança no trânsito. São Paulo, por
exemplo, fez alterações significativas nesse sentido desde 2011.
Em 2015, foram reduzidos os limites em duas das principais vias
expressas, as marginais Tietê e Pinheiros [...]. O sucesso da
operação, destaca o relatório da UCB, foi verificado no ano
seguinte, quando a cidade registrou uma queda de 52% no
número de mortes nas duas marginais.
Outras experiências dentro e fora do Brasil comprovam a relação
entre velocidades menores e menos mortes, mas ainda falta
comunicar efetivamente esses dados à população. Uma pesquisa
de opinião encomendada pela UCB a uma empresa terceirizada
revelou que 82% dos entrevistados conhecem alguém que
morreu no trânsito, e 9 em cada 10 consideram alto o número de
mortes nas vias brasileiras. Quando a questão são limites de
velocidade mais baixos, metade concorda que isso evitaria mais
óbitos, mas 8 em cada 9 deixaram de citar a redução dos limites
como fator importante para essa queda.
[...] “As pessoas sempre pensam que vão ter perda se forem mais
devagar. Ao contrário, o trânsito flui melhor”, diz, citando o
exemplo da ponte Rio-Niterói, onde o limite passou de 110km/h
para 80km/h e houve melhoria na fluidez. “Por isso, estamos
deixando de falar em redução, e usando o termo readequação de
velocidades”, explica.
Ana Luiza Carboni, coordenadora do projeto Vias Seguras,
destaca uma ilustração didática aprendida com a engenheira de
transportes e professora da Universidade Federal de Alagoas
Jessica Lima. “Pense em uma torneira aberta, com ralo pequeno.
Se você abrir toda a torneira, a água vai acumular. Se abrir
menos, ela vai escoar, vai passar mais lentamente, mas
constantemente”, exemplifica. “É preciso mudar a visão de que ‘a
velocidade vai fazer eu chegar primeiro’. Já está provado que a
redução da velocidade máxima não tem impacto na velocidade
média. As cidades são feitas de gargalos. Acelerar significa apenas
que você vai chegar mais rápido num gargalo”, completa.
[...]
Status do carro
Em cidades planejadas para o carro, não à toa a população mais
vulnerável no trânsito são pedestres, ciclistas e motociclistas – e
dentro desse grupo, as vítimas mais comuns são pessoas negras,
destaca Carboni.
Para a engenheira civil e gerente de mobilidade ativa do WRI,
Paula Manoela dos Santos, a questão geracional é chave na
mudança de visão que ainda precisa ser feita para o carro deixar
de ser visto como o elemento central na mobilidade. “Ainda
habita em nós uma questão de status do carro. A bicicleta é vista
como veículo só no Código de Trânsito Brasileiro. Para as pessoas,
nem sempre. Diria que até é um pouco marginalizada, como
considerar que quem anda de bicicleta não teve sucesso”, diz.
Carboni sabe bem do que Santos está falando. A ativista, que não
tem carro há oito anos, costuma contar a história de suas idas ao
mercado: “Na hora de pagar, sempre perguntam se tenho o
ticket do estacionamento, e eu respondo que não tenho carro.
Até que um dia uma caixa falou ‘Deus há de prover um pra
você'”.
Apesar de o caminho até um trânsito mais seguro ser longo, os
especialistas ouvidos pelo Matinal são otimistas. Bohn lembra
que já se avançou muito: “Hoje não é mais aceitável beber e
dirigir como era 20 anos atrás”. A engenheira da WRI faz questão
de ressaltar que as novas gerações têm outro entendimento,
especialmente em relação ao carro.
Paula que o diga. A porto-alegrense cuja história abre a
reportagem tem convicção de que o novo estilo de vida irá mudar
a perspectiva da filha, de 4 anos, sobre mobilidade. “Hoje, ela
está muito mais acostumada a ver as pessoas fazendo as coisas
de bicicleta. Os ciclistas enfrentam dia de chuva, de frio. Isso é
normal”, diz. Além do automóvel, também ficou para trás o
hábito de entregar o celular na mão da pequena para driblar a
impaciência dos momentos de trânsito parado.
Disponível em: https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/reportagemmatinal/reduzir-velocidade-nas-cidades-brasileiras/
“Outras experiências dentro e fora do Brasil comprovam a
relação entre velocidades menores e menos mortes, mas ainda
falta comunicar efetivamente esses dados à população.”
O trecho do texto 1 destacado na passagem acima corresponde a
uma tese. A alternativa em que um dado estatístico é
apresentado como argumento em favor dessa tese é:
Ano: 2023
Banca:
FGV
Órgão:
DPE-RS
Provas:
FGV - 2023 - DPE-RS - Técnico - Apoio Especializado - Segurança do Trabalho
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Q2225421
Português
Texto associado
Texto 1
Menos mortes e engarrafamentos: movimento quer reduzir a
velocidade nas cidades brasileiras (adaptado)
Por Marcela Donini e Tiago Medina
Mais que uma mudança de cidade e país, a vida da fonoaudióloga
Paula Dallegrave Priori mudou de estilo a partir de 2021.
Acompanhada do marido e da filha, então com menos de 3 anos,
ela trocou Porto Alegre por Barcelona. O carro da família, tão
necessário para deslocamentos na capital gaúcha, ficou do lado
de cá do oceano. Se antes era um elemento presente no
cotidiano, tornou-se anacrônico na nova cidade.
“A percepção do trânsito em relação a Porto Alegre é bem clara:
aqui é muito melhor. Não percebemos o ambiente tóxico que é o
trânsito aí”, compara ela, usuária frequente do metrô, além de
pedestre habitual. Aliás, caminhar na rua com a filha é, agora,
mais tranquilo. “Os carros não andam em alta velocidade,
respeitam o pedestre, faixa de trânsito, usam a seta, enfim tu
consegues prever o que vai acontecer.”
Tendência em cidades que são exemplo em mobilidade ativa, a
redução de velocidade foi decretada pelo governo espanhol em
maio de 2021. Desde então, os limites na maioria das vias
urbanas de todas as cidades espanholas são de até 30 km/h [...].
Um movimento no Brasil quer entrar nessa onda e readequar os
limites nas vias das cidades de todo o país. A União de Ciclistas do
Brasil (UCB), em parceria com outras entidades como a Fundação
Thiago Gonzaga, propõe uma alteração no Código de Trânsito
Brasileiro que fixaria em 60km/h o máximo permitido nas vias de
trânsito rápido e 50km/h nas vias arteriais. [...] O máximo para
vias coletoras e locais permaneceria em 40km/h e 30 km/h.
[...]
O documento publicado pela entidade apoia-se ainda em
experiências brasileiras e estrangeiras nas quais a redução das
velocidades levou a maior segurança no trânsito. São Paulo, por
exemplo, fez alterações significativas nesse sentido desde 2011.
Em 2015, foram reduzidos os limites em duas das principais vias
expressas, as marginais Tietê e Pinheiros [...]. O sucesso da
operação, destaca o relatório da UCB, foi verificado no ano
seguinte, quando a cidade registrou uma queda de 52% no
número de mortes nas duas marginais.
Outras experiências dentro e fora do Brasil comprovam a relação
entre velocidades menores e menos mortes, mas ainda falta
comunicar efetivamente esses dados à população. Uma pesquisa
de opinião encomendada pela UCB a uma empresa terceirizada
revelou que 82% dos entrevistados conhecem alguém que
morreu no trânsito, e 9 em cada 10 consideram alto o número de
mortes nas vias brasileiras. Quando a questão são limites de
velocidade mais baixos, metade concorda que isso evitaria mais
óbitos, mas 8 em cada 9 deixaram de citar a redução dos limites
como fator importante para essa queda.
