Questões de Concurso Público SES-MT 2024 para Historiador
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( ) Assegura o acesso equitativo a todos, reconhecendo o direito de todos os cidadãos de usufruir dos bens culturais provenientes de todo o mundo.
( ) Reconhece a soberania da Organização das Nações Unidas para adotar medidas de proteção e promoção da diversidade cultural nos territórios signatários.
( ) Compreende a proteção, promoção e manutenção da diversidade cultural como condição essencial para o desenvolvimento sustentável.
As afirmativas são, respectivamente,
Antes mesmo dessa medida, em 2021, uma rua no município de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, teve seu nome alterado. A antiga Rua Coronel Moreira César, nome de um oficial do Exército brasileiro responsável por assassinatos, passou a se chamar Rua Ator Paulo Gustavo, como homenagem ao humorista.
Fonte: https://www.jb.com.br/fotos-e-videos/2021/05/1030282-niteroi-mudanome-da-principal-rua-do-bairro-de-icarai-para-ator-paulo-gustavo.html
As afirmativas a seguir descrevem corretamente essas iniciativas, à exceção de uma. Assinale-a.
I. A desagregação do regime escravocrata e senhorial se operou, no Brasil, sem que se cercasse a destituição dos antigos agentes de trabalho escravo de assistência e garantias que os protegessem na transição para o sistema de trabalho livre. Os senhores foram eximidos da responsabilidade pela manutenção e segurança dos libertos, sem que o Estado, a Igreja ou outra qualquer instituição assumissem encargos especiais, que tivessem por objeto prepará-los para o novo regime de organização da vida e do trabalho. O liberto se viu convertido, sumária e abruptamente, em senhor de si mesmo, tornando-se responsável por sua pessoa e por seus dependentes, embora não dispusesse de meios materiais e morais para realizar essa proeza nos quadros de uma economia competitiva.
Fonte: FERNANDES, Florestan. A integração do negro na sociedade de classes, Volume 1. São Paulo: Editora Globo, 2008, p. 29.
II. Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo – há muita gente de jenipapo ou mancha mongólica pelo Brasil – a sombra, ou pelo menos a pinta do indígena ou do negro. A influência direta ou vaga e remota, do africano. Na música, no andar, na fala, no canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência negra. Da escrava que nos embalou. Que nos deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amolengando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. Da mulata que nos tirou o primeiro bicho-de-pé de uma coceira tão boa. Da que nos iniciou no amor físico e nos transmitiu, ao ranger da cama-de-vento, a primeira sensação completa de homem.
Adaptado de: FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal, São Paulo: Global, 2003, p. 367.
Avalie as afirmativas que interpretam os trechos e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
( ) I interpreta a incorporação da população afrodescendente na sociedade brasileira através da análise do mercado de trabalho, responsabilizando os próprios libertos pela falta de melhoria em suas condições.
( ) II interpreta a integração dos afrodescendentes à sociedade brasileira como um processo marcado pela violência, concentrando-se principalmente nos abusos cometidos contra as mulheres escravizadas.
( ) I compreende a sociedade pós-abolição como perpetuadora dos mecanismos de manutenção da desigualdade. II observa as interações sociais entre os grupos formadores do Brasil de forma positiva e atribui centralidade aos afrodescendentes em sua análise.
As afirmativas são, respectivamente,
Adaptado de: Lynn Hunt. La escritura de la historia en la era global. Valencia: Publicaciones de la Universitat de València, 2022, p. 19
A respeito das mudanças inerentes na disciplina História, assinale a afirmativa que apresenta corretamente aspectos que caracterizam essas mudanças.
Adaptado de: NORA, Pierre. Entre Memória e História. A problemática dos lugares, Prof. História, São Paulo (10) dez, 1993, pp. 21- 22.
Com base no trecho, é correto afirmar que, segundo Pierre Nora, o conceito de Lugar de Memória
Fonte: CELESTINO, Maria Regina. Populações indígenas e Estados nacionais latinoamericanos: novas abordagens historiográficas, In: Azevedo, Cecília; Raminelli, Ronald. História das Américas: novas perspectivas, Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2011.
As afirmativas a seguir descrevem corretamente as “ideias” historiográficas que não são mais sustentadas pelas renovações sofridas pela história dos indígenas no Brasil mencionadas no trecho, à exceção de uma. Assinale-a.
Fonte: GERVÁSIO, Flávia; Filho, Hilario Figueiredo; Brandão, Joseane. História Oral e Patrimônio cultural: Projeto Memória Oral do IPHAN entre práticas e desafios, Estudos Históricos, Vol. 34, 74, p. 578.
Com base na leitura, assinale a afirmativa que menciona corretamente os movimentos sociais e suas demandas contemporâneas em relação ao patrimônio cultural.
Fonte: https://bndigital.bn.gov.br/artigos/centenario-semana-de-arte-modernauma-jovem-centenaria/
Assinale a alternativa que descreve corretamente aspectos da Semana de Arte Moderna de 1922 relacionados com a construção da identidade brasileira.
A respeito dessa iniciativa, assinale a afirmativa que descreve corretamente seu valor relacionado à narrativa e representação do passado.
Fonte: Bloch, Agata. Livres e Escravizados. As vozes dos subalternos na História do Império Colonial Português na perspectiva de redes, Varsóvia: Museu da História do Movimento Popular Polonês, 2022, p. 13.
A respeito da perspectiva de rede, assinale a afirmativa que apresenta corretamente como eles representam uma renovação teórico-metodológica para a História.
GAB: Uma das suas preocupações no livro Segredos Internos, foi a demografia da escravatura, apesar de não se ter fechado numa perspectiva quantitativa. Teve a preocupação de abordar a escravatura a partir de outros pontos de vista. Parece-me que um dos ângulos de análise mais em falta hoje em dia no estudo da escravatura e do tráfico de escravos é a sua dimensão mais humana. Como lhe parece que poderá ser concretizada essa abordagem?
SBS: Esse é um dos problemas com que o historiador se confronta permanentemente. É que os documentos não estão escritos para os nossos fins, eram escritos para outros fins. Os registos paroquiais, por exemplo, são muito interessantes para os historiadores que fazem história social, mas os padres que produziam esses registos tinham interesses completamente diferentes. Então, temos que os ler com muito cuidado e um pouco de criatividade. No meu livro sobre os engenhos na Bahia, os registos paroquiais eram importantíssimos. Fiz um estudo também sobre alforria e sobre compadrio, por exemplo, com material muito interessante. O baptismo de um novo membro da Igreja é um ato católico essencial, mas olhando para este ato com uma determinada lente, vemos que os registos de baptismo, documentos produzidos para os fins da Igreja na época colonial, produzem muita informação social, demográfica e étnica. Acho que a leitura dos documentos depende da habilidade do historiador, da sua imaginação, mais do que do próprio conteúdo do documento. O documento não diz nada por si mesmo, é a pergunta que levamos ao documento que produz a informação que procuramos no documento, é a pergunta do historiador que faz o documento falar. A grande chave do sucesso do historiador é a sua imaginação e criatividade.
Fonte: Borges, Graça Almeida. O historiador como língua do passado. Entrevista a Stuart B. Schwartz, Ler História, n. 70, 2017, pp. 199-215.
Com base na entrevista, assinale a afirmativa que descreve corretamente as possibilidades do uso de fontes para revelar as dimensões humanas do tema da escravidão no Brasil.
I. Processo educativo que pode ser formal ou não formal, construído de forma coletiva e dialógica com a intenção de preservar o patrimônio cultural.
II. Processo educativo que conta com a participação efetiva da comunidade no processo de preservação do patrimônio cultural.
III. Processo educativo que utiliza instrumentos específicos para o cumprimento de seus objetivos, como o Inventário Participativo, e outros que se apresentem adequados ao objeto.
Está correto o que se afirma em
Adaptado de: GOMES, Angela de Castro. Política: História, Ciência, Cultura etc., Estudos históricos, n.17, 1996, pp.62-63.
Com base na leitura do trecho, assinale a afirmativa que descreve corretamente o foco dado por essa transformação da historiografia, durante os anos 1960 e 1970.
Fonte: BLOCH, Marc. Apologia da História ou ofício de historiador, Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2001, p. 142.
Com base na leitura do trecho e a respeito do uso de documentos históricos pelos historiadores, avalie as afirmativas a seguir e assinale (V) para a verdadeira e (F) para a falsa.
( ) Segundo o autor, o historiador deve adotar uma postura de imparcialidade, concentrando-se no conteúdo das fontes e restringindo seu desejo interpretativo.
( ) Desde a perspectiva de Bloch, o historiador se beneficia de sua proximidade com o passado devido à continuidade e imutabilidade dos vocabulários durante o tempo.
( ) Para o autor, o historiador deve questionar os documentos, incluindo os vocabulários utilizados, não os aceitando como verdade absoluta.
As afirmativas são, respectivamente,
Adaptado de: GARCIA, E. C. Educação moral e cívica na escola de primeiro grau. São Paulo: LISA, 1972. Citado por NUNES, Nataly & REZENDE, Maria José. O ensino da Educação Moral e Cívica durante a ditadura militar.
Durante a ditadura militar, foi implementado o ensino da educação moral e cívica nas escolas brasileiras. As afirmativas a seguir relacionam corretamente o uso do trecho reproduzido como material didático e as intenções do regime militar, à exceção de uma. Assinale-a.
Falando do problema da periodização, se adoptarmos este paradigma político, podemos percorrer a história do mundo contemporâneo através de um determinado esquema interpretativo que inclui certas etapas, mas se adoptarmos outras abordagens, a história muda. Dou um exemplo banal. Entre 1930 e 1950, a Europa Ocidental viveu dois momentos históricos diferentes. No plano político, entre as duas guerras, surgiu o fascismo, enquanto no segundo pós-guerra se iniciou a construção da Comunidade Europeia. No entanto, do ponto de vista do consumo, não há grande diferença entre 1930 e 1950: o nível de vida dos europeus é semelhante, enquanto entre europeus e americanos a diferença é enorme. Ao mesmo tempo, o sistema político continua a ser o que corresponde à Guerra Fria. Um outro problema surge quando se tenta periodizar. A periodização implica sempre um observatório que a historiografia universaliza muitas vezes de forma acrítica, com base numa singularidade: a do mundo ocidental. Os estudos pós-coloniais ajudam-nos a repensar certas metodologias e a repensar a nossa maneira de fazer as coisas.
Adaptado de: MODONESI, Massimo, Historia, memoria y política Entrevista con Enzo Traverso, Andamios 4, n.8, 2008, pp. 246-247.
Com base na entrevista, assinale a afirmativa que menciona corretamente a postura de Enzo Traverso sobre a periodização na História.
Essa descrição se refere ao conceito de
A respeito dessa corrente, avalia as afirmativas a seguir.
I. A Nova História emergiu como uma resposta ao paradigma rankeano e às transformações ocorridas no mundo, como o movimento de descolonização, o feminismo e o ecologismo.
II. A Nova História fragmentou e expandiu os campos historiográficos, gerando problemas de definição, fontes e métodos de pesquisa.
III. A Nova História se interessa por atitudes humanas que anteriormente não receberam a devida atenção nos estudos históricos, compreendendo-as como construções culturais que se transformam no espaço e tempo.
Está correto o que se afirma em