Questões de Concurso Público Prefeitura de Nova Iguaçu - RJ 2024 para Professor II - Atendimento Educacional Especial - AEE

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Q2490144 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

Segundo Maria da Garça Costa Val, “textualidade é a característica fundamental dos textos, orais ou escritos, que faz com que eles sejam percebidos como textos. Não é inerente a eles, pois uma mesma sequência linguística, falada ou escrita, pode ser considerada como texto legítimo por uns e parecer um absurdo, sem sentido, para outros”. Em relação ao texto, é improvável inferir que o cronista:
Alternativas
Q2490145 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

“– O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.” (2º§) O que leva o cronista a supor que a menina “queria esmola”? 
Alternativas
Q2490146 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

O título é uma síntese precisa do texto, cuja função é estratégica na sua articulação: ele nomeia o texto após sua produção, sugere o sentido do mesmo, desperta o interesse do leitor para o tema, estabelece vínculos com informações textuais e extratextuais, e contribui para a orientação da conclusão à que o leitor deverá chegar. A expressão metafórica “na escuridão miserável” – título da crônica se refere: 
Alternativas
Q2490147 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

A coerência textual tem a ver com o conteúdo do texto, sua organização e sua articulação. Entender um texto é atribuir coerência a ele, é processá-lo com os conhecimentos e a habilidade de interpretação que se tem. Dessa forma, há uma inadequação sobre a acepção das palavras em: 
Alternativas
Q2490148 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

A linguagem figurada consiste em uma ferramenta ou modalidade de comunicação que utiliza figuras de linguagem para expressar um sentido não literal de um determinado enunciado. A linguagem figurada é usada para dar mais expressividade ao discurso, para tornar mais amplo o significado de uma palavra. Há exemplo de linguagem figurada em: 
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   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

“– Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto.” (31º§) É possível depreender, pela suspensão do pensamento enfatizada pelas reticências, que o narrador mostra-se:
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   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

“Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento.” (11º§) O vocábulo correspondente a “enquanto”, nessa frase, é 
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   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

“Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:(26º§) Levando-se em consideração que “sentimentalismo” é excesso de emoção ou sentimento e “burguês” é próprio de indivíduo pertencente à classe que tem situação social e econômica confortável, como se sentia o cronista sufocado em sentimentalismo burguês?
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Q2490152 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

Assinale a alternativa em que ocorra erro de concordância.
Alternativas
Q2490153 Português
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)
Na escuridão miserável


   Eram sete horas da noite quando entrei no carro, ali no Jardim Botânico. Senti que alguém me observava, enquanto punha o motor em movimento. Voltei-me e dei com uns olhos grandes e parados como os de um bicho, a me espiar, através do vidro da janela, junto ao meio-fio. Eram de uma negrinha mirrada, raquítica, um fiapo de gente encostado ao poste como um animalzinho, não teria mais que uns sete anos. Inclinei-me sobre o banco, abaixando o vidro:

   – O que foi, minha filha? – perguntei, naturalmente, pensando tratar-se de esmola.

   – Nada não senhor – respondeu-me, a medo, um fio de voz infantil.

   – O que é que você está me olhando aí?

   – Nada não senhor – repetiu.– Tou esperando o ônibus...

   – Onde é que você mora?

   – Na Praia do Pinto.

   – Vou para aquele lado. Quer uma carona?

   Ela vacilou, intimidada. Insisti, abrindo a porta:

   – Entra aí, que eu te levo.

   Acabou entrando, sentou-se na pontinha do banco, e enquanto o carro ganhava velocidade, ia olhando duro para a frente, não ousava fazer o menor movimento. Tentei puxar conversa:

   – Como é o seu nome?

   – Teresa.

   – Quantos anos você tem, Teresa?

   – Dez.

   – E o que estava fazendo ali, tão longe de casa?

   – A casa da minha patroa é ali.

   – Patroa? Que patroa?

   Pela sua resposta, pude entender que trabalhava na casa de uma família no Jardim Botânico: lavava roupa, varria a casa, servia a mesa. Entrava às sete da manhã, saía às oito da noite.

   – Hoje saí mais cedo. Foi jantarado.

   – Você já jantou?

   – Não. Eu almocei.

   – Você não almoça todo dia?

   – Quando tem comida pra levar, eu almoço: mamãe faz um embrulho de comida pra mim.

   – E quando não tem?

   – Quando não tem, não tem – e ela até parecia sorrir, me olhando pela primeira vez. Na penumbra do carro, suas feições de criança, esquálidas, encardidas de pobreza, podiam ser as de uma velha. Eu não me continha mais de aflição, pensando nos meus filhos bem nutridos – um engasgo na garganta me afogava no que os homens experimentados chamam de sentimentalismo burguês:

   – Mas não te dão comida lá? – perguntei, revoltado.

   – Quando eu peço eles dão. Mas descontam no ordenado, mamãe disse pra eu não pedir.

   – E quanto é que você ganha?

   Diminuí a marcha, assombrado, quase parei o carro. Ela mencionara uma importância ridícula, uma ninharia, não mais que alguns trocados. Meu impulso era voltar, bater na porta da tal mulher e meter-lhe a mão na cara.

   – Como é que você foi parar na casa dessa... foi parar nessa casa? – perguntei ainda, enquanto o carro, ao fim de uma rua do Leblon, se aproximava das vielas da Praia do Pinto. Ela disparou a falar:

    – Eu estava na feira com mamãe e então a madame pediu para eu carregar as compras e aí noutro dia pediu a mamãe pra eu trabalhar na casa dela, então mamãe deixou porque mamãe não pode deixar os filhos todos sozinhos e lá em casa é sete meninos fora dois grandes que já são soldados pode parar que é aqui moço, obrigado.

