Questões de Concurso Público Prefeitura de Três Fronteiras - SP 2017 para Professor de Educação Básica l - Educação Infantil

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Q898097 Português

Texto I:


Bom mesmo


Tem uma crônica do Paulo Mendes Campos em que ele conta de um amigo que sofria de pressão alta e era obrigado a fazer uma dieta rigorosa. Certa vez, no meio de uma conversa animada de um grupo, durante a qual mantivera um silêncio triste, ele suspirou fundo e declarou:

- Vocês ficam ai dizendo que bom mesmo é mulher. Bom mesmo é sal!

O que realmente diferencia os estágios da experiência humana nesta Terra é o que o homem, a cada idade, considera bom mesmo. Não apenas bom. Melhor do que tudo. Bom MESMO.

Um recém-nascido, se pudesse participar articuladamente de uma conversa com homens de outras idades, ouviria pacientemente a opinião de cada um sobre as melhores coisas do mundo e no fim decretaria:

- Conversa. Bom mesmo é mãe.

Depois de uma certa idade, a escolha do melhor de tudo passa a ser mais difícil. A infância é um viveiro de prazeres. Como comparar, por exemplo, o orgulho de um pião bem lançado, o volume voluptuoso de uma bola de gude daquelas boas entre os dedos, o cheiro da terra úmida e o cheiro de caderno novo?

- Bom mesmo é o cheiro de Vick VapoRub.

Mas acho que, tirando-se uma média das opiniões de pré-adolescentes normais brasileiros, se chegaria fatalmente à conclusão de que nesta fase bom mesmo, melhor do que tudo, melhor até do que fazer xixi na piscina, é passe de calcanhar que dá certo. Mais tarde a gente se sente na obrigação de pensar que bom mesmo é mulher (ou prima, que é parecido com mulher), mas no fundo ainda acha que bom mesmo é acordar na segunda-feira com febre e não precisar ir à aula.

Depois, sim, vem a fase em que não tem conversa. Bom mesmo é sexo!

Esta fase dura geralmente até o fim da vida, mesmo quando o sexo precisa disputar a preferência com outras coisas boas (“Pra mim é sexo em primeiro e romance policial em segundo, mas longe”). Quando alguém diz que bom mesmo é outra coisa, está sendo exemplarmente honesto ou desconcertantemente original.

- Bom mesmo é figada com queijo.

- Melhor do que sexo?

- Bom... Cada coisa na sua hora.

Com a chamada idade madura, embora persista o consenso de que nada se iguala ao prazer, mesmo teórico, do sexo, as necessidades do conforto e os pequenos prazeres da vida prática vão se impondo.

- Meu filho, eu sei que você aí, tão cheio de vida e de entusiasmo, não vai compreender isto. Mas tome nota do que eu digo porque um dia você concordará comigo: bom mesmo é escada rolante.

E esta é a trajetória do homem e seu gosto inconstante sobre a Terra, do colo da mãe, que parece que nada, jamais, substituirá, à descoberta final de que uma boa poltrona reclinável, se não é igual, é parecido. E que bom, mas bom MESMO, é nunca mais ser obrigado a ir a lugar nenhum, mesmo sem febre.


(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias da vida privada. L&PM, 1994.)

Após a leitura do texto 1, Bom mesmo, é CORRETO afirmar que pertence ao seguinte gênero textual:
Alternativas
Q898098 Português

Texto I:


Bom mesmo


Tem uma crônica do Paulo Mendes Campos em que ele conta de um amigo que sofria de pressão alta e era obrigado a fazer uma dieta rigorosa. Certa vez, no meio de uma conversa animada de um grupo, durante a qual mantivera um silêncio triste, ele suspirou fundo e declarou:

- Vocês ficam ai dizendo que bom mesmo é mulher. Bom mesmo é sal!

O que realmente diferencia os estágios da experiência humana nesta Terra é o que o homem, a cada idade, considera bom mesmo. Não apenas bom. Melhor do que tudo. Bom MESMO.

Um recém-nascido, se pudesse participar articuladamente de uma conversa com homens de outras idades, ouviria pacientemente a opinião de cada um sobre as melhores coisas do mundo e no fim decretaria:

- Conversa. Bom mesmo é mãe.

Depois de uma certa idade, a escolha do melhor de tudo passa a ser mais difícil. A infância é um viveiro de prazeres. Como comparar, por exemplo, o orgulho de um pião bem lançado, o volume voluptuoso de uma bola de gude daquelas boas entre os dedos, o cheiro da terra úmida e o cheiro de caderno novo?

- Bom mesmo é o cheiro de Vick VapoRub.

Mas acho que, tirando-se uma média das opiniões de pré-adolescentes normais brasileiros, se chegaria fatalmente à conclusão de que nesta fase bom mesmo, melhor do que tudo, melhor até do que fazer xixi na piscina, é passe de calcanhar que dá certo. Mais tarde a gente se sente na obrigação de pensar que bom mesmo é mulher (ou prima, que é parecido com mulher), mas no fundo ainda acha que bom mesmo é acordar na segunda-feira com febre e não precisar ir à aula.

