Questões de Concurso Público CODEMIG 2018 para Engenheiro de Instalações
Foram encontradas 45 questões
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Provas:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro Orçamentista
|
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2033606
Matemática
Observe a tabela que mostra o resultado de uma
pesquisa de mercado feita por um sacolão para identificar
a preferência de seus fregueses na compra de legumes,
verduras e frutas.
80 pessoas gostam de legumes 78 pessoas gostam de verduras 85 pessoas gostam de frutas 42 pessoas gostam de legumes e verduras 36 pessoas gostam de verduras e frutas 39 pessoas gostam de legumes e frutas 25 pessoas gostam de verduras, legumes e frutas
O número de entrevistados foi:
80 pessoas gostam de legumes 78 pessoas gostam de verduras 85 pessoas gostam de frutas 42 pessoas gostam de legumes e verduras 36 pessoas gostam de verduras e frutas 39 pessoas gostam de legumes e frutas 25 pessoas gostam de verduras, legumes e frutas
O número de entrevistados foi:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Provas:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro Orçamentista
|
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2033616
Legislação Estadual
Considere a seguinte hipótese: a Codemig realiza
Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI).
Nos termos da disciplina normativa aplicável, aí incluído o Regulamento de Licitação e Contratos da referida empresa, é incorreto afirmar:
Nos termos da disciplina normativa aplicável, aí incluído o Regulamento de Licitação e Contratos da referida empresa, é incorreto afirmar:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034379
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Considere as afirmativas a seguir.
I. Existe a possibilidade da coesão pela aceitação e pela discordância de ideias. II. Os discursos contra crise visam conformar as pessoas às atitudes tomadas pelo governo. III. Medo e esperança, sob uma perspectiva filosófica, são sentimentos iguais.
De acordo com o texto, estão corretas as afirmativas:
I. Existe a possibilidade da coesão pela aceitação e pela discordância de ideias. II. Os discursos contra crise visam conformar as pessoas às atitudes tomadas pelo governo. III. Medo e esperança, sob uma perspectiva filosófica, são sentimentos iguais.
De acordo com o texto, estão corretas as afirmativas:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034380
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
De acordo com o texto, não se pode afirmar:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034381
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Assinale a alternativa em que a palavra destacada, ao
ser substituída pela palavra entre colchetes, altera o
sentido original do trecho.
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034382
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Releia o trecho a seguir.
“São afetos ligados à projeção de um horizonte de expectativas.”
Sobre o acento indicativo de crase nesse trecho, assinale a alternativa CORRETA.
“São afetos ligados à projeção de um horizonte de expectativas.”
Sobre o acento indicativo de crase nesse trecho, assinale a alternativa CORRETA.
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034383
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Releia o trecho a seguir.
“Não se trata simplesmente de subverter o poder, mas de pensar de outra maneira [...]”
A palavra destacada confere ao trecho uma ideia de:
“Não se trata simplesmente de subverter o poder, mas de pensar de outra maneira [...]”
A palavra destacada confere ao trecho uma ideia de:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034384
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
De acordo com o texto, a sociedade:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034385
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Releia este trecho da entrevista.
“[...] para além disso há uma coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade que se transformou para nós em um elemento quase natural [...]”
Na língua oral, as pontuações são marcadas, principalmente, por pausas, com diversas finalidades distintas.
No caso desse trecho, o autor utilizou os dois-pontos como um recurso estilístico da língua escrita para indicar:
“[...] para além disso há uma coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade que se transformou para nós em um elemento quase natural [...]”
Na língua oral, as pontuações são marcadas, principalmente, por pausas, com diversas finalidades distintas.
No caso desse trecho, o autor utilizou os dois-pontos como um recurso estilístico da língua escrita para indicar:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034386
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Embora o texto esteja escrito em linguagem
predominantemente formal, característica da língua
escrita, ele foi baseado em uma entrevista, gênero
tipicamente oral.
Assinale a alternativa em cujo trecho há ocorrência de característica típica da linguagem oral.
Assinale a alternativa em cujo trecho há ocorrência de característica típica da linguagem oral.
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Provas:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Auditor
|
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Contador |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Analista de Sistemas |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Analista de Tecnologia da Informação |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro Civil |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Analista de Pessoal |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Arquiteto |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Energia |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Analista de Geoprocessamento |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Analista de Compliance |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Analista de Administração |
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034387
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Assinale a alternativa em que a ideia entre colchetes não
está presente no respectivo trecho.
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034388
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Depreende-se da fala do entrevistado que ele visa:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034389
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
O gênero textual entrevista possui como principal função
a informação. No entanto, nesse caso específico, ele
possui características bem próximas de um outro gênero
textual em função de uma de suas características
principais.
De acordo com as características desse texto e dos gêneros textuais, assinale a alternativa que indica esse outro gênero com o qual essa entrevista se assemelha.
De acordo com as características desse texto e dos gêneros textuais, assinale a alternativa que indica esse outro gênero com o qual essa entrevista se assemelha.
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034390
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
São características dessa entrevista, EXCETO:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034391
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Releia o trecho a seguir.
“Aí entra um pouco essa maneira de transformar o medo num elemento fundamental da gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga medida, potencializado, administrado, gerenciado.”
A locução destacada foi utilizada pelo entrevistado para:
“Aí entra um pouco essa maneira de transformar o medo num elemento fundamental da gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga medida, potencializado, administrado, gerenciado.”
A locução destacada foi utilizada pelo entrevistado para:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034392
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Releia o trecho a seguir.
“Aí entra um pouco essa maneira de transformar o medo num elemento fundamental da gestão social.”
Assinale a alternativa em que a palavra destacada não cumpre a mesma função sintática daquela destacada nesse trecho.
“Aí entra um pouco essa maneira de transformar o medo num elemento fundamental da gestão social.”
Assinale a alternativa em que a palavra destacada não cumpre a mesma função sintática daquela destacada nesse trecho.
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034393
Português
Texto associado
Acesso em: 27 set. 2017 [Fragmento adaptado].
A sociedade do medo
O filósofo Vladimir Safatle afirma que o medo se
transformou em um elemento de coesão de uma
sociedade refém de um discurso de crise permanente
[...]
No seu Quando as Ruas Queimam: Manifesto pela
Emergência, você diz que nossa época vai passar
para a história como o momento em que a crise virou
uma forma de governo. Você está falando do medo
que é gerado pela crise?
Sim, como efeito. É importante entender como o
discurso da crise se transformou num modo de gestão
social. As crises vêm para não passar. Por exemplo, nós
vivemos numa crise global há oito anos. Isso do lado
socioeconômico. No que diz respeito aos problemas de
segurança, vivemos uma situação de emergência há
quinze anos, desde 2001. Ou seja, são situações nas
quais vários direitos vão sendo flexibilizados, em que os
governos vão tendo a possibilidade de intervir na vida
privada dos seus cidadãos em nome de sua própria
segurança. É muito mais fácil você gerir uma sociedade
em crise. Então, a sociedade em crise é uma sociedade,
primeiro, amedrontada; segundo, é uma sociedade
aberta a toda forma de intervenção do poder soberano,
mesmo aqueles que quebram as regras, quebram
as normas constitucionais. Como estamos em uma
situação excepcional, essas quebras começam a virar
coisa normal. Esses discursos a respeito da luta contra a
crise são muito claros no sentido de impedir a sociedade
de reagir. Não se reage porque “a situação é de crise”.
E aí entra o medo.
Exatamente. Aí entra um pouco essa maneira de
transformar o medo num elemento fundamental da
gestão social. Ou seja, o medo produzido, em larga
medida, potencializado, administrado, gerenciado. É o
gerenciamento do medo como única forma de construir
coesão hoje em dia. Nós podemos construir coesão a
partir da partilha de ideias; só que, quando a sociedade
chega no ponto em que ela desconfia dos ideais que
lhe foram apresentados como consensuais, quando
desconfia das gramáticas sociais que são responsáveis
pela mediação dos conflitos, não resta outra coisa a não
ser um tipo de coesão negativa. Não coesão por algo
que todos afirmam, mas uma coesão através de algo
que todos negam.
Quando você fala da gestão da crise, quem são os
agentes? O poder constituído do Estado, os agentes
financeiros, o corpo social?
De fato, o discurso da maneira como eu estava colocando
pode dar um pouco a impressão de que há uma espécie
de grande sujeito por trás. Eu diria que o que acontece
é: nós partilhamos de um modo de existência que, por
não conseguir realizar as suas próprias promessas, e
também por impedir uma abertura em direção a outros
modos de existência, começa a funcionar numa chave de
conservação. É importante falar de modos de existência
porque isso tira um pouco a figura do sujeito que delibera.
Então temos, sei lá, o poder do Estado, a burocracia
que controla o poder do Estado, o capital financeiro.
É inegável que haja de fato projetos de grupos nos
modos de gestão social, mas para além disso há uma
coisa muito mais brutal: uma forma de racionalidade
que se transformou para nós em um elemento quase
natural, que faz com que todos comecem a pensar
dessa maneira. Essa forma de racionalidade, que acaba
operando esses processos de dominação, deixa uma
situação mais complexa. Não se trata simplesmente de
subverter o poder, mas de pensar de outra maneira, o
que é muito mais complicado do que pode parecer.
Quais são os instrumentos de que dispomos pra
romper com essa racionalidade, com esse circuito
baseado no medo? O que fazer?
Tenho duas colocações a fazer. A primeira é: muitos
acreditam que a melhor maneira de se contrapor a
circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir
outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o
oposto ao medo – por exemplo, a esperança. Só que
aí há uma reflexão muito interessante, de toda uma
tradição filosófica, de insistir que o medo e a esperança
não são afetos contraditórios – são complementares.
O que é o medo a não ser a expectativa de um mal
que pode ocorrer? O que é a esperança a não ser a
expectativa de um bem que pode ocorrer? Quem tem a
expectativa de que um mal ocorra, também espera que
esse mal não ocorra. Da mesma maneira, quem tem a
expectativa de que um bem ocorra, teme que esse bem
não ocorra. Então, a reversão contínua de um polo a
outro, da esperança ao medo, é uma constante, porque
são dois tipos de afetos ligados a um mesmo modo de
experiência temporal. São afetos ligados à projeção de
um horizonte de expectativas. Nesse sentido, toda forma
de pensar o tempo de maneira simétrica vai produzir
resultados simétricos. Então, um outro afeto seria
necessariamente um afeto que teria uma outra relação
com a ideia de acontecimento.
[...]
Freitas, Almir. Disponível em: .
Releia os trechos a seguir.
I. “Não se reage porque ‘a situação é de crise’.” II. “[...] uma forma de racionalidade que se transformou para nós em um elemento quase natural [...]” III. “[...] muitos acreditam que a melhor maneira de se contrapor a circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o oposto ao medo [...]”
Sabendo que as palavras “se” possuem muitas funções na língua portuguesa, pode-se afirmar que não conferem aos trechos uma ideia de condição as palavras “se” dos trechos:
I. “Não se reage porque ‘a situação é de crise’.” II. “[...] uma forma de racionalidade que se transformou para nós em um elemento quase natural [...]” III. “[...] muitos acreditam que a melhor maneira de se contrapor a circuitos de afetos vinculados ao medo seja constituir outros circuitos vinculados aos afetos que seriam o oposto ao medo [...]”
Sabendo que as palavras “se” possuem muitas funções na língua portuguesa, pode-se afirmar que não conferem aos trechos uma ideia de condição as palavras “se” dos trechos:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034394
Matemática
Uma florista vai ornamentar um salão de festas e quer
distribuir 300 rosas, 200 cravos e 150 margaridas em
vários jarros. Cada jarro deverá ter o mesmo e o maior
número possível da mesma flor.
O número de jarros que ela deve usar é:
O número de jarros que ela deve usar é:
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034395
Matemática
Observe os números a seguir.
281 542 408 653
Considere as pistas a seguir para a escolha de um desses números apresentados.
PISTAS
1ª É um número maior do que 400 e menor do que 700. 2ª As unidades são menores do que 5. 3ª As dezenas são maiores do que 3. 4ª As centenas são maiores do que 5 e menores do que 7.
A partir das pistas apresentadas, qual desses números será escolhido?
281 542 408 653
Considere as pistas a seguir para a escolha de um desses números apresentados.
PISTAS
1ª É um número maior do que 400 e menor do que 700. 2ª As unidades são menores do que 5. 3ª As dezenas são maiores do que 3. 4ª As centenas são maiores do que 5 e menores do que 7.
A partir das pistas apresentadas, qual desses números será escolhido?
Ano: 2018
Banca:
FUNDEP (Gestão de Concursos)
Órgão:
CODEMIG
Prova:
FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - CODEMIG - Engenheiro de Instalações |
Q2034397
Matemática
Observe os cálculos a seguir, em que cada figura
representa um mesmo número.
![Imagem associada para resolução da questão](https://qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/images/provas/56400/quest_o%2019-1.png)
Identificando os valores das figuras, pode-se afirmar que o resultado da operação
é igual a:
![Imagem associada para resolução da questão](https://qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/images/provas/56400/quest_o%2019-1.png)
Identificando os valores das figuras, pode-se afirmar que o resultado da operação
![Imagem associada para resolução da questão](https://qcon-assets-production.s3.amazonaws.com/images/provas/56400/quest_o%2019-2.png)
é igual a: