Leia os trechos a seguir. I. A desagregação do regime escra...
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Q2488734
História
Leia os trechos a seguir.
I. A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou outra qualquer instituição assumissem encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. O liberto se viu convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva.
Fonte: FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes, Volume 1. São Paulo: Editora Globo, 2008, p. 29.
II. Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta do indígena ou do negro. A influência direta ou vaga e remota, do africano. Na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem.
Adaptado de: FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, São Paulo: Global, 2003, p. 367.
Avalie as afirmativas que interpretam os trechos e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
( ) I interpreta a incorporação da população afrodescendente na sociedade brasileira através da análise do mercado de trabalho, responsabilizando os próprios libertos pela falta de melhoria em suas condições.
( ) II interpreta a integração dos afrodescendentes à sociedade brasileira como um processo marcado pela violência, concentrando-se principalmente nos abusos cometidos contra as mulheres escravizadas.
( ) I compreende a sociedade pós-abolição como perpetuadora dos mecanismos de manutenção da desigualdade. II observa as interações sociais entre os grupos formadores do Brasil de forma positiva e atribui centralidade aos afrodescendentes em sua análise.
As afirmativas são, respectivamente,
I. A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou outra qualquer instituição assumissem encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. O liberto se viu convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva.
Fonte: FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes, Volume 1. São Paulo: Editora Globo, 2008, p. 29.
II. Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta do indígena ou do negro. A influência direta ou vaga e remota, do africano. Na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem.
Adaptado de: FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, São Paulo: Global, 2003, p. 367.
Avalie as afirmativas que interpretam os trechos e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
( ) I interpreta a incorporação da população afrodescendente na sociedade brasileira através da análise do mercado de trabalho, responsabilizando os próprios libertos pela falta de melhoria em suas condições.
( ) II interpreta a integração dos afrodescendentes à sociedade brasileira como um processo marcado pela violência, concentrando-se principalmente nos abusos cometidos contra as mulheres escravizadas.
( ) I compreende a sociedade pós-abolição como perpetuadora dos mecanismos de manutenção da desigualdade. II observa as interações sociais entre os grupos formadores do Brasil de forma positiva e atribui centralidade aos afrodescendentes em sua análise.
As afirmativas são, respectivamente,