Depois, sim, vem a fase em que não tem conversa. Bom mesmo é sexo!

Esta fase dura geralmente até o fim da vida, mesmo quando o sexo precisa disputar a preferência com outras coisas boas (“Pra mim é sexo em primeiro e romance policial em segundo, mas longe”). Quando alguém diz que bom mesmo é outra coisa, está sendo exemplarmente honesto ou desconcertantemente original.

- Bom mesmo é figada com queijo.

- Melhor do que sexo?

- Bom... Cada coisa na sua hora.

Com a chamada idade madura, embora persista o consenso de que nada se iguala ao prazer, mesmo teórico, do sexo, as necessidades do conforto e os pequenos prazeres da vida prática vão se impondo.

- Meu filho, eu sei que você aí, tão cheio de vida e de entusiasmo, não vai compreender isto. Mas tome nota do que eu digo porque um dia você concordará comigo: bom mesmo é escada rolante.

E esta é a trajetória do homem e seu gosto inconstante sobre a Terra, do colo da mãe, que parece que nada, jamais, substituirá, à descoberta final de que uma boa poltrona reclinável, se não é igual, é parecido. E que bom, mas bom MESMO, é nunca mais ser obrigado a ir a lugar nenhum, mesmo sem febre.


(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias da vida privada. L&PM, 1994.)

Considere o segmento em destaque do texto I:
Quando alguém diz que bom mesmo é outra coisa, está sendo exemplarmente honesto ou desconcertantemente original. Está inteiramente clara, coesa e coerente a nova redação dada ao segmento acima:
Alternativas
Q898099 Português

Texto I:


Bom mesmo


Tem uma crônica do Paulo Mendes Campos em que ele conta de um amigo que sofria de pressão alta e era obrigado a fazer uma dieta rigorosa. Certa vez, no meio de uma conversa animada de um grupo, durante a qual mantivera um silêncio triste, ele suspirou fundo e declarou:

- Vocês ficam ai dizendo que bom mesmo é mulher. Bom mesmo é sal!

O que realmente diferencia os estágios da experiência humana nesta Terra é o que o homem, a cada idade, considera bom mesmo. Não apenas bom. Melhor do que tudo. Bom MESMO.

Um recém-nascido, se pudesse participar articuladamente de uma conversa com homens de outras idades, ouviria pacientemente a opinião de cada um sobre as melhores coisas do mundo e no fim decretaria:

- Conversa. Bom mesmo é mãe.

Depois de uma certa idade, a escolha do melhor de tudo passa a ser mais difícil. A infância é um viveiro de prazeres. Como comparar, por exemplo, o orgulho de um pião bem lançado, o volume voluptuoso de uma bola de gude daquelas boas entre os dedos, o cheiro da terra úmida e o cheiro de caderno novo?

- Bom mesmo é o cheiro de Vick VapoRub.

Mas acho que, tirando-se uma média das opiniões de pré-adolescentes normais brasileiros, se chegaria fatalmente à conclusão de que nesta fase bom mesmo, melhor do que tudo, melhor até do que fazer xixi na piscina, é passe de calcanhar que dá certo. Mais tarde a gente se sente na obrigação de pensar que bom mesmo é mulher (ou prima, que é parecido com mulher), mas no fundo ainda acha que bom mesmo é acordar na segunda-feira com febre e não precisar ir à aula.

Depois, sim, vem a fase em que não tem conversa. Bom mesmo é sexo!

Esta fase dura geralmente até o fim da vida, mesmo quando o sexo precisa disputar a preferência com outras coisas boas (“Pra mim é sexo em primeiro e romance policial em segundo, mas longe”). Quando alguém diz que bom mesmo é outra coisa, está sendo exemplarmente honesto ou desconcertantemente original.

- Bom mesmo é figada com queijo.

- Melhor do que sexo?

- Bom... Cada coisa na sua hora.

Com a chamada idade madura, embora persista o consenso de que nada se iguala ao prazer, mesmo teórico, do sexo, as necessidades do conforto e os pequenos prazeres da vida prática vão se impondo.

- Meu filho, eu sei que você aí, tão cheio de vida e de entusiasmo, não vai compreender isto. Mas tome nota do que eu digo porque um dia você concordará comigo: bom mesmo é escada rolante.

E esta é a trajetória do homem e seu gosto inconstante sobre a Terra, do colo da mãe, que parece que nada, jamais, substituirá, à descoberta final de que uma boa poltrona reclinável, se não é igual, é parecido. E que bom, mas bom MESMO, é nunca mais ser obrigado a ir a lugar nenhum, mesmo sem febre.


(VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias da vida privada. L&PM, 1994.)

