Questões de Concurso Público IF-SP 2019 para Letras: Português e Espanhol

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Q1007231 Português

                                   ROCK COM BANANA


      Nem que seja apenas por uma questão cronológica: já é tarde demais para se ficar discutindo a validade ou não da informação rock na música brasileira. Há quase 20 anos pelo menos ela transita de maneira constante, misturada e confusa por diversos setores da juventude urbana do Brasil. O mínimo que se poderia fazer, agora, seria tentar entender o fenômeno: que trajeto segue o dado X, informação musical de procedência estrangeira, até ser incorporado ao arsenal de recursos da criação brasileira? Já se fez isso com a polka (ou polca) e schottisch (ou xote) – que, como todos sabem, deram no choro, no maxixe e, em certa medida, no samba. Já se fez também com o jazz (que deu na bossa-nova, se em mais nada). Mas o rock é muito recente. Ou será muito espinhoso, muito constrangedor?

      Não há nenhum levantamento sistemático da trajetória do rock por terras brasileiras. Então, é preciso usar os elementos disponíveis: no caso, discos. Vinte anos depois, cada disco que se produz hoje no Brasil contendo algo de rock serve, no mínimo, como base para pesquisas e meditações. Para quem quer entender, é claro!

(BAHIANA, Ana Maria. Nada será como antes: MPB anos 70 – 30 anos depois. Rio de Janeiro: Senac Rio, 2006).


Segundo Vanoye (2003), há mensagens em que não se percebe a presença do destinador, porque elas são produto de um processo de construção que busca a neutralização intencional do “eu”. Há, porém, mensagens em que o destinador manifesta claramente suas opiniões ou reações relativamente ao conteúdo de que trata; e ainda há aquelas em que a expressão pessoal intervém de maneira dissimulada. Isso considerado, com relação ao texto Rock com banana, podemos afirmar que:

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Q1007232 Português

Said Ali (2001), ao estudar os verbos, problematiza não só a nomenclatura, mas também o uso de seus modos. O autor observa que, se, por um lado, o modo conjuntivo ocorre em orações subordinadas, por outro, ele também está presente em orações principais. Constata, ainda, que a simples caracterização desse modo como oposição à realidade e a certeza do fato enunciado pelo indicativo não são suficientes para definir o emprego do conjuntivo. Diante desses e de outros dados que ainda tornam mais complexo o problema, Said Ali propõe examinar diversos fatos linguísticos, a fim de estabelecer, entre outros elementos, as regras de uso do modo verbal conjuntivo.


Qual das opções tem correspondência adequada às regras apresentadas por Said Ali para o uso ou não do modo conjuntivo?

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Q1007234 Português

Não se enojem teus ouvidos

De tantas rimas em a,

Mas ouve meus juramentos,

Meus cantos, ouve, sinhá!

Te peço pelos mistérios

Da flor do maracujá!

(VARELA, F. A flor do maracujá. In: Cantos e fantasias e outros cantos. São Paulo: Martins Fontes, 2003)


O excerto do poema de Fagundes Varela utiliza-se de recurso de linguagem, especificamente no segundo verso, que se relaciona, do ponto de vista da classificação de Jakobson para as funções da linguagem, à função:

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Q1007235 Português

A coesão e a coerência constituem dois fatores importantes da textualidade. Quanto ao primeiro, Fávero expõe várias propostas de classificação no que diz respeito às relações que podem ser estabelecidas formalmente num texto. De sua parte, a autora propõe uma reclassificação baseada na função que os mecanismos exercem na construção do texto.


Que opção se refere à proposta de Fávero (1997) quanto à reclassificação teórica dos elementos da coesão?

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Q1007236 Português

“(Fabiano) - Sinhá Vitória desejava possuir uma cama igual a de seu Tomás da bolandeira. Doidice. Não dizia nada para não contrariá-la, mas sabia que era doidice. Cambembes podiam ter luxo? E estavam ali de passagem. Qualquer dia o patrão os botaria fora, e eles ganhariam o mundo, sem rumo, nem teriam meio de conduzir os cacarecos. Viviam de trouxa arrumada, dormiriam bem debaixo de um pau. Olhou a caatinga amarela, que o poente avermelhava. Se a seca chegasse, não ficaria planta verde. Arrepiou-se. Chegaria naturalmente. Sempre tinha sido assim, desde que ele se entendera. E antes de entender, antes de nascer, sucedera o mesmo – anos bons misturados com anos ruins. A desgraça estava em caminho, talvez andasse perto. Nem valia a pena trabalhar. Ele marchando para casa, trepando a ladeira, espalhando seixos com as alpercatas – ela se avizinhando a galope com vontade de matá-lo”. (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 1980).


“(Sinhá Vitória) - Pensou de novo na cama de varas e mentalmente xingou Fabiano. Dormiam naquilo, tinham-se acostumado, mas seria mais agradável dormirem numa cama de lastro de couro, como outras pessoas. Fazia mais de um ano que falava nisso ao marido. Fabiano a princípio concordara com ela, mastigara cálculos, tudo errado. Tanto para o couro, tanto para a armação. Bem. Poderiam adquirir o móvel necessário economizando na roupa e no querosene. Sinhá Vitória respondera que isso era impossível, porque eles vestiam mal, as crianças andavam nuas, e recolhiam-se todos ao anoitecer. Para bem dizer, não se acendiam candeeiros na casa”. (RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Record, 1980).


Leite (2001) apresenta a tipologia do narrador formulada por Norman Friedman (1967), que propôs um conjunto de categorias ao mesmo tempo mais sistemático e mais completo para responder às questões: Quem narra? De que posição ou ângulo em relação à história o narrador conta? Que canais de informação o narrador usa para comunicar a história? A que distância ele coloca o leitor da história?


Com base nesses autores, podemos associar o narrador dos excertos de Vida Secas à categoria

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Q1007237 Português

Ainda sei da fala e sei da lavra

e sei das pedras nas palavras áspedras.

E sei que o leito da linguagem leixa

pedregulhos na letra.

É como o logro

da poeira na louça ou como o lixo

nos baldios do livro.

Ainda sei da língua e sei da linha

do luxo e suas luvas, amaciando

os calos e os dedais.

E sei da fala

E do ato de lavrá-la na falavra.

(TELES, Gilberto Mendonça. Poemas reunidos. 2. ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 1979).


Ao estudar a estilística morfológica, Martins (2000) defende que os aspectos morfológicos da língua são importantes para a linguagem expressiva. Segundo ela, a ideia de que vocábulos que não se incorporam na língua não têm interesse estilístico é bem discutível, já que, por um lado, não se pode antever o seu destino e, por outro lado, eles evidenciam as potencialidades dos processos de renovação do léxico e dos elementos formadores (lexemas e morfemas).


Entre os diversos processos estudados por Martins, essenciais aos recursos expressivos estilístico-lexicais, o poeta Gilberto Mendonça Teles serviu-se da

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Q1007238 Português

Marcuschi assume que, de acordo com as diferentes posições existentes, pode-se ver a língua:

i) como forma ou estrutura – um sistema de regras que defende a autonomia do sistema diante das condições de produção;

ii) como instrumento – transmissor de informações, sistema de codificação;

iii) como atividade cognitiva – ato de criação e expressão do pensamento típica da espécie humana;

iv) como atividade sociointerativa situada – a perspectiva sociointeracionista relaciona os aspectos históricos e discursivos.

(adaptado de: MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Cortez, 2008).


Considerando as diferentes correntes apresentadas por Marcuschi, assinale aquela que representa a concepção de língua como atividade sociointerativa:

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Q1007239 Português

No poemeto “I-Juca Pirama”, a crítica unânime tem admirado a ductibilidade dos ritmos que vão recortando os vários momentos da narração. Amplo e distendido nos cenários (...). Ondeante nos episódios em que se movem grupos humanos (...). Martelado nas tiradas de coragem, até o emprego do anepesto nas apóstrofes célebres da maldição.

(BOSI, A. História concisa da literatura brasileira. 35. ed. São Paulo: Cultrix, 1994).


Trecho 1

Tu choraste em presença da morte?

Na presença de estranhos choraste?

Não descende o cobarde do forte;

Pois choraste, meu filho não és!

Possas tu, descendente maldito

De uma tribo de nobres guerreiros,

Implorando cruéis forasteiros,

Seres presa de via Aimorés.


Trecho 2

Não vil, não ignavo,

Mas forte, mas bravo,

Serei vosso escravo:

Aqui virei ter.

Guerreiros, não coro

Do pranto que choro:

Se a vida deploro,

Também sei morrer.

(...)

(DIAS, G. Gonçalves Dias: poesias e prosa completas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2008).

Alfredo Bosi, em sua leitura do poema indianista I-Juca Pirama, ressalta as qualidades rítmicas dos versos de Gonçalves Dias. Considerando os trechos extraídos do poema, podemos afirmar, com base nas observações de Bosi, que:

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Q1007240 Português

“Ler, escrever e refletir sobre a língua. Essas três tarefas – que no fundo são uma só: desenvolver o letramento – constituem toda a missão da escola no que diz respeito à educação em língua materna. Não há tempo a perder com outras práticas que já se comprovaram absolutamente irrelevantes e inúteis para se cumprir essa missão”

(BAGNO, M. Gramática pedagógica do português brasileiro. São Paulo: Parábola, 2013).


De acordo com o excerto acima, há práticas pedagógicas que se mostraram ineficazes para a educação em língua materna, ou seja, que não levam a desenvolver a leitura, escrita e reflexão sobre a língua. Assinale a alternativa que apresenta atividades dessa natureza.

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Q1007241 Português

“Se, para tentar e intimidar, o destinador oferece valores que ele acredita desejados ou temidos pelo destinatário, para seduzir e provocar, o destinador apresenta imagens positivas ou negativas do destinatário, de sua competência. Nesses casos, para manter ou para evitar a imagem que o outro faz dele, o destinatário realizará o que lhe é proposto (...)”.

(BARROS, D. L. P. Estudos do discurso. In: FIORIN, J. L. (Org.). Introdução à linguística II: princípios de análise. 4. ed. 2a reimpressão. São Paulo: Contexto, 2008).


A partir do trecho citado e considerando a noção de manipulação no âmbito dos estudos de semiótica, indique a frase em que a estratégia utilizada é a sedução.

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Q1007242 Português

«Olá, guardador de rebanhos,

Aí à beira da estrada,

Que te diz o vento que passa?»


«Que é vento, e que passa,

E que já passou antes,

E que passará depois.

E a ti o que te diz?»


«Muita coisa mais do que isso,

Fala-me de muitas outras coisas.

De memórias e de saudades

E de coisas que nunca foram.»


«Nunca ouviste passar o vento.

O vento só fala do vento.

O que lhe ouviste foi mentira,

E a mentira está em ti.»

(PESSOA, F. O eu profundo e outros eus: antologia poética. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980).


“Com efeito, os heterônimos são, pode dizer-se, uma invenção nova na história da poesia europeia, embora no desenvolvimento de uma tendência antiga. Podemos talvez compreendê-la supondo que cada heterônimo corresponde a um ciclo de atitudes como que experimentais. O heterônimo Alberto Caeiro reage em verso prosaicamente livre contra o transcendentalismo saudosista, mostrando que ’o único sentido oculto das coisas / é elas não terem sentido oculto nenhum‘, e contra o farisaísmo, então concorrentemente jacobino e devoto, da poesia compassiva sentimental”.

(SARAIVA, A. J.; LOPES, Ó. História da literatura portuguesa. 26. ed. Porto: Porto Editora, 1996).


O poema de Fernando Pessoa, excerto de O guardador de rebanhos, vincula-se ao heterônimo Alberto Caeiro e estrutura-se em forma de diálogo entre dois sujeitos com percepções distintas sobre o vento. Considerando o trecho citado de Saraiva e Lopes em História da literatura portuguesa, a oposição entre as vozes que realizam o diálogo no texto de Pessoa-Caeiro relaciona-se:

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Q1010708 Português

Em síntese: existe uma linguagem verbal, linguagem de sons que veiculam conceitos e que se articulam no aparelho fonador, sons estes que, no Ocidente, receberam uma tradução visual alfabética (linguagem escrita), mas existe simultaneamente uma enorme variedade de outras linguagens que também se constituem em sistemas sociais e históricos de representação do mundo. Portanto, quando dizemos linguagem, queremos nos referir a uma gama incrivelmente intrincada de formas sociais de comunicação e de significação.

(SANTAELLA, L. O que é semiótica. São Paulo: Brasiliense, 1993. Coleção Primeiros Passos.)


No trecho citado, a semioticista Lucia Santaella procura mostrar que o conceito de linguagem abrange outros elementos além daqueles pertinentes à linguagem verbal. Para a autora, a definição do objeto de estudo da Semiótica enquanto ciência articula-se com essa concepção de linguagem porque:

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Respostas
1: D
2: C
3: C
4: C
5: D
6: A
7: B
8: A
9: C
10: C
11: B
12: D