Uncanny Valley: conheça o fenômeno do “vale da
estranheza”
O conceito de “Vale da Estranheza” foi introduzido pela
primeira vez pelo cientista, engenheiro e professor de
robótica japonês Masahiro Mori em seu livro Bukimi No Tani
Genshō, que traduzido literalmente do japonês significa
“Fenômeno do Vale Misterioso”. Nesta obra, Mori registrou
suas observações a respeito da interação homem-máquina
partindo do desenvolvimento de robôs humanoides.
Ele percebeu que, à medida que a semelhança entre um robô
e um ser humano se tornava mais próxima, nossas emoções
positivas em relação ao robô aumentavam, mas apenas até
certo ponto. Quando a semelhança se aproximava muito da
perfeição, ocorria uma queda acentuada na aceitação,
gerando uma sensação perturbadora. Mori provocou
reflexões profundas sobre a psicologia por trás dessa reação.
O nome “Uncanny Valley” surgiu em 1978, no livro “Robots:
Fact, Fiction, and Prediction”, da escritora britânica
especializada em artes de computação Jasia Reichardt, que
citou a obra de Mori e traduziu literalmente o termo do
japonês para o inglês. Com o passar dos anos, o termo criou
uma relação não intencional com o conceito de “estranheza”
na Psicanálise abordado pelo psiquiatra alemão Ernst
Jentsch em seu ensaio de 1906, “Sobre a psicologia do
estranho”, e por Sigmund Freud em “O estranho”, de 1906.
O Uncanny Valley é um conceito hipotético da Estética (um
ramo da Filosofia), com elementos da Robótica, do Design e
da Psicologia, que aborda o ponto em que a semelhança
entre um objeto artificial e um ser humano se torna quase
indistinguível, mas pequenas discrepâncias geram uma
aversão instintiva. Pesquisas psicológicas indicam que nosso
cérebro está programado para reconhecer e responder a
faces humanas, e mesmo pequenas imperfeições podem
desencadear desconforto.
Desde sua origem, esse fenômeno está relacionado à
robótica, especialmente ao desenvolvimento de
humanoides, robôs conhecidos por simularem os humanos
em aparência física e em algumas capacidades cognitivas.
Mas também se relaciona, por exemplo, com animações
gráficas em 3D já vistas em desenhos e jogos. Outros
conceitos e tecnologias, como a realidade virtual e a
Inteligência Artificial (IA), estão levando a experiência do
Uncanny Valley a um novo patamar, explorando a interação
entre humanos e ambientes simulados.
A neurociência por trás do Uncanny Valley revela que a
amígdala cerebral, responsável por processar emoções,
reage fortemente a estímulos quase humanos, mas não
completamente autênticos. Isso desencadeia uma resposta
emocional ambígua, resultando na sensação de estranheza.
O estudo dessas reações tem implicações profundas na
psicologia humana e interação humano-máquina.
(Texto retirado de https://dotlib.com/blog/uncanny-valley-conhecao-fenomeno-do-vale-da-estranheza. Adaptado.)