A COMPADECIDA - É verdade, meu filho. MANUEL - Pode, João, ...
TEXTO 1
FRAGMENTO DE AUTO DA COMPADECIDA*
ARIANO SUASSUNA | nasceu em João Pessoa, Paraíba, em 1927, e faleceu em Recife, Pernambuco, em 2014. Dramaturgo, romancista, ensaísta, poeta e professor, idealizou o Movimento Armorial e escreveu obras antológicas como Auto da Compadecida, O Romance d’A Pedra do Reino e o Príncipe do Sangue do Vai-e-Volta.
* Peça escrita em 1955.
Xilogravura de Ricardo Mapurunga | Parnaíba, Piauí.
“(...)
JOÃO GRILO - Então deixe eu ir-me embora. Acredito que o senhor saiba, isso faz parte de sua vida íntima com o senhor seu Pai, mas o que o senhor disse foi que eu podia voltar se lhe fizesse uma pergunta a que o Senhor não pudesse responder.
A COMPADECIDA - É verdade, meu filho.
MANUEL - Eu sei, mas, para que você não fique cheio de si, vou lhe confessar que já sabia que você ia-se sair bem. Minha mãe já tinha combinado tudo comigo, mas você estava precisado de levar uns apertos. Estava ficando muito saído.
JOÃO GRILO - Quer dizer que posso voltar?
MANUEL - Pode, João, vá com Deus.
JOÃO GRILO - Com Deus e com Nossa Senhora, que foi quem me valeu [Ajoelhando-se diante de Nossa Senhora e beijando-lhe a mão]. Até à vista, grande advogada. Não me deixe de mão não, estou decidido a tomar jeito, mas a senhora sabe que a carne é fraca.
A COMPADECIDA - Até à vista, João. (...)”
Nesses trechos reproduzidos as vírgulas são empregadas para destacar o: