Questões de Concurso Público SEDF 2022 para Professor de Educação Básica - Música, Edital nº 31
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As metodologias ativas no contexto da educação musical são baseadas na aprendizagem pela perspectiva e pelo protagonismo do aluno, transformando-os em agentes engajados e responsáveis pela sua própria educação. Assim, o papel central da aprendizagem está no aluno e nas relações que ele estabelece com o conhecimento e com a aprendizagem musical. Deixar o aluno ser o protagonista exime a responsabilidade do professor para com o processo formativo dos alunos e do grupo, o que reforça seu papel de observador do processo de aprendizagem, e o docente se torna um curioso das práticas musicais geradas em sala de aula. Para isso, ele se coloca à margem da responsabilidade pelo conhecimento dos alunos, que o desenvolvem por meio da pesquisa de forma autônoma e individualizada.
A Lei n.º 11.769/2008 instituiu a música como um conteúdo obrigatório, mas não exclusivo, dentro do componente curricular arte. A partir disso, todas as escolas de Educação Básica foram obrigadas a instituir a música em seus currículos. Anos depois, com a Lei n.º 13.278/2016, passou a vigorar o entendimento de que as artes visuais, a dança, a música e o teatro são as linguagens que constituirão o componente curricular de arte, o que significa que o ensino de arte deve ser ensinado pelo professor de forma polivalente.
A prática musical coletiva, seja ela vocal ou instrumental, pressupõe um processo de ensino-aprendizagem que parte essencialmente do fazer musical colaborativo. O professor, no papel de regente ou líder desse processo, deve contribuir com os seguintes aspectos: aperfeiçoar os elementos musicais de acordo com o nível de conhecimento musical de seus alunos; conduzir e dar subsídios para a interpretação do grupo, construindo a performance de acordo com o estilo/gênero e o grau de dificuldade da peça em estudo; e buscar a harmonia e a socialização entre seus integrantes, sendo que cada aluno tem compromisso com a musicalidade do todo.
Um ponto a ser considerado no processo de ensino-aprendizagem da respiração adequada ao canto é saber a melhor forma de conduzir a inspiração e a emissão vocal. Ao cantar, o aluno deve, primeiramente, inspirar apenas pelo nariz, enchendo os pulmões, para que o ar passe pelas cordas vocais em posição fechada e chegue até a cavidade do diafragma. Caso contrário, o ar será comprimido apenas na caixa torácica. Após esta etapa, ocorre o processo de expiração, em que há a fonação. O ar é aspirado pelos pulmões e pela cavidade do diafragma, passando pelas cordas vocais em posição aberta para a produção do som.
Ao se utilizar o canto na sala de aula, é importante perceber que os alunos geralmente têm o hábito de cantar com muita força, sem zelo de aquecer a voz ou sem observar se o corpo está adequadamente preparado para o desenvolvimento vocal. Muitos problemas que são encontrados no canto podem ser evitados se o professor estabelecer um aquecimento regular com exercícios de relaxamento, alongamento, exercício para movimentação do diafragma, aquecimento e articulação das cordas vocais e controle da expiração para emissão vocal.
A fala é adquirida no decorrer da vida, fator social e necessário para a comunicação humana. O ato de cantar busca desenvolver a transmissão de sentimentos, não apenas por meio das palavras, mas também pela forma como elas são ditas e expressas vocalmente. Para isso, o canto exige técnicas adequadas para os ajustes vocais. Os ajustes da voz cantada e falada são diferentes, mas as estruturas que produzem a voz são as mesmas.
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um documento normatizado pela Lei n.º 13.145/2017 e homologado pelo Ministério da Educação (MEC) a fim de substituir a Lei n.º 9.394/1996 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional). O objetivo da BNCC é nortear os currículos das escolas de Educação Básica, estabelecendo os conhecimentos, as competências e as habilidades que todos os estudantes devem desenvolver durante sua formação.
Considere-se que os alunos pré-adolescentes do primeiro ano do Ensino Médio de uma escola tenham reclamado de quase todas as atividades propostas nas aulas de música e que só quisessem cantar música sertaneja nas aulas de música. Considere-se, ainda, que, por mais que o professor tenha tentado justificar a importância de todas as atividades musicais, os estudantes tenham tido muita dificuldade em participar de outras atividades que não envolvessem a música sertaneja. Nesse caso, a fim de integrar todos os alunos, a melhor solução seria o professor de música trabalhar somente com música sertaneja, mesmo que o programa da disciplina envolva outros gêneros e outras práticas musicais, uma vez que a principal função do professor de música na escola é criar atividades que integrem todos os alunos, não sendo necessário o desenvolvimento dos conteúdos propostos pelo programa escolar.
