Questões de Concurso Público SES-MT 2024 para Historiador
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O passado é algo que nunca poderemos possuir. Porque quando percebemos o que aconteceu, os fatos já estão inacessíveis para nós: não podemos revivê-los, recuperá-los, ou retornar no tempo como um experimento de laboratório ou simulação de computador. Salvo com a invenção de uma máquina do tempo, nunca retornaremos para ter certeza. Contudo, a experiência direta de eventos não é necessariamente o melhor caminho para entendê-los, porque nosso campo de visão não vai mais além de nossos sentidos imediatos. Falta-nos a capacidade, quando imaginamos como sobreviver à escassez de víveres, ou fugir de um bando de criminosos, ou lutar dentro de uma armadura, para assumir nosso papel de historiador. O mero ato de representação, todavia, nos faz sentir superiores porque nós mesmos estamos encarregados desta ação: somos nós que tornamos a complexidade compreensível, primeiro para nós mesmos, depois para os outros.
Adaptado de: GADDIS, John Lewis. Paisagens da História, como os
historiadores mapeiam o passado, Rio de Janeiro: Campus, 2003, pp. 19-
22.
Com base na leitura do trecho, assinale a afirmativa que descreve corretamente a perspectiva do autor sobre a relação entre historiadores e eventos passados.
Adaptado de: KOSELLECK, Reinhart. Futuro Passado, Contribuição à semântica dos tempos históricos, Rio de Janeiro: Contraponto, Editora PUC RIO, 2006, p. 13
Com base no trecho, analise as afirmativas a seguir sobre o tempo histórico.
I. O tempo histórico é composto por sobreposição de domínios temporais, os quais podem ser revelados pelos historiadores a partir da análise semântica dos documentos históricos.
II. No tempo histórico, as projeções futuras contidas na linguagem dos documentos não devem ser consideradas pelos historiadores, que não devem fazer prognósticos mensuráveis.
III. O tempo histórico é percebido como linear, seguindo as determinações temporais compreendidas de maneira física ou astronômica, que transcende o simbolismo observado nas fontes históricas.
Está correto o que se afirma em
Adaptado de: LEVI, Giovanni. Microhistoria e História Global, Historia crítica, n. 69, 2018, pp 21-35.
Com base na interpretação de Giovani Levi, é correto afirmar que a Micro História
Fonte: DE ALMEIDA, Juniele Rabêlo; Fonseca, Vivian. História Oral: Dimensões Públicas no tempo presente, Estudos históricos, 34 (74), 2021, p. 446.
Assinale a afirmativa que descreve corretamente as possibilidades do uso da metodologia da História Oral, como as entrevistas, para a investigação histórica.
A fotografia retrata as ruínas da zona arqueológica “Templo Mayor”, localizado no centro histórico da cidade do México, com a Catedral Metropolitana da Cidade do México em segundo plano e edifícios contemporâneos da cidade ao fundo.
A respeito da imagem, assinale a afirmativa que a interpreta corretamente.
Adaptado de: FERNANDO, Tamara. Seeing like the sea: a multispecies history of the Ceylon Pearl Fishery 1800-1925, Past and Present, n. 254, 2022, p. 129
Com base no trecho, é correto afirmar que a História Ambiental compreende
Fonte: https://museuhistorianaturalmt.com.br
Ela retrata a Casa Dom Aquino, uma construção de tipo colonial, construída em 1842 e atualmente é a sede do Museu de História Natural de Mato Grosso.
A respeito do uso dessa residência como espaço museológico, é correto afirmar que
( ) Os grupos humanos, ao realizar o exercício da memória coletiva, reconstroem um passado histórico com base em um método crítico científico, que permite distinguir o que realmente ocorreu do que é inventado.
( ) A memória histórica, como a História, requer referências tangíveis e materiais para sua construção, tendo uma das suas maiores expressões os arquivos históricos.
( ) A História e a Memória compartilham o objetivo de se aproximar do passado, mas possuem limites conceituais distintos. Enquanto a História evita os anacronismos e se baseia em documentos, a memória não está sujeita ao mesmo rigor.
As afirmativas são, respectivamente,
I. O fato é que, a relação entre biografia e história acabou por inserir-se em um conjunto mais vasto de contraposições que opõe indivíduo a sociedade; individual a coletivo; social a particular; estrutura a contexto. Nessa rede de dualidades, oscilamos entre ver o personagem como apenas a reiteração de impasses sociais e ligados a seu grupo, ou, em buscar nele um caso único, particular e afeito a uma memória de si. É claro que não se trata de “opção” e muito menos de imaginar que os modelos são necessariamente excludentes.
Adaptado de: SCHWARCZ, Lilia. Biografia como gênero e problema. História Social, n. 24, 2013.
II. A importância da biografia é permitir uma descrição das normas e de seu funcionamento efetivo, sendo este considerado não mais o resultado exclusivo de um desacordo entre regras e práticas, mas também de incoerências estruturais e inevitáveis entre as próprias normas. Parece-me que assim evitamos abordar a realidade histórica a partir de um esquema único de ações e reações, mostrando, ao contrário, que a repartição desigual do poder, por maior e mais coercitiva que seja, sempre deixa alguma margem de manobra para os dominados; estes podem então impor aos dominantes mudanças nada desprezíveis.
Adaptado de: LEVI, Giovanni. Usos da biografia. In: Ferreira, M. e Amado, J. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV. 2006, p. 180.
III. Os acontecimentos biográficos se definem como colocações e deslocamentos no espaço social, isto é, mais precisamente nos diferentes estados sucessivos da estrutura da distribuição das diferentes espécies de capital que estão em jogo no campo considerado. O sentido dos movimentos que conduzem de uma posição a outra evidentemente se define na relação objetiva entre o sentido e o valor, no momento considerado, dessas posições num espaço orientado. O que equivale dizer que não podemos compreender uma trajetória sem que tenhamos previamente construído os estados sucessivos do campo no qual ela se desenrolou.
Adaptado de: BOURDIEU, Pierre. A ilusão da biografia. In: Ferreira, M. e Amado, J. Usos e abusos da história oral. Rio de Janeiro: Editora FGV. 2006.p. 190
Assinale a afirmativa que interpreta corretamente as afirmativas.
É correto afirmar que esse reconhecimento ocorreu por ser um
Adaptado de: FRAGOSO, João; BICALHO, Maria Fernanda. Uma releitura do “Brasil colonial” a partir da obra de António Manuel Hespanha, Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, n. 83, p. 42.
Com base no texto, assinale a afirmativa que descreve corretamente a inovação do conceito utilizado por António Manuel Hespanha para compreender a relação entre a monarquia portuguesa e seu território luso americano.
Adaptado de: BARROS, José D´Assunção. A história serial e história quantitativa no movimento dos Annales, Hist. R., Goiânia, v. 17, n. 1, p. 203-222, jan./jun. 2012, p. 206.
A respeito da metodologia empregada pela História Serial, é correto afirmar que esta
( ) Assegura o acesso equitativo a todos, reconhecendo o direito de todos os cidadãos de usufruir dos bens culturais provenientes de todo o mundo.
( ) Reconhece a soberania da Organização das Nações Unidas para adotar medidas de proteção e promoção da diversidade cultural nos territórios signatários.
( ) Compreende a proteção, promoção e manutenção da diversidade cultural como condição essencial para o desenvolvimento sustentável.
As afirmativas são, respectivamente,
I. A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou outra qualquer instituição assumissem encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. O liberto se viu convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva.
Fonte: FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes, Volume 1. São Paulo: Editora Globo, 2008, p. 29.
II. Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta do indígena ou do negro. A influência direta ou vaga e remota, do africano. Na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem.
Adaptado de: FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, São Paulo: Global, 2003, p. 367.
Avalie as afirmativas que interpretam os trechos e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
( ) I interpreta a incorporação da população afrodescendente na sociedade brasileira através da análise do mercado de trabalho, responsabilizando os próprios libertos pela falta de melhoria em suas condições.
( ) II interpreta a integração dos afrodescendentes à sociedade brasileira como um processo marcado pela violência, concentrando-se principalmente nos abusos cometidos contra as mulheres escravizadas.
( ) I compreende a sociedade pós-abolição como perpetuadora dos mecanismos de manutenção da desigualdade. II observa as interações sociais entre os grupos formadores do Brasil de forma positiva e atribui centralidade aos afrodescendentes em sua análise.
As afirmativas são, respectivamente,
Adaptado de: Lynn Hunt. La escritura de la historia en la era global. Valencia: Publicaciones de la Universitat de València, 2022, p. 19
A respeito das mudanças inerentes na disciplina História, assinale a afirmativa que apresenta corretamente aspectos que caracterizam essas mudanças.
Adaptado de: NORA, Pierre. Entre Memória e História. A problemática dos lugares, Prof. História, São Paulo (10) dez, 1993, pp. 21- 22.
Com base no trecho, é correto afirmar que, segundo Pierre Nora, o conceito de Lugar de Memória
Fonte: CELESTINO, Maria Regina. Populações indígenas e Estados nacionais latinoamericanos: novas abordagens historiográficas, In: Azevedo, Cecília; Raminelli, Ronald. História das Américas: novas perspectivas, Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2011.
As afirmativas a seguir descrevem corretamente as “ideias” historiográficas que não são mais sustentadas pelas renovações sofridas pela história dos indígenas no Brasil mencionadas no trecho, à exceção de uma. Assinale-a.