Questões de Concurso Público UFRJ 2021 para Biólogo

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Q1878174 Português

TEXTO 1

FRAGMENTO DE AUTO DA COMPADECIDA*



      ARIANO SUASSUNA | nasceu em João Pessoa, Paraíba, em 1927, e faleceu em Recife, Pernambuco, em 2014. Dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta e professor, idealizou o Movimento Armorial e escreveu obras antológicas como Auto da Compadecida, O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta.


* Peça escrita em 1955.




Xilogravura de Ricardo Mapurunga | Parnaíba, Piauí.



      “(...)

     

      JOÃO GRILO - Então deixe eu ir-me embora. Acredito que o senhor saiba, isso faz parte de sua vida íntima com o senhor seu Pai, mas o que o senhor disse foi que eu podia voltar se lhe fizesse uma pergunta a que o Senhor não pudesse responder.

     

      A COMPADECIDA - É verdade, meu filho.

     

      MANUEL - Eu sei, mas, para que você não fique cheio de si, vou lhe confessar que já sabia que você ia-se sair bem. Minha mãe já tinha combinado tudo comigo, mas você estava precisado de levar uns apertos. Estava ficando muito saído.

   

      JOÃO GRILO - Quer dizer que posso voltar? 


      MANUEL - Pode, João, vá com Deus.


      JOÃO GRILO - Com Deus e com Nossa Senhora, que foi quem me valeu [Ajoelhando-se diante de Nossa Senhora e beijando-lhe a mão]. Até à vista, grande advogada. Não me deixe de mão não, estou decidido a tomar jeito, mas a senhora sabe que a carne é fraca.


      A COMPADECIDA - Até à vista, João. (...)” 

A COMPADECIDA - É verdade, meu filho. MANUEL - Pode, João, vá com Deus. A COMPADECIDA - Até à vista, João.

Nesses trechos reproduzidos as vírgulas são empregadas para destacar o:
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Q1878175 Português

TEXTO 2

FRAGMENTO DE A INVENÇÃO DO NORDESTE E OUTRAS ARTES



      DURVAL MUNIZ DE ALBUQUERQUE JÚNIOR | nasceu em 22 de junho de 1961, em Campina Grande, Paraíba. Pós-doutor e professor nas Universidades Federais do Rio Grande do Norte, Pernambuco, Campina Grande, Paraíba, e nas estaduais da Paraíba, de São Paulo e de Campinas. 



      “O ‘Nordeste’, na verdade, está em toda parte desta região do país e em lugar nenhum, porque ele é uma cristalização de estereótipos que são subjetivados como característicos do ser nordestino e do Nordeste. Estereótipos que são operativos, positivos, que instituem uma verdade que se impõe de tal forma, que oblitera a multiplicidade das imagens e das falas regionais, em nome de um feixe limitado de imagens e falas-clichês, que são repetidas ad nauseum, seja pelos meios de comunicação, pelas artes, seja pelos próprios habitantes de outras áreas do país e da própria região.” 



Sobre o fragmento dado é válido afirmar que o trecho “estereótipos que são subjetivados como característicos do ser nordestino e do Nordeste” é, semântica e diretamente, relacionado pelo autor com:

Alternativas
Q1878176 Português

Após realizar a leitura do texto 3, responda à questão.



TEXTO 3

POEMA TECENDO A MANHÃ



      JOÃO CABRAL DE MELO NETO | nasceu em Recife, Pernambuco, em 1920, e morreu no Rio de Janeiro, em 1999. Poeta, acadêmico, diplomata consagrado.



Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito que um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

Pode-se considerar que, em seu nível fundamental de significados, o poema articula duas tensões ou oposições básicas. Assinale a alternativa em que elas estão mencionadas.
Alternativas
Q1878177 Português

Após realizar a leitura do texto 3, responda à questão.



