Questões de Concurso Público SEDF 2022 para Pedagogo - Orientador Educacional, Edital nº 31
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A avaliação de larga escala refere-se a um processo avaliativo amplo, que envolve diferentes dimensões de avaliação, realizado por órgão externo à escola com reconhecida competência técnica em testes e medidas. Nessa modalidade de avaliação, os conceitos e as metodologias são, necessariamente, comuns a todas as unidades avaliadas, a fim de permitir análises de comparabilidade entre seus resultados. Nesse sentido, toda avaliação externa é uma avaliação de larga escala, mas nem toda avaliação de larga escala é uma avaliação externa.
Os resultados das avaliações de larga escala, produzidos sob metodologias e escalas-padrão de medida, comuns a todas as escolas avaliadas, devem ser assumidos como o diagnóstico da qualidade do trabalho pedagógico e da prática educativa oferecida pela escola. Assim, uma vez que a avaliação em larga escala se estabelece como um instrumento de gestão, seus resultados devem definir as decisões de gestão, estabelecendo o padrão de qualidade da escola.
A avaliação institucional é um processo avaliativo interno que busca a compreensão da efetividade das ações educativas sob o enfoque da qualidade. Por não se ocupar com comparações e padronizações, toma a escola como referência, priorizando, nesse processo, o protagonismo do coletivo dos atores da comunidade escolar. No momento da avaliação institucional, acontece o movimento de correlacionar resultados de exames externos com os resultados das avaliações praticadas no interior da escola, de modo que tais análises orientem a reorganização do currículo, expresso no PPP da escola.
O processo de avaliação institucional da escola perpassa por diferentes dimensões que compõem seu currículo, entre as quais se encontram o diagnóstico da escola, seu clima organizacional, o acompanhamento do desempenho escolar dos estudantes, a avaliação do PPP e a avaliação de desempenho dos professores. Compete aos especialistas da escola e à sua comunidade externa a construção de instrumentos e espaços de avaliação institucional, em função do aprimoramento curricular e da qualidade da formação que se deseja alcançar.
A avaliação para a aprendizagem, a partir de uma abordagem crítica, deve representar, para o estudante, um instrumento de tomada de consciência sobre a aquisição de suas aprendizagens, permitindo que se verifique o que já foi aprendido e que se constituam os meios necessários para continuar avançando, em relação àquilo que ainda não foi aprendido, mas é necessário à sua formação. Do ponto de vista do professor, constitui-se como instrumento aliado à reorganização do trabalho pedagógico, especificamente em relação às suas práticas de ensino, rompendo com processos autoritários e arbitrários e ajustando-as em função das aprendizagens e lacunas demonstradas pelos estudantes, histórica e socialmente referenciadas.
Em relação à aprendizagem, a concepção de avaliação para a aprendizagem evidencia que o foco está no processo, nele contido o progresso, as necessidades e as dificuldades de cada estudante, para que, a partir desse modelo avaliativo, seja possível estabelecer condições de continuidade do processo de aprendizagem. A concepção de avaliação para a aprendizagem estabelece uma lógica relacionada à certificação do que foi aprendido, em relação ao objeto avaliado. Assim, enquanto a primeira concepção se orienta por uma prática que valoriza o produto, a segunda se orienta para a valorização do processo.
A partir de uma perspectiva crítica, a avaliação diagnóstica é um instrumento de reconhecimento das aprendizagens acumuladas e do caminho percorrido, assim como dos conhecimentos a alcançar e dos caminhos ainda a percorrer. Aplicada ao processo de aprendizagem, a função diagnóstica favorece o desenvolvimento das capacidades dos estudantes, no que se refere ao reconhecimento do estágio atual de apropriação dos conhecimentos historicamente produzidos, configurando-se como instrumento dialético de avanço.
A função classificatória caracteriza a avaliação como instrumento estático, em que os estudantes são classificados em função de seus resultados. A partir de uma abordagem crítica, essa função é percebida como um dispositivo de frenagem, porque estagna a demonstração das aprendizagem com os registros que dela decorrem. Ao contrário de se colocar a serviço da emancipação dos sujeitos, essa função avaliativa reveste-se de caráter discriminatório, ignorando a aprendizagem como processo.
A avaliação formativa diz respeito a um modelo avaliativo classificatório, focalizado no resultado, no produto, resultando em notas ou conceitos. Essa abordagem assume um caráter de medida, isto é, toma a aprendizagem como quantitativamente mensurável, sendo compatível com tendências pedagógicas tradicionais.
O conceito de avaliação somativa articula-se a tendências pedagógicas críticas, porque rompe com práticas arbitrárias e autoritárias de avaliação, assumindo-as como processo. Assim, incorpora, entre seus diversificados instrumentos avaliativos, a função diagnóstica da avaliação, permitindo que o processo formativo seja reconhecido, a partir de um permanente diagnóstico da situação de aprendizagem; com isso, permite que as aprendizagens sejam demonstradas ao longo de todo o processo de ensino-aprendizagem.
Na pedagogia histórico-crítica, a apropriação dos conhecimentos historicamente produzidos pela humanidade é uma condição para se atingirem os objetivos sociopolíticos pedagógicos da educação. A apropriação dos conhecimentos, entretanto, se dá a partir dos interesses, da visão de mundo e da posição dos indivíduos no quadro social. Desse modo, a superação de um ensino fragmentado, orientado por práticas transmissivas de conteúdos, a partir de uma reorganização curricular-metodológica que abranja o espaço-tempo da escola, pode configurar-se como uma perspectiva de fortalecimento das aprendizagens, porque amplia o interesse dos estudantes, retirando-os de uma posição passiva diante dos conteúdos escolares.
A partir de uma concepção curricular que provoque rupturas com modelos transmissivos de conteúdos, a interdisciplinaridade, a contextualização e a flexibilidade caracterizam-se, conectadas entre si, como princípios norteadores de um paradigma curricular que relaciona a educação e o mundo da vida contemporânea.
A interdisciplinaridade corresponde à busca pela superação da visão fragmentadora na produção dos conhecimentos da humanidade. Nessa perspectiva, a interdisciplinaridade não se alinha à construção de um currículo integrado, porque, mesmo favorecendo uma mesma abordagem temática em diferentes componentes curriculares e áreas de conhecimento, não permite a integração das disciplinas.
Transdisciplinar é um conceito que designa abordagens curriculares que não se restringem a disciplinas, mas atravessam os vários campos de conhecimento. Nesse sentido, esse conceito favorece o desenvolvimento, no contexto pedagógico, dos temas transversais, cuja proposta educativa requer tal atravessamento.
Enquanto princípio epistemológico, a interdisciplinaridade aproxima campos de conhecimento por eixos temáticos, na busca relacional pelo sentido de unidade e todo; enquanto princípio metodológico, exige o diálogo não somente entre as áreas, mas também entre os professores, ampliando as aprendizagens experienciais. Nesse sentido, como se referem às práticas pedagógicas, tais princípios podem ser aplicados ao planejamento das disciplinas, não sendo possível, entretanto, sua aplicação ao planejamento do currículo da escola.