[...] “As pessoas sempre pensam que vão ter perda se forem mais
devagar. Ao contrário, o trânsito flui melhor”, diz, citando o
exemplo da ponte Rio-Niterói, onde o limite passou de 110km/h
para 80km/h e houve melhoria na fluidez. “Por isso, estamos
deixando de falar em redução, e usando o termo readequação de
velocidades”, explica.
Ana Luiza Carboni, coordenadora do projeto Vias Seguras,
destaca uma ilustração didática aprendida com a engenheira de
transportes e professora da Universidade Federal de Alagoas
Jessica Lima. “Pense em uma torneira aberta, com ralo pequeno.
Se você abrir toda a torneira, a água vai acumular. Se abrir
menos, ela vai escoar, vai passar mais lentamente, mas
constantemente”, exemplifica. “É preciso mudar a visão de que ‘a
velocidade vai fazer eu chegar primeiro’. Já está provado que a
redução da velocidade máxima não tem impacto na velocidade
média. As cidades são feitas de gargalos. Acelerar significa apenas
que você vai chegar mais rápido num gargalo”, completa.
[...]
Status do carro
Em cidades planejadas para o carro, não à toa a população mais
vulnerável no trânsito são pedestres, ciclistas e motociclistas – e
dentro desse grupo, as vítimas mais comuns são pessoas negras,
destaca Carboni.
Para a engenheira civil e gerente de mobilidade ativa do WRI,
Paula Manoela dos Santos, a questão geracional é chave na
mudança de visão que ainda precisa ser feita para o carro deixar
de ser visto como o elemento central na mobilidade. “Ainda
habita em nós uma questão de status do carro. A bicicleta é vista
como veículo só no Código de Trânsito Brasileiro. Para as pessoas,
nem sempre. Diria que até é um pouco marginalizada, como
considerar que quem anda de bicicleta não teve sucesso”, diz.
Carboni sabe bem do que Santos está falando. A ativista, que não
tem carro há oito anos, costuma contar a história de suas idas ao
mercado: “Na hora de pagar, sempre perguntam se tenho o
ticket do estacionamento, e eu respondo que não tenho carro.
Até que um dia uma caixa falou ‘Deus há de prover um pra
você'”.
Apesar de o caminho até um trânsito mais seguro ser longo, os
especialistas ouvidos pelo Matinal são otimistas. Bohn lembra
que já se avançou muito: “Hoje não é mais aceitável beber e
dirigir como era 20 anos atrás”. A engenheira da WRI faz questão
de ressaltar que as novas gerações têm outro entendimento,
especialmente em relação ao carro.
Paula que o diga. A porto-alegrense cuja história abre a
reportagem tem convicção de que o novo estilo de vida irá mudar
a perspectiva da filha, de 4 anos, sobre mobilidade. “Hoje, ela
está muito mais acostumada a ver as pessoas fazendo as coisas
de bicicleta. Os ciclistas enfrentam dia de chuva, de frio. Isso é
normal”, diz. Além do automóvel, também ficou para trás o
hábito de entregar o celular na mão da pequena para driblar a
impaciência dos momentos de trânsito parado.
Disponível em: https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/reportagemmatinal/reduzir-velocidade-nas-cidades-brasileiras/
“‘Por isso, estamos deixando de falar em redução, e usando o
termo readequação de velocidades’, explica.”
Essa passagem destacada do texto 1 faz referência à substituição
do termo “redução” pelo termo “readequação” no debate sobre
os limites de velocidade no trânsito.
No texto 1, essa substituição é justificada com base no seguinte raciocínio:
No texto 1, essa substituição é justificada com base no seguinte raciocínio:
Ano: 2023
Banca:
FGV
Órgão:
DPE-RS
Provas:
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Q2225423
Português
Texto associado
Texto 1
Menos mortes e engarrafamentos: movimento quer reduzir a
velocidade nas cidades brasileiras (adaptado)
Por Marcela Donini e Tiago Medina
Mais que uma mudança de cidade e país, a vida da fonoaudióloga
Paula Dallegrave Priori mudou de estilo a partir de 2021.
Acompanhada do marido e da filha, então com menos de 3 anos,
ela trocou Porto Alegre por Barcelona. O carro da família, tão
necessário para deslocamentos na capital gaúcha, ficou do lado
de cá do oceano. Se antes era um elemento presente no
cotidiano, tornou-se anacrônico na nova cidade.
“A percepção do trânsito em relação a Porto Alegre é bem clara:
aqui é muito melhor. Não percebemos o ambiente tóxico que é o
trânsito aí”, compara ela, usuária frequente do metrô, além de
pedestre habitual. Aliás, caminhar na rua com a filha é, agora,
mais tranquilo. “Os carros não andam em alta velocidade,
respeitam o pedestre, faixa de trânsito, usam a seta, enfim tu
consegues prever o que vai acontecer.”
Tendência em cidades que são exemplo em mobilidade ativa, a
redução de velocidade foi decretada pelo governo espanhol em
maio de 2021. Desde então, os limites na maioria das vias
urbanas de todas as cidades espanholas são de até 30 km/h [...].
Um movimento no Brasil quer entrar nessa onda e readequar os
limites nas vias das cidades de todo o país. A União de Ciclistas do
Brasil (UCB), em parceria com outras entidades como a Fundação
Thiago Gonzaga, propõe uma alteração no Código de Trânsito
Brasileiro que fixaria em 60km/h o máximo permitido nas vias de
trânsito rápido e 50km/h nas vias arteriais. [...] O máximo para
vias coletoras e locais permaneceria em 40km/h e 30 km/h.
[...]
O documento publicado pela entidade apoia-se ainda em
experiências brasileiras e estrangeiras nas quais a redução das
velocidades levou a maior segurança no trânsito. São Paulo, por
exemplo, fez alterações significativas nesse sentido desde 2011.
Em 2015, foram reduzidos os limites em duas das principais vias
expressas, as marginais Tietê e Pinheiros [...]. O sucesso da
operação, destaca o relatório da UCB, foi verificado no ano
seguinte, quando a cidade registrou uma queda de 52% no
número de mortes nas duas marginais.
Outras experiências dentro e fora do Brasil comprovam a relação
entre velocidades menores e menos mortes, mas ainda falta
comunicar efetivamente esses dados à população. Uma pesquisa
de opinião encomendada pela UCB a uma empresa terceirizada
revelou que 82% dos entrevistados conhecem alguém que
morreu no trânsito, e 9 em cada 10 consideram alto o número de
mortes nas vias brasileiras. Quando a questão são limites de
velocidade mais baixos, metade concorda que isso evitaria mais
óbitos, mas 8 em cada 9 deixaram de citar a redução dos limites
como fator importante para essa queda.
[...] “As pessoas sempre pensam que vão ter perda se forem mais
devagar. Ao contrário, o trânsito flui melhor”, diz, citando o
exemplo da ponte Rio-Niterói, onde o limite passou de 110km/h
para 80km/h e houve melhoria na fluidez. “Por isso, estamos
deixando de falar em redução, e usando o termo readequação de
velocidades”, explica.
Ana Luiza Carboni, coordenadora do projeto Vias Seguras,
destaca uma ilustração didática aprendida com a engenheira de
transportes e professora da Universidade Federal de Alagoas
Jessica Lima. “Pense em uma torneira aberta, com ralo pequeno.
Se você abrir toda a torneira, a água vai acumular. Se abrir
menos, ela vai escoar, vai passar mais lentamente, mas
constantemente”, exemplifica. “É preciso mudar a visão de que ‘a
velocidade vai fazer eu chegar primeiro’. Já está provado que a
redução da velocidade máxima não tem impacto na velocidade
média. As cidades são feitas de gargalos. Acelerar significa apenas
que você vai chegar mais rápido num gargalo”, completa.
[...]
