Animais têm sotaques
Os biólogos chamam essas diferenças regionais
de dialetos. Essa é uma descoberta antiga: dois mil anos
atrás, Plínio, o naturalista romano, já havia observado que
exemplares da mesma espécie de pássaro provenientes de
lugares diferentes não soam iguais. Isso é possível ________
as vocalizações de um sabiá ou bem‐te‐vi não vêm prontas
no DNA: precisam ser aprendidas pelos bebês, exatamente
como as linguagens humanas. Quando há aprendizado, a
variação se torna inevitável.
Os dialetos não se limitam a pássaros. Baleias,
golfinhos e algumas espécies de macaco também exibem
dialetos. Os pinípedes – grupo que inclui leões‐marinhos,
focas, morsas e outros mamíferos aquáticos – têm tratos
vocais bastante complexos e seus chamados mudam um
bocado de uma praia para a outra.
É importante diferenciar dialetos (que são algo de
origem cultural) de variações genéticas. Galinhas brasileiras
e chinesas provavelmente não pertencem à mesma
linhagem. E pequenas variações anatômicas significam que
elas vão cacarejar diferente. Mas essa é, por assim dizer, a
“voz” dessas aves – não o sotaque.
Outra possibilidade é que vocalizações diferentes
evoluam por seleção natural conforme as necessidades de
cada população. Um grupo de pássaros pode passar a cantar
diferente dos demais membros da espécie com o passar de
milhares de anos, _______ indivíduos que cantavam de um
jeito, e não de outro, tiveram vantagens de sobrevivência e
reprodução. Essas são adaptações genéticas, e não variações
culturais.
(Site: Abril ‐ adaptado.)