As cruzadas pelos direitos das mulheres, dos
negros, dos jovens e até mesmo da flora e da
fauna ameaçadas estavam discretamente
interligadas. Eram todos movimentos a favor
de minorias negligenciadas. Entretanto, a
campanha para aumentar os direitos femininos
foi levemente diferente – elas já podiam votar,
mas ainda faltava alguma coisa. Após receber
estímulo na Nova Zelândia e na Austrália, o
apoio ao sufrágio feminino varreu o mundo
ocidental – em 1950, Grécia e Suíça estavam
entre os poucos países democráticos que não
permitiam às mulheres votar. Mesmo assim, a
esperança, tão intensa no início do século, de
que elas pudessem se tornar líderes em
parlamentos, tribunais e no mercado de
trabalho raramente se concretizava. A maioria,
após o casamento, mergulhava nos assuntos
caseiros e familiares. O movimento feminista,
como se observava com frequência, tinha
perdido a força. Betty Friedan era uma
talentosa aluna formada pelo Smith College
que trabalhava como psicóloga antes de aceitar
parcialmente sua nova vida como mãe de três
filhos em Grandsview, Nova York. Na década
de 1950, ela começou a perceber que as suas
alternativas eram menos diversificadas que
aquelas de que dispunham as mulheres
soviéticas de sua idade. Uma norte-americana
casada deveria ser, acima de tudo, mãe e
esposa; se desejasse seguir uma carreira, seria
como se estivesse optando por um celibato
vitalício. Friedan descobriu que o
aproveitamento dos talentos femininos havia
diminuído a partir de 1920 nos Estados
Unidos; durante os trinta e cinco anos
seguintes, a proporção de títulos de doutorado
obtidos por mulheres entrou em declínio, bem
como a quantidade daquelas que frequentavam
faculdades e universidades. Ela notou um
vazio na vida cotidiana de muitas mulheres de
sua geração. (BLAINEY, Geoffrey. Uma
Breve História do Século XX. 2 ed. São Paulo:
Fundamento, 2011, p. 253)