Questões de Concurso Público AL-MG 2023 para Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
Foram encontradas 60 questões
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074658
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
O propósito do texto é
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074659
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
São sentimentos presentes no texto, EXCETO:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074660
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
São títulos possíveis para o texto, EXCETO:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074661
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Sobre a constituição do texto, é correto afirmar, EXCETO:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074662
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
O gênero textual predominante neste texto foi o relato pessoal, porque, EXCETO:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074663
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Com base no texto, todas as seguintes extrapolações podem ser feitas, EXCETO:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074664
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Em: “Talvez apenas a emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se enfrentarão.”, estão corretas as afirmativas sobre os pronomes destacados, EXCETO:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
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FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074665
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Em: “O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos?”, os pronomes demonstrativos “esse” e “essa” foram usados, pois
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
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TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Em: “Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda
não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que, anos depois, entenderia
ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado.”, êxtase pode ser MELHOR
substituída por
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
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TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Em: “O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos?”, as palavras destacadas
podem ser MELHOR substituídas, sem prejuízo de sentido, por, respectivamente:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
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TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
A linguagem utilizada no texto acima é classificada como:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
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TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Há traços de oralidade em:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
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TEXTO 1
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Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Em: “A seleção tinha acabado de ser tricampeã mundial de futebol e meu pai e eu
celebrávamos no meio de outras centenas de pessoas na rua General Glicério,
em Laranjeiras, no Rio.”, o verbo “celebrávamos” está flexionado no mesmo
tempo verbal que:
Ano: 2023
Banca:
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Órgão:
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Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Observe a regência dos verbos destacados nas frases abaixo:
1- Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro das pessoas passando em volta, apressadas e felizes.
2- Lembro-me da mão dele segurando a minha. Lembro a mão dele segurando a minha.
3- “Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.” Lembro apenas as sensações e as emoções daquele dia.
4 - Não me lembro do que aconteceu em campo. Não me lembro o que aconteceu em campo.
Quanto à regência dos verbos, as frases acima poderiam ser reescritas, sem prejuízo sintático, em:
1- Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro das pessoas passando em volta, apressadas e felizes.
2- Lembro-me da mão dele segurando a minha. Lembro a mão dele segurando a minha.
3- “Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.” Lembro apenas as sensações e as emoções daquele dia.
4 - Não me lembro do que aconteceu em campo. Não me lembro o que aconteceu em campo.
Quanto à regência dos verbos, as frases acima poderiam ser reescritas, sem prejuízo sintático, em:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074672
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
A vírgula foi usada com a mesma função: indicar a inversão das orações subordinadas adverbiais, EXCETO em:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074673
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
Em: “Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda
não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que, anos depois, entenderia
ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado.”, “o” é um pronome
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074674
Português
Texto associado
TEXTO 1
(-------------)
Milly Lacombe
Minhas duas primeiras memórias de infância envolvem meu pai.
Na primeira delas, estou em seus ombros, no meio de uma multidão que
cantava, pulava e festejava. Enrolados em uma bandeira do Brasil que minha mãe
havia feito na máquina de costura, que ficava no mesmo quarto da TV em branco
e preto. Eu tinha três anos, ele tinha 43. A seleção tinha acabado de ser tricampeã
mundial de futebol e meu pai e eu celebrávamos no meio de outras centenas de
pessoas na rua General Glicério, em Laranjeiras, no Rio.
Na segunda memória, estou subindo com ele a rampa do Maracanã. Eu
tinha um pouco mais que três anos, mas não muito mais. Lembro-me da mão dele
segurando a minha, lembro-me de olhar para cima e vê-lo ali sorrindo para mim.
Lembro-me das pessoas passando em volta, apressadas e felizes. Lembro-me das
camisas e bandeiras misturadas: vermelho e preto em alguns; verde, branco e
grená em outros. Ele e eu fazíamos parte desse segundo grupo de pessoas. Na
minha outra mão, uma almofadinha com as cores do Fluminense, feita por minha mãe na máquina de costura que ficava no mesmo quarto da TV branco e preta. A
almofadinha era uma solução à dureza do concreto da arquibancada.
Subindo a rampa, lembro-me de ver, lá bem longe e já no topo, uma abertura para o céu. Era para lá que caminhávamos, meu pai e eu, de mãos dadas. O
que haveria ali além do céu? Depois de uma subida, bastante longa para um pequeno corpo que ainda não tinha feito cinco anos, lembro-me de conhecer o que,
anos depois, entenderia ser o êxtase que vem com a experiência do sagrado. Ao
final da rampa, uma abertura para um campo verde, de marcas brancas e milhares
de pessoas cantando ao redor.
Capturada pela imensidão do momento, outra vez olhei para cima e vi meu
pai. Ele sorria e não se movia, como quem sabe que seria importante me deixar
ali um pouco, apenas sentindo a grandeza do momento, apenas absorvendo uma
experiência inaugural de amor e paixão. Depois de um tempo, ele me pegou no
colo e subimos os degraus da arquibancada, sendo abençoados por um tanto de
pó de arroz a cada passo.
Não me lembro de mais nada.
Não me lembro do placar, não me lembro
do que aconteceu em campo, não me lembro do que comemos, nem dos sorvetes
que não pedi. Lembro-me apenas das sensações e das emoções daquele dia.
Mas, mais que qualquer coisa, lembro-me da mão de meu pai na minha. Se fechar
os olhos, posso sentir a temperatura e a textura de sua mão na minha. Se fechar
os olhos, sinto outra vez a exata pressão que a mão dele fazia na minha, todas as
vezes que andávamos assim pelas ruas, e sinto a segurança que aquelas mãos
me davam.
