Questões de Concurso Público IF-TO 2021 para Professor EBTT - História
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Os itens de I a V tratam da Escola dos Annales (1929-1989) na perspectiva de Peter Burke.
Considerando esta visão proceda à análise, julgue e assinale a alternativa correta:
I. Na perspectiva de Peter Burke, a mais importante contribuição do grupo dos Annales, incluindo-se as três gerações, foi expandir o campo da história por diversas áreas. O grupo ampliou o território da história, abrangendo áreas inesperadas do comportamento humano e a grupos sociais negligenciados pelos historiadores tradicionais.
II. Olhando o movimento como um todo, percebemos uma grande quantidade de livros notáveis aos quais é difícil negar o título de obras primas: Les Rois Thaumaturges, Société Féodale, Le probléme de I’incroyance, Le Méditerrannée, Les Paysans de Languedoc, Civilisation et Capitalisme.
III. A tensão entre sociologia durkheimiana e a geografia humana de Vidal de la Blache é tão antiga que pode ser considerada como parte integrante da estrutura dos Annales. A tradição durkheimiana concentrou-se no que era único para uma região particular, enquanto a perspectiva vidaliana incentivou a generalização e a comparação. IV. Burke defende que o aparente conflito entre liberdade e determinismo, ou entre estruturas sociais e ação humana, embora tenham concepção paradoxais, não foi fator de divisão entre os historiadores do grupo.
V. Dentre os caminhos a serem utilizados para se avaliar o movimento dos Annales temos a análise de suas ideias predominantes. De acordo com um estereótipo comum ao grupo, eles estavam preocupados com a história das estruturas na longa duração, utilizavam métodos quantitativos, diziam-se científicos e negavam a liberdade humana.
BURKE, Peter. A Escola dos Annales (1929-1989): A
Revolução Francesa da historiografia/ Peter Burke; tradução
Nilo Odalia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 2011.
A partir da questão apresentada pelo Historiador Pedro Paulo Funari, proceda à análise dos itens, julgue-os e assinale a alternativa correta:
I. O anacronismo constitui meio privilegiado dessa manipulação [fake news], na medida em que o passado, presente e futuro são misturados, tomando tempos diferentes como iguais (este é o sentido da palavra anacronismo, ana = contra, cronos = tempo). II. Um anacronismo evidente é a ideia de que os seres humanos vivem e sempre viveram para minimizar os custos e maximizar os lucros. Esse princípio do capitalismo, compreensível para os dias de hoje, seria algo universal, fora do tempo, da história e da cultura. III. A história acaba sendo alvo privilegiado de pessoas e grupos que procuram manipular seus relatos a favor ou contra isso ou aquilo, muitas vezes distorcendo informações, inventando ou mentindo, reduzindo a história a questões narrativas e esvaziando desta o teor científico. IV. Os grupos ou pessoas que disseminam fake news tendem a sustentar que os valores capitalistas não são uma constante na história, desde sempre e para sempre, como se fizessem parte da natureza das coisas. V. O ensino de História pode servir para mostrar um passado às vezes pouco conhecido, mas bem presente nas fontes escritas ou materiais, de forma a questionar diversas ”verdades” de invenção recente, simples fake news. Por meio da busca de um passado mais complexo, diferente e variado, descobrimos que é possível lutar por um futuro melhor.
PINSKY, Jaime, BASSANEZI, Carla. FICO Carlos (org) Novos combates pela História: desafios - ensino [et al]. - São Paulo: Contexto, 2021. 256p.:il.
I. Segundo Jacques Le Goff, a memória é a propriedade de conservar certas informações, propriedade que se refere a um conjunto de funções psíquicas que permite ao indivíduo atualizar impressões ou informações passadas, ou reinterpretadas como passadas. O estudo da memória passa da Psicologia à Neurofisiologia, com cada aspecto seu interessando a uma ciência diferente, sendo a memória social um dos meios fundamentais para se abordar os problemas do tempo e da História. II. A memória está nos próprios alicerces da História, confundindo-se com o documento, com o monumento e com a oralidade. Mas só muito recentemente se tornou objeto de reflexão da historiografia. III. Quando os historiadores começaram a se apossar da memória como objeto da História, o principal campo a trabalhá-la foi a História Oral. IV. Para teóricos como Maurice Halbawchs, há inclusive uma nítida distinção entre memória coletiva e memória histórica: pois enquanto existe, segundo ele, uma História, existem muitas memórias. E, enquanto a História representa fatos distantes, a memória age sobre o que foi vivido. Nesse sentido, não seria possível trabalharmos a memória como documento histórico. Essa posição hoje é inclusive aceita pela maior parte dos historiadores. V. Antônio Montenegro considera que apesar de haver uma distinção entre memória e História, essas são inseparáveis, pois se a História é uma construção que resgata o passado do ponto de vista social, é também um processo que encontra paralelos em cada indivíduo por meio da memória.
HALBWACHS, Maurice (1877-1945). A memória coletiva. São Paulo: Vértice, 1990 LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Ed. Unicamp, 1994 MONTENEGRO, Antonio Torres. História oral e memória: a cultura popular revisitada. São Paulo: Contexto, 2001.
I. Conforme Eni Orlandi, uma das principais estudiosas da Análise do Discurso no Brasil, o discurso é a prática da linguagem, isto é, uma narrativa construída a partir de condições históricas e sociais específicas. Para ela, todo discurso materializa determinada ideologia na fala a partir de um idioma específico. Desse modo, todo discurso possui uma ideologia, e é a língua que permite aos indivíduos compreenderem e assimilarem tal ideologia.
II. De acordo com Orlandi, um dos principais componentes do discurso como fala ou narrativa são os significados históricos presentes no imaginário de quem o elabora. Cada discurso é, assim, uma representação do imaginário no qual seu autor está inserido. Mas, embora todo discurso seja proferido por alguém – um indivíduo (ou vários) –, esse sujeito (que pode ser o autor de um texto, por exemplo) não é responsável pelos significados que existem em seu discurso, uma vez que nenhum discurso é de autoria exclusiva de seu autor, já que todos os indivíduos fazem parte da mesma memória coletiva.
III. Para a Análise do Discurso, o importante é saber o que um texto quer dizer, como ele diz o que diz, ou seja, como os elementos linguísticos, históricos e sociais que o compõem fazem sentido dissociadamente.
IV. Outros conceitos fundamentais para a compreensão do discurso são imaginário e memória. A memória coletiva guarda tudo o que já foi dito, tornando possível que possamos dizer tudo de novo, ou entender quando algo for dito por outros. Ou seja, como não somos responsáveis pelos sentidos do discurso, só o entendemos porque esses sentidos já existem antes de nós, em nossa sociedade, na memória coletiva e no imaginário.
V. A Análise do Discurso, em um sentido mais amplo, já é empregada por profissional de História, quando esse coloca a si as seguintes perguntas diante de um documento ou de uma obra histórica: Quem o produziu? Quando foi produzido? Por que foi produzido? Para quem foi produzido? Essas são perguntas simples, mas básicas para entendermos os sentidos que estão além do conteúdo do texto.
ORLANDI, Eni Pulcinelli. Terra à vista: discurso do
confronto – Velho e Novo Mundo. São Paulo/Campinas: Cortez/Ed. Unicamp, 1990. ORLANDI, Eni Pulcinelli. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis: Vozes, 1996. ORLANDI, Eni Pulcinelli.. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 1999
I. No início do século XXI, um dos campos de trabalho para os historiadores que mais crescem no Brasil é o de patrimônio histórico. Todavia, a maioria dos cursos de graduação em História não possui ainda em seu currículo disciplinas suficientes para contemplar tal crescimento. Em geral têm sido os cursos de especialização, assim como as graduações e os cursos técnicos de turismo, que respondem à demanda por profissionais que trabalhem com o patrimônio histórico e cultural brasileiro.
II. A noção de patrimônio histórico tradicionalmente se refere à herança composta por um complexo de bens históricos. Mas, apesar de ainda pouco conhecido mesmo pelos egressos dos cursos de História do Brasil, o fato é que os especialistas vêm continuamente substituindo o conceito de patrimônio histórico pela expressão patrimônio cultural.
III. Em última instância, define-se patrimônio cultural (incluindo nessa ideia a de patrimônio histórico) como o complexo de monumentos, conjuntos arquitetônicos, sítios históricos e parques nacionais de determinado país ou região que possui valor histórico e artístico e compõem um determinado entorno ambiental de valor patrimonial. Em sua origem, todavia, o patrimônio tem sentido jurídico bastante restrito, sendo entendido como um conjunto de bens suscetíveis de apreciação econômica.
IV. A definição atual de patrimônio cultural se originou no documento elaborado pela Convenção sobre Proteção do Patrimônio Mundial Cultural e Natural, realizada em 1972 e promovida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco).
V. Na Constituição Brasileira de 1988, os termos de regulamentação do serviço do patrimônio cultural, atualmente centralizados no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), determinam que tal serviço objetiva a promoção do tombamento e da conservação do patrimônio histórico e artístico nacional.
BO, João Batista Lanari. Proteção do patrimônio na UNESCO: ações e significados / João Batista Lanari Bo. – Brasília: UNESCO, 2003.186p BRASIL. [Constituição de 1988]. Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.
Os procedimentos enumerados a seguir podem constituir como estratégia didática e prática no ensino de história na Educação Básica Brasileira.
Procedimentos:
1. As mensagens transmitidas pelo (a) [...] e os pontos de vista expressados ao longo da sua narrativa.
2. Confira a posição relativa de localização em relação ao lugar onde você se encontra.
3. Confira se há personagens ou figuras escondidas ou encobertas.
4. Consulte o dicionário.
5. Estabeleça conexões entre o que está sendo representado e o tema do capítulo.
6. Faça uma lista de palavras que não entendeu.
7. Faça uma nova leitura completa e resolva as questões propostas.
8. Faça uma primeira leitura.
9. Identifique o assunto do (a) [...].
10. Identifique o momento histórico representado.
11. Identifique o que está no centro e à frente na [...]. Geralmente, é o que o autor do (a) [...] procurou destacar.
12. Identifique quais as partes do mundo retratadas.
13.Identifique todas as pessoas, animais, construções e demais [...] que compõem [...]
14. Informações sobre o autor: Quem é? Qual grupo social pertence?
15. Leia o título do(a) [...] Nele está contido o assunto representado.
16. Note se há espaços fechados e espaços abertos.
17. Note se há rios, mares, cidades dentre outros.
18. o momento em que foi produzido (a).
19. O momento histórico em que transcorre a trama do (a) [...].
20. O tema do (a) [...] e seus personagens principais.
21. Organize uma lista de palavras: conhecidas, desconhecidas e parcialmente conhecidas.
22. Seu diretor e país de origem, pois além de [...], as [...]também projetam características e pontos de vista do presente sobre o passado.
23. Veja as legendas.
24. Verifique ações que estão sendo retratadas. Qual a principal? Quais são as secundárias (se houver)?
25. Verifique os espaços laterais, aquilo que está mais longe do centro, ao fundo ou no alto.
Comando didático:
a. Como analisar um filme.
b. Como analisar uma imagem.
c. Como interpretar um texto.
d. Como analisar um mapa.
CAMPOS, Flávio de. Oficina de história: Volumes 1, 2 e
3/Flavio de Campos, Júlio Pimentel Pinto, Regina Claro. - 2.
ed. -- São Paulo: Leya, 2016
A relação entre o procedimento e o comando
didático está equivalente em:
I. Conforme Odair Giraldin (2002), Porto Real teve sua fundação em princípio do século XVIII, dentro do processo de intensificação da mineração na região, Pontal, ao contrário, nasceu na decadência desta atividade, como uma forma de incentivar o comércio fluvial pelo Tocantins até Belém do Pará, tornando-se assim uma outra alternativa econômica para o norte de Goiás.
II. O Príncipe Regente, D. João, através da Carta Régia de 05 de agosto de 1811, ofereceu vantagens para quem quisesse estabelecer-se às margens do rio Tocantins, visando, com isso, favorecer o comércio com Belém do Pará. Entre as vantagens oferecidas, agraciava os moradores com os mesmos privilégios dados aos moradores da capitania de Minas Gerais, em relação ao Rio Doce.
III. Sobre a fundação de Porto Real destaca a organização de várias expedições para explorar o rio e criar as condições necessárias à navegação do Tocantins. Argui como principal obstáculo as populações indígenas que habitavam suas margens, as quais mantinhamse distantes das possibilidades de um convívio pacífico.
IV. Dentre as medidas tomadas pelo governador de Goiás, Tristão da Cunha Menezes, para criar melhores condições para os navegantes, estava a fundação, em 1791, de Porto Real, inicialmente apenas um destacamento militar localizado à margem do rio, de onde deveriam partir as embarcações em direção a Belém do Pará.
V. O destacamento de Porto Real objetivava servir também como uma forma de proteção contra os ataques indígenas, principalmente dos Xerente, e, ao mesmo tempo, funcionar como um posto de controle do comércio com Belém.
Fonte: Giraldin, O – “Pontal e Porto Real: dois arraiais do norte de Goiás e os conflitos com os Xerente nos séculos XVIII e XIX”. Revista Amazonense de História, v. 1. n.1 jan/dez/ 2002, pp. 131-146
Excerto I
[...] é importante destacar a proposta curricular que integra o ensino médio à formação técnica (entendendo-se essa integração em novos moldes). Essa proposta, além de estabelecer o diálogo entre os conhecimentos científicos, tecnológicos, sociais e humanísticos e conhecimentos e habilidades relacionadas ao trabalho, além de superar o conceito da escola dual e fragmentada, pode representar, em essência, a quebra da hierarquização de saberes e colaborar, de forma efetiva, para a educação brasileira como um todo, no desafio de construir uma nova identidade para essa última etapa da educação básica (PACHECO, 2010, p.22).
Excerto II
[...] a integração curricular é um conceito em disputa, cujas diretrizes, embora fornecidas por documentos institucionais, produziram interpretações que estão longe de serem unívocas.
Excerto III
[...] A ausência do livro didático aliada a reflexões que apontavam para as dimensões do trabalho, das técnicas, da tecnologia e da ciência ao longo das aulas de História provocaram a surpresa e a quebra de expectativas na futura docente.
ALVES, João Victor Caetano. O Ensino de História entre a Integração Curricular, a Cultura Escolar e a Tradição dos Livros Didáticos: Reflexões de uma Experiência do Projeto Pibid no IFSP – Campus Guarulhos Instituto Federal de São Paulo in ANPUH -BRASIL - 31º Simpósio Nacional de História Rio de Janeiro/RJ, 2021.
A partir destes excertos proceda a análise dos itens, julgue-os e assinale a alternativa correta:
I. A integração curricular proposta a partir do currículo integrado para ensino de História na Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica deve ser diferenciada da proposta pedagógica efetivada nas escolas regulares considerando-se o perfil profissional integrado à terminal idade da educação básica.
II. A escolha por abordar as temáticas históricas a partir das dimensões do trabalho, das técnicas, da tecnologia e da ciência ao longo das aulas de História correspondem a uma dentre outras possibilidades e estratégias que podem ser tomadas em se tratando do ensino de História para Cursos Técnicos.
III. O Ensino de História posto nos Institutos Federais deve ater-se a Base Nacional Comum Curricular sendo que as especificidades de cada curso no que concerne à abordagem histórica passa a ficar sob a função do professor específico da formação profissional.
IV. A integração curricular entre História e determinada formação profissional constitui, ao mesmo tempo, um desafio e uma possibilidade na medida em que na formação inicial dos profissionais da educação/historiadores, aparentemente, esta abordagem causa certo assombro e frustração.
V. A integração curricular proposta nos Institutos Federais conflita com as atribuições dos historiadores prevista na LEI Nº 14.038, DE 17 de agosto de 2020, que dispõe sobre a regulamentação da profissão de Historiador e dá outras providências, gerando interpretações paradoxais.
I. Fonte histórica, documento, registro, vestígio são todos termos correlatos para definir tudo aquilo produzido pela humanidade no tempo e no espaço.
II. Fontes podem corresponder à herança material e imaterial deixada pelos antepassados que servem de base para a construção do conhecimento histórico.
III. O termo mais clássico para conceituar a fonte histórica é documento. Palavra, no entanto, que, devido às concepções da escola metódica, ou positivista, está atrelada a uma gama de ideias preconcebidas, significando não apenas o registro escrito, mas principalmente o registro oficial.
IV. Vestígio é a palavra atualmente preferida pelos historiadores que defendem que a fonte histórica é mais do que o documento oficial: que os mitos, a fala, o cinema, a literatura, tudo isso, como produtos humanos, torna-se fonte para o conhecimento da história.
V. No mundo ocidental, as primeiras ideias sistematizadas acerca da natureza das fontes históricas surgiram entre o século XVIII e o início do XIX, com os eruditos franceses que começaram a sistematizar a História escrita e, logo, a valorizar o documento.
PINSKY, Carla Bassanezi (org.). Fontes históricas. São Paulo: Contexto, 2005.