SUSPENSE
Às vezes a gente se depara com situações difíceis de acreditar, dignas de filmes de suspense, mas
que ocorrem no dia a dia de gente simples, aqui bem
perto de nós.
Um trabalhador de uma cidade vizinha aqui
do principado viveu um fato no mínimo estranho na última semana. O sujeito, muito religioso, vivia contando
aos amigos histórias que ouvia a respeito de espíritos
que tomavam o corpo de pessoas, manifestando-se nelas. Ele trabalhava de guarda-noturno e vivia contando
essas histórias a alguns colegas de profissão. Alguns
acreditavam, mas a maioria zombava dele.
Na rotina do trabalhador, todas as manhãs,
quando chegava em casa, tomava banho e ia até o
quarto das filhas, dar-lhes um beijo. Numa manhã chuvosa de inverno, chegou em casa e, como de costume,
tomou banho. Logo após, entrou no quarto e viu a filha,
já acordada, encolhida sobre a cama, com expressão de
medo nos olhos. Perguntou-lhe o que houve e ela, tremendo, disse:
- Pai, tem uma menina, idêntica a mim, com
o mesmo cabelo, os mesmos olhos azuis, escondida
dentro do guarda-roupas!
O pai acalmou a filha, disse que ela podia ter
tido um pesadelo, cobriu ela novamente e ia saindo,
mas a menina insistiu na história. Então o pai abriu o
guarda-roupas e, para sua surpresa, estava lá a menina
igual a sua filha. Ele então perguntou:
- O que você faz aí dentro desse armário?
A menina, com olhar fixo, cabelos desarrumados e voz grave, respondeu:
- Ali naquela cama está uma menina igual a
mim...
O pai, então, com o olhar assustado, deu uma
bronca nas gêmeas, mandou que se arrumassem para
a escola e que parassem com essas brincadeiras idiotas
de manhã cedo.
LINHARES, Ramires Sartor. Bom dia, boa tarde, boa noite, conforme a ocasião. Tubarão: Ilivroyou, 2022.