Meu pai não está mais aqui, mas a sensação de sua mão na minha está.
Pouca coisa, aliás, se manteve presente além dessa sensação. Talvez apenas a
emoção de subir uma rampa cujo final é um campo de futebol onde dois times se
enfrentarão. O caminho do sagrado, do final de um período escuro, frio e penoso
que se abre para uma imensidão de luzes, sonhos e possibilidades.
Anos depois, eu conduziria meu sobrinho pela mesma rampa, mas agora
interpretando o papel feito por meu pai.
O que é a vida se não esse contínuo trocar de lugares e essa perpétua
caminhada que pode nos levar a encontros grandiosos? Não muita coisa, eu acho.
Um passo atrás do outro, uma batalha atrás da outra. Conquistas, fracassos. Vitórias, derrotas. Dias bons, dias ruins. Partidas, chegadas. E lá vamos nós outra vez.
Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nosso-estranhoamor/2022/11/[...].shtml (Adaptado) Acesso em: 30 dez. 2022.
A posição do pronome oblíquo destacado é facultativa em:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
|
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074675
Português
A crase é obrigatória em:
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
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FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074676
Português
Texto associado
TEXTO 2
INSTRUÇÃO: Leia o texto abaixo para responder à questão
Conversinha mineira
Fernando Sabino
— É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
— Sei dizer não senhor: não tomo café.
— Você é dono do café, não sabe dizer?
— Ninguém tem reclamado dele não senhor.
— Então me dá café com leite, pão e manteiga.
— Café com leite só se for sem leite.
— Não tem leite?
— Hoje, não senhor.
— Por que hoje não?
— Porque hoje o leiteiro não veio.
— Ontem ele veio?
— Ontem não.
— Quando é que ele vem?
— Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no
dia que devia vir em geral não vem.
— Mas ali fora está escrito “Leiteria”!
— Ah, isso está, sim senhor.
— Quando é que tem leite?
— Quando o leiteiro vem.
— Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?
— O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?
— Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta
uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?
— Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
— E há quanto tempo o senhor mora aqui?
— Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um
pouco mais, um pouco menos.
— Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
— Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.
— Para que Partido?
— Para todos os Partidos, parece.
— Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.
— Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro.
Nessa mexida...
— E o Prefeito?
— Que é que tem o Prefeito?
— Que tal o Prefeito daqui?
— O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
— Que é que falam dele?
— Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.
— Você, certamente, já tem candidato.
— Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
— Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que
história é essa?
— Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...
Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/13152/conversinha-mineira Acesso
em: 03 jan. 2023
A crônica traça o perfil de um mineiro por meio de um diálogo, no qual chama(m)
a atenção, principalmente,
Ano: 2023
Banca:
FUMARC
Órgão:
AL-MG
Provas:
FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista I - Assessoria e Imprensa e Produção Multimídia
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FUMARC - 2023 - AL-MG - Analista Legislativo - Jornalista II - Radio e Televisão |
Q2074677
Português
Texto associado
TEXTO 2
INSTRUÇÃO: Leia o texto abaixo para responder à questão
Conversinha mineira
Fernando Sabino
— É bom mesmo o cafezinho daqui, meu amigo?
— Sei dizer não senhor: não tomo café.
— Você é dono do café, não sabe dizer?
— Ninguém tem reclamado dele não senhor.
— Então me dá café com leite, pão e manteiga.
— Café com leite só se for sem leite.
— Não tem leite?
— Hoje, não senhor.
— Por que hoje não?
— Porque hoje o leiteiro não veio.
— Ontem ele veio?
— Ontem não.
— Quando é que ele vem?
— Tem dia certo não senhor. Às vezes vem, às vezes não vem. Só que no
dia que devia vir em geral não vem.
— Mas ali fora está escrito “Leiteria”!
— Ah, isso está, sim senhor.
— Quando é que tem leite?
— Quando o leiteiro vem.
— Tem ali um sujeito comendo coalhada. É feita de quê?
— O quê: coalhada? Então o senhor não sabe de que é feita a coalhada?
— Está bem, você ganhou. Me traz um café com leite sem leite. Escuta
uma coisa: como é que vai indo a política aqui na sua cidade?
— Sei dizer não senhor: eu não sou daqui.
— E há quanto tempo o senhor mora aqui?
— Vai para uns quinze anos. Isto é, não posso agarantir com certeza: um
pouco mais, um pouco menos.
— Já dava para saber como vai indo a situação, não acha?
— Ah, o senhor fala da situação? Dizem que vai bem.
— Para que Partido?
— Para todos os Partidos, parece.
— Eu gostaria de saber quem é que vai ganhar a eleição aqui.
— Eu também gostaria. Uns falam que é um, outros falam que outro.
Nessa mexida...
— E o Prefeito?
— Que é que tem o Prefeito?
— Que tal o Prefeito daqui?
— O Prefeito? É tal e qual eles falam dele.
— Que é que falam dele?
— Dele? Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.
— Você, certamente, já tem candidato.
— Quem, eu? Estou esperando as plataformas.
— Mas tem ali o retrato de um candidato dependurado na parede, que
história é essa?
— Aonde, ali? Uê, gente: penduraram isso aí...
Disponível em: https://cronicabrasileira.org.br/cronicas/13152/conversinha-mineira Acesso
em: 03 jan. 2023
Em: “Uai, esse trem todo que falam de tudo quanto é Prefeito.”, pode-se perceber
características de uma variação linguística