Em comparação com outros animais e até com outros
primatas, os seres humanos levam muito tempo para
crescer. Por exemplo, os chimpanzés levam cerca de oito
anos para atingir a maturidade reprodutiva, os macacos
Rhesus, cerca de 4 anos, e lêmures, apenas cerca de 2 anos.
Os seres humanos, em contraste, só amadurecem
fisicamente depois do início da adolescência e, pelo menos
nas sociedades industrializadas modernas, normalmente
atingem a maturidade cognitiva e psicossocial ainda mais
tarde. Do ponto de vista da teoria evolucionista darwiniana,
este prolongado período de imaturidade é essencial para a
sobrevivência e para o bem-estar da espécie. Os seres
humanos, mais do que quaisquer outros animais, vivem de
sua inteligência. As comunidades e as culturas humanas são
altamente complexas, e existe muito a aprender.
A infância prolongada serve de preparação essencial
para a idade adulta. Além de seu valor a longo prazo, alguns
aspectos da imaturidade cumprem propósitos adaptativos
imediatos. Por exemplo, alguns reflexos primitivos, como o
de mover a cabeça em busca do mamilo, protegem o recémnascido e desaparecem quando não são mais necessários. O
desenvolvimento do cérebro humano, a despeito de seu
rápido crescimento pré-natal, é muito menos completo no
nascimento do que o dos cérebros de outros primatas; se o
cérebro do feto alcançasse plenamente o tamanho humano
antes do nascimento, sua cabeça seria muito grande para
passar pelo canal de parto.
Em vez disso, o cérebro humano continua crescendo
durante toda a infância e, com o tempo, ultrapassa em
muito os cérebros de nossos primos símios nas capacidades
para linguagem e pensamento. O desenvolvimento mais
lento do cérebro humano lhe proporciona maior
flexibilidade ou plasticidade, uma vez que nem todas as
conexões estão permanentemente definidas em idade
precoce. Essa flexibilidade comportamental e cognitiva
talvez seja a maior vantagem adaptativa da espécie humana.
Desenvolvimento humano. Diane E. Papalia.