Questões de Concurso Público Prefeitura de Santa Luzia - MG 2019 para Professor de Educação Básica - PEB Língua Portuguesa
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Na obra Gramática pedagógica do português brasileiro, Marcos Bagno discute criticamente a noção de erro em torno da ocorrência de orações formadas por “para mim + infinitivo”, como: “O ilustrador trouxe uns desenhos para mim examinar”. O autor argumenta que o uso de “mim”, no lugar de “eu”, pode ser explicado, entre outros fatores, pela atribuição de caso oblíquo pela preposição “para” e, também, pela fusão de duas construções com essa preposição em uma única construção, como mostra o esquema a seguir:
No que diz respeito à postura do professor de português frente a esse tópico de ensino, Bagno
Ao escrever seus livros, o senhor não se preocupa em deixar as tramas datadas?
Pedro Bandeira
Tenho de usar aquilo que nunca muda: as emoções humanas. Por que Shakespeare vale até hoje? Porque ele não faz histórias de reis ingleses, mas sobre sonhos, inveja, cobiça, ambição, velhice, paixão de adolescentes... Faz histórias eternas, que não dependem da tecnologia. Até hoje você lê Ricardo III e fica impressionado, por ser um homem que faz tudo pela ambição do poder — isso existe até hoje. A emoção de uma jovem nunca mudará. Uma menina vai estar sempre apaixonada, vai ter sempre ciúmes da colega, vai ter medo do mundo, vai ter problemas com os pais que se separam. O furor uterino da Madame Bovary jamais será ultrapassado — é até hoje um romance atemporal. Hoje em dia se discute até que Lobato tem dificuldade de se tornar um clássico. Porque ele centrou muito na vida rural quando o Brasil já estava se tornando urbano.
O senhor também faz algumas releituras de clássicos da literatura mundial.
Pedro Bandeira
Um personagem como Iago vira Iara, uma menina ciumenta [em A Hora da Verdade]; Hamlet, lido de trás para frente, vira Telmah — aí transformei Hamlet na menina Telmah, que vive as mesmas dúvidas [em Agora Estou Sozinha]. Ou Cirano de Bergerac, um homem feio que escreve cartas para serem entregues pelo seu rival a sua amada — mas Cirano vira Isabel, de A Marca de uma Lágrima. Porque quero ajudar o jovem a gostar de ler. Não sou literatura final, de resultado final; sou introdução. Como para mim foram introdução Monteiro Lobato, Mark Twain, Emilio Salgari, Charles Dickens, Victor Hugo. A cultura é uma montanha enorme, de conhecimentos, de beleza, amontoada ao longo de muitos séculos. Para você chegar lá em cima, onde estão Shakespeare, Baudelaire, Cervantes, tem de subir uma escada. Para uma criança chegar um dia a Baudelaire, ela tem de pisar em Ruth Rocha, em Ziraldo, em Pedro Bandeira. Esses degraus têm de ser confortáveis, para ela gostar de continuar subindo.
Revista Língua, nº 67. São Paulo: Segmento, maio de 2011. (Adaptação).
Ao escrever seus livros, o senhor não se preocupa em deixar as tramas datadas?
Pedro Bandeira
Tenho de usar aquilo que nunca muda: as emoções humanas. Por que Shakespeare vale até hoje? Porque ele não faz histórias de reis ingleses, mas sobre sonhos, inveja, cobiça, ambição, velhice, paixão de adolescentes... Faz histórias eternas, que não dependem da tecnologia. Até hoje você lê Ricardo III e fica impressionado, por ser um homem que faz tudo pela ambição do poder — isso existe até hoje. A emoção de uma jovem nunca mudará. Uma menina vai estar sempre apaixonada, vai ter sempre ciúmes da colega, vai ter medo do mundo, vai ter problemas com os pais que se separam. O furor uterino da Madame Bovary jamais será ultrapassado — é até hoje um romance atemporal. Hoje em dia se discute até que Lobato tem dificuldade de se tornar um clássico. Porque ele centrou muito na vida rural quando o Brasil já estava se tornando urbano.
O senhor também faz algumas releituras de clássicos da literatura mundial.
Pedro Bandeira
Um personagem como Iago vira Iara, uma menina ciumenta [em A Hora da Verdade]; Hamlet, lido de trás para frente, vira Telmah — aí transformei Hamlet na menina Telmah, que vive as mesmas dúvidas [em Agora Estou Sozinha]. Ou Cirano de Bergerac, um homem feio que escreve cartas para serem entregues pelo seu rival a sua amada — mas Cirano vira Isabel, de A Marca de uma Lágrima. Porque quero ajudar o jovem a gostar de ler. Não sou literatura final, de resultado final; sou introdução. Como para mim foram introdução Monteiro Lobato, Mark Twain, Emilio Salgari, Charles Dickens, Victor Hugo. A cultura é uma montanha enorme, de conhecimentos, de beleza, amontoada ao longo de muitos séculos. Para você chegar lá em cima, onde estão Shakespeare, Baudelaire, Cervantes, tem de subir uma escada. Para uma criança chegar um dia a Baudelaire, ela tem de pisar em Ruth Rocha, em Ziraldo, em Pedro Bandeira. Esses degraus têm de ser confortáveis, para ela gostar de continuar subindo.
Revista Língua, nº 67. São Paulo: Segmento, maio de 2011. (Adaptação).
O texto a seguir foi retirado da obra A força das palavras, de Ana Lúcia Tinoco Cabral (2011).
Torrada engorda menos que pão
Não. Muita gente ainda acredita que, por ser leve (no peso), a torrada tem menos calorias que o pão. No Livro Dietas – escolha a sua (Verus Editora), a autora e nutricionista americana Marie-Laure André faz a comparação em 100 gramas: o pão tem perto de 255 calorias e a torrada 390. Essa diferença é grande porque a torrada não tem água.
Revista Boa Forma, mar. de 2009, edição 264, p. 39.
A propósito da noção de polifonia, Cabral explica que, nesse texto,
Leia o texto a seguir do trecho de um folder turístico de Sergipe.
Roteiros de Sergipe
Praias extensas, lagoas, matas virgens, coqueirais silvestres e dunas douradas que chegam a 20 metros de altura são apenas algumas atrações da Costa das Dunas, no litoral Sul de Sergipe.
Formadas pelas praias de Caueira, Abaís e Saco, umas das mais badaladas e outras quase desertas, ao todo são 42 km de belíssimas praias com paisagens deslumbrantes. De bugre ou a cavalo, é um convite para um passeio. Até para os que gostam de esportes mais radicais, o cenário é perfeito.
AMARAL, 2010, p. 79. (Adaptação)
É correto afirmar que esse trecho de folder tem uma base tipológica
Leia o trecho a seguir, retirado da obra Norma culta brasileira: desatando alguns nós, de Carlos Alberto Faraco.
“Tomemos, como exemplo, (...) a regência do verbo ‘implicar’, no sentido de ‘ter como consequência’, ‘acarretar’ — como na seguinte sentença: A decisão do juiz implicava prejuízos futuros para a empresa. Originalmente o verbo ‘implicar’ neste sentido é transitivo direto (a decisão implicava prejuízos). Com o tempo este verbo se tornou também transitivo indireto no uso culto. Passou a ser normal dizer e escrever ‘implicar em’ (a decisão implicava em prejuízos). Esta inovação já estava registrada como de uso culto na década de 1950 (50 anos atrás, portanto) pelo Prof. Rocha Lima — indubitavelmente um de nossos bons gramáticos — na sua gramática normativa (cf. Rocha Lima, 2006: 433). Posteriormente, o Prof. Celso Luft — autor do melhor dicionário de regência verbal de que dispomos atualmente — dizia assim: ‘Implicar em algo’ é inovação em relação a ‘implicar algo’ por influência de sinônimos como ‘redundar’, ‘reverter’, ‘resultar’, ‘importar’. Aparentemente um brasileirismo. Plenamente consagrado, admitido até pela gramática normativa (Luft, 2006: 326)”.
FARACO, 2009, p. 89-90.
De acordo com a argumentação desenvolvida nesse trecho, o autor apresenta elementos para criticar
Leia as seguintes sentenças expostas por Ana Lúcia Tinoco Cabral, na obra A força das palavras.
(1) O menino apreciava curiosamente a girafa que acariciava o topo da árvore; nunca tinha visto animal tão grande.
(2) Curiosamente, assim que ele chegou diante da jaula dos macacos, todos vieram a seu encontro.
CABRAL, 2010, p. 113. (Adaptação)
Por meio da comparação dessas frases, a autora discute
Na obra Ensino de Português e Linguística, Ana Carolina Sperança-Criscuolo propõe ao professor de português uma atividade em que aparecem as seguintes sentenças, relativamente ao estudo do período composto:
a. Disseram que João arrumou um novo emprego.
b. Ontem encontrei Joaquim e ele disse: “João arrumou um novo emprego”.
c. Eu vi que João arrumou um novo emprego.
d. Acho que João arrumou um novo emprego.
e. É provável que João tenha arrumado um novo emprego.
f. O fato é que João arrumou um novo emprego.
SPERANÇA-CRISCUOLO, 2016, p. 94. (Adaptação)
A autora propõe, por meio da apresentação dessas setenças, que o professor deve levar o aluno a ser capaz de
Leia a tirinha a seguir.
São diversas as capacidades que os(as) estudantes devem desenvolver na leitura dos diversos gêneros de texto (CAFIEIRO, 2010). Ao tomar essa tirinha para desenvolver uma atividade em sala de aula, o(a) professor(a) inicia o trabalho com o seguinte questionamento: quem são os personagens do texto e qual é a relação entre eles?
Essa questão explora, primordialmente, a capacidade do(a) estudante de
Disponível em: <https://www.letras.mus.br/gonzaguinha/490928/>. Acesso: 12 mar. 2019.
A música de Gonzaguinha foi composta em uma variedade linguística regional. Na letra, essa variedade revela-se na grafia de certas palavras que se distingue da correspondente na variedade linguística considerada padrão. Assinale a alternativa em que as alterações gráficas apontadas seguem a mesma regularidade.
Nas alternativas a seguir, estão colocados trechos do diário Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus (1914-1977), uma das primeiras escritoras negras reconhecidas do Brasil, moradora da favela do Canindé (SP). Assinale a alternativa em que a crítica social apresentada no trecho está corretamente indicada entre parênteses.
Leia o texto a seguir.
A língua e o caráter de um povo
A linguagem é muito mais do que um meio de comunicação ou de interação social. Ela é a roupa que veste nossas intenções comunicativas, nossos pontos de vista, nossa capacidade de influenciar, emocionar e questionar. Ao enunciar num idioma e numa determinada sintaxe, não há escapatória. Há apenas um redundante beco sem saída. Somos condenados a ter uma posição. Quando falamos, expomos nossa visão de mundo, revelamos se somos conservadores, machistas, liberais, de direita, de esquerda, moderados, malucos, razoáveis e por aí vai.
A linguagem revela as intenções do usuário — e uma língua, o caráter de um povo. Em nosso idioma, então, a situação se complica, porque ele espelha nossa volubilidade e frouxidão moral. Basta que se solte um “meio proibido” para que coloquemos em dúvida o caráter de uma nação. Ora, caberia a possibilidade de que tenhamos uma situação mais proibida do que outra? Por exemplo, é proibido estacionar sobre a calçada ou é apenas meio proibido? Mas, como somos um povo normativo e trambiqueiro — que gosta de regras, mas ama quebrá-las —, a língua deu um jeito de colocar os pingos nos is, inventar uma proibição de verdade e lavrar com mão nas escrituras a sentença definitiva: “expressamente proibido”.
A nossa conjunção adversativa “mas”, indicadora de oposição e de contrariedade, revela mais do que gostaríamos de dizer. “Não sou machista, mas é que as mulheres…”. Não há dúvida de que a sequência da frase revelará o machismo que se pretende esconder ou atenuar. Basta observar que o “mas” é um reforçador do que se enuncia. Não é diferente dizer “voto em fulano porque ele rouba, mas faz” ou “não voto em fulano porque ele faz, mas rouba”?
Na selva perigosa da linguagem não há isenção na enunciação, nela não basta alardear o feito sem o bicho (fazendo uma alusão à expressão “matar a cobra e mostrar o pau”).
Disponível em: <http://www.revistaeducacao.com.br/lingua-e-ocarater-de-um-povo/>. Acesso em: 10 mar. 2019. (Adaptação)
O texto “A língua e o caráter de um povo” tem como objetivo principal
Em A gramática do texto, no texto, Costa Val (2002)
propõe, para se ensinar “a gramática que ‘acontece’ no
texto” (p. 130), uma abordagem que
O poema “desconjugações” utiliza, como recurso expressivo no interior dos versos, ora a repetição de sons consonantais, como em “digo, / dizes, / [...] ditadores”, ora a repetição de sons vocálicos, como em “informo, / informas, / [...] infames”.
Esses recursos expressivos denominam-se, respectivamente,
Sou preta fujona Preparada para enfrentar o sistema Empino o black sem problema Invado a cena
Sou preta fujona Defendo um escurecimento necessário Tiro qualquer racista do armário Enfio o pé na porta e entro
Cristiane Sobral. Disponível em: <https://pretaeacademica.wordpress.com/2017/04/26/retina-negra-por-cristiane-sobral/>.Acesso em: 10 mar. 2019.
Sobre a imagem poética construída nesse poema, é correto afirmar que
A seguir, tem-se o trecho de um texto literário em que se representa uma fala espontânea.
Mas
Deixa eu falar eu não acabei ainda não deixa eu desabafar eu nunca falo
As crianças... vai acabar acordando as fico segurando as pontas aqui dentro de casa nem para trocar uma lâmpada você serve claro você tem muitas qualidades é fiel honesto trabalhador mas uma mulher uma mulher precisa muito mais do que isso muito mais
In: RUFFATO, L. Eles eram muitos cavalos. 11 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Qual das características a seguir evidencia ser esse trecho a representação de um texto oral?
Leia o trecho a seguir.
“Ao contrário das pessoas, línguas podem ressuscitar, desde que o conhecimento seja preservado (num dicionário, por exemplo) e passado adiante. Foi o que aconteceu com o hebraico, que sumiu na Idade Média – quando passou a ter somente uso litúrgico – para renascer como o idioma oficial de Israel. Se a língua morre sem registro, ela é considerada extinta. A linguista Januacele da Costa, da UFPE, estima que esse tenha sido o destino de 1.200 idiomas brasileiros desde a chegada dos portugueses. Na tentativa de salvar as línguas indígenas, linguistas e professores se esforçam para ensiná-las às novas gerações. Hoje, há 2 422 escolas que oferecem alfabetização bilíngue para as crianças índias.”
Disponível em: <https://super.abril.com.br/historia/quantas-linguas-sao-faladas-no-Brasil/>.Acesso em: 12 mar. 2019. [Fragmento].
“A linguista Januacele da Costa, da UFPE, estima que esse tenha sido o destino de 1.200 idiomas brasileiros desde a chegada dos portugueses”, o pronome demonstrativo em destaque retoma a ideia de