Questões de Concurso Público IFN-MG 2024 para Professor EBTT - Geografia
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[...] não podemos dizer que no Brasil a juventude brasileira oriunda da classe trabalhadora pode adiar para depois da educação básica ou do ensino superior o ingresso na atividade econômica. Enquanto o Brasil for um país com as marcas de uma história escrita com a exploração dos trabalhadores, no qual estes não têm a certeza do seu dia seguinte, o sistema sócio-político não pode afirmar que o ensino médio primeiro deve “formar para a vida”, enquanto a profissionalização fica para depois. A classe trabalhadora brasileira e seus filhos não podem esperar por essas condições porque a preocupação com a inserção na vida produtiva é algo que acontece assim que os jovens tomam consciência dos limites que sua relação de classe impõe aos seus projetos de vida.
RAMOS, Marise N. Concepção do ensino médio integrado. Curitiba: SEED, 2008, p. 12.
O excerto pertence a um texto no qual a pesquisadora Marise Ramos discute o ensino médio integrado e a situação da juventude brasileira. Ela pondera sobre a factibilidade da premissa de que o ensino médio deve “formar para a vida” visto que, conforme a autora,
No Ensino Médio de um Instituto Federal, uma professora de química, uma professora de história e uma professora de filosofia realizaram, ao longo de um semestre letivo, um projeto conjunto no qual abordaram a Primeira Guerra Mundial sob diversas perspectivas exploradas com base em seu campo disciplinar. Para dar maior organicidade ao projeto as professoras elegeram como fio condutor o tema: o lugar das mulheres na Primeira Guerra Mundial. A professora de história recuperou os fatores que concorreram para a eclosão da Guerra e seus aspectos contextuais, bem como sublinhou o desenvolvimento técnico de máquinas e armas que deram a esse conflito contornos muito especiais nos quais a ação de domínio do ser humano sobre a natureza voltou-se contra ele mesmo. A professora de química localizou entre os atores presentes naquele conflito uma mulher, a cientista Marie Curie. Ela destacou a iniciativa desta importante cientista, então já premiada com o Nobel em Química, em levar seus aparelhos de raios-x para o campo de batalha, um dispositivo novo na época e essencial para tratar adequadamente os feridos. A professora buscou mostrar a trajetória de vida e trabalho de Marie Curie, as valiosas aquisições de suas pesquisas e seus compromissos com a sociedade que deseja fazer parte. A professora de filosofia, tomando como exemplo Marie Curie e outras mulheres que se envolveram ativamente na guerra, buscou com os alunos e alunas construir uma compreensão sobre o sentido da ação humana transformadora do mundo, destacando como as obras dos homens e mulheres podem ter diferentes usos a depender das relações sociais e estruturas de poder que as governam. Em seu conjunto, toda essa elaboração contou com estudos de textos, buscas na internet, produção de maquete, elaboração de sínteses e culminou em um seminário conjunto com as três professoras. Estas retomaram as linhas gerais do que desenvolveram com os alunos e alunas e buscaram, ainda uma vez, por detrás dos fatos históricos e do desenvolvimento da ciência, assinalar a ação humana intencional em seu desenvolvimento, seus condicionamentos, potencialidades e contradições.
O texto acima descreve uma iniciativa pedagógica que congregou três professoras no âmbito do Ensino Médio de um Instituto Federal. Com base no que foi descrito, e considerando as diversas concepções de educação e princípios de organização do ensino, a perspectiva que orienta as professoras é o