    Mal detive o carro, ela abriu a porta e saltou, saiu correndo, perdeu-se logo na escuridão miserável da Praia do Pinto.


(SABINO, Fernando. A Companheira de Viagem. Rio de Janeiro. Sabiá, 1972.)

Conotação é o sentido que se dá a uma palavra ou expressão a partir de seu contexto; é aquilo que se quer dizer a partir de um contexto. Denotação é o sentido literal, aquele que está no dicionário. Assinale, a seguir, a transcrição literal que está no sentido denotativo.
Alternativas
Q2490154 Matemática
Geralda possui uma equipe com 8 profissionais igualmente eficientes que produzem salgadinhos. Em 6 horas de trabalho, eles conseguem produzir, juntos, 384 salgadinhos idênticos. Se somente 5 desses profissionais forem designados para a produção de 120 salgadinhos do mesmo tipo dos anteriores, seriam necessárias quantas horas de trabalho? 
Alternativas
Q2490155 Raciocínio Lógico
Uma pesquisa foi feita com 544 pessoas visando avaliar a utilização dos serviços de duas grandes operadoras de internet (A e B) atualmente. Observou-se que 320 pessoas utilizam os serviços da operadora de internet A, 80 pessoas utilizam os serviços de ambas as operadores e 64 pessoas utilizam, exclusivamente, os serviços de outras operadoras. Considerando tais informações, quantas pessoas utilizam somente os serviços da operadora de internet B? 
Alternativas
Q2490156 Matemática
Na eleição para síndico de determinado condomínio, participaram 1.770 pessoas que votaram, cada uma, em apenas um dos candidatos: Adelmo, Bernardo e Claudemir. Adelmo recebeu um terço dos votos recebidos por Bernardo que, por sua vez, recebeu 20 votos a menos que Claudemir. De acordo com o resultado, pode-se afirmar que:
Alternativas
Q2490157 Matemática
Laura possui duas caixinhas (X e Y) onde guarda todos os seus anéis idênticos, exceto pela cor. Na caixinha X, ela armazena 9 anéis azuis e, na caixinha Y, são alocados 9 anéis rosas. Laura retirou, de forma aleatória, 4 anéis da caixinha X e colocou na caixinha Y. Na sequência, ela retirou, também de forma aleatória, 4 anéis da caixinha Y e colocou na caixinha X. Após essas manipulações, é correto afirmar, necessariamente, que:
Alternativas
Q2490158 Matemática
Em 2023, os números de reclamações contra certa empresa por mês é uma sequência regida por uma progressão aritmética. Sabe-se que em janeiro desse ano foram efetuadas 12 reclamações e em agosto do mesmo ano foram efetuadas 40 reclamações. Tendo em vista tais informações, quantas reclamações foram efetuadas contra a empresa em 2023?
Alternativas
Q2490159 Matemática
Ricardo possui vários jogos de tabuleiro e ele guarda em uma urna todos os dados que utiliza nos seus jogos. Essa urna possui, exclusivamente, dados com 6, 8 e 10 lados. Se for retirado aleatoriamente um dado dessa urna, a tabela a seguir apresenta as probabilidades de que ele seja de cada um dos três tipos mencionados:



Imagem associada para resolução da questão


A probabilidade de que sejam retirados dessa urna, aleatoriamente e com reposição, um dado de 6 lados e outro de 10 lados é, nesta ordem:
Alternativas
Q2490160 Matemática
O grupo H de certo campeonato de vôlei possui 6 times participantes que jogam entre si e pontuam de acordo com o resultado de cada jogo. Os 4 times melhores colocados são classificados para a próxima etapa do campeonato. Admitindo que não há possibilidades de empates no resultado final desse grupo, quantas possibilidades distintas para o conjunto dos 4 times desse grupo que classificarão para a próxima etapa do campeonato? 
Alternativas
Q2490161 Matemática
Os irmãos Adriano, Bruno e César possuem 25, 30 e 40 anos, mas não necessariamente nessa ordem. Sobre a idade dos três irmãos, foram dadas as seguintes informações:

• César não possui 25 anos; • Adriano não possui 40 anos; • César possui 30 anos.

Se apenas uma dessas informações é verdadeira, conclui-se que:
Alternativas
Q2490162 Matemática
Joana preparou uma rotina de estudos e definiu que cada dia da semana será dedicado ao estudo exclusivo de uma única disciplina. Às terças-feiras ela estuda matemática e, dois dias depois, ela estuda geografia. Joana estuda inglês três vezes por semana, mas nunca em dois dias consecutivos. Nos dias restantes, ela estuda história e artes, mas nunca estuda história no dia seguinte ao estudo de artes ou no dia seguinte ao estudo de inglês. Considerando tais informações, qual dia da semana Joana estuda artes? 
Alternativas
Q2490163 Matemática
Em um processo seletivo para determinado curso de mestrado de uma universidade, a prova teórica possuía questões que valiam 1, 2 ou 3 pontos, sendo 5 questões de cada valor. Após o resultado final, Joelma verificou que fez apenas 13 pontos. Qual a quantidade mínima de questões que Joelma pode ter acertado? 
Alternativas
Respostas
1: C
2: A
3: A
4: C
5: D
6: B
7: A
8: A
9: C
10: B
11: C
12: B
13: D
14: C
15: D
16: B
17: C
18: A
19: B
20: A