Questões de Concurso Público SEDF 2022 para Professor de Educação Básica - Língua Portuguesa, Edital nº 31

Foram encontradas 120 questões

Q1977843 Pedagogia

Quanto à metodologia de ensino da língua portuguesa e a assuntos correlatos, julgue o item.


Conforme proposto pela BNCC, o estabelecimento de correspondências entre a história da literatura brasileira e a história do Brasil é o foco das habilidades para os anos finais do Ensino Fundamental. 

Alternativas
Q1977844 Pedagogia

Quanto à metodologia de ensino da língua portuguesa e a assuntos correlatos, julgue o item.


No Ensino Fundamental e no Ensino Médio, de acordo com a legislação vigente, a seleção de textos de autores indígenas para o ensino de literatura contribui para assegurar o conhecimento e o reconhecimento desses povos para a constituição da nação. 

Alternativas
Q1977845 Linguística

Quanto à metodologia de ensino da língua portuguesa e a assuntos correlatos, julgue o item.


A sugestão de diferentes gêneros ligados às culturas juvenis contemporâneas nas habilidades da área de linguagens e suas tecnologias do Ensino Médio, na BNCC, reforça a proposta de que essa etapa promova o protagonismo do jovem. 

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Q1977846 Português
O tema negro não é único ou obrigatório, nem se transforma em uma camisa de força para o autor afro-descendente, o que redundaria em visível empobrecimento. Por outro lado, nada obriga que a matéria ou o assunto negro estejam ausentes da escrita dos brancos, atraídos desde cedo pela busca do exótico e da cor local. Nas primeiras décadas do Modernismo, auge da moda primitivista e negrista na literatura e nas artes de vanguarda, ocorrem inúmeras apropriações, incorporadas a textos hoje clássicos, apesar da advertência de Oswald de Andrade contra a “macumba para turistas”. Por isto mesmo, é preciso enfatizar que a adoção da temática afro não deve ser considerada isoladamente e, sim, em sua interação com outros fatores, como autoria e ponto de vista. 

Eduardo de Assis Duarte. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção. In: Estudos de literatura brasileira contemporânea, n.º 31, 2008, p. 14 (com adaptações).
Considerando o texto acima e os diversos aspectos relacionados à literatura afro-brasileira, julgue o item.
No processo de formação da literatura brasileira, ao longo dos séculos XVII e XVIII, povos indígenas e africanos dividiram a atenção dos poetas e ficcionistas, no esforço de se elaborar uma mitologia para a nação. 
Alternativas
Q1977847 Português
O tema negro não é único ou obrigatório, nem se transforma em uma camisa de força para o autor afro-descendente, o que redundaria em visível empobrecimento. Por outro lado, nada obriga que a matéria ou o assunto negro estejam ausentes da escrita dos brancos, atraídos desde cedo pela busca do exótico e da cor local. Nas primeiras décadas do Modernismo, auge da moda primitivista e negrista na literatura e nas artes de vanguarda, ocorrem inúmeras apropriações, incorporadas a textos hoje clássicos, apesar da advertência de Oswald de Andrade contra a “macumba para turistas”. Por isto mesmo, é preciso enfatizar que a adoção da temática afro não deve ser considerada isoladamente e, sim, em sua interação com outros fatores, como autoria e ponto de vista. 

Eduardo de Assis Duarte. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção. In: Estudos de literatura brasileira contemporânea, n.º 31, 2008, p. 14 (com adaptações).
Considerando o texto acima e os diversos aspectos relacionados à literatura afro-brasileira, julgue o item.
A advertência de Oswald de Andrade referida no texto reflete a proposta estética de crítica ao eurocentrismo na arte brasileira, característica da vertente modernista liderada pelo poeta e expressa no Manifesto Antropófago e no Manifesto da Poesia Pau-Brasil.
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Q1977848 Literatura
O tema negro não é único ou obrigatório, nem se transforma em uma camisa de força para o autor afro-descendente, o que redundaria em visível empobrecimento. Por outro lado, nada obriga que a matéria ou o assunto negro estejam ausentes da escrita dos brancos, atraídos desde cedo pela busca do exótico e da cor local. Nas primeiras décadas do Modernismo, auge da moda primitivista e negrista na literatura e nas artes de vanguarda, ocorrem inúmeras apropriações, incorporadas a textos hoje clássicos, apesar da advertência de Oswald de Andrade contra a “macumba para turistas”. Por isto mesmo, é preciso enfatizar que a adoção da temática afro não deve ser considerada isoladamente e, sim, em sua interação com outros fatores, como autoria e ponto de vista. 

Eduardo de Assis Duarte. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção. In: Estudos de literatura brasileira contemporânea, n.º 31, 2008, p. 14 (com adaptações).
Considerando o texto acima e os diversos aspectos relacionados à literatura afro-brasileira, julgue o item.
O negrismo pode ser encontrado em obras como Poemas negros, de Jorge de Lima, em que a subjetividade negra é representada pelo discurso do branco, em procedimento equiparável ao indianismo dos românticos, quando o nativo surgia reduzido a objeto da fantasia do colonizador.  
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Q1977849 Literatura
O tema negro não é único ou obrigatório, nem se transforma em uma camisa de força para o autor afro-descendente, o que redundaria em visível empobrecimento. Por outro lado, nada obriga que a matéria ou o assunto negro estejam ausentes da escrita dos brancos, atraídos desde cedo pela busca do exótico e da cor local. Nas primeiras décadas do Modernismo, auge da moda primitivista e negrista na literatura e nas artes de vanguarda, ocorrem inúmeras apropriações, incorporadas a textos hoje clássicos, apesar da advertência de Oswald de Andrade contra a “macumba para turistas”. Por isto mesmo, é preciso enfatizar que a adoção da temática afro não deve ser considerada isoladamente e, sim, em sua interação com outros fatores, como autoria e ponto de vista. 

Eduardo de Assis Duarte. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção. In: Estudos de literatura brasileira contemporânea, n.º 31, 2008, p. 14 (com adaptações).
Considerando o texto acima e os diversos aspectos relacionados à literatura afro-brasileira, julgue o item.
No final do século XIX, obras como O bom crioulo e O cortiço, identificadas pela historiografia como naturalistas, trouxeram não só aquilo que o autor do texto chama de tema negro, mas também a autoria e o ponto de vista afro-descendentes. 
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Q1977850 Português
O tema negro não é único ou obrigatório, nem se transforma em uma camisa de força para o autor afro-descendente, o que redundaria em visível empobrecimento. Por outro lado, nada obriga que a matéria ou o assunto negro estejam ausentes da escrita dos brancos, atraídos desde cedo pela busca do exótico e da cor local. Nas primeiras décadas do Modernismo, auge da moda primitivista e negrista na literatura e nas artes de vanguarda, ocorrem inúmeras apropriações, incorporadas a textos hoje clássicos, apesar da advertência de Oswald de Andrade contra a “macumba para turistas”. Por isto mesmo, é preciso enfatizar que a adoção da temática afro não deve ser considerada isoladamente e, sim, em sua interação com outros fatores, como autoria e ponto de vista. 

Eduardo de Assis Duarte. Literatura afro-brasileira: um conceito em construção. In: Estudos de literatura brasileira contemporânea, n.º 31, 2008, p. 14 (com adaptações).
Considerando o texto acima e os diversos aspectos relacionados à literatura afro-brasileira, julgue o item.
A atração dos autores brancos pelo exotismo ao tratar do tema negro, referida pelo autor do texto, é criticada no fragmento a seguir, de Meu negro (publicado em 2018), do poeta Ricardo Aleixo: “Sou o que quer que você pense que um negro é. Você quase nunca pensa a respeito dos negros. Serei para sempre o que você quiser que um negro seja. Sou o seu negro. Nunca serei apenas o seu negro. Sou o meu negro antes de ser seu”. 
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Q1977851 Português
A literatura é um modo discursivo importante e mantém legitimidade e prestígio social. Como qualquer forma de expressão simbólica, cada vez torna-se mais difícil sustentar uma pretensa autonomia da teoria e dos estudos literários frente a outros discursos e saberes, seja pela instabilidade do próprio objeto, seja pelas inúmeras abordagens de crítica e, mais contemporaneamente, pela presença forte do mercado e da indústria cultural, além da ambientação política e ecológica. Pelo lado da autoria, a chegada de novas vozes, pertencentes a grupos sociais até então tornados invisíveis no campo literário, tem provocado mudanças perceptíveis no tocante à representação de grupos marginalizados e ao próprio estado do campo literário.

