No nível das estruturas narrativas, as operações da etapa fu...

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Q1406242 Português

Texto 02

A psicanálise do açúcar


O açúcar cristal, ou açúcar de usina,

mostra a mais instável das brancuras:

quem do Recife sabe direito o quanto,

e o pouco desse quanto, que ela dura.

Sabe o mínimo do pouco que o cristal

se estabiliza cristal sobre o açúcar,

por cima do fundo antigo, de mascavo,

do mascavo barrento que se incuba;

e sabe que tudo pode romper o mínimo

em que o cristal é capaz de censura:

pois o tal fundo mascavo logo aflora

quer inverno ou verão mele o açúcar.


Se os bangüês que-ainda purgam ainda

o açúcar bruto com barro, de mistura;

a usina já não o purga: da infância,

não só depois de adulto, ela o educa;

em enfermarias, com vácuos e turbinas,

em mãos de metal de gente indústria,

a usina o leva a sublimar em cristal

o pardo do xarope: não o purga, cura.

Mas como a cana se cria ainda hoje,

em mãos de barro de gente agricultura,

o barrento da pré-infância logo aflora

quer inverno ou verão mele o açúcar.

(João Cabral de Melo Neto. Obro completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 356). 

No nível das estruturas narrativas, as operações da etapa fundamental, no percurso gerativo do sentido na construção semiótica do texto, devem ser examinadas como transformações operadas por sujeitos. Dessa forma, em "Psicanálise do açúcar", só NÃO é correto afirmar que:
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