Questões de Concurso Público Prefeitura de Pará de Minas - MG 2022 para Médico da Família - ESF
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TEXTO I
Aquela menina às margens do Igarapé
O bracinho da menina acena no seu corpinho em pé,
na porta da casa de madeira nas margens do Igarapé.
Respondo, respondemos com vários ternos acenos,
do barco que avança dentro da massa de compacto
calor amazônico.
De tantas cenas com pássaros, árvores e casas de caboclo, a imagem dessa menina imprimiu-se logo em mim. Fotograficamente. Peço à minha mulher um papelzinho e anoto o que poderia ser o início de um poema. Procuro-o agora e percebo que o perdi como a tantos outros inúteis textos. Contudo, o bracinho da menina acena, em pé, na porta da casa de madeira nas margens do igarapé.
Acena para mim e eu respondo. Um Brasil acena para outro Brasil, que passa. Estou conhecendo uma das muitas ilhas amazônicas, defronte de Belém do Pará, depois de ter feito uma conferência na inauguração do Centro Cultural Tancredo Neves sobre a questão da identidade nacional. Isto foi ontem. Agora estou no meio deste rio, que de tão largo parece mar, e continuo me perguntando “que país é este?”. E o bracinho da menina acena para mim. Como os moradores desta ilha, ela tem olhos claros e cabelos lisos: é uma caboclinha, mistura de portugueses e índios.
E ainda ontem na conferência eu citava Simon Bolívar: “Não somos nem índios nem europeus, somos qualquer coisa intermediária entre os senhores legítimos deste país e os usurpadores espanhóis. Em resumo, sendo americanos de nascença e beneficiando-nos dos direitos originais da Europa, não nos devemos opor aos direitos dos índios e ficar no nosso país para resistir aos invasores estrangeiros. Nossa situação é, portanto, ao mesmo tempo extraordinária e terrivelmente complicada”.
O barco avança. Passa por outras casas, pássaros, árvores e muitas coisas que anotei no papelzinho que perdi. Sou um país que perde seus papéis e está perplexo entre a cidade e o igarapé. De repente no alto, cruzando de uma margem a outra, como numa rua de Ipanema, uma corda com estandarte de plástico da Copa/86. A emoção do futebol flutua nos mínimos canais da Amazônia.
Desembarcamos para conhecer a ilha. E vamos vendo, pegando, apalpando cajueiros, seringueiras já exploradas e imensos castanheiros. Um punhado de meninos de 5 a 10 anos, talvez irmãos, primos daquela menininha que me acenava, nos acompanha como um bando de macaquinhos felizes. Aguardam sob os pés de açaí a ordem do guia para uma demonstração de destreza: subir nos troncos rapidamente usando, amarrada aos pés, uma tira vegetal de apoio e impulso.
Desses meninos, quantos ficam por aqui? O guia mostra adiante uma casa rosa de madeira. Pertence a um morador que foi um desses meninos, cresceu, saiu da ilha, virou advogado em Belém e, no entanto, preserva a casa para fins de semana. Isto me lembra Oswald de Andrade: “o lado doutor. Fatalidade do primeiro branco aportando e dominando politicamente as selvas selvagens. O bacharel. Não podemos deixar de ser doutos. Doutores. País de dores anônimas, de doutores anônimos”. Mas aquele ali é diferente. Manteve suas raízes. Talvez tenha resolvido o dilema entre a selva e a escola. A escola, aliás, está ali: mais adiante. Mais de cinquenta garotos fazem as quatro séries do primário juntos. Só um está na quarta série. A velha professora batalhou ali mais de cinquenta anos. Uma caixinha na parede pede colaboração dos turistas. A escola tem o nome de uma mulher americana, lembrando a doação e a visita.
De repente, uma clareira. Houve um pequeno incêndio. E o chão é só areia. Diz o guia: É assim que ficará a Amazônia com o desmatamento. Esta é a terra típica daqui, arenosa. Penso no livro de Loyola, “Não Verás País Nenhum” e na “Amazônia Saqueada”, de Edmar Morel. Lembro a afirmação do ecólogo Paulo Fraga denunciando que as setecentas serrarias que devastaram o Espírito Santo deslocaram-se para a Amazônia.
Foram cinco horas de viagem. Vou voltando para Belém de barco, vou comer um pato ao tucupi, tomar um sorvete de cupuaçu e graviola. Mas por onde quer que eu vá agora, um bracinho de menina acena, em pé, na porta da casa de madeira nas margens do igarapé.
SANT’ANNA, Affonso Romano de. Porta de colégio e outras
crônicas. 7 ed. São Paulo: Ática, 2002.
Na crônica, o narrador faz referência a uma escola local e afirma:
“A velha professora batalhou ali mais de cinquenta anos. Uma caixinha na parede pede colaboração dos turistas. A escola tem o nome de uma mulher americana, lembrando a doação e a visita.”
Nessa passagem, o uso dos adjetivos “velha” e
“americana” contribuem para uma crítica em relação
à(ao)
TEXTO II
“Não temos mais tempo” é o recado de Txai Paiter
Suruí na abertura da COP-26
Jovem indígena foi a única brasileira a discursar no
palco principal da Conferência do Clima nesta
segunda-feira (01).
1 de novembro de 2021 Giselli Cavalcanti
Em seu discurso, reproduzido no texto de Giselli Cavalcanti, Txai Paiter afirma: “A Terra está falando. Ela nos diz que não temos mais tempo”.
A fim de enfatizar a mensagem que desejava transmitir
durante a COP-26, a indígena, nesse trecho, faz uso da
figura de linguagem conhecida como
TEXTO II
“Não temos mais tempo” é o recado de Txai Paiter
Suruí na abertura da COP-26
Jovem indígena foi a única brasileira a discursar no
palco principal da Conferência do Clima nesta
segunda-feira (01).
1 de novembro de 2021 Giselli Cavalcanti
“A luta pela justiça climática também esteve fortemente presente no discurso de Txai, que trouxe a necessidade não apenas de que a agenda climática inclua a pauta indígena, mas, principalmente, que os povos indígenas possam estar presentes e efetivamente participando dos espaços de tomada de decisão.”
Na passagem acima, o pronome “que” se refere ao(à)
TEXTO II
“Não temos mais tempo” é o recado de Txai Paiter
Suruí na abertura da COP-26
Jovem indígena foi a única brasileira a discursar no
palco principal da Conferência do Clima nesta
segunda-feira (01).
1 de novembro de 2021 Giselli Cavalcanti
Observam-se marcas de opinião da autora do artigo no seguinte trecho:
TEXTO II
“Não temos mais tempo” é o recado de Txai Paiter
Suruí na abertura da COP-26
Jovem indígena foi a única brasileira a discursar no
palco principal da Conferência do Clima nesta
segunda-feira (01).
1 de novembro de 2021 Giselli Cavalcanti
Considerando as informações apresentadas sobre a COP, constata-se que o objetivo central do texto de Giselli Cavalcanti é