Virgínia Maria V. Leal. Narrativas da diversidade na literatura brasileira. In: Revista Abriu, n.º 9, 2020, p. 12 (com adaptações).  

Considerando o texto acima e o que se refere à teoria literária, julgue o item.


A instabilidade da definição do que é literatura revela-se no fato de a BNCC reconhecer diversos campos de atuação social em que as práticas de linguagem ocorrem, sem destacar a especificidade daquelas ligadas ao campo artístico-literário. 

Alternativas
Q1977852 Português
A literatura é um modo discursivo importante e mantém legitimidade e prestígio social. Como qualquer forma de expressão simbólica, cada vez torna-se mais difícil sustentar uma pretensa autonomia da teoria e dos estudos literários frente a outros discursos e saberes, seja pela instabilidade do próprio objeto, seja pelas inúmeras abordagens de crítica e, mais contemporaneamente, pela presença forte do mercado e da indústria cultural, além da ambientação política e ecológica. Pelo lado da autoria, a chegada de novas vozes, pertencentes a grupos sociais até então tornados invisíveis no campo literário, tem provocado mudanças perceptíveis no tocante à representação de grupos marginalizados e ao próprio estado do campo literário.

Virgínia Maria V. Leal. Narrativas da diversidade na literatura brasileira. In: Revista Abriu, n.º 9, 2020, p. 12 (com adaptações).  

Considerando o texto acima e o que se refere à teoria literária, julgue o item.


A formação do leitor fora do ambiente escolar se dá sob a influência de um ambiente mercadológico, em que o texto literário participa de um sistema multiplataformas, desdobrando-se ou sendo derivado de produtos da indústria fonográfica, do cinema, da TV, dos games, entre outros. 

Alternativas
Q1977853 Português
A literatura é um modo discursivo importante e mantém legitimidade e prestígio social. Como qualquer forma de expressão simbólica, cada vez torna-se mais difícil sustentar uma pretensa autonomia da teoria e dos estudos literários frente a outros discursos e saberes, seja pela instabilidade do próprio objeto, seja pelas inúmeras abordagens de crítica e, mais contemporaneamente, pela presença forte do mercado e da indústria cultural, além da ambientação política e ecológica. Pelo lado da autoria, a chegada de novas vozes, pertencentes a grupos sociais até então tornados invisíveis no campo literário, tem provocado mudanças perceptíveis no tocante à representação de grupos marginalizados e ao próprio estado do campo literário.

Virgínia Maria V. Leal. Narrativas da diversidade na literatura brasileira. In: Revista Abriu, n.º 9, 2020, p. 12 (com adaptações).  

Considerando o texto acima e o que se refere à teoria literária, julgue o item.


O cânone da literatura, categoria estável por definição teórica, é formado por um conjunto de escritores e obras pré-determinados por documentos como a BNCC e os Parâmetros Curriculares Nacionais, estando incorporado no Currículo em Movimento. 

Alternativas
Q1977854 Português
A literatura é um modo discursivo importante e mantém legitimidade e prestígio social. Como qualquer forma de expressão simbólica, cada vez torna-se mais difícil sustentar uma pretensa autonomia da teoria e dos estudos literários frente a outros discursos e saberes, seja pela instabilidade do próprio objeto, seja pelas inúmeras abordagens de crítica e, mais contemporaneamente, pela presença forte do mercado e da indústria cultural, além da ambientação política e ecológica. Pelo lado da autoria, a chegada de novas vozes, pertencentes a grupos sociais até então tornados invisíveis no campo literário, tem provocado mudanças perceptíveis no tocante à representação de grupos marginalizados e ao próprio estado do campo literário.

Virgínia Maria V. Leal. Narrativas da diversidade na literatura brasileira. In: Revista Abriu, n.º 9, 2020, p. 12 (com adaptações).  

Considerando o texto acima e o que se refere à teoria literária, julgue o item.


A “diversidade” a que se refere o título do texto e que é defendida pela autora baseia-se na necessidade de se valorizarem os diferentes gêneros textuais inseridos nas práticas sociais dos leitores.  

Alternativas
Q1977855 Português
A literatura é um modo discursivo importante e mantém legitimidade e prestígio social. Como qualquer forma de expressão simbólica, cada vez torna-se mais difícil sustentar uma pretensa autonomia da teoria e dos estudos literários frente a outros discursos e saberes, seja pela instabilidade do próprio objeto, seja pelas inúmeras abordagens de crítica e, mais contemporaneamente, pela presença forte do mercado e da indústria cultural, além da ambientação política e ecológica. Pelo lado da autoria, a chegada de novas vozes, pertencentes a grupos sociais até então tornados invisíveis no campo literário, tem provocado mudanças perceptíveis no tocante à representação de grupos marginalizados e ao próprio estado do campo literário.

Virgínia Maria V. Leal. Narrativas da diversidade na literatura brasileira. In: Revista Abriu, n.º 9, 2020, p. 12 (com adaptações).  

Considerando o texto acima e o que se refere à teoria literária, julgue o item.


Conhecida pela circulação em saraus, as literaturas de periferias, na contemporaneidade, têm na oralidade uma de suas marcas, tanto na poesia quanto na prosa. 

Alternativas
Q1977856 Português

Texto para o item.

Paisagem do Capibaribe 

Entre a paisagem

o rio fluía

como uma espada de líquido espesso.

Como um cão

humilde e espesso.

Entre a paisagem

(fluía)

de homens plantados na lama;

de casas de lama

plantadas em ilhas

coaguladas na lama;

paisagem de anfíbios

de lama e lama.

Como o rio

aqueles homens

são como cães sem plumas

(um cão sem plumas

é mais

que um cão saqueado;

é mais

que um cão assassinado.

Um cão sem plumas

é quando uma árvore sem voz.

É quando de um pássaro

suas raízes no ar.

É quando a alguma coisa

roem tão fundo

até o que não tem).

(…) 

João Cabral de Melo Neto. O cão sem plumas. In: O cão sem plumas e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 

A partir da leitura do poema acima, julgue o item.


No trecho, ressalta-se o recurso da comparação, empregado para estabelecer conexões entre cão, rio e homens, por meio do uso da conjunção como.

Alternativas
Q1977857 Português

Texto para o item.

Paisagem do Capibaribe 

Entre a paisagem

o rio fluía

como uma espada de líquido espesso.

Como um cão

humilde e espesso.

Entre a paisagem

(fluía)

de homens plantados na lama;

de casas de lama

plantadas em ilhas

coaguladas na lama;

paisagem de anfíbios

de lama e lama.

Como o rio

aqueles homens

são como cães sem plumas

(um cão sem plumas

é mais

que um cão saqueado;

é mais

que um cão assassinado.

Um cão sem plumas

é quando uma árvore sem voz.

É quando de um pássaro

suas raízes no ar.

É quando a alguma coisa

roem tão fundo

até o que não tem).

(…) 

João Cabral de Melo Neto. O cão sem plumas. In: O cão sem plumas e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 

A partir da leitura do poema acima, julgue o item.


Os versos livres do poema, assim como a temática ligada à representação da natureza, conectam-no aos aspectos formais da poesia bucólica pastoril do período colonial brasileiro. 

Alternativas
Q1977858 Português

Texto para o item.

Paisagem do Capibaribe 

Entre a paisagem

o rio fluía

como uma espada de líquido espesso.

Como um cão

humilde e espesso.

Entre a paisagem

(fluía)

de homens plantados na lama;

de casas de lama

plantadas em ilhas

coaguladas na lama;

paisagem de anfíbios

de lama e lama.

Como o rio

aqueles homens

são como cães sem plumas

(um cão sem plumas

é mais

que um cão saqueado;

é mais

que um cão assassinado.

Um cão sem plumas

é quando uma árvore sem voz.

É quando de um pássaro

suas raízes no ar.

É quando a alguma coisa

roem tão fundo

até o que não tem).

(…) 

João Cabral de Melo Neto. O cão sem plumas. In: O cão sem plumas e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 

A partir da leitura do poema acima, julgue o item.