TEXTO 3

POEMA TECENDO A MANHÃ



      JOÃO CABRAL DE MELO NETO | nasceu em Recife, Pernambuco, em 1920, e morreu no Rio de Janeiro, em 1999. Poeta, acadêmico, diplomata consagrado.



Um galo sozinho não tece uma manhã:

ele precisará sempre de outros galos.

De um que apanhe esse grito que ele

e o lance a outro; de um outro galo

que apanhe o grito que um galo antes

e o lance a outro; e de outros galos

que com muitos outros galos se cruzem

os fios de sol de seus gritos de galo,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

para que a manhã, desde uma teia tênue,

se vá tecendo, entre todos os galos.

E se encorpando em tela, entre todos,

se erguendo tenda, onde entrem todos,

se entretendendo para todos, no toldo

(a manhã) que plana livre de armação.

A manhã, toldo de um tecido tão aéreo

que, tecido, se eleva por si: luz balão.

Ainda a respeito do poema dado, assinale a alternativa INCORRETA.
Alternativas
Q1878178 Português

TEXTO 4

POEMA BEIRA





JARID ARRAES | nasceu em Juazeiro do Norte, na região do Cariri, Ceará, em 12 de fevereiro de 1991. É escritora e tem mais de 60 títulos publicados em Literatura de Cordel.



BEIRA



que mulher que

sou

me pergunto

espelhada



que mulher tem essa pele

desbotada 



o que sou de mulher

com cabelos armados

e perigosos

que mulher periga

na linha encardida

da caixa parda



que mulher que sou

aos teus olhos

de mulher


sou repetição

diferença

ou sou resposta

quem sabe

ausência



que sou eu

mulher

misturada 



entre cores

diluídas

e marcas

deixadas



não sei que mulher

é meu tipo

de ser

se sou como ela



como outra

se minhas raízes

se fazem entender



pergunto

no espelho

com o tubo

de creme



[pingaram três gotas

no tapete]



que mulher sou eu

mulher-quase

mulher-nem-tanto

mulher-um-pouco-demais

para não ser. 


Em relação ao poema dado, assinale a alternativa correta.
Alternativas
Q1878179 Português

Após a leitura dos textos 5 e 6, responda à questão.



TEXTO 5

LETRA DE CHICLETE COM BANANA*



*Ano de gravação por Jackson do Pandeiro: 1959.

Jornal do Comércio 




JACKSON DO PANDEIRO | José Gomes Filho nasceu no Engenho Tanques, em Alagoa Grande, Paraíba, em 31 de agosto de 1919, e faleceu em Brasília, em 10 de julho de 1982. É chamado “O Rei do Ritmo”. Ao lado de Luiz Gonzaga, nacionalizou a música e a cultura nordestinas.


Composição original de GORDURINHA | Waldeck Artur de Macedo nasceu em Salvador, Bahia, em 10 de agosto de 1922, e faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1969. Compositor, autor, cantor, radialista, humorista.


Eu só boto bebop* no meu samba
Quando Tio Sam tocar um tamborim
Quando ele pegar
No pandeiro e no zabumba.
Quando ele aprender
Que o samba não é rumba.
Aí eu vou misturar
Miami com Copacabana.
Chiclete eu misturo com banana,
E o meu samba vai ficar assim:


Tururururururi bop-bebop-bebop
Eu quero ver a confusão


Tururururururi bop-bebop-bebop
Olha aí, o samba-rock, meu irmão 


É, mas em compensação,
Eu quero ver um boogie-woogie**
De pandeiro e violão.
Eu quero ver o Tio Sam
De frigideira


* O bebop é uma das correntes mais influentes do jazz. Seu nome provém da imitação do som das centenas de martelos que batiam no metal na construção das ferrovias estadunidenses, gerando uma “melodia” cheia de pequenas notas. Numa batucada brasileira.


** O boogie-woogie é um estilo de blues, caracterizado pelo uso sincopado da mão esquerda ao piano. Foi consagrado e popularizado pela música negra, nos anos 1930 e 1940, nos Estados Unidos.


TEXTO 6
LETRA DE JACK SOUL BRASILEIRO*


*Ano de gravação: 2000.


LENINE | Oswaldo Lenine Macedo Pimentel nasceu em Recife, Pernambuco, em 1959. É cantor, compositor, arranjador, multi-instrumentista, letrista, ator, escritor, produtor musical, engenheiro químico e ecologista. 


Jack Soul Brasileiro
E que o som do pandeiro
É certeiro e tem direção
Já que subi nesse ringue
E o país do swing
É o país da contradição


Eu canto pro rei da levada
Na lei da embolada
Na língua da percussão
A dança mugango dengo
A ginga do mamolengo
Charme dessa nação


Quem foi?
Que fez o samba embolar?
Quem foi?
Que fez o coco sambar?
Quem foi?
Que fez a ema gemer na boa?
Quem foi?
Que fez do coco um cocar?
Quem foi?
Que deixou um oco no lugar?
Quem foi?
Que fez do sapo cantor de lagoa?


Me diz aí, Tião!
Diga, Tião! Oi!
Fosse? Fui!
Comprasse? Comprei! Pagasse?
Paguei!
Me diz quanto foi?
Foi 500 reais...


Jack Soul Brasileiro
Do tempero, do batuque
Do truque, do picadeiro
E do pandeiro, e do repique
Do pique do funk rock
Do toque da platinela*
Do samba na passarela
Dessa alma brasileira
Despencando da ladeira
Na zueira da banguela


* chapas metálicas do pandeiro

Depois de cotejar as duas letras dadas – de Gordurinha e de Lenine –, assinale a alternativa INCORRETA.
Alternativas
Q1878180 Português

Após a leitura dos textos 5 e 6, responda à questão.



TEXTO 5

LETRA DE CHICLETE COM BANANA*



*Ano de gravação por Jackson do Pandeiro: 1959.

Jornal do Comércio 




JACKSON DO PANDEIRO | José Gomes Filho nasceu no Engenho Tanques, em Alagoa Grande, Paraíba, em 31 de agosto de 1919, e faleceu em Brasília, em 10 de julho de 1982. É chamado “O Rei do Ritmo”. Ao lado de Luiz Gonzaga, nacionalizou a música e a cultura nordestinas.


Composição original de GORDURINHA | Waldeck Artur de Macedo nasceu em Salvador, Bahia, em 10 de agosto de 1922, e faleceu no Rio de Janeiro, em 16 de janeiro de 1969. Compositor, autor, cantor, radialista, humorista.


Eu só boto bebop* no meu samba
Quando Tio Sam tocar um tamborim
Quando ele pegar
No pandeiro e no zabumba.
Quando ele aprender
Que o samba não é rumba.
Aí eu vou misturar
Miami com Copacabana.
Chiclete eu misturo com banana,
E o meu samba vai ficar assim:


Tururururururi bop-bebop-bebop
Eu quero ver a confusão


Tururururururi bop-bebop-bebop
Olha aí, o samba-rock, meu irmão 


É, mas em compensação,
Eu quero ver um boogie-woogie**
De pandeiro e violão.
Eu quero ver o Tio Sam
De frigideira


* O bebop é uma das correntes mais influentes do jazz. Seu nome provém da imitação do som das centenas de martelos que batiam no metal na construção das ferrovias estadunidenses, gerando uma “melodia” cheia de pequenas notas. Numa batucada brasileira.


** O boogie-woogie é um estilo de blues, caracterizado pelo uso sincopado da mão esquerda ao piano. Foi consagrado e popularizado pela música negra, nos anos 1930 e 1940, nos Estados Unidos.


TEXTO 6
LETRA DE JACK SOUL BRASILEIRO*


*Ano de gravação: 2000.


LENINE | Oswaldo Lenine Macedo Pimentel nasceu em Recife, Pernambuco, em 1959. É cantor, compositor, arranjador, multi-instrumentista, letrista, ator, escritor, produtor musical, engenheiro químico e ecologista. 


Jack Soul Brasileiro
E que o som do pandeiro
É certeiro e tem direção
Já que subi nesse ringue
E o país do swing
É o país da contradição


Eu canto pro rei da levada
Na lei da embolada
Na língua da percussão
A dança mugango dengo
A ginga do mamolengo
Charme dessa nação


Quem foi?
Que fez o samba embolar?
Quem foi?
Que fez o coco sambar?
Quem foi?
Que fez a ema gemer na boa?
Quem foi?
Que fez do coco um cocar?
Quem foi?
Que deixou um oco no lugar?
Quem foi?
Que fez do sapo cantor de lagoa?


Me diz aí, Tião!
Diga, Tião! Oi!
Fosse? Fui!
Comprasse? Comprei! Pagasse?
Paguei!
Me diz quanto foi?
Foi 500 reais...


Jack Soul Brasileiro
Do tempero, do batuque
Do truque, do picadeiro
E do pandeiro, e do repique
Do pique do funk rock
Do toque da platinela*
Do samba na passarela
Dessa alma brasileira
Despencando da ladeira
Na zueira da banguela


* chapas metálicas do pandeiro

Releia os versos adiante e responda à questão proposta a seguir.



Me diz aí, Tião!

Diga, Tião! Oi!

Fosse? Fui!

Comprasse? Comprei!

Pagasse? Paguei!

Me diz quanto foi?

Foi 500 reais...



Nesse refrão estão claras as marcas da variação linguística de tipo:

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Q1878181 Português

TEXTO 7

FRAGMENTO DE GEOGRAFIA DA FOME



JOSUÉ DE CASTRO | Josué Apolônio de Castro nasceu em Recife, Pernambuco, em 05 de setembro de 1908. Foi influente médico, nutrólogo, professor, geógrafo, cientista social, político, escritor e ativista brasileiro do combate à fome. Fundou e dirigiu o Instituto de Nutrição da UFRJ. Com o Golpe de Estado de 1964, foi destituído do cargo de embaixador-chefe em Genebra e teve seus direitos politicos cassados pelo Ato Institucional nº 1. Viveu exilado na França até sua morte em Paris, em 24 de setembro de 1973.



      “Desobedecendo às ordens do senhor e plantando às escondidas seu roçadinho de mandioca, de batata doce, de feijão e de milho. Sujando aqui, acolá, o verde monótono dos canaviais com manchas diferentes de outras culturas. Benditas manchas salvadoras da monotonia alimentar da região” (Geografia da Fome, p. 133).



Quanto ao trecho dado é correto afirmar que:


Em sua obra essencial – Geografia da Fome – o autor revela a fome como fruto do subdesenvolvimento econômico, da ação predatória dos colonizadores, do capital internacional, da monocultura, do latifúndio, da ingerência política, ou seja, de uma estrutura civilizatória fundada na exploração do homem e da natureza.

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Q1878182 Português

TEXTO 8

SONETO VERSOS ÍNTIMOS



AUGUSTO DOS ANJOS | Augusto dos Anjos nasceu no Engenho Pau d’Arco, Sapé, na Paraíba, no dia 20 de abril de 1884. Faleceu em Leopoldina, MG, em 12 de novembro de 1914. Formado em Direito, no Recife, lecionou Literatura na Paraíba e no Rio de Janeiro. Seu único livro, “Eu”, foi publicado em 1902. Surgido em momento de transição, pouco antes da virada modernista de 1922, é bem representativo do espírito sincrético que prevalecia na época, parnasiano por alguns aspectos e simbolista por outros.



Vês?!

Ninguém assistiu ao formidável

Enterro de tua última quimera.

Somente a Ingratidão — esta pantera —

Foi tua companheira inseparável!



(1) Acostuma-te à lama que te espera!

