Questões de Concurso Público IF-MT 2020 para Professor do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico - Português e Espanhol
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Texto 02
A psicanálise do açúcar
O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
mostra a mais instável das brancuras:
quem do Recife sabe direito o quanto,
e o pouco desse quanto, que ela dura.
Sabe o mínimo do pouco que o cristal
se estabiliza cristal sobre o açúcar,
por cima do fundo antigo, de mascavo,
do mascavo barrento que se incuba;
e sabe que tudo pode romper o mínimo
em que o cristal é capaz de censura:
pois o tal fundo mascavo logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
Se os bangüês que-ainda purgam ainda
o açúcar bruto com barro, de mistura;
a usina já não o purga: da infância,
não só depois de adulto, ela o educa;
em enfermarias, com vácuos e turbinas,
em mãos de metal de gente indústria,
a usina o leva a sublimar em cristal
o pardo do xarope: não o purga, cura.
Mas como a cana se cria ainda hoje,
em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
(João Cabral de Melo Neto. Obro completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 356).
Ao lermos o poema em destaque, levando-se em consideração o papel do percurso gerativo do sentido na construção semiótica do texto, no nível das estruturas fundamentais, podemos afirmar que:
I - Ele parte da oposição entre duas antíteses, que são o puro (branco, limpo, claro), em "açúcar cristal da usina", e o sujo (impuro, escuro, barrento), em "açúcar mascavo".
II - Dois percursos ocorrem no texto. Passa-se da pureza à impureza, quando o mascavo barrento rompe o cristal, ou da sujeira do açúcar bruto à brancura do cristal da usina.
III - A asserção da "pureza", no primeiro percurso, e a da "sujeira", no segundo, faz surgir, no texto de Cabral, uma terceira possibilidade, a da afirmação concomitante da "pureza" e da "sujeira" dos banguês. Assim, o açúcar dos banguês tem características tanto do mascavo "puro" quanto do cristal "sujo", purgado que é "com barro, de mistura".
Texto 02
A psicanálise do açúcar
O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
mostra a mais instável das brancuras:
quem do Recife sabe direito o quanto,
e o pouco desse quanto, que ela dura.
Sabe o mínimo do pouco que o cristal
se estabiliza cristal sobre o açúcar,
por cima do fundo antigo, de mascavo,
do mascavo barrento que se incuba;
e sabe que tudo pode romper o mínimo
em que o cristal é capaz de censura:
pois o tal fundo mascavo logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
Se os bangüês que-ainda purgam ainda
o açúcar bruto com barro, de mistura;
a usina já não o purga: da infância,
não só depois de adulto, ela o educa;
em enfermarias, com vácuos e turbinas,
em mãos de metal de gente indústria,
a usina o leva a sublimar em cristal
o pardo do xarope: não o purga, cura.
Mas como a cana se cria ainda hoje,
em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
(João Cabral de Melo Neto. Obro completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 356).
Texto 02
A psicanálise do açúcar
O açúcar cristal, ou açúcar de usina,
mostra a mais instável das brancuras:
quem do Recife sabe direito o quanto,
e o pouco desse quanto, que ela dura.
Sabe o mínimo do pouco que o cristal
se estabiliza cristal sobre o açúcar,
por cima do fundo antigo, de mascavo,
do mascavo barrento que se incuba;
e sabe que tudo pode romper o mínimo
em que o cristal é capaz de censura:
pois o tal fundo mascavo logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
Se os bangüês que-ainda purgam ainda
o açúcar bruto com barro, de mistura;
a usina já não o purga: da infância,
não só depois de adulto, ela o educa;
em enfermarias, com vácuos e turbinas,
em mãos de metal de gente indústria,
a usina o leva a sublimar em cristal
o pardo do xarope: não o purga, cura.
Mas como a cana se cria ainda hoje,
em mãos de barro de gente agricultura,
o barrento da pré-infância logo aflora
quer inverno ou verão mele o açúcar.
(João Cabral de Melo Neto. Obro completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 356).
Texto 03
Os gêneros textuais são classificados conforme as características comuns que os textos apresentam em relação à linguagem e ao conteúdo. Existem muitos gêneros textuais, os quais promovem uma interação entre os interlocutores (emissor e receptor) de determinado discurso. São exemplos a resenha crítica jornalística, publicidade, receita de bolo, menu do restaurante, bilhete ou lista de supermercado. É importante considerar seu contexto, função e finalidade, pois o gênero textual pode conter mais de um tipo textual. Isso, por exemplo, quer dizer que uma receita de bolo apresenta a lista de ingredientes necessários (texto A) e o modo de preparo (texto B).
(https://www.todamateria.com.br/generos-textuais/. Acesso em 09/2019) - Adaptado.
Texto 04
"Os gêneros são, em última análise, o reflexo de estruturas sociais recorrentes e típicas de cada cultura. Por isso, em princípio, a variação cultural deve trazer consequências significativas para a variação de gêneros."
(LA MARCUSCHI. Gêneros textuais: definição e funcionalidade, 2002).