O texto seguinte servirá de base para responder a questão.
Na rota do hidrogênio sustentável
O Brasil está entre os países mais bem posicionados
para a produção em larga escala de hidrogênio de baixa
emissão de carbono, combustível com alto poder
calorífico apontado como importante vetor para a
transição energética. O país tem potencial técnico para
gerar 1,8 gigatonelada de hidrogênio por ano, sendo por
volta de 90% desse volume com uso de energias
renováveis. Os dados integram o Plano Decenal de
Expansão de Energia 2031, elaborado pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE), vinculada ao Ministério de
Minas e Energia (MME).
O estudo identifica diversas fontes e rotas tecnológicas
para a produção de hidrogênio de baixo carbono,
considerado por muitos especialistas o combustível do
futuro, por sua capacidade de auxiliar na
descarbonização do planeta. É esperado que ele venha
a substituir o uso de combustíveis fósseis em setores da
economia como o de transportes e de indústrias
intensivas em energia (siderúrgicas, metalúrgicas e
cimenteiras). Os combustíveis fósseis são responsáveis
pela emissão de gases de efeito estufa (GEE),
associados ao aquecimento global e às mudanças
climáticas.
Hidrogênio de baixa emissão de carbono é a nova
terminologia empregada pela Agência Internacional de
Energia (IEA) para designar o hidrogênio (H2) produzido
por diferentes rotas com emissão nula ou reduzida de
dióxido de carbono (CO2). Integram esse grupo o
hidrogênio produzido a partir da reforma do etanol e de
outros biocombustíveis ou biomassas (resíduos agrícolas
ou florestais); o hidrogênio gerado a partir da eletrólise
da água com uso de fontes renováveis (eólica, solar,
hidráulica) ou de energia nuclear; o hidrogênio resultante
do processo de reforma térmica do gás natural com
captura, sequestro e uso de carbono (CCUS); o
hidrogênio natural, que pode ser extraído do solo, entre
outros.
De acordo com o Programa Nacional de Hidrogênio
(PNH2), do governo federal, os projetos de hidrogênio de
baixa emissão de carbono já anunciados somam cerca
de US$ 30 bilhões. Analistas e pesquisadores do setor
energético consultados por Pesquisa FAPESP
mostram-se otimistas quanto ao protagonismo do país
nesse novo mercado. "O Brasil reúne as condições
necessárias para ser um dos líderes globais do setor",
avalia o especialista em energias renováveis Ricardo
Ruther, professor da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC) e coordenador de uma
recém-inaugurada usina experimental de produção de
hidrogênio verde (H2V) − o produzido por meio da
eletrólise da água − da instituição.
"Temos abundância de fontes renováveis de energia
eólica e solar, essenciais para a produção de hidrogênio
sustentável; um mercado organizado, competitivo e
dinâmico de geração de energia elétrica por fontes
renováveis; um parque industrial que pode absorver a
produção em larga escala de hidrogênio; e relativa
proximidade com o mercado europeu, para onde o
combustível será exportado", afirma.
A atenção que se dá ao hidrogênio combustível se
explica pelo fato de seu poder calorífico ser cerca de três
vezes superior ao do gás natural, da gasolina ou do
diesel. Embora abundante no Universo, o hidrogênio
raramente é achado de forma isolada, mas está presente
no etanol (C2H6O), no metano (CH4) e em outros
combustíveis fósseis, além da água (H2O). Para isolar a
molécula de hidrogênio e utilizá-la como energia para
mover veículos automotores ou em procedimentos
industriais, esses compostos precisam ser submetidos a
processos químicos.
Retirado e adaptado de: VASCONCELOS, Yuri. Na rota do
hidrogênio sustentável. Revista Pesquisa FAPESP. Disponível
em: https://revistapesquisa.fapesp.br/na-rota-do-hidrogenio-
sustentavel/ Acesso em: 08 nov., 2023.