Status do carro
Em cidades planejadas para o carro, não à toa a população mais
vulnerável no trânsito são pedestres, ciclistas e motociclistas – e
dentro desse grupo, as vítimas mais comuns são pessoas negras,
destaca Carboni.
Para a engenheira civil e gerente de mobilidade ativa do WRI,
Paula Manoela dos Santos, a questão geracional é chave na
mudança de visão que ainda precisa ser feita para o carro deixar
de ser visto como o elemento central na mobilidade. “Ainda
habita em nós uma questão de status do carro. A bicicleta é vista
como veículo só no Código de Trânsito Brasileiro. Para as pessoas,
nem sempre. Diria que até é um pouco marginalizada, como
considerar que quem anda de bicicleta não teve sucesso”, diz.
Carboni sabe bem do que Santos está falando. A ativista, que não
tem carro há oito anos, costuma contar a história de suas idas ao
mercado: “Na hora de pagar, sempre perguntam se tenho o
ticket do estacionamento, e eu respondo que não tenho carro.
Até que um dia uma caixa falou ‘Deus há de prover um pra
você'”.
Apesar de o caminho até um trânsito mais seguro ser longo, os
especialistas ouvidos pelo Matinal são otimistas. Bohn lembra
que já se avançou muito: “Hoje não é mais aceitável beber e
dirigir como era 20 anos atrás”. A engenheira da WRI faz questão
de ressaltar que as novas gerações têm outro entendimento,
especialmente em relação ao carro.
Paula que o diga. A porto-alegrense cuja história abre a
reportagem tem convicção de que o novo estilo de vida irá mudar
a perspectiva da filha, de 4 anos, sobre mobilidade. “Hoje, ela
está muito mais acostumada a ver as pessoas fazendo as coisas
de bicicleta. Os ciclistas enfrentam dia de chuva, de frio. Isso é
normal”, diz. Além do automóvel, também ficou para trás o
hábito de entregar o celular na mão da pequena para driblar a
impaciência dos momentos de trânsito parado.
Disponível em: https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/reportagemmatinal/reduzir-velocidade-nas-cidades-brasileiras/
Em diversas passagens do texto 1, um pronome pessoal é
empregado com sentido genérico, isto é, em referência a um
conjunto indeterminado de indivíduos (e não em referência
apenas aos interlocutores).
O único caso em que esse emprego genérico NÃO se verifica é:
Ano: 2023
Banca:
FGV
Órgão:
DPE-RS
Provas:
FGV - 2023 - DPE-RS - Técnico - Apoio Especializado - Segurança do Trabalho
|
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Q2225425
Português
Texto associado
Texto 1
Menos mortes e engarrafamentos: movimento quer reduzir a
velocidade nas cidades brasileiras (adaptado)
Por Marcela Donini e Tiago Medina
Mais que uma mudança de cidade e país, a vida da fonoaudióloga
Paula Dallegrave Priori mudou de estilo a partir de 2021.
Acompanhada do marido e da filha, então com menos de 3 anos,
ela trocou Porto Alegre por Barcelona. O carro da família, tão
necessário para deslocamentos na capital gaúcha, ficou do lado
de cá do oceano. Se antes era um elemento presente no
cotidiano, tornou-se anacrônico na nova cidade.
“A percepção do trânsito em relação a Porto Alegre é bem clara:
aqui é muito melhor. Não percebemos o ambiente tóxico que é o
trânsito aí”, compara ela, usuária frequente do metrô, além de
pedestre habitual. Aliás, caminhar na rua com a filha é, agora,
mais tranquilo. “Os carros não andam em alta velocidade,
respeitam o pedestre, faixa de trânsito, usam a seta, enfim tu
consegues prever o que vai acontecer.”
Tendência em cidades que são exemplo em mobilidade ativa, a
redução de velocidade foi decretada pelo governo espanhol em
maio de 2021. Desde então, os limites na maioria das vias
urbanas de todas as cidades espanholas são de até 30 km/h [...].
Um movimento no Brasil quer entrar nessa onda e readequar os
limites nas vias das cidades de todo o país. A União de Ciclistas do
Brasil (UCB), em parceria com outras entidades como a Fundação
Thiago Gonzaga, propõe uma alteração no Código de Trânsito
Brasileiro que fixaria em 60km/h o máximo permitido nas vias de
trânsito rápido e 50km/h nas vias arteriais. [...] O máximo para
vias coletoras e locais permaneceria em 40km/h e 30 km/h.
[...]
O documento publicado pela entidade apoia-se ainda em
experiências brasileiras e estrangeiras nas quais a redução das
velocidades levou a maior segurança no trânsito. São Paulo, por
exemplo, fez alterações significativas nesse sentido desde 2011.
Em 2015, foram reduzidos os limites em duas das principais vias
expressas, as marginais Tietê e Pinheiros [...]. O sucesso da
operação, destaca o relatório da UCB, foi verificado no ano
seguinte, quando a cidade registrou uma queda de 52% no
número de mortes nas duas marginais.
Outras experiências dentro e fora do Brasil comprovam a relação
entre velocidades menores e menos mortes, mas ainda falta
comunicar efetivamente esses dados à população. Uma pesquisa
de opinião encomendada pela UCB a uma empresa terceirizada
revelou que 82% dos entrevistados conhecem alguém que
morreu no trânsito, e 9 em cada 10 consideram alto o número de
mortes nas vias brasileiras. Quando a questão são limites de
velocidade mais baixos, metade concorda que isso evitaria mais
óbitos, mas 8 em cada 9 deixaram de citar a redução dos limites
como fator importante para essa queda.
[...] “As pessoas sempre pensam que vão ter perda se forem mais
devagar. Ao contrário, o trânsito flui melhor”, diz, citando o
exemplo da ponte Rio-Niterói, onde o limite passou de 110km/h
para 80km/h e houve melhoria na fluidez. “Por isso, estamos
deixando de falar em redução, e usando o termo readequação de
velocidades”, explica.
Ana Luiza Carboni, coordenadora do projeto Vias Seguras,
destaca uma ilustração didática aprendida com a engenheira de
transportes e professora da Universidade Federal de Alagoas
Jessica Lima. “Pense em uma torneira aberta, com ralo pequeno.
Se você abrir toda a torneira, a água vai acumular. Se abrir
menos, ela vai escoar, vai passar mais lentamente, mas
constantemente”, exemplifica. “É preciso mudar a visão de que ‘a
velocidade vai fazer eu chegar primeiro’. Já está provado que a
redução da velocidade máxima não tem impacto na velocidade
média. As cidades são feitas de gargalos. Acelerar significa apenas
que você vai chegar mais rápido num gargalo”, completa.
[...]
Status do carro
Em cidades planejadas para o carro, não à toa a população mais
vulnerável no trânsito são pedestres, ciclistas e motociclistas – e
dentro desse grupo, as vítimas mais comuns são pessoas negras,
destaca Carboni.
Para a engenheira civil e gerente de mobilidade ativa do WRI,
Paula Manoela dos Santos, a questão geracional é chave na
mudança de visão que ainda precisa ser feita para o carro deixar
de ser visto como o elemento central na mobilidade. “Ainda
habita em nós uma questão de status do carro. A bicicleta é vista
como veículo só no Código de Trânsito Brasileiro. Para as pessoas,
nem sempre. Diria que até é um pouco marginalizada, como
considerar que quem anda de bicicleta não teve sucesso”, diz.
Carboni sabe bem do que Santos está falando. A ativista, que não
tem carro há oito anos, costuma contar a história de suas idas ao
mercado: “Na hora de pagar, sempre perguntam se tenho o
ticket do estacionamento, e eu respondo que não tenho carro.
Até que um dia uma caixa falou ‘Deus há de prover um pra
você'”.
Apesar de o caminho até um trânsito mais seguro ser longo, os
especialistas ouvidos pelo Matinal são otimistas. Bohn lembra
que já se avançou muito: “Hoje não é mais aceitável beber e
dirigir como era 20 anos atrás”. A engenheira da WRI faz questão
de ressaltar que as novas gerações têm outro entendimento,
especialmente em relação ao carro.
Paula que o diga. A porto-alegrense cuja história abre a
reportagem tem convicção de que o novo estilo de vida irá mudar
a perspectiva da filha, de 4 anos, sobre mobilidade. “Hoje, ela
está muito mais acostumada a ver as pessoas fazendo as coisas
de bicicleta. Os ciclistas enfrentam dia de chuva, de frio. Isso é
normal”, diz. Além do automóvel, também ficou para trás o
hábito de entregar o celular na mão da pequena para driblar a
impaciência dos momentos de trânsito parado.
Disponível em: https://www.matinaljornalismo.com.br/matinal/reportagemmatinal/reduzir-velocidade-nas-cidades-brasileiras/
“O máximo para vias coletoras e locais permaneceria em 40km/h
e 30 km/h.”
Nesse fragmento do texto 1, um verbo flexionado no futuro do
pretérito veicula um significado específico.
Dentre as frases abaixo, aquela em que o verbo sublinhado
apresenta o mesmo valor semântico observado na passagem
acima é:
Ano: 2023
Banca:
FGV
Órgão:
DPE-RS
Provas:
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|
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FGV - 2023 - DPE-RS - Técnico - Apoio Especializado - Edificação |
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Q2225431
Português
Texto associado
Texto 2
Cidade sã, mente sã?
Por Carlos Leite, Hermano Tavares e Paulo Saldiva
As cidades surgiram da necessidade de sobrevivência da espécie
humana. Em regiões onde o modo de vida de nossos
antepassados caçadores/coletores não era possível, tornou-se
imperioso obter alimentos por meio de técnicas agropecuárias. O
aumento da produção de nutrientes permitiu o crescimento e a
fixação da população humana em cidades.
[...]
Porém, junto com as aglomerações vieram o saneamento
precário e a proliferação de patógenos que trouxeram consigo o
adoecimento. Talvez seja válido dizer que Logos e Páthos
caminham de braços dados pelas ruas das cidades mundo afora.
[...]
Nesse contexto, a cidade é o resultado de uma complexa
interação entre governança, ambientes urbanos físicos, sociais e
econômicos, tendo como protagonista a biologia dos seus
habitantes. De fato, segmentos populacionais menos
privilegiados, que ocupam, em sua maioria, as periferias urbanas,
combinam um ambiente mais hostil (moradia precária, mau
saneamento, maior exposição à poluição do ar e risco de doenças
infecciosas) com mais comorbidades, deficiência nutricional,
menor acesso à informação, à educação e, sem dúvida, à saúde
em si – não apenas física como também mental. [...]
No Brasil, as doenças mentais são o terceiro maior conjunto de
morbidades a pesar na sociedade [...]. Um estudo epidemiológico
conduzido na região metropolitana de São Paulo mostra que
aproximadamente 40% da população urbana preencheu critérios
para ao menos um diagnóstico psiquiátrico ao longo da vida [...].
Exposição ao ambiente urbano e privação social foram associados
como fatores de risco para todas as condições mentais [...]
Nas favelas, outra questão que se impõe é a da violência urbana.
Um estudo epidemiológico sobre o tema mostrou elevada
exposição da população a eventos traumáticos (86%), dos quais
11% apresentariam risco para desenvolvimento de um transtorno
do estresse pós-traumático (TEPT), sendo que as mulheres teriam
um risco três vezes maior do que homens nesse aspecto. Chama
atenção no estudo, o fato de que 35% dos casos identificados de
TEPT foram desencadeados pela perda inesperada de um ente
querido e 40% devido à violência interpessoal.
Um outro estudo de natureza qualitativa soma a esse panorama,
já desolador, o elemento da coerção social. Em muitas dessas
comunidades, o poder do arbítrio e o uso da violência como
instrumento de controle social, funções atribuídas ao Estado, são
complementados – quando não completamente substituídos –
pelas sociedades dedicadas ao tráfico de drogas e o crime
organizado. [...] Em uma complementaridade pungente ao relato
mais técnico do levantamento epidemiológico, o estudo
qualitativo dá voz ao sofrimento principalmente de mães,
esposas e cuidadoras em geral [...]
Contudo, o ambiente urbano desafia a saúde mental para além
dos seus aspectos sociais, envolvendo questões físicas e materiais
como a poluição ambiental e sonora; o espraiamento das cidades
e a necessidade de longos períodos de deslocamento de casa
para o trabalho e vice-versa; e, ainda, a progressiva substituição
da paisagem natural pela chamada “selva de concreto”. No caso
dos longos deslocamentos diários casa-trabalho-casa, eles podem
ser agravados quando, por força da baixa remuneração, a
população mais vulnerável tem que assumir dois ou mais
empregos para garantir uma renda condizente. Isso se traduzirá
em mais horas de afastamento do domicílio, da família e dos
filhos, com maior sofrimento para mulheres e crianças. Os
pequenos, necessitados de uma presença parental mais efetiva,
crescerão no ambiente adverso, com pouca supervisão, disso
resultando, entre outros problemas, um reduzido
aproveitamento escolar, evasão e baixa qualificação –
perpetuando assim tal ciclo negativo. A evolução dos transtornos
mentais reforça a percepção da relevância do amparo à infância
como o meio mais efetivo de prevenção desses males. Metade
desses transtornos identificados em adultos tiveram seu início
antes dos 15 anos de idade – e a maioria começa antes dos
20 anos. [...]
[...]
Nesse sentido, os programas do urbanismo social podem ser
instrumento poderoso. [...] Consagrado em Medellín, [...] o
urbanismo social é um modelo que pode e deve ganhar maior
robustez nas cidades. Ou seja, urge otimizar as valiosas
metodologias do urbanismo social para além de seus focos
essenciais – urbanização do território, promoção de
infraestruturas urbanas, habitação social, equipamentos e
serviços públicos, mobilidade etc. [...] Sabe-se que não são
apenas as intervenções físicas que transformam o território, mas
o tecido social de confiança, com articulação comunitária
construída na vida coletiva e no exercício cidadão. Não à toa, o
sucesso de Medellín em grande parte se deve à promoção, desde
o início do processo, dos espaços públicos e dos grandes
equipamentos públicos onde a vida comunitária é valorizada.
[...]
Melhorar as condições de vida dos habitantes das favelas de
modo integral, considerando sempre os aspectos sociais coletivos
que impõem diversos tipos de sofrimentos mentais individuais, e
ampliar o direito à cidade é também promover o direito à saúde
mental. Assim, reciclando a célebre citação do poeta italiano
Juvenal, que no século I já pedia uma mente sã em um corpo são,
cabe-nos trabalhar para promover um ambiente são de modo
que mentes-corpos periféricos tenham mais condições de saúde.
Disponível em https://piaui.folha.uol.com.br/cidade-sa-mente-sa
“No caso dos longos deslocamentos diários casa-trabalho-casa,
eles podem ser agravados quando, por força da baixa
remuneração, a população mais vulnerável tem que assumir dois
ou mais empregos para garantir uma renda condizente. Isso se
traduzirá em mais horas de afastamento do domicílio, da família
e dos filhos, com maior sofrimento para mulheres e crianças. Os
pequenos, necessitados de uma presença parental mais efetiva,
crescerão no ambiente adverso, com pouca supervisão, disso
resultando, entre outros problemas, um reduzido
aproveitamento escolar, evasão e baixa qualificação –
perpetuando assim tal ciclo negativo.” (Texto 2)
O “ciclo negativo” mencionado na passagem acima deve ser
entendido como: