Questões de Concurso Público IFB 2017 para Professor - Sociologia
Foram encontradas 50 questões
No Brasil, a grande desigualdade da distribuição de renda torna relevante uma abordagem analítica que põe em relevo a possibilidade de lógicas familiares alternativas conforme as condições de vida. Cláudia Fonseca e Andreia Cardarello (2010), enfocando a relação entre condições materiais e vida familiar, levantam a hipótese de que existem dinâmicas familiares distintas conforme a classe social. Não obstante a riqueza dessas abordagens, pesquisas subsequentes demonstraram as limitações de modelos calcados exclusivamente no fator de classe.
Assinale a alternativa que indica os fatores apontados pelas autoras que demonstraram as limitações de modelos calcados exclusivamente no fator de classe.
I) Não existe uma correspondência mecânica entre renda e valor familiar.
II) Em certos aspectos, as famílias das classes altas, com sua lógica corporativista, antes de exibir um arranjo moderno, parecem se aproximar mais da lógica hierárquica tida como típica das classes populares.
III) Em relação à divisão sexual de trabalho doméstico, observa-se que o casal igualitário das camadas médias é bem diferente de seus vizinhos conservadores. Prova disso, é que as mulheres das camadas médias não se ocupam dos afazeres domésticos tampouco são as principais responsáveis pelo cuidado dos filhos, já que estas tarefas são realizadas pelas empregadas domésticas.
IV) Diferenças entre regiões apontam para a importância de fatores como religião e tradição cultural, que podem se sobrepor às diferenças de classe.
Assinale a alternativa que apresenta apenas sentenças CORRETAS.
Os conceitos de grupo étnico e de etnicidade têm sido utilizados, conforme Antônio Lima e Sérgio Castilho (2010), como chaves conceituais para ultrapassar a visão simplista do senso comum que considera manipulação, e fruto de interesses espúrios, tudo o que não caia nos lugares comuns sobre índios, negros e ciganos, por exemplo.
Sobre estes conceitos, julgue os itens abaixo.
I) A noção de etnicidade é a chave explicativa que nos sinaliza para os complexos processos de diferenciação, tanto aqueles pelos quais uma coletividade se diferencia de outras coletividades em seu entorno ou do Estado Nacional a que está subsumida, quanto aqueles que, partindo de fora desses coletivos, também o considera diferenciado.
II) Etnicidade designa o sentimento de ser portador de atributos distintivos face aos integrantes de outros grupos, sendo estes atributos considerados os mais importantes pelos indivíduos que pertencem a um dado grupo.
III) A etnicidade, como marcador de diferença, é um fenômeno de ordem essencialmente cultural.
IV) A noção de etnicidade aponta para os aspectos de redefinição do sujeito no mundo moderno, assim como para as diversas transformações que esse sujeito vem passando, além de designar a vivência e expressão de certos graus e formas de coerência, solidariedade e uma consciência da diferença própria a cada grupo étnico.
V) A noção de etnicidade baseia-se no afastamento de uma trajetória histórico-social e interpretações acerca das experiências inscritas sob a forma de tradições orais ou escritas em mitos, histórias de origem e trajetórias comuns.
Assinale a alternativa que contém somente as sentenças CORRETAS.
A religião é um dos grandes temas fundadores das Ciências Sociais no século XIX. Para mencionar apenas os clássicos mais conhecidos, diríamos que Émile Durkheim (1858-1917), Karl Marx (1818-1883) e Max Weber (1864-1920) desenharam com tal acuidade o modo de tratar a questão da religião que suas proposições alimentam até hoje a reflexão sobre essa matéria.
Sobre a análise desses autores acerca do tema, julgue os itens abaixo.
I) Pretende que o estudo das religiões “primitivas”, tidas como primeiras, isto é, mais próximas do momento de seu nascimento, podia lhe dar a chave de que precisava para evidenciar a origem social da moral e da ideia de sagrado.
II) Adota o entendimento de religião como “impostura”, triunfo das forças irracionais, ponto de vista correlato ao ideário liberal desencadeado pela Revolução Francesa e sua crítica racionalista à religião cristã.
III) Elabora a ideia de religião como “alienação”: o homem projeta na figura de Deus suas próprias qualidades e, em seguida, se submete a ele como a um poder estrangeiro do mesmo modo como se submete ao Estado.
IV) Se ocupou em estudar religiões não cristãs tais como o confucionismo e o budismo. Sua preocupação central era compreender a dinâmica interna dessas religiões e suas relações com a vida econômica e social.
V) Sustenta que o protestantismo teria criado atitudes e disposições, tais como o ascetismo e a ideia de vocação, que alimentaram a emergência de um tipo de racionalidade marcada pela crescente intelectualização, modo mais abstrato de pensamento apoiado na elaboração de princípios, regras e critérios com pretensão de validade universal.
Os itens acima correspondem na sequência:
Segundo Paula Montero (2010), há um consenso geral nas Ciências Humanas de que a consolidação das categorias magia, religião e ciência como distintas e com conteúdo próprio resultou de um longo processo que remonta ao mundo greco-romano.
Sobre as categorias magia e religião, é INCORRETO afirmar que:
Conforme analisa Simone Meucci (2007), no Brasil, a publicação de um conjunto significativo de obras introdutórias ao conhecimento sociológico ocorreu na década de 1930. A composição repentina de um conjunto notável de livros didáticos da disciplina, para esta autora, esteve vinculada a uma série de iniciativas dedicadas à institucionalização da sociologia nos anos de 1930.
Qual das alternativas abaixo NÃO corresponde a estas iniciativas.
Anita Handfas e Rosana Teixeira (2007) levantam a hipótese de que a Sociologia corre o risco de perder sua natureza científica no ensino médio por influência, nas práticas pedagógicas docentes, de algumas concepções que afirmam que o desenvolvimento dos processos educacionais são impulsionados fundamentalmente pela experiência imediata ou pela prática cotidiana de seus agentes. Na avaliação dos autores, essas concepções se baseiam nas seguintes perspectivas:
I) Na promoção de uma distinção entre conhecimento tácito e conhecimento escolar.
II) Na “epistemologia da prática”, que se fundamentaria principalmente no conjunto de saberes que o professor tende a mobilizar em sua prática pedagógica cotidiana, em especial os saberes de sua própria experiência.
III) Na celebração do ‘fim da teoria’ – movimento que prioriza a eficiência e a construção de um terreno consensual que toma por base a experiência imediata ou o conceito corrente de prática reflexiva.
IV) Na crítica de que a escola é hoje tributária de uma perspectiva teoricista e elitista do ensino, na medida em que nega os vínculos entre a elaboração teórica e a prática social.
Assinale a alternativa que apresenta apenas sentenças CORRETAS.
Conforme Flávio Silva Sarandy (2007), o retorno da Sociologia para o currículo do antigo secundário entre as décadas de 1930 e 1950 se insere em um contexto em que os anseios de modernização democrática da sociedade brasileira e intenso processo de industrialização foram respondidos por meio de um processo de articulação das variáveis educação, ciência e democracia. Neste contexto, o ensino de Sociologia seria importante para oferecer aos jovens elementos intelectuais de uma “cidadania consciente”, além de ensinar ao indivíduo a como pensar as situações sociais complexas que o rodeiam com um método rigorosamente científico. Porém, estes objetivos foram dificultados em razão das mudanças que foram introduzidas no campo de desenvolvimento das ciências sociais no contexto de modernização da sociedade brasileira.
Assinale a alternativa que NÃO corresponde a essas mudanças ocorridas.
Leia o trecho da música abaixo.
Vejo na tv o que eles falam sobre o jovem não é sério
O jovem no Brasil nunca é levado a sério [...]
Sempre quis falar, nunca tive chance
Tudo que eu queria estava fora do meu alcance [...]
(Charles Brown Junior, Não é sério).
Este trecho da música da banda Charles Brown Júnior traduz e denuncia o paradoxo vivenciado pelos jovens no Brasil. O ensino de Sociologia deve, neste contexto, ampliar a reflexão sobre seu papel.
Sobre o papel da Sociologia e de seu professor, julgue os itens abaixo.
I) Assumir o papel de sociólogo na escola, além de docente.
II) Problematizar as relações que acontecem no cotidiano escolar, além de conhecer melhor o próprio meio social onde a escola se insere.
III) Contribuir, principalmente, no treino e ampliação da reflexividade.
IV) Enfatizar a desnaturalização e o estranhamento como eixos articuladores dos conteúdos.
V) Fornecer elementos que contribuam na tarefa da individualização, estimulando o jovem a articular as diferentes expressões de sua identidade, a reconhecer seus desejos e a elaborar projetos de futuro.
Assinale a alternativa que contém apenas sentenças CORRETAS.