Dos trechos abaixo, assinale a alternativa que apresenta um exemplo de linguagem conotativa:
Alternativas
Q898100 Português
Sobre uma das funções da linguagem podemos afirmar que: “Tem o código como fator essencial. Por exemplo: definições, verbetes dos dicionários e poesias.” Esta definição está representada na seguinte alternativa:
Alternativas
Q898101 Português
Assinale a alternativa CORRETA que apresenta uma frase nominal:
Alternativas
Q898102 Português

Texto 2: Excluídos e mortos pela sociedade


A violência contra os povos indígenas no Brasil é alarmante. Ao menos 891 índios foram assassinados nos últimos 8 anos. Os dados, publicados no relatório Violência Contra Povos Indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), refletem a invisibilidade desses brasileiros, que são esquecidos pelo Estado e excluídos pela sociedade. Em 2015, cerca de 137 deles morreram, vítimas de homicídio – um a menos que em 2014, quando foram registrados 138 assassinatos.

O Mato Grosso do Sul foi o estado que mais matou indígenas, com 36 casos investigados pela polícia. A cidade com maior número de ocorrências é Dourados, que acumula 38% dos crimes, seguida de Amambai, com 27%. Segundo informações do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), 94% das vítimas eram do sexo masculino e 6% do sexo feminino. A faixa etária com maior incidência é de 20 a 29 anos (36%). Um total de 33% dos homicídios ocorreu na faixa etária entre 10 a 19 anos de idade.

Além dos homicídios, o relatório mostrou, ainda, 31 tentativas; 18 casos de homicídio culposo; 12 registros de ameaça de morte; 25 ameaças variadas; 12 casos de lesões corporais dolosas; 8 de abuso de poder; e 13 de racismo. Por omissão do poder público, foram registrados 52 casos de desassistência na área de saúde; 3 mortes exatamente por esse motivo; 5 casos de disseminação de bebida alcoólica e outras drogas; 41 registros de desassistência na área de educação escolar indígena; e 36 casos de desassistência geral.

O secretário executivo do Cimi, Cléber Buzatto, comenta que o levantamento não permite uma análise aprofundada da situação indígena no país, pois não foram apresentadas informações detalhadas das ocorrências, como faixa etária, localidade, povos e motivação real do crime. Isso significa que os números podem ser ainda maiores, porque só a partir de 2014 o relatório fornece os dados oficiais fornecidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

De acordo com o texto II, o relatório Violência Contra Povos Indígenas no Brasil fornece dados oficiais sobre os casos de violência contra os povos indígenas. Sobre este relatório, podemos afirmar que:
Alternativas
Q898103 Português

Texto 2: Excluídos e mortos pela sociedade


A violência contra os povos indígenas no Brasil é alarmante. Ao menos 891 índios foram assassinados nos últimos 8 anos. Os dados, publicados no relatório Violência Contra Povos Indígenas no Brasil, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), refletem a invisibilidade desses brasileiros, que são esquecidos pelo Estado e excluídos pela sociedade. Em 2015, cerca de 137 deles morreram, vítimas de homicídio – um a menos que em 2014, quando foram registrados 138 assassinatos.

O Mato Grosso do Sul foi o estado que mais matou indígenas, com 36 casos investigados pela polícia. A cidade com maior número de ocorrências é Dourados, que acumula 38% dos crimes, seguida de Amambai, com 27%. Segundo informações do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei), 94% das vítimas eram do sexo masculino e 6% do sexo feminino. A faixa etária com maior incidência é de 20 a 29 anos (36%). Um total de 33% dos homicídios ocorreu na faixa etária entre 10 a 19 anos de idade.

Além dos homicídios, o relatório mostrou, ainda, 31 tentativas; 18 casos de homicídio culposo; 12 registros de ameaça de morte; 25 ameaças variadas; 12 casos de lesões corporais dolosas; 8 de abuso de poder; e 13 de racismo. Por omissão do poder público, foram registrados 52 casos de desassistência na área de saúde; 3 mortes exatamente por esse motivo; 5 casos de disseminação de bebida alcoólica e outras drogas; 41 registros de desassistência na área de educação escolar indígena; e 36 casos de desassistência geral.

O secretário executivo do Cimi, Cléber Buzatto, comenta que o levantamento não permite uma análise aprofundada da situação indígena no país, pois não foram apresentadas informações detalhadas das ocorrências, como faixa etária, localidade, povos e motivação real do crime. Isso significa que os números podem ser ainda maiores, porque só a partir de 2014 o relatório fornece os dados oficiais fornecidos pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

NÃO é possível concluir a partir das ideias expressas no texto Excluídos e mortos pela sociedade a seguinte afirmação:
Alternativas
Q898104 Português
Assinale a alternativa cujo emprego de todos os pronomes na frase estejam CORRETOS:
Alternativas
Q898105 Português
Assinale a alternativa INCORRETA sobre os tipos de fenômenos semânticos:
Alternativas
Q898106 Português
A Intertextualidade estabelece uma relação entre dois textos. São exemplos de intertextualidade EXCETO:
Alternativas
Respostas
1: C
2: A
3: C
4: B
5: A
6: C
7: B
8: A
9: C
10: C