A pluma (em relação ao cão), a voz (em relação à árvore), e as raízes (em relação ao pássaro) ocupam, nas imagens de que participam, posição análoga ao lugar do que, no verso final, é denominado “o que não tem”. 

Alternativas
Q1977859 Português

Texto para o item.

Paisagem do Capibaribe 

Entre a paisagem

o rio fluía

como uma espada de líquido espesso.

Como um cão

humilde e espesso.

Entre a paisagem

(fluía)

de homens plantados na lama;

de casas de lama

plantadas em ilhas

coaguladas na lama;

paisagem de anfíbios

de lama e lama.

Como o rio

aqueles homens

são como cães sem plumas

(um cão sem plumas

é mais

que um cão saqueado;

é mais

que um cão assassinado.

Um cão sem plumas

é quando uma árvore sem voz.

É quando de um pássaro

suas raízes no ar.

É quando a alguma coisa

roem tão fundo

até o que não tem).

(…) 

João Cabral de Melo Neto. O cão sem plumas. In: O cão sem plumas e outros poemas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007. 

A partir da leitura do poema acima, julgue o item.


Ao introduzir a imagem dos “homens plantados na lama”, o poeta inicia a construção de uma crítica social a partir dos símiles propostos. 

Alternativas
Q1977860 Português

Texto para o item.


   Guardou a mão no bolso pra ainda ocupar menos lugar; encontrou um pedaço de giz; apertou ele com força e o giz se partiu em dois. Com um barulhinho gostoso mesmo. Barulhinho de escola. Vera lembrou da professora quebrando um pedaço de giz e escrevendo no quadro-negro. Pensou: quadro-negro é escuro assim. Quem sabe o giz também riscava a escuridão?


    Tirou a mão do bolso devagarinho. Tomou coragem e experimentou desenhar na frente dela a roda de um sol. E não é que saiu? Vera ficou tão feliz que berrou:


   — O escuro é que nem quadro-negro, Alexandre! Alexandre foi pra junto dela; pegou o outro pedaço de giz, e foi desenhando também. Uma casa. Uma árvore. Uma onda no mar. Quanto mais os dois desenhavam, menos iam se importando com o escuro. Fizeram uma flor nascendo, um rio correndo, dois besouros se encontrando; fizeram cada desenho lindo. E quanto menos se importavam com o escuro, mais gostoso iam desenhando. De repente, Alexandre teve uma ideia gozada:


   — Vou desenhar a cara do medo.


   Vera se assustou de novo:


   — Psiu! fala baixo.


   — Por quê?


   — Ele pode não gostar da ideia.


   — Mas ele ainda anda por aí?


   — Acho que sim.


   Alexandre achou melhor não dizer mais nada, mas começou a desenhar uma cara esquisita, toda inchada de um lado:


   — O medo tá com dor de dente. — E riu baixinho.


   O Pavão gostou tanto de ouvir Alexandre rindo, que riu também.


   Vera entrou na brincadeira: desenhou no medo uma orelha inchada e disse que ele estava com dor de ouvido também (…). E não se importaram mais se o medo ia ouvir ou não: desabaram numa gargalhada. 



Lygia Bojunga. A casa da madrinha. Casa Lygia Bojunga:

Rio de Janeiro, 2015 (com adaptações).


Com base no texto apresentado, julgue o item, relativos à literatura infantil brasileira.  


Devido ao público específico a que se dirige, a literatura infantil brasileira tem um sistema literário próprio, cuja historiografia é distinta da literatura escrita para o público em geral. 

Alternativas
Q1977861 Português

Texto para o item.


   Guardou a mão no bolso pra ainda ocupar menos lugar; encontrou um pedaço de giz; apertou ele com força e o giz se partiu em dois. Com um barulhinho gostoso mesmo. Barulhinho de escola. Vera lembrou da professora quebrando um pedaço de giz e escrevendo no quadro-negro. Pensou: quadro-negro é escuro assim. Quem sabe o giz também riscava a escuridão?