As Tecnologias Digitais de Informação e Comunicação (TDIC) oportunizam uma série de ferramentas que possibilitam interagir pedagogicamente, criando um conjunto de possibilidades a serem exploradas em sala de aula. Contudo, elas não são suficientes para garantir inovação e uma efetiva aprendizagem. Assim, a tônica do professor de música deve estar na exploração e na compreensão de como a utilização das TDIC pode contribuir com os processos de ensino e aprendizagem musical: quais métodos, quais conteúdos, quais formas de avaliação e, principalmente, quais práticas pedagógicas o docente pode contemplar em sala de aula.
Autores como Keith Swanwick e Paul Haack apresentaram diferentes concepções de educação musical, evidenciando valores e funções específicas. Assim, a educação musical poderia ser entendida como educação musical estética ou como educação musical utilitária. Na visão tradicional de ensino, ambas as visões são enfocadas como excludentes, o que ocasionou uma série de debates sobre o tema educação estética versus educação utilitária da educação musical a partir dos anos 1960. Atualmente, os educadores musicais têm discutido uma visão de educação musical integradora, que soma ambas as concepções.
A avaliação nas aulas de música é um tema recorrente entre escola e direção: algumas instituições consideram que as avaliações só podem ser realizadas por escrito, uma vez que é necessário um registro documental. Outras instituições acreditam que a avaliação pode ser realizada em outros formatos, como gravações de áudios, vídeos e apresentações musicais, como resultado do trabalho desenvolvido em sala de aula. Além do formato do processo avaliativo, ao conceber a avaliação em música, o professor deve estar atento aos seguintes critérios: objetivos propostos na atividade; entendimento dos conteúdos propostos; desenvolvimento musical dos alunos em cada atividade e ao longo da disciplina; e a reflexão crítica da proposta musical por meio do produto musical gerado.
Edgar Willems foi um educador musical húngaro que discutiu a educação musical no início do século XX. Seu método caracterizava-se por ser essencialmente vocal e permitir o contato direto da criança com os elementos fundamentais da música, voltado, principalmente, para o repertório folclórico. Uma premissa fundamental de Willems é que a música e o canto deviam ser ensinados de forma a proporcionar experiências prazerosas, e não como um exercício rotineiro e maçante. Dentro do seu método, destaca-se a manossolfa, muito utilizada em aulas de solfejo e percepção musical auditiva.
O ensino coletivo de instrumentos tem sido desenvolvido nas escolas de música com vistas à prática coletiva com alunos de diferentes níveis de aprendizagem instrumental. Para tanto, diversos educadores sobre essa temática, como Montandon, Cruvinel e Tourinho, abordam a importância de o professor trabalhar somente a composição coletiva com os alunos, sendo essa a única alternativa para a geração de repertório em aulas coletivas.
O desenvolvimento das aulas de instrumento de forma coletiva deve seguir os mesmos procedimentos das aulas individuais: primeiramente, um aquecimento vocal/instrumental; em seguida, a leitura e a condução do repertório a ser trabalhado. A diferença reside no tempo dedicado a cada aluno; enquanto no ensino individual a aula é toda voltada para um aluno, no ensino coletivo, apesar de os alunos estarem juntos na mesma sala, o professor deve dividir a aula em momentos de atenção individual. Em muitos casos, para não comprometer a interpretação de quem está executando, o aluno deve aguardar seu momento em silêncio ou mentalizar seu próprio repertório.
Murray Schafer, compositor e educador musical canadense, pautou-se na experiência da aprendizagem musical na perspectiva da consciência sonora. Para o autor, a música deve ser ouvida a partir da relação equilibrada entre o homem, o ambiente e as diversas possibilidades criativas do fazer musical. O desenvolvimento da paisagem sonora proposta por Schafer quanto ao ensino do contexto escolar deve ser proposto a fim de despertar nos alunos a consciência da coletividade sobre um fenômeno ubíquo e a compreensão das implicações do som na qualidade de vida em todo o planeta.
A exploração dos sons provenientes de instrumentos cotidiáfonos pode constituir-se em um recurso muito útil ao professor de música, além de fomentar o aprendizado dos alunos para a ludicidade. Para Akoschky, essa exploração pode resultar em respostas criativas dos alunos para as práticas musicais. Além disso, por meio desses objetos cotidianos, é possível que o professor proporcione uma rica experiência de exploração sonora e aborde uma série de conteúdos musicais em sala de aula, como timbre, altura, duração, ritmo, criação musical, entre outros.
As aulas de música, no Ensino Médio, devem contemplar múltiplas possibilidades de interação com o fazer musical. Para isso, é importante que sejam dinâmicas, envolvendo momentos de apreciação, prática, criação e teoria musical. O plano de aula precisa ser dimensionado para abranger mais de uma atividade sobre o mesmo tema, podendo o tema ser selecionado por meio de uma conversa com os alunos sobre seus interesses. Nessas escolhas, é importante considerar as características sociocognitivas dos estudantes, a complexificação do tema, a motivação para a aprendizagem e a adequação ao contexto social do projeto curricular.
De acordo com Sloboda, para que haja um ensino de instrumento efetivo, é necessário que o ambiente de aprendizagem seja direcionado à aquisição das habilidades necessárias à performance. Bastien confronta essa ideia, ao afirmar que existem quatro características principais necessárias à personalidade de um professor de instrumento de sucesso em seu ensino: ser agradável; ser entusiástico; ser encorajador; e ser paciente. Bastien afirma, ainda, que um professor bem-sucedido é, usualmente, uma pessoa positiva, que sente satisfação ao trabalhar com pessoas de idades variadas e que isso vem a ser, com frequência, um importante fator na escolha do ensino como profissão. Dessa forma, ambas as visões de ensino são conflitantes, pois só será possível o professor atuar na docência de forma integral se os fatores sociais e a motivação estiverem em dissonância com relação às atividades relacionadas à aquisição de habilidades, como aspectos expressivos e habilidades técnicas.
Considere-se que o professor Carlos tenha sido convidado para compor uma equipe interdisciplinar que produziria um festival cultural em uma escola. Considere-se que os professores de artes visuais e artes cênicas dessa escola estivessem planejando compor uma oficina de criação de fantoches junto com a elaboração de uma dramatização sobre a cultura da sociedade medieval, mas que Carlos tenha resolvido ministrar, separadamente, uma master class a respeito de execução musical sobre esse tema, de modo que, apesar de não estar envolvido na proposta de criação e dramatização dos fantoches, ele contemplaria, em sua master class, durante o festival, músicas da mesma cultura em questão. É correto afirmar que, nessa situação hipotética, o professor não trabalhou no festival de forma interdisciplinar, visto que, de acordo com as metodologias e com os pressupostos pedagógicos musicais, a função da música na perspectiva interdisciplinar é combinar os conteúdos, as técnicas e as habilidades musicais com as demais áreas artísticas, devendo o professor estar diretamente envolvido com as demais disciplinas da escola em um projeto cultural.
Considere-se que a professora de música de uma turma de sétimo ano do Ensino Fundamental tenha proposto o desenvolvimento de uma atividade de criação musical por meio da percussão corporal, partindo da perspectiva de que tal atividade proporcionaria o envolvimento direto dos alunos com a música em suas diferentes possibilidades de interação, conforme proposto na BNCC. Considere-se, ainda, que ela tenha pedido aos alunos que explorassem as possibilidades corporais e que, além dos aspectos rítmicos, atentassem aos aspectos timbrísticos e sonoros por meio da percussão vocal. Suponha-se também que, ao final, a professora tenha solicitado aos estudantes um registro musical por escrito, entregando folhas em branco para que eles pudessem grafar a composição por meio da construção de uma partitura não convencional, mas que um aluno tenha decidido escrever sua criação a partir da partitura convencional. Nessa situação hipotética, a professora não deverá aceitar a atividade do aluno que desejava escrever sua criação a partir da partitura convencional, pois, segundo os pressupostos pedagógico-musicais para o ensino de arte/música previstos na BNCC, o aluno deve explorar, conhecer, fruir e analisar criticamente as práticas e produções artísticas em suas relações entre as linguagens da arte e suas práticas integradas, não podendo, portanto, utilizar partitura tradicional em sala de aula.