O Homem que, nesta terra miserável,

Mora entre feras sente inevitável

Necessidade de também ser fera.



Toma um fósforo. Acende teu cigarro!

O beijo, amigo, é a véspera do escarro,

A mão que afaga é a mesma que apedreja.



(2) Se a alguém causa inda pena a tua chaga,

Apedreja essa mão vil que te afaga,

Escarra nessa boca que te beija! 



Sobre os trechos sublinhados em destaque pode-se afirmar que:

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Q1878183 Português

TEXTO 9

FRAGMENTO DE UM EDIFÍCIO CHAMADO 200* 



PAULO PONTES | Vicente de Paula Holanda Pontes nasceu em Campina Grande, Paraíba, em 8 de novembro de 1940, e faleceu no Rio de Janeiro, em 27 de dezembro de 1976. Dramaturgo, produtor de rádio e teatro, locutor, jornalista e tradutor. Autor de textos premiados para o teatro, como Gota D’água (escrito com Chico Buarque), Parai-be-a-bá, Check-up, Brasileiro: profissão esperança, O Homem de La Mancha.


*1971



     “Gamelão: Karla, santa ignorância, toma o fósforo, acende o teu cigarro, o beijo, amigo, é a véspera... isto é uma imagem do poeta. Uma metáfora. Sabe o que é uma metáfora, Karla? Mas qualquer criança de cinco anos sabe o que é uma metáfora. Uma metáfora, Karla, é... traz aí uma criança de cinco anos.” 



Nesse trecho, por meio da fala do personagem Gamelão, Paulo Pontes faz referência a versos célebres de seu conterrâneo Augusto dos Anjos. Ao “ensinar” o que é uma metáfora, o dramaturgo se vale de outra figura de linguagem. Assinale a alternativa em que ela está citada.

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Q1878184 Português

TEXTO 10

TRECHO DA LETRA DO BAIÃO PARAÍBA (LANÇADO EM 1950)


Imagem associada para resolução da questão


HUMBERTO TEIXEIRA | nasceu em Iguatu, Ceará, em 5 de janeiro de 1915, e morreu no Rio de Janeiro, em 3 de outubro de 1979. Advogado, deputado federal, autor e compositor. É nacionalmente conhecido como parceiro de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. Um grande sucesso da dupla é a composição Asa Branca, lançada em 1947.



Quando a lama virou pedra e mandacaru secou

Quando o ribaçã, de sede, bateu asa e voou

Foi aí que eu vim-me embora carregando a minha dor

Hoje eu mando um abraço pra ti, pequenina



Paraíba masculina, muié macho, sim sinhô

Paraíba masculina, muié macho, sim sinhô



(...)



TEXTO 11

TRECHO DA LETRA DE TERRA (LANÇADA EM 1993)



CAETANO VELOSO | Caetano Emanuel Vianna Teles Veloso nasceu em Santo Amaro da Purificação, na Bahia, no dia 07 de agosto de 1942

Ninguém supõe a morena Dentro da estrela azulada Na vertigem do cinema Mando um abraço pra ti Pequenina como se eu fosse O saudoso poeta E fosses a Paraíba... 

Terra! Terra! Por mais distante O errante navegante Quem jamais te esqueceria?... (...)

Do cotejamento dos textos 10 e 11 pode-se inferir que: 

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Q1878185 Português

TEXTO 12

POEMA CANÇÃO PARA ‘PAULO’ (A STUART ANGEL)



ALEX POLARI | nasceu em João Pessoa, Paraíba, em 1951. Publica seu primeiro livro de poesia, Inventário de Cicatrizes, em 1978. Na época, estava preso, por sua militância política contra o regime militar brasileiro, permaneceu em cárcere privado entre 1971 e 1980. Seu segundo livro, Camarim de Prisioneiro, é lançado em 1980. Na poesia de Alex Polari, de tendência contemporânea, se manifestam de maneira forte e direta experiências do cárcere e da tortura. No início dos anos 1980 passa a fazer parte da comunidade esotérica Santo Daime, no Amazonas.




Stuart Angel Jones

estudante de Economia da UFRJ e militante da luta armada contra a ditadura civil-militar. Aos 26 anos, em 1971, foi assassinado, sob tortura, na base aérea do Galeão.



Eles costuraram tua boca

com o silêncio

e trespassaram teu corpo

com uma corrente.

Eles te arrastaram em um carro

e te encheram de gases,

eles cobriram teus gritos

com chacotas.



Um vento gelado soprava lá fora

e os gemidos tinham a cadência

dos passos dos sentinelas no pátio.

Nele, os sentimentos não tinham eco

nele, as baionetas eram de aço

nele, os sentimentos e as baionetas

se calaram.



Um sentido totalmente diferente de existir

se descobre ali,

naquela sala.

Um sentido totalmente diferente de morrer

se morre ali, naquela vala. 



(1) Eles queimaram nossa carne com os fios

(2) e ligaram nosso destino à mesma eletricidade.



Igualmente vimos nossos rostos invertidos

e eu testemunhei quando levaram teu corpo

envolto em um tapete. 



Então houve o percurso sem volta

houve a chuva que não molhou

a noite que não era escura

o tempo que não era tempo

o amor que não era mais amor

a coisa que não era mais coisa nenhuma.



Entregue a perplexidades como estas,

meus cabelos foram se embranquecendo

e os dias foram se passando.


Em relação aos versos sublinhados em destaque é correto afirmar que:
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Q1878186 Português

TEXTO 13

FRAGMENTO DE MEMÓRIAS DO CÁRCERE



GRACILIANO RAMOS | nasceu em Quebrangulo, Alagoas, em 27 de outubro de 1892, e faleceu no Rio de Janeiro, em 20 de março de 1953. Romancista, teatrólogo, poeta, advogado, jornalista, político, orado. É o patrono da cadeira nº 23 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Machado de Assis.



      “O mundo se tornava fascista. Num mundo assim, que futuro nos reservariam? Provavelmente não havia lugar para nós, éramos fantasmas, rolaríamos de cárcere em cárcere, findaríamos num campo de concentração. Nenhuma utilidade representávamos na ordem nova. Se nos largassem, vagaríamos tristes, inofensivos e desocupados, farrapos vivos, fantasmas prematuros; desejaríamos enlouquecer, recolhermo-nos ao hospício ou ter coragem de amarrar uma corda ao pescoço e dar o mergulho decisivo. Essas idéias, repetidas, vexavam-me; tanto me embrenhara nelas que me sentia inteiramente perdido.”



No trecho sublinhado em destaque, a modalidade de coesão textual utilizada é a:

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Q1878187 Português

TEXTO 14

FRAGMENTO DE IMAGENS DO INCONSCIENTE



NISE DA SILVEIRA | nasceu em Maceió, Alagoas, em 15 de fevereiro de 1905, e faleceu no Rio de Janeiro, em 30 de outubro de 1999. Médica psiquiatra reconhecida internacionalmente, revolucionou o tratamento mental no Brasil. Denunciada, em 1936, pela posse de livros marxistas, foi presa por 18 meses. Até 1944, permaneceu na semiclandestinidade, afastada do serviço público por razões políticas.


Imagem associada para resolução da questão


      “A pintura dos esquizofrênicos é muito rica em símbolos e imagens que condensam profundas significações e constituem uma linguagem arcaica de raízes universais. Linguagem arcaica, mas não morta. A linguagem simbólica desenvolve- -se em várias claves e pautas, transforma-se e é transformadora. (...) São raras as verbalizações explícitas. O indivíduo cujo campo do consciente foi invadido por conteúdos emergentes das camadas mais profundas da psique estará perplexo, aterrorizado ou fascinado por coisas diferentes de tudo quanto pertencia a seu mundo cotidiano. A palavra fracassa. Mas a necessidade de expressão, necessidade imperiosa inerente à psique, leva o indivíduo a configurar suas visões, o drama de que se tornou personagem, seja em formas toscas ou belas, não importa.”



Em relação ao trecho “A pintura dos esquizofrênicos é muito rica em símbolos e imagens que condensam profundas significações...”, retirado do texto 14, é correto afirmar que se trata de:

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Q1878188 Português

TEXTO 15

FRAGMENTO DO CAPÍTULO VII DE O GUARANI



JOSÉ DE ALENCAR | José Martiniano de Alencar nasceu em Messejana, Fortaleza, Ceará, em 1 de maio de 1829, e faleceu no Rio de Janeiro, em 12 de dezembro de 1877. Romancista, teatrólogo, poeta, advogado, jornalista, político, orador. É o patrono da cadeira n. 23 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Machado de Assis.



A PRECE



      A tarde ia morrendo. O sol declinava no horizonte e deitava-se sobre as grandes florestas, que iluminava com os seus últimos raios. A luz frouxa e suave do ocaso, deslizando para verde alcatifa, enrolava- -se como ondas de ouro e de púrpura sobre a folhagem das árvores. Os espinheiros silvestres desatavam as flores alvas e delicadas; e o ouricuri abria as suas palmas mais novas, para receber no seu cálice o orvalho da noite. Os animais retardados procuravam a pousada, enquanto a juriti, chamando a companheira, soltava os arrulhos doces e saudosos com que se despede do dia.



      Um concerto de notas graves saudava o pôr-do-sol e confundia-se com o rumor da cascata, que parecia quebrar a aspereza de sua queda e ceder à doce influência da tarde. Era Ave-Maria. Como é solene e grave no meio das nossas matas a hora misteriosa do crepúsculo, em que a natureza se ajoelha aos pés do Criador para murmurar a prece da noite! 



Em relação ao texto 15, assinale a alternativa com a afirmação correta.

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Q1878189 Português

TEXTO 16

FRAGMENTO DO MANIFESTO ‘CARANGUEJOS COM CÉREBRO’



Texto escrito por Fred Zero Quatro, da banda Mundo Livre S/A. O Manifesto abriu caminho para a criação do movimento “Mangue beat” no Recife.



      “Em meados de 91, começou a ser gerado e articulado em vários pontos da cidade um núcleo de pesquisa e produção de idéias pop. O objetivo era engendrar um *circuito energético*, capaz de conectar as boas vibrações dos mangues com a rede mundial de circulação de conceitos pop. Imagem símbolo: uma antena parabólica enfiada na lama.



      Hoje, os mangueboys e manguegirls são indivíduos interessados em hip-hop, colapso da modernidade, Caos, ataques de predadores marítimos (principalmente tubarões), moda, Jackson do Pandeiro, Josué de Castro, rádio, sexo não-virtual, sabotagem, música de rua, conflitos étnicos, midiotia, Malcom Maclaren, Os Simpsons e todos os avanços da química aplicados no terreno da alteração e expansão da consciência.”



No trecho sublinhado, a coerência textual se realiza mediante o uso do seguinte elemento coesivo de conexão:  

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Q1878190 Português

TEXTO 17

FRAGMENTO DE POEMA SUJO



FERREIRA GULLAR | José de Ribamar Ferreira nasceu em São Luís, Maranhão, em 10 de setembro de 1930, e faleceu no Rio de Janeiro, em 4 de dezembro de 2016. Poeta, Acadêmico, crítico de arte e ensaísta. Abriu caminhos para a “Poesia Concreta” com o livro “A Luta Corporal”. Organizou e liderou o movimento literário “Neoconcreto”.



bela bela

mais que bela

mas como era o nome dela?

Não era Helena nem Vera

nem Nara nem Gabriela

nem Tereza nem Maria

Seu nome seu nome era... 

Perdeu-se na carne fria

Perdeu-se na confusão de tanta noite e tanto dia

perdeu-se na profusão das coisas acontecidas

constelações de alfabeto

noites escritas a giz

pastilhas de aniversário

domingos de futebol

enterros corsos comícios

roleta bilhar baralho

mudou de cara e cabelos mudou de olhos e risos

mudou de casa

e de tempo: mas está comigo está

perdido comigo

teu nome

em alguma gaveta



Em relação ao verso sublinhado, pode-se afirmar que:

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Q1878191 Português

TEXTO 18

FRAGMENTO DA LETRA DE PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DAS FLORES



GERALDO VANDRÉ | Geraldo Pedrosa de Araújo Dias nasceu em João Pessoa, Paraíba, em 1935. Compositor e cantor popular. Ingressa no curso de direito no Rio de Janeiro e no movimento estudantil. Integra o Centro Popular de Cultura (CPC). Lança seu primeiro LP em 1964. Recebe diversas premiações e consagração pública nos Festivais da Canção. Em 1968, teve sua obra censurada e seguiu para o exílio. Depois de viver no Chile e em vários países europeus, onde realiza alguns shows, fixa residência em Paris. Retorna ao Brasil em 1973, depois de ser forçado a retratar-se publicamente. Nesse ano lança seu último álbum, Das Terras de Benvirá.



Nas escolas, nas ruas, campos, construções

Somos todos soldados, armados ou não

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Somos todos iguais, braços dados ou não

Os amores na mente, as flores no chão

A certeza na frente, a história na mão

Caminhando e cantando e seguindo a canção

Aprendendo e ensinando uma nova lição



Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber

Quem sabe faz a hora, não espera acontecer



Considerando o texto dado em relação aos Elementos da Comunicação, é correto afirmar que neste ato comunicacional está ausente: 

Alternativas
Q1878192 Português

TEXTO 19

FRAGMENTO DE VIVA O POVO BRASILEIRO



JOÃO UBALDO RIBEIRO | João Ubaldo Osório Pimentel nasceu em Itaparica, Bahia, em 23 de janeiro de 1941. Professor, advogado, jornalista escritor e Acadêmico consagrado. Colunista, redator e editor em diversos jornais no Brasil e no exterior. Escritor prermiado e consagrado.



      “(1) Na doutrina da tarde, (2) às vezes se ensinava a aprisionar em desenhos intermináveis a língua até então falada na aldeia, com a consequência de que, pouco mais tarde, os padres mostravam como usar apropriadamente essa língua, corrigindo erros e impropriedades e causando grande consternação em muitos, alguns dos quais, confrangidos de vergonha, decidiram não dizer mais nada o resto de suas vidas, enquanto outros só falavam pedindo desculpas pelo desconhecimento das regras da boa linguagem.



Quanto aos termos sublinhados, é correto afirmar que:  

Alternativas
Q1878193 Português

TEXTO 20

FRAGMENTO DA LETRA DE A CIDADE



CHICO SCIENCE | Francisco de Assis França nasceu em Olinda, Pernambuco, em 13 de março de 1966, e faleceu em Recife, em 2 de fevereiro de 1997. Cantor e compositor, foi um dos principais colaboradores do movimento manguebeat em meados da década de 1990. Líder da banda Chico Science & Nação Zumbi.



(1) O Sol nasce (2) e ilumina as pedras evoluídas,

Que cresceram com a força de pedreiros suicidas.

Cavaleiros circulam vigiando as pessoas,

Não importa se são ruins, nem importa se são

boas.

(…)

A cidade não para, a cidade só cresce

O de cima sobe e o debaixo desce.

(…)



Quanto ao verso sublinhado, pode-se afirmar que a oração (2) é:

Alternativas
Respostas
1: B
2: C
3: B
4: D
5: D
6: A
7: E
8: B
9: E
10: A
11: A
12: D
13: E
14: C
15: C
16: E
17: A
18: B
19: E
20: A