    Tirou a mão do bolso devagarinho. Tomou coragem e experimentou desenhar na frente dela a roda de um sol. E não é que saiu? Vera ficou tão feliz que berrou:


   — O escuro é que nem quadro-negro, Alexandre! Alexandre foi pra junto dela; pegou o outro pedaço de giz, e foi desenhando também. Uma casa. Uma árvore. Uma onda no mar. Quanto mais os dois desenhavam, menos iam se importando com o escuro. Fizeram uma flor nascendo, um rio correndo, dois besouros se encontrando; fizeram cada desenho lindo. E quanto menos se importavam com o escuro, mais gostoso iam desenhando. De repente, Alexandre teve uma ideia gozada:


   — Vou desenhar a cara do medo.


   Vera se assustou de novo:


   — Psiu! fala baixo.


   — Por quê?


   — Ele pode não gostar da ideia.


   — Mas ele ainda anda por aí?


   — Acho que sim.


   Alexandre achou melhor não dizer mais nada, mas começou a desenhar uma cara esquisita, toda inchada de um lado:


   — O medo tá com dor de dente. — E riu baixinho.


   O Pavão gostou tanto de ouvir Alexandre rindo, que riu também.


   Vera entrou na brincadeira: desenhou no medo uma orelha inchada e disse que ele estava com dor de ouvido também (…). E não se importaram mais se o medo ia ouvir ou não: desabaram numa gargalhada. 



Lygia Bojunga. A casa da madrinha. Casa Lygia Bojunga:

Rio de Janeiro, 2015 (com adaptações).


Com base no texto apresentado, julgue o item, relativos à literatura infantil brasileira.


No trecho, a metalinguagem da narrativa afasta a possibilidade de formação de um leitor-fruidor, como propõe a BNCC para os anos finais do Ensino Fundamental.   

Alternativas
Q1977862 Literatura

Texto para o item.


   Guardou a mão no bolso pra ainda ocupar menos lugar; encontrou um pedaço de giz; apertou ele com força e o giz se partiu em dois. Com um barulhinho gostoso mesmo. Barulhinho de escola. Vera lembrou da professora quebrando um pedaço de giz e escrevendo no quadro-negro. Pensou: quadro-negro é escuro assim. Quem sabe o giz também riscava a escuridão?


    Tirou a mão do bolso devagarinho. Tomou coragem e experimentou desenhar na frente dela a roda de um sol. E não é que saiu? Vera ficou tão feliz que berrou:


   — O escuro é que nem quadro-negro, Alexandre! Alexandre foi pra junto dela; pegou o outro pedaço de giz, e foi desenhando também. Uma casa. Uma árvore. Uma onda no mar. Quanto mais os dois desenhavam, menos iam se importando com o escuro. Fizeram uma flor nascendo, um rio correndo, dois besouros se encontrando; fizeram cada desenho lindo. E quanto menos se importavam com o escuro, mais gostoso iam desenhando. De repente, Alexandre teve uma ideia gozada:


   — Vou desenhar a cara do medo.


   Vera se assustou de novo:


   — Psiu! fala baixo.


   — Por quê?


   — Ele pode não gostar da ideia.


   — Mas ele ainda anda por aí?


   — Acho que sim.


   Alexandre achou melhor não dizer mais nada, mas começou a desenhar uma cara esquisita, toda inchada de um lado:


   — O medo tá com dor de dente. — E riu baixinho.


   O Pavão gostou tanto de ouvir Alexandre rindo, que riu também.


   Vera entrou na brincadeira: desenhou no medo uma orelha inchada e disse que ele estava com dor de ouvido também (…). E não se importaram mais se o medo ia ouvir ou não: desabaram numa gargalhada. 



Lygia Bojunga. A casa da madrinha. Casa Lygia Bojunga:

Rio de Janeiro, 2015 (com adaptações).


Com base no texto apresentado, julgue o item, relativos à literatura infantil brasileira.
A reescrita de mitos clássicos presente na obra de Monteiro Lobato influencia a narrativa de Lygia Bojunga, como no modo lúdico a partir do qual o fragmento aborda o medo.

Alternativas
Respostas
101: E
102: C
103: C
104: E
105: C
106: C
107: E
108: C
109: E
110: C
111: E
112: E
113: C
114: C
115: E
116: C
117: C
118